Cristina Helena Sarraf - apresentação
A VERDADE E O TEMPO: EM QUAL DOS EVANGELHOS ESTÁ
JESUS? - Considerações sobre análises exegéticas
e historiográficas dos evangelhos sinóticos
* os trabalhos completos estarão disponíveis
em forma de livro *
“Há hoje uma tendência manifesta da opinião
geral para voltar às idéias fundamentais da primitiva
igreja e à parte moral do ensino do Cristo, por ser esta a única
que pode tornar os Homens melhores,
visto ser clara, positiva e não dar ensejo a controvérsias.”
Allan Kardec – Obras Póstumas
1. Introdução
É da natureza humana imaginar o ideal, mas este estará
sempre subordinado ao alcance mental e moral do imaginador. No entanto,
imaginar e depois considerar que esse ideal seja a realidade, implica
em que se acrescente, retire ou crie dados, transformando o ideal em
real, e criando as ilusões.
Herculano Pires, no livro Revisão do Cristianismo, 1977, diz
que o mito é um ideal transferido a objetos, lugares, animais
e pessoas, fundindo-se ideologicamente, de modo a parecer real e perfeito.
Esse procedimento gera a mitificação de personagens e
passagens históricas. Foi o que aconteceu com Jesus.
Kardec mostra grande lucidez e bom senso, nos seus estudos sobre Jesus,
porque viu e discerniu o mito do homem, apontando razões naturais
para os fatos e curas, sem deixar de lado a elevação espiritual,
notória, nas idéias e atitudes dele.
Ao analisar os relatos da sua vida e atos, indica a necessidade de opiniões
baseadas em fatos e não em crenças e tradições
religiosas, plenas de ideais imaginários e ilusórios.
Mas, só encontra esses fatos nos Evangelhos, já que nenhum
historiador, contemporâneo de Jesus, falou sobre ele (Kardec.
Obras Póstumas, Origem das provas da natureza do Cristo).
Certamente, o Codificador não poderia saber que descobertas do
século vinte, quais as de Qunran e Nag Hamad, poderiam trazer
outros relatos à luz, bem como não poderia adivinhar das
constatações históricas e arqueológicas
atuais, sobre os costumes sociais dos tempos em que Jesus viveu, e nem
mesmo saber dos estudos exegéticos, de crítica literária
e histórica modernos, esmiuçando estilos, palavras utilizadas
e micro detalhes dos Evangelhos, corroborando para o estabelecimento
historiográfico das possibilidades e impossibilidades desses
relatos.
Inclusive a noção de que os evangelistas fossem historiadores,
hoje é contestada, pelos critérios adotados para se considerar
uma obra como histórica. Os Evangelhos são relatos com
descrições.
2. Objetivo desse trabalho
Objetivamos nesse trabalho, subsidiar, com informações
fundamentadas no estudo dos evangelhos, uma desmitificação
dos mesmos, dos evangelistas, e conseqüentemente, de Jesus e do
cristianismo, em atendimento ao chamado de Kardec, nos seus estudos
publicados em A Gênese e em Obras Póstumas, apontando o
caminho de encontrarmos o verdadeiro Jesus, no meio de tantos mitos
e deturpações de seus atos e palavras.
Essa desmitificação se faz na medida em que as características
dos evangelhos mostram que são obra de seres humanos, com claras
intenções, objetivos e recursos de conhecimento, e não
obra de Deus para a salvação da humanidade. E mais, que
visavam atender as necessidades das comunidades cristãs do primeiro
século, e não deixar relatos sobre a vida de Jesus, para
a posteridade.
Não será examinada a questão das traduções
e necessárias modificações de palavras e seus específicos
conceitos em cada língua, como em parte fez Severino Celestino,
em Analisando as Traduções Bíblicas, 2002 e Canuto
Abreu, em O Evangelho por Fora,1996, e tantos outros, o que poria ainda
mais peso nessa desmitificação.
Compondo esse trabalho, como primeiro passo de nosso objetivo, fizemos
um estudo mais profundo e comparativo dos Evangelhos, atendo-nos às
características básicas dos sinóticos, distinguindo-as
de forma sucinta, sem pretender que sejam informações
totalizadoras, por não ser este o escopo desta pesquisa.
Há uma grande quantidade de estudos sérios e eruditos
sobre cada Evangelho e sua comparação, examinando autores
e conteúdo, sob muitas óticas e segundo várias
ideologias, de modo que está completamente fora de nossa intenção,
pretender mais do que uma pesquisa geral sobre o assunto, com vistas
a necessária reciclagem de pensamentos espíritas sobre
a vida e a obra de Jesus.
Deixamos para um próximo trabalho, já em andamento, as
muitas questões da mitologia cristã, ou seja, um estudo
sobre o Jesus histórico, o que solucionaria possíveis
dúvidas deixadas por este.
3. Método utilizado
Utilizamos o método comparativo de dados oferecidos pelos Evangelhos
sinóticos e opiniões dos autores consultados, atendo-nos
aos que, vindo de escolas e posicionamentos diferentes, apresentaram
as mesmas idéias.
* os trabalhos
completos estarão disponíveis em forma de livro *
Bibliografia
ABREU, Canuto. O evangelho por fora. São Paulo: LFU, 1996.
Bíblia sagrada. Tradução CNBB. São Paulo:
Canção Nova, 2008.
Bíblia. J.Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Bíblica
Brasileira,1953.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1980.
Bíblia sagrada. Pastoral. São Paulo, 1990.
CELESTINO, Severino. Analisando as traduções bíblicas.
João Pessoa: Idéia, 2002.
CORREIA Jr, João. Chave para análise de textos bíblicos.
São Paulo: Paulinas, 2006.
DALTER, Frederico. Sinopse dos quatro evangelhos. São Paulo:
Paulus, 2003.
DUQUOC, Christian. O homem Jesus. São Paulo: Loyola, 1977.
Evangelho deTomé. Rio de Janeiro: Imago, 1993.
HARRINGTON, W. John. Chave para a bíblia: a revelação,
a promessa e a realização. São Paulo: Paulus, 1985.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: Edicel,
1992.
______. A gênese. São Paulo: Edicel, 1977.
______. Obras póstumas. São Paulo: Edigraf, 1972.
L.PALHANO Jr. Teologia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 2004.
MCKENZIE, John. Dicionário bíblico. São Paulo:
Paulus, 2003.
MESTERS, Carlos. Com Jesus na contramão. São Paulo: Paulinas,
2008.
MIRANDA, Hermínio. Cristianismo: a mensagem esquecida. Matão:
O Clarim,1988.
______. O evangelho gnóstico de Tomé. Niterói:
Arte e Cultura, 1991.
MYERS, John. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico.
Rio de Janeiro: Imago, 1996.
PAGELS, Elaine. Os evangelhos gnósticos. São Paulo: Cultrix,
1979.
PIRES, Herculano. Revisão do cristianismo. São Paulo:
Paidéia, 1977.
QUERE, France. As mulheres do evangelho. São Paulo: Paulinas,
1984.
THIESSE, Gerd. A religião dos primeiros cristãos. São
Paulo: Edições Paulinas, 2009.
* os trabalhos completos
estarão disponíveis em forma de livro *
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