A proposta de elaboração
deste texto, objetiva iniciar um diálogo sobre a possibilidade
da psicografia ser inserida na historiografia, uma vez que esta sendo
a escrita da história, tem estado presente em diversos de nossos
trabalhos acadêmicos, muito embora ainda muito acanhadamente.
A questão central é de certa forma muito óbvia,
se considerarmos que o texto contido nas obras psicográficas,-
neste caso específico, nos voltamos àquelas que fazem
o gênero histórico -, aí estão, distribuídas
por livrarias de todo o Brasil e presentes em diversas bibliotecas de
universidades, formando em seus leitores, uma análise histórica
de certa forma à parte ou complementar. Se existem, alguém
as escreveu, portanto nos parece óbvio que se enquadrem na condição
de grafia da história. O conteúdo interdito, ou a interdição
do autor, não nos têm impedido a permissão do ingresso
do escritor em citações acadêmicas. Michel De Certeau,
em sua obra A Escrita da História, trata da questão da
interdição da fala original das freiras ‘possessas’
de Loudun (1632-1638) constituindo-se enorme prejuízo à
história; Com Kardec, as chamadas ‘possessas’ ganharam
permissão para deixar que ‘o outro que falava por meio
delas’ viesse a se comunicar e seus discursos, por meio da psicografia,
passaram a ser impressos. A história deixou de perder e passou
a ganhar. A história da cultura no Brasil, constitui-se um dos
meios à permissividade da fala do ‘morto’, introduzindo
um novo sentido na história, que nos leva à analise da
Filosofia da História segundo o espiritismo. Leon Denis e Giambatistta
Vico descrevem que o sentido da história, não sendo linear,
como ensina o catolicismo conservador, é cíclica e espiral,
como o corso e o ricorso, evolutiva e involutiva, formando o fluxo e
o refluxo, semelhante às ondas do mar, na expressão de
Emmanuel. Afinal, que outra prática metodológica, não
tem sido exercida pelos espíritos Emmanuel e Tomás Antonio
Gonzaga, que não o exercício da involução
e evolução, tão obviamente exposta em suas obras
psicográficas? Vamos então analisar desde os prefácios
de suas obras, para que possamos dialogar sobre estas novas questões
que aqui estamos a propor.