Espiritualidade e Sociedade



Wellington Zangari

>   Charles Sanders Peirce e a Pesquisa Psíquica I: Telepatia e Simpatia

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Wellington Zangari
>   Charles Sanders Peirce e a Pesquisa Psíquica I: Telepatia e Simpatia

Texto previamente apresentado na 3ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos, do Programa de Estudos pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, em 2000.

 

 

Wellington Zangari
Coordenador Inter Psi
Grupo de Semiótica, Interconectividade e Consciência,
Centro de Estudos Peirceanos,
Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, PUC-SP

 


Resumo:

Este trabalho visa mostrar o interesse de Charles Sanders Peirce pelo objeto de estudo da Pesquisa Psíquica, uma disciplina que surgiu no século XIX e tinha por objetivo “o exame sem preconceito ou pressuposição e a partir do espírito científico, daquelas faculdades humanas, reais ou supostas, que parecem ser inexplicáveis sob quaisquer hipóteses reconhecidas”.

Peirce manteve contato com pesquisadores psíquicos eminentes, como W. James, E. Gurney, F. Meyers, F. Podmore, e criticou alguns dos pontos fundamentais da teoria das alucinações verídicas, que parecia dar sustentação ao edifício interpretativo da Pesquisa Psíquica. Apesar de não considerar o fenômeno da telepatia como cientificamente demonstrado, Peirce não via impossibilidade teórica de sua existência e demonstrou como este não seria incompatível com sua teoria da percepção. As sugestões metodológicas e teóricas de Peirce demonstram que ele parece ter antecipado os rumos que a Pesquisa Psíquica tomaria durante o século XX.


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Charles Sanders Peirce tem sido reconhecido como um dos mais notáveis intelectuais americanos de todos os tempos, uma espécie de Leonardo da Vinci dada sua versatilidade e genialidade. (Santaella, 1986:19) Max Fisch, não sem entusiasmo, referiu-se a ele da seguinte maneira:

“Who is the most original and the most versatile intellect that the Americas have so far produced? The answer ‘Charles S. Peirce’ is uncontested, because any second would be so far behind as not to be worth nominating. Mathematician, astronomer, chemist, geodesist, surveyor, cartographer, metrologist, spectroscopist, engineer, inventor; psychologist, philologist, lexicographer, historian of science, mathematical economist, lifelong student of medicine; book reviewer, dramatist, actor, short story writer; phenomenologist, semiotician, logician, rhetorician [and] metaphysician[.] He was, for a few examples, the first metrologist to use a wave-length of light as a unit of measure, the inventor of the quincuncial projection of the sphere, the first known conceiver of the design and theory of an electric switching- circuit computer, and the founder of "the economy of research." He is the only system-building philosopher in the Americas who has been both competent and productive in logic, in mathematics, and in a wide range of sciences. If he has had any equals in that respect in the entire history of philosophy, they do not number more than two.
(Quoted in Brent 1993: 2f.)

 

Este trabalho pretende trazer à luz, resumidamente, o interesse e a contribuição de Peirce também a um outro campo, o da Pesquisa Psíquica [1].

 

A Pesquisa Psíquica

Pesquisa Psíquica não se confunde com Psicologia. Antes, é uma disciplina interdisciplinar, em que a Psicologia, a Física, a Biologia e a Filosofia teriam igual lugar de importância. Aceita-se, no entanto, a Pesquisa Psíquica como ramo da Psicologia. A organização metodológica e conceitual da Pesquisa Psíquica se deu a partir da fundação da Society for Psychical Research (SPR), em Londres, em 1882. Dela faziam parte eminentes cientistas e acadêmicos dos mais diferentes campos do saber, dentre os quais William James, amigo e interlocutor de Peirce, que foi também presidente da SPR em 1905, e os não menos conhecidos Sigmund Freud e Carl G. Jung.

Henry Sidgwick (1838-1900), presidente da SPR, assim se manifestou no discurso inaugural da mesma em relação ao objeto de estudo da Pesquisa Psíquica:

“Por que constituir uma sociedade de pesquisas psíquicas neste momento para investigar não apenas o fenômeno de leitura do pensamento, mas também o de clarividência e mesmerismo, e inclusive a obscura massa de fenômenos comumente chamados espíritas? Todos devemos estar em acordo que o presente estado de coisas é um escândalo para a época iluminada em que vivemos. Mantém-se a discussão sobre a realidade destes maravilhosos fenômenos, cuja importância científica não pode ser deixada de lado mesmo se apenas uma décima parte do alegado por testemunhos dignos de crédito fosse certo. Declaro que é escandaloso que subsista a discussão sobre a realidade destes fenômenos quando tantos testemunhos competentes afirmaram neles acreditar, quando tantos outros estão profundamente interessados em elucidar a questão, não obstante a atitude de incredulidade que adotou a totalidade do mundo culto. Agora, nosso primeiro objetivo, o fim que perseguimos todos unidos, seja como crentes ou como incrédulos, é o de realizar uma tentativa segura e sistemática para pôr fim, dum ou doutro modo, a este escândalo. Algumas das pessoas às quais me dirijo, sentem sem dúvida, que esta tentativa pode levar unicamente à demonstração destes fenômenos; outras acreditam que o mais provável é que a maioria deles, se não todos, sejam rejeitados; mas, como membros desta associação, não assumimos compromisso de nenhuma espécie e concordamos em que qualquer investigação que façamos em particular, deve realizar-se com o único fim de determinar os fatos e sem chegar a nenhuma conclusão pré-concebida sobre sua natureza”.
(Citado em Fantoni, 1981:250)


O objeto de estudo da Pesquisa Psíquica seria, assim, os fenômenos produzidos por médiuns durante as sessões espíritas, o mesmerismo [2] (ou hipnotismo) e os fenômenos assim chamados de percepção extra-sensorial. Com exceção do mesmerismo em sua versão mais recente, a hipnose, os demais fenômenos não foram, até o presente momento, incorporados por qualquer outra ciência tradicional. A polêmica a respeito de sua existência permacene e há uma verdadeira legião de céticos e proponentes destes fenômenos, com as mais diferentes interpretações dos mesmos, que se degladiam em embates intermináveis sem que tenha havido qualquer consenso a respeito dos mesmos.


As opiniões de Peirce a respeito da Pesquisa Psíquica

Peirce não apenas conhecia profundamente este movimento, como foi convidado a participar da filial americana da SPR, a American Society for Psychical Research quando de sua formação, cerca de três anos após a fundação da SPR de Londres. Mas Peirce não aceitou o convite. Tomar parte daquele movimento significaria deixar de ter tempo suficiente para suas próprias investigações.
(CP 2.111)

No entanto, Peirce reconhecia o valor da Pesquisa Psíquica e demonstrava esperança que esta chegasse à compreensão de seus objetivos no futuro.

“Nesse momento, aqueles que estão engajados na Pesquisa Psíquica devem receber todo nosso encorajamento. Eles podem ter obtido pouco ou nenhum resultado por enquanto; talvez não o tenham até se afastem o fantasma da telepatia de suas mentes. Mas o homem de ciência, trabalhando de maneira científica, deve, por fim, alcançar resultados científicos. A Psicologia está destinada a ser a pesquisa experimental mais importante do século vinte; mais cinquenta anos devem ser esperados até que ocupe a imaginação popular tanto quanto as maravilhas da eletricidade fazem agora.”
(CP 2.587)

Nesse parágrafo, entre outros elementos, Peirce demonstra sua posição de que o trabalho científico sistemático pode oferecer resultados a respeito da compreensão de qualquer área da realidade. Não seria diferente com a Pesquisa Psíquica. Os pesquisadores psíquicos haveriam de obter resultados no futuro. Além disso, preconiza a grande importância que estaria reservada à Psicologia.

No entanto, faz uma crítica. Peirce simplesmente jamais aceitou a teoria interpretativa proposta pelos pesquisadores psíquicos para explicar a telepatia. Sua posição o fez revisar e criticar um dos livros mais importantes já escritos pelos pesquisadores psíquicos, o monumental “Phantasms of the Living”, de 1886, escrito por três fundadores da SPR de Londres, F.W.H. Meyers, E. Gurney e F. Podmore.



A crítica ao “Fantasmas dos Vivos”


O livro foi o resultado de um esforço em organizar 702 casos de suposta telepatia espontânea recebidos pelos autores após um apelo feito pela mídia local. Os relatos se relacionavam a experiências alucinatórias nas quais uma pessoa conhecida aparecia ao experienciador. Posteriormente, este sabia da morte da pessoa que fora vista alucinatoriamente.

Os autores do Phantasms of the Living explicavam tais experiências por meio da teoria da telepatia, ou seja, um contato psicológico à distância, sem o uso de qualquer sentido físico reconhecido entre agente e percipiente.

A crítica de Peirce aos argumentos dos autores rendeu cerca de 80 páginas, incluídas a crítica incial, a réplica de Gurney à crítica de Peirce, o rejoinder de Peirce, o remarks de Gurney sobre o rejoinder de Peirce, e um postscript de Myers ao remarks de Gurney. Talvez a discussão entre Peirce e Gurney tivesse se prolongado não fosse a interrupção da mesma pela abrupta morte de Gurney.

Após examinar minuciosamente todos os 702 casos, Peirce descobriu que aqueles casos que foram considerados coincidências reais, ou alucinações verídicas supostamente confirmatórias da telepatia espontânea, falhavam em se ajustar às pré-condições estabelecidas para serem considerados “verídicos”. Peirce contesta a teoria da telepatia oferecida como explicação para as alucinações verídicas apelando para o que chamou de “ações mentais inconscientes” e para a teoria das probabilidades.

Apesar de preferir explicações não-sobrenaturalistas para o fenômenos de “visão de fantasmas”, Peirce não vê sustentação científica suficiente para a teoria telepática, preferindo valer-se de interpretações melhor conhecidas.

Então, novamente, porque devemos propor algo de tão extrema raridade como a telepatia, uma vez que temos elementos extraordinários da experiência humana como a superstição, a mentira e o auto-engano (da vaidade, da maldade, da histeria, do desarranjo mental e do amor perverso à inverdade), o exagero, a imprecisão, os truques da memória e da imaginação, da intoxicação (alcoólica, opiácea, entre outras), a fraude e o erro, que podem dirigir nossas hipóteses?
(Peirce, 1887b:189)


Em relação à aplicação da teoria das probabilidades, Peirce sustenta que o número de casos encontrados de coincidências entre as alucinações e as mortes de pessoas conhecidas, poderia perfeitamente ser explicado pelo acaso, não sendo necessário apelar para a hipótese da telepatia.

“I should reckon the matter, for my part, in this way: Every case of an apparition simultaneous with the death of the person represented, or nearly so, becomes known to a cicle of two hundred persons, on the average. If any one of this circle of persons, some of whom have na interest in apparitons excited by the story, learn and are interested in the advertisement. Now I suppose that the advertisiment, being of a very peculiar and sensational character, interests one person for hundred copies of the newspaper printed. On this assumption, since a million and a half is given as the circulation of the newspaper, the instances obteined would really have been drawn form a population of three to four millions. As opting theses figures, they ought to have heard, on the doctrine of chances, of three or four purely fourtuitous cases of visual hallucinations with coincidence of death. In view of utter uncertainty of all the data, it would be very rash to draw any conclusion at all. But the evidence so far it goes, seems to be rather unfavorable to the telepathic character of this phenomena.”
(Peirce, 1887a: 156)


Ao criticar a teoria telepática de explicação das “alucinações verídicas”, Peirce atinge o ponto nevrálgico de sustentação de toda a Pesquisa Psíquica. Tal teoria havia sido desenvolvida como uma contrapartida naturalista à teoria sobrenaturalista de cunho espírita tão em voga naquele tempo quanto o são atualmente em nosso país. Mas Peirce não apenas criticou a teoria telepática. Na verdade, sua crítica havia retirado daquelas alucinações o caráter da excepcionalidade. Após sua crítica, os casos do Phantasms não passavam de meros caros comuns, explicáveis por fenômenos bem conhecidos pela ciência. Portanto, para quê utilizar de uma teoria cuja agência é desconhecida – a telepatia – para casos que podem ser muito bem explicados por fenômenos conhecidos?

Mas, isso significa que Peirce não aceitasse a possibilidade da telepatia? De maneira alguma. O que Peirce fizera em sua crítica ao Phantasms of the Living foi demonstrar que não seria necessária qualquer teoria nova – como a da telepatia – já que o fenômeno observado – as alucinações verídicas - não demandaria mais do que explicações baseadas em fenômenos já tradicionalmente tratados pela ciência. Mas, como veremos a seguir, há muitas passagens em que Peirce afirma que o fenômeno da telepatia, apesar de não demonstrado cientificamente, deve existir.


Telepatia e Percepção

Em 1903, Peirce escreve Telepathy and Perception. A intenção de Peirce parece ter sido, de certa forma, continuar a discussão iniciada com a críticia que fez ao Phantasms, mas sob nova roupagem, a da sua teoria da percepção.

Novamente, Peirce não poupa de críticas os pesquisadores psíquicos e volta a atacar a teoria da telepatia por eles sustentada. Um fenômeno tão infreqüente, irreprodutível à vontade, e imprevisível não teria a menor possibilidade de ser conhecido pela ciência. A ciência tem a esperança de conhecer fenômenos inteligíveis, o que a telepatia não parece ser, a menos como é apresentada pelos pesquisadores psíquicos.

“A teoria de telepatia sustenta que, em alguns casos, uma mente age sobre uma outra, direta ou indiretamente, através de meios fundamentalmente diferentes daqueles das experiências familiares do dia-a-dia. Como uma teoria científica, ela quase se condena. Dizer que um fenômeno é fundamentalmente diferente de qualquer experiência ordinária é quase dizer que é de uma natureza tal que seja impossível sua dedução por meio de predições múltiplas, exatas e verificáveis pela percepção ordinária. Quase exclusivamente, em apoio desta teoria, estão certas experiências extraordinárias, que alegadamente acontecem com uma fração mínima do gênero humano. Se estes são os únicos fatos para sua alegação, eles são fatos com os quais ciência nada pode fazer, desde que ciência é um empreendimento de descobrir a Lei, isto é, o que sempre acontece.” (7.600)


Mas, Peirce segue sua argumentação apresentando sua teoria da percepção que, em última instância, é uma teoria de como se dá a apreensão (ou construção) humana da realidade. A relação ser humano/realidade se dá mediada por signos. Mas, o ser humano é dotado de uma capacidade especial para a adivinhação, não nomeada nesse texto, mas que recebe a denominação de abdução. Ocorre que da mesma forma que a natureza é regida pela razoabilidade, também o é a mente humana, e pela mesma razoabilidade. A mente, pode, assim, acertar o que se passa na natureza, uma vez que pode conjecturar, ainda que inconscientemente, a respeito de seu funcionamento. A abdução surge como uma possibilidade interpretativa preferível à da telepatia para Peirce, mas não menos maravilhosa. Peirce, nesse ponto, abre a possibilidade de pesquisa de que a abdução não se restrinja ao conteúdo da mente do próprio pensador, mas que talvez pudesse atingir a mente de outra pessoa, situada à distância. Assim, teoricamente, a capacidade de conhecer o conteúdo da mente de outra pessoa, à distância, deixaria de ser um fenômeno infreqüente e incomum, passando a ser parte do funcionamento mental inconsciente comum. Evidentemente, tal possibilidade teórica abre oportunidades investigativas as mais interessantes que mereceram de Peirce, inclusive, estímulo.

“De minha parte, não posso aceitar tal uma teoria (da telepatia). Esta atribui ao homem poderes que ele sabe muito bem que não possui. Parece-me que a única abordagem admissível é que a racionalidade/razoabilidade, ou idéia de lei, na mente de um homem, que é uma idéia pela qual são efetuadas predições objetivas – uma vez que todas as teorias físicas se originam de conjecturas humanas – e o experimento apenas poda o que é errôneo e determina valores exatos -- deve estar na na mente como conseqüência de seu ser/existir no real mundo. Então, uma vez que a racionalidade/razoabilidade da mente e a da natureza, são essencialmente a mesma, não é surpreendente que a mente, depois de um número limitado de suposições, consiga conjecturar o que a lei de qualquer fenômeno natural é. Quão distante este poder de conjeturar pode ir é o que nós não sabemos certamente. Nós sabemos que vai distante o bastante para ter permitido aos homens já ter feito progresso considerável em ciência. Se este se estende ou não tão longe a ponto de que, muito raramente, uma mente pode saber o que se passa em outra, à distância, pareceria ser uma pergunta a ser investigada assim que nós possamos ver um modo de fazer isso inteligentemente. Eu não acredito que questões como essa possam ser resolvidas permanentemente através do desdém ou de outras alternativas.”
(CP 7.687)


A possibilidade teórica da ação de uma mente sobre outra foi expressa por Peirce também em outros textos. Tomemos dois exemplos. Ao discutir a teoria da continuidade, ele oferece como uma das razões positivas para se admiti-la, exatamente esta ação, considerando-a, inclusive, de peso:

“[...] Há várias outras razões positivas, cuja consideração de maior peso parece-me ser: Uma mente pode agir sobre outra mente? Uma partícula de matéria pode agir sobre outra à distância? [...] Mas se nós adotamos a teoria de continuidade nós escapamos desta situação ilógica. Podemos dizer, então, que uma parte da mente age sobre uma outra porque está, em certa medida, imediatamente presente a uma outra; da mesma forma como supomos que o passado infinitesimalmente é/está, em certa medida, presente. E de certa forma podemos supor que uma porção de matéria atue sobre outra porque está, em certa medida, no mesmo lugar.”
(CP 7. 170)


“Equally conclusive and direct reason for thinking that space and degrees of quality and other things are continuous is to be found as for believing time to be so. Yet, the reality of continuity once admitted, reasons are there, divers reasons, some positive, others only formal, yet not contemptible, for admitting the continuity of all things. I am making a bore of myself and won't bother you with any full statement of these reasons, but will just indicate the nature of a few of them. Among formal reasons, there are such as these, that it is easier to reason about continuity than about discontinuity, so that it is a convenient assumption. Also, in case of ignorance it is best to adopt the hypothesis which leaves open the greatest field of possibility; now a continuum is merely a discontinuous series with additional possibilities. Among positive reasons, we have that apparent analogy between time and space, between time and degree, and so on.

There are various other positive reasons, but the weightiest consideration appears to me to be this: How can one mind act upon another mind? How can one particle of matter act upon another at a distance from it? The nominalists tell us this is an ultimate fact -- it cannot be explained. Now, if this were meant in [a] merely practical sense, if it were only meant that we know that one thing does act on another but that how it takes place we cannot very well tell, up to date, I should have nothing to say, except to applaud the moderation and good logic of the statement. But this is not what is meant; what is meant is that we come up, bump against actions absolutely unintelligible and inexplicable, where human inquiries have to stop. Now that is a mere theory, and nothing can justify a theory except its explaining observed facts. It is a poor kind of theory which in place of performing this, the sole legitimate function of a theory, merely supposes the facts to be inexplicable. It is one of the peculiarities of nominalism that it is continually supposing things to be absolutely inexplicable. That blocks the road of inquiry. But if we adopt the theory of continuity we escape this illogical situation. We may then say that one portion of mind acts upon another, because it is in a measure immediately present to that other; just as we suppose that the infinitesimally past is in a measure present. And in like manner we may suppose that one portion of matter acts upon another because it is in a measure in the same place.”
(CP 7. 170)


Neste outro exemplo, Peirce novamente afirma o fato, mas nega suas interpretações:

“Primeiro, eu declaro, claramente o que eu questiono. O hipnotismo eu não questiono, nem a dupla ou tripla personalidade. Que estas coisas ainda permanecem imperfeitamente classificadas é admitido também; não só estes fenômenos, mas muitos da vida cotidiana, como a comunicação de idéias durante a conversação ordinária. Só explicações vagas, duvidosas são fornecidas para fenômenos que se assemelham a clarividência. Não completamente improváveis, avenidas não reconhecidas dos sentidos podem existir. Possivelmente assim os cegos evitam as árvores e as paredes. Fenômenos em abundância esperam explicação da ciência futura [...]; quanto mais sobre mente?”
(CP 7.559)


Amor Evolutivo: A Simpatia como Instrumento de Crescimento

Uma da mais importantes contribuições de Peirce para a compreensão da mente humana, uma verdadeira revolução científica, é justamente aquela que submete a mente cartesiana, individual, separada de seu entorno, a uma profunda crítica e revisão.

Peirce considerou o fenômeno do “eu pessoal” como um “fenômeno ilusório”. Opondo-se à finitude do eu, teoriza a existência de uma profunda interconexão entre os “eus”, fazendo emergir o conceito do eu em comunhão com outros eus. A ilusão de isolamento pode levar à crença da real separação, da existência independente dos outros. Mas ainda que o eu assim pense, ser um eu significa ser membro de uma comunidade em que as experiências são sempre compartilhadas entre os vários eus existentes.

“When we come to study the great principle of continuity [see vol. 6, Bk. I, B.] and see how all is fluid and every point directly partakes the being of every other, it will appear that individualism and falsity are one and the same. Meantime, we know that man is not whole as long as he is single, that he is essentially a possible member of society. Especially, one man's experience is nothing, if it stands alone. If he sees what others cannot, we call it hallucination. It is not "my" experience, but ‘our’ experience that has to be thought of; and this ‘us’ has indefinite possibilities.”
(5.402, n.2)

Na concepção peirceana, a individualidade do corpo não deve ser confundida com separabilidade do eu. A consciência necessita do corpo para seu pleno desenvolvimento, já que a consciência se encarna nele, como o faz o signo. Ao mesmo tempo Peirce ressalta, assim, a idéia de ser humano como signo e da materialidade necessária para a existência dos signos. Nosso corpo, assim, é uma condição para a vida dos signos, mas não é garantia de nossa exclusividade ou separação com os demais.

Peirce vai além, e teoriza que seria por meio da “simpatia” que nos manteríamos interconectados. A simpatia seria uma espécie de capacidade de sentir pelo outro, de conhecer seu íntimo, de estar em comunhão com os demais “eus”. É fundamental lembrarmos que a noção da não separabilidade do eu é resultante da aplicação da doutrina da continuidade, ou sinequismo, adotada por Peirce.

A teoria agapástica da evolução, uma das três formas pelas quais a evolução ocorreria no cosmos segundo Peirce, prevê que as experiências vividas por um único indivíduo, passariam a compor a experiência de toda a comunidade, tornando mais econômico nosso trabalho rumo à evolução. A “evolução pelo amor criativo”, como a define, tem na “simpatia positiva” seu instrumento de realização evolutiva:

“(...) No agapasma genuíno, por outro lado, o avanço tem lugar em virtude de uma simpatia positiva daquilo que é originado da continuidade de mente.” 
(CP 6.304)


Assim, a semiose se processaria em todo o universo, aproveitando cada experiência evolutiva aparentemente individual. O pensamento, como uma importante ferramenta evolutiva, também deve ser compartilhado uma vez que também sobre ele recai o princípio da continuidade. A esse respeito, Peirce nos oferece um alguns exemplos de como a simpatia torna nossas aquisições pessoais em aquisições coletivas:

“[...] Se se pudesse mostrar diretamente que existe uma uma entidade como o "espírito de um tempo" ou de um povo, e que a mera inteligência individual não responderá por todos os fenômenos, isto seria a prova suficiente do agapasticismo e do sinequismo. Tenho que reconhecer que eu não posso produzir uma demonstração irrefutável disso; mas sou, acredito, capaz de aduzir alguns argumentos que servirão para confirmar que foram retirados de outros fatos. Acredito que as maiores realizações/conquistas da mente foram realizadas para além dos poderes de indivíduos que trabalhavam sem ajuda; e eu acho - aparte do apoio que esta opinião receba de considerações sinequísticas, e do caráter propositivo de muitos grandes movimentos - razão direta para pensar na sublimidade das idéias e em sua ocorrência simultânea e independente a vários indivíduos distituídos de qualquer poder geral extraordinário. [...] ”
(CP 6.315)


“The agapastic development of thought should, if it exists, be distinguished by its purposive character, this purpose being the development of an idea. We should have a direct agapic or sympathetic comprehension and recognition of it by virtue of the continuity of thought. I here take it for granted that such continuity of thought has been sufficiently proved by the arguments used in my paper on the "Law of Mind" in The Monist of last July [Chapter 5]. Even if those arguments are not quite convincing in themselves, yet if they are reënforced by an apparent agapasm in the history of thought, the two propositions will lend one another mutual aid. The reader will, I trust, be too well grounded in logic to mistake such mutual support for a vicious circle in reasoning. If it could be shown directly that there is such an entity as the "spirit of an age" or of a people, and that mere individual intelligence will not account for all the phenomena, this would be proof enough at once of agapasticism and of synechism. I must acknowledge that I am unable to produce a cogent demonstration of this; but I am, I believe, able to adduce such arguments as will serve to confirm those which have been drawn from other facts. I believe that all the greatest achievements of mind have been beyond the powers of unaided individuals; and I find, apart from the support this opinion receives from synechistic considerations, and from the purposive character of many great movements, direct reason for so thinking in the sublimity of the ideas and in their occurring simultaneously and independently to a number of individuals of no extraordinary general powers. The pointed Gothic architecture in several of its developments appears to me to be of such a character. All attempts to imitate it by modern architects of the greatest learning and genius appear flat and tame, and are felt by their authors to be so. Yet at the time the style was living, there was quite an abundance of men capable of producing works of this kind of gigantic sublimity and power. In more than one case, extant documents show that the cathedral chapters, in the selection of architects, treated high artistic genius as a secondary consideration, as if there were no lack of persons able to supply that; and the results justify their confidence. Were individuals in general, then, in those ages possessed of such lofty natures and high intellect? Such an opinion would break down under the first examination.”
(CP 6.315)


Poder-se-ia, no entanto, argumentar que Peirce teria usado de uma figura de linguagem, uma analogia, para querer se referir ao “espírito dos tempos” não propriamente como uma certa “transmissão de pensamento”. Contra este argumento, os dois parágrafos seguintes parecem ser bastante esclarecedores. No primeiro, Peirce enumera uma série de exemplos de descobertas científicas, invenções, e conceitos obtidos por duas ou mais pessoas, independentemente e, praticamente, ao mesmo tempo. No segundo, Peirce afirma, com uma exclamação, que tais exemplos serviriam como um “argumento para a continuidade da mente” e convida os pensadores a desvestirem-se de seus preconceitos e investigarem, por si mesmos, as evidências em favor da doutrina da continuidade.

Quantas vezes homens agora de meia idade vislumbraram grandes descobertas feitas independentemente e quase simultaneamente! O primeiro exemplo de que me lembro é a predição de um planeta exterior a Urano por Leverrier e Adams. Dificilmente saber-se-ia dizer a quem se deve atribuir a descoberta do princípio da conservação de energia, embora pode ser considerado razoavelmente como a maior descoberta da ciência já feita. A teoria mecânica do calor foi fixada por Rankine e por Clausius durante o mesmo mês de fevereiro, 1850; e há homens eminentes que atribuem este grande passo a Thomson. [...] É bem conhecido que a doutrina de seleção natural foi apresentada por Wallace e por Darwin na mesma reunião da Associação britânica; [...] A autoria da Lei Periódica dos Elementos Químicos é disputada por um russo, um alemão, e um inglês, embora não há duvida que o mérito principal pertença ao primeiro. Estas são quase todas as maiores descobertas de nosso tempo. É o mesmo com as invenções. Pode não ser surpreendente que o telégrafo deveria ter sido feito independentemente por vários inventores, porque era bem um corolário fácil de fatos científicos feitos antes. Mas não era assim com o telefone e outras invenções. O éter, o primeiro anestésico, foi apresentado independentemente por três diferente médicos da Nova Inglaterra. [...]”
(CP 6.317)

Duvido que quaisquer das grandes descobertas devem ser corretamente consideradas como realizações completamente individuais; e penso que muitos compartilharão desta dúvida. Mesmo que não, um argumento para a continuidade de mente e para o agapasticismo está aqui! Eu não desejo ser muito estrênuo. Se os pensadores só serão persuadidos se colocarem seus preconceitos de lado e se se aplicarem a estudar as evidências desta doutrina, eu devo ficar totalmente satisfeito em esperar sua decisão final.”
(CP 6.318)


No parágrafo abaixo, retirado de Man’s Glassy Essency, Peirce parece ter resumido o essencial de sua idéia a respeito deste tema, mostrando as relações entre o pensamento, a evolução, a continuidade da mente pela adoção da doutrina do sinequismo e a instrumentalização da simpatia para a finalidade de comunhão proposta pela evolução agapástica:

“Proponho-me dedicar alguns páginas ao exame muito sumário destas perguntas em sua relação ao desenvolvimento histórico do pensamento humano. Formulo primeiro, para a conveniência do leitor, as possíveis definições mais breves dos três modos concebíveis de desenvolvimento do pensamento, enquanto também distinguo duas variedades de anancasmo e três de agapasmo. [...] O desenvolvimento agapástico de pensamento é a adoção de certas tendências mentais, de maneira não completamente descuidada, como no ticasmo, nem o bastante cega pela mera força de circunstâncias ou de lógica, como no caso do anancasmo, mas por uma atração imediata da idéia em si mesma, cuja natureza é antecipada antes de a mente possui-la, pelo poder da simpatia, ou seja, em virtude da continuidade da mente; e esta tendência mental pode ser de três modalidades, como se segue. Primeira, pode afetar todo um povo ou comunidade em sua personalidade coletiva, e ser, então, comunicada aos indivíduos uma vez que estes estão em conexão simpática poderosa com o coletivo, embora possam ser intelectualmente incapazes de atingir a idéia por meio de suas compreensões privadas ou mesmo, talvez, de apreendê-la conscientemente. Segunda, pode afetar uma pessoa em particular, diretamente, ainda que seja incapaz de apreender a idéia ou apreciar sua atratividade em virtude de sua simpatia com seus vizinhos, sob a influência de uma experiência de forte impacto ou o desenvolvimento do pensamento. A conversão de São Paulo pode ser tomada como um exemplo do que esta sendo indicado. Terceiro, pode afetar um indivíduo, independentemente de seus afetos humanos, em virtude de uma atração exercida sobre sua mente, mesmo antes dele a compreender. Este é o fenômeno que foi propriamente denominado de adivinhação do gênio; isto ocorre devido a continuidade entre a mente do homem e o Mais Alto.”
(CP 6.307)


Possibilidades Investigativas

Se estamos todos interconectados tão profundamente, se nossas conquistas científicas mais caras foram desenvolvidas de maneira coletiva e não individual por meio de um processo simpático, se somos habitados por signos gerados por outros à distância, e se o que chamamos de “eu” deve incluir os “eus” dos “outros”, então o processo de comunicação entre as mentes individuais não pode ser tão infreqüente como supunham os pesquisadoes psíquicos no final do século passado. Talvez agora possamos compreender com maior precisão as críticas de Peirce à noção de telepatia, valendo-se das leis de probabilidade. Um fenômeno tão infreqüente quanto a telepatia era suposto não poder existir em um universo organizado. Mas, se por outro lado, considerarmos a comunicação entre mentes como um processo natural, presente em todos nós, subordinado às leis de evolução do pensamento humano, e de todo o cosmos, então, torna-se tão freqüente como qualquer outro fenômeno humano reconhecido. Ao aproximar a comunicação entre mentes do fenômeno da abdução, Peirce situa-a como um processo ao qual não temos controle por ser da ordem do insconsciente, mas que age a qualquer momento em que estamos frente a um fenômeno desconhecido ou uma situação para a qual temos que empenharmo-nos para resolver algo. Assim, todo o processo criativo, seja ele artístico ou científico poderia, ou deveria, implicar na utilização dos recursos de conhecimento que formam uma espécie de manancial da humanidade e que estariam disponíveis nessa “personalidade coletiva” da qual nos fala Peirce.

Essa abordagem do fenômeno abre possibilidades de investigação empírica radicais, já previstas pelo próprio Peirce como já mencionado. Algumas dessas idéias, é interessante notar, já têm sido alvo de pesquisa, modernamente, por parte dos sucessores dos pesquisadore psíquicos. As técnicas empregadas atualmente, principalmente as experimentais, são muito próximas às que Peirce sugeriu que fossem utilizadas em sua crítica ao Phantasms of the Living. Além disso, as teorias e os modelos desenvolvidos, apesar de estarem longe de obterem consenso entre os investigadores, parecem ajustar-se perfeitamente à estrutura proposta por Peirce, quase cem anos antes daquelas serem formuladas.

Apenas para dar um exemplo, um dos modelos testáveis desenvolvidos mais importante é chamado de Psi Mediated Instrumental Response (PMIR Model), do psicólogo americano Dr. Rex Stanford (1974), da St. John’s University, de Nova Iorque. Segundo este modelo, “psi”, um termo neutro, é compreendido como o processo ainda desconhecido pelo qual uma informação poderia chegar de uma mente a outra. Conceitualmente assemelha-se muito ao termo “empatia”, utilizado por Peirce. O modelo de Stanford propõe que psi estaria em funcionamento, mesmo sem que o sujeito tivesse consciência, disso com a finalidade de rastrear o meio (o que inclui outros seres humanos) e retirar dele informações relevantes para suas necessidades psicológicas e biológicas. Em última instância, psi agiria como um instrumento para a adaptação ao meio e, portanto, estaria à serviço da sobrevivência da espécie. O processo tem, portanto, um propósito, uma finalidade. Vê-se que não há incompatibilidade entre o modelo de Stanford e o de Peirce, apesar de o desse último ser muito mais abrangente.

O modelo de Stanford é testável experimentalmente e vários de seus postulados já têm sido confirmados empiricamente. Apenas como exemplo, apresentamos uma de uma série de dezenas de experimentos realizados por Stanford e colegas:

“Seventy-two male college students took a coverty word-association “psi” test in wich they had to respond to each of tem stimulus words with the first word that came to mind. Unknown to the subjects, those who responded more rapidly to a rondomly would get engage in a presumably pleasant task, rating photographs of nude or semi-nude womem. The other subjects got to engage in a boring task: tracking with a stylus a point on a rotating metal disk for 25 minutes.

Two experimental manipulations were incorporated in the experimental design, each representing one of the two hypothesis. Need strenght was manipulated by having half of the subjects tested by one of three attractive female experimenters. The idea was that subjects tested by the female experimenters would be higher state of arousal and thus more motivated to engaged in the picture-rating task than would the other subjects.

For ethical reasons, Stanford did not wish to induce a negative self-concept in his subjects, so the self-concept variable was manipulated indirectly. Half of the subjects in each of the previously defined groups were given a preliminary word-association test in wich the experimenter praised the creatividty of the subject’s response and never corrected inappropriate reasons (positive self-concept). The other subjects did receive corretion and were given no praise (neutral self-correction)

The results confirmed the first hypothesis in that subjects tested by the female experimenters had significantly shorter response latencies to the key stimulus words than did subjects tested by male experimenters.” (Edge at al, 1996:190)


Comentários Finais

Peirce lamentou o fato de fenômenos como os aqui tratados serem tão pouco estudados:

161. Os fenômenos psicológicos da intercomunicação entre duas mentes têm sido, infelizmente, pouco estudado. Assim, é impossível dizer, com certeza, se eles são favoráveis a esta teoria ou não. Mas o insight extraordinário que algumas pessoas são capazes de ter de outras a partir de indicações tão mínimas que é difícil compreender o que elas sejam, se faz mais compreensível por meio da visão aqui apresentada.
(CP 6.161)


Um dos objetivos deste texto é o de estimular pesquisadores que não estejam embebidos pelo preconceito contrário à pesquisa de fenômenos como a interconectividade entre mentes. Estamos longe, não muito diferente do tempo de Peirce, de termos consenso entre os cientistas em relação à existência ou não da telepatia ou, mais genericamente, de “psi”. No entanto, há sinais de que a atitude de preconceito contra o estudo de tais fenômenos tem diminuído desde os tempos de Peirce. Alguns sinais dessa mudança podem ser vistos por exemplo, pela aceitação da Parapsychological Association como membro da American Association for Advancement of Science, em 1969. Além disso, há vários centros de pesquisa universitários na Europa [3] e nos Estados Unidos [4] com o objetivo de averiguar imparcialmente as alegações de psi. Vários estudos, pró e contra psi têm sido publicados em revistas científicas de peso [5]. E mesmo no Brasil, há crescente interesse pelo tema, sobretudo por parte de psicanalistas que defrontam-se com experiências supostamente psi de seus pacientes ou mesmo resultantes da relação analista/analisando
(por ex., Cassorla, 1991; Piccini, 1985).

De qualquer forma, a questão da existência ou não de psi só pode ser resolvida por meio da pesquisa empírica, aliada a uma forte estrutura teórica que, cremos, pode ser encontrada na obra de Charles S. Peirce.

________________

 

Notas:

[1] Agradecemos ao Prof. Winfried Nöth e à Profa. Lúcia Santaella a indicação do texto de Braude (1998) que revisou o interesse e as opiniões de Peirce relativamente ao paranormal. Recomendamos tal texto aos interessados.

[2] O termo mesmerismo refere-se às técnicas empregadas pelo médico austríaco Franz Anton Mesmer, tido como um dos precursores da utilização da hipnose como método terapêutico na Europa, no final do século XVIII. Mesmer sustentava que o “magnetismo animal”, uma substância física presente em tudo o que existe, seria a causadora, se em falta, de toda a sorte de moléstias existentes. Seu tratamento visava repor o “magnetismo animal” faltante no doente por meio de imposições de mãos e de outros expedientes que acreditava-se serem transmissores do mesmo, restabelecendo a cura.

[3] Por exemplo: Universidade de Gothenburgh, Universidade de Edinburgh, Universidade de Coventry, Universidade de Amsterdan, Universidade de Utrecht, Universidade de Frieburgh, Universidade de Hertfordshire.

[4] Por exemplo, a Universidade de Princeton.

[5] Science, Nature, Psychological Bulletin, American Scientist, Physics World, Foundations of Physics, entre outras.




Referências Bibliográficas

Braude, S. E. (1998) Peirce on the Paranormal.Transactions of the Clarles S. Peirce Society. Vol 34, 1: 203-224

Brent, J. (1993) Charles Sanders Peirce: A Life. Indiana University Press.

Cassorla, R.M.S. (1991). Considerações sobre um tipo de comunicação intuitiva. Revista Brasileira de Psicanálise, 25:515-530.

Edge, H.L., Morris, R.L., Palmer, J., e Rush, J.H. (1986). Foundations of Parapsychology: Exploring the Boundaries of Human Capability. London: Routledge & Kegan Paul.

Fantoni, B. (1981). Magia e Parapsicologia. São Paulo: Loyola.

Peirce, C.S (1938-1956) The Collected Papers., 8 vols. Charles Hartshorne, Paul Weiss, and Arthur W. Burks (eds.). Cambridge: Harvard University Press.

__________ (1887a) Criticism of ‘Phantasms of the Living’. Proceedinsgs of the American Society for Psychical Research. 1: 150-157.

__________ (1887b) Mr. Peirce’s Rejoinder. Proceedinsgs of the American Society for Psychical Research. 1: 180-215.

Piccini, A.M. (1985). Intuição: lacuna técnica na psicanálise. Revista Brasileira de Psicanálise. 19:33.

Santaella, L. (1986) O que é Semiótica? São Paulo: Brasiliense.

Stanford, R. G. (1974) An experimentally testable model for spontaneous psi events. I. Extrasensory events. Journal of American Society for Psychical Research, 68

Fonte: http://www4.pucsp.br/pos/cos/cepe/intercon/revista/artigos/peirce.htm

 


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