Espiritualidade e Sociedade



Williams & Wilkins

>   Estariam as crianças que alegam memórias de vidas passadas fantasiando, mentindo ou confabulando?

Artigos, teses e publicações

Williams & Wilkins
>   Estariam as crianças que alegam memórias de vidas passadas fantasiando, mentindo ou confabulando?

 

O artigo original está disponível em:
The Journal of Nervous and Mental Disease
Vol. 183, No. 7 Printed in U.S.A.

 

Em várias partes do mundo, particularmente na Ásia, podem ser encontradas crianças que alegam se lembrar de eventos de uma vida anterior de quando nasceram. Estas crianças costumam começar a falar sobre suas memórias logo após iniciarem a falar sentenças curtas, ou por volta de 2 a 3 anos de idade. Elas falam sobre e persistentemente acerca de suas vidas prévias até em torno dos 5 anos, quando as memórias aparentemente começam a declinar e parecem, na maioria dos casos, serem esquecidas em seguida.

Estas memórias mostram alguns traços recorrentes. Por exemplo, as crianças frequentemente alegam ter sofrido uma morte violenta (tal como por acidente), ou ter morrido subitamente; geralmente mostram fobias ou filias as quais elas relatam modos de vida ou eventos que alegam ter feito numa vida passada e, em alguns casos, elas têm deformações ou marcas de nascença, as quais as crianças ou seus pais costumeiramente relacionam à forma da morte na vida anterior. A maioria das crianças descreve suas alegadas memórias de maneira razoável e consistentemente e são persistentes em suas afirmações. Elas pedem para visitar o local ou a família onde dizem ter vivido antes e, na maioria dos casos, mencionam o local, que frequentemente distam de poucas a dúzias de milhas de seus lares. Em quase todos os casos, a vida que elas descrevem parece ter terminado num período relativamente curto de tempo antes delas nascerem, tipicamente não mais que poucos anos.

O Dr. Ian Stevenson tem investigado meticulosamente um grande número desses casos, que ele se refere como Casos do tipo Reencarnação (CORTs). Suas investigações têm se centrado na questão da veracidade das afirmações feitas pelas crianças. As repetidas e às vezes clamorosas afirmações que os sujeitos fazem acerca das alegadas vidas prévias frequentemente embaraçam-lhes de formas indesejáveis com outros membros de suas famílias. Por exemplo, algumas crianças negam que seus pais sejam seus pais e exigem serem levadas aos seus "verdadeiros pais", que, elas podem dizer, amaram-lhes mais. Um pequeno número de sujeitos realmente tenta deixar o lar para encontrar a família prévia por si próprio. Algumas crianças podem irritar-se com as circunstâncias humildes de suas famílias e gabarem-se de ter tido a melhor comida, vestuário, servos, etc. na vida anterior. Pais em culturas com crença na reencarnação não se surpreendem frequentemente com as afirmações das crianças, pois acham que ele ou ela está fantasiando, mas num número substancial de casos, eles ficam aborrecidos com as crianças em razão do conteúdo dito pela criança e pelo comportamento incomum dela relacionado.

Nos últimos 6 anos, Haraldosson tem feito uma detalhada investigação de 27 novos casos que encontrou no Sri Lanka, um dos países onde alguns casos podem ser encontrados a cada ano. Uma pequena parte dos casos tem mostrado um impacto semelhante entre as afirmações da criança e fatos da vida de alguma pessoa que foi identificada e que vivera antes do nascimento da criança, às vezes numa distante comunidade. Em outros casos - e eles são muito mais freqüentes no Sri-Lanka - ninguém correspondendo às afirmações da criança foi encontrado em relação à vida prévia. A questão de se estas alegadas memórias referem-se, de fato, a eventos reais na vida de pessoas que viveram antes da criança nascer não será discutida agora.

Interpretações postas em esforços para explicar os elementos verídicos dos casos mais impressionantes têm incluído coincidência entre as afirmações da criança e fatos da vida de algum falecido, paramnésia, percepção extra-sensorial pela criança de eventos da vida de algum falecido, e a teoria da Reencarnação, que é a interpretação mais comumente aceita nos países onde estes casos são encontrados. Não é fácil apresentar teorias psicológicas adequadas para explicar o surgimento dessas alegadas memórias das que crianças falam como tendo outra memória. Por outro lado, os seguintes fatores psicológicos e sócio-psicológicos podem ser esperados para dispor uma criança a alegar memórias de uma vida anterior: uma fantasiosa vida rica, uma necessidade de compensar o isolamento social, alta sugestibilidade (em culturas onde a crença na reencarnação constitui um papel maior), tendências dissociativas, busca por atenção e relações perturbadas com os pais (causando a criança o clamor de que pertence a qualquer outro lugar).

A Dra. Antonia Mills tem, juntamente com Patrick Fowler, exposto a teoria de identidades alternadas (AIs) em crianças. Esta assume que crianças, em todas as culturas, atravessam um período sensitivo dos 30 aos 90 meses para o desenvolvimento de identidades alternativas. Durante este período sensitivo, AIs devem ter um lugar vívido na vida da criança. Em torno do fim desse período e após, AIs declinam da consciência da criança. Em países onde a crença na reencarnação não é parte da religião dominante, a AI pode tomar forma de amigos imaginários, ao passo que em países com uma forte crença na reencarnação, crianças criam imagens e memórias de uma personalidade prévia. Nos últimos, AIs não são consideradas fantasias, mas memórias. Identidades alternadas são mais comumente associadas em crianças com características de personalidade que dispõem a criança desfrutar fantasia. Além disso, a ocorrência de uma AI pode depender da necessidade de escapar para a fantasia de circunstâncias abusivas ou assustadoras.

O principal interesse desse estudo é o desenvolvimento cognitivo e peculiaridades dessas crianças e o que pode dispô-las a fazer alegações sobre vidas anteriores. As habilidades e personalidades das crianças que reportam memórias de vidas anteriores diferem em algum modo importante daquelas de crianças em geral? Elas mostram uma maior tendência a confabular que outras crianças? São mais sugestíveis? São indicações de uma maior tendência para processos dissociativos do que em outras crianças? Estas são algumas questões que alguém gostaria de ver respondidas, algumas das quais de fato têm sido perguntadas em um review de um dos livros de Setevenson.

Crianças com memórias ativas do tipo vida anterior têm, na maioria dos casos, de 3 a 5 anos de idade. E poucos testes psicológicos objetivos existem para avaliar os fatores acima mencionados em crianças jovens. Uma complicação adicional é que estas crianças são em pequeno número e difíceis de encontrar, sendo que uma comparação significativa com outras crianças necessita de uma amostragem de tamanho adequado. No intuito de conseguir uma amostra suficientemente grande para este estudo (o qual continua relativamente pequena), todos os sujeitos disponíveis acima dos 13 anos tiveram que ser incluídos. Desde que alguns dos testes não poderiam ser usados em crianças abaixo dos 7 anos, as crianças de nossa amostragem variaram dos 7 aos 13 anos, Nesta idade, a maioria das crianças tem parado de falar a respeito das memórias de suas vidas prévias, mas todas haviam falado antes muito consistentemente durante um período de tempo.

Sujeitos

Os sujeitos foram 23 crianças do Sri Lanka que haviam relatado memórias de uma vida prévia (8 garotos e 15 garotas variando de 7 anos e um mês até 13 anos e um mês). Um grupo de comparação consistiu de um número igual de crianças da mesma idade, do mesmo sexo e da mesma vizinhança, mas que não havia falado de uma vida passada. A idade média por crianças com memórias foi de 9 anos e 9,5 meses e para o grupo de controle 9 anos e 8,7 meses. As crianças estavam espalhadas numa grande área do sul e do centro do Sri Lanka e igualmente moravam em cidades e zonas rurais. Dos 23 casos envolvendo alegadas memórias de vida prévia, 15 haviam sido investigados previamente pelo autor e relatos detalhados têm sido publicados sobre 5 deles Oito casos haviam sido investigados por Stevenson e seus associados, mas nenhum relato havia ainda sido publicado sobre estes.

Testes Psicológicos

As Matrizes Coloridas Progressivas, forma das Matrizes Progessivas de Raven, foram escolhidas para este estudo porque foram projetadas para uso com crianças jovens, pessoas idosas e estudos antropológicos com pessoas que não entendem a língua inglesa. A escala foi descrita como "um teste de pensamento claro e observação" e testa a capacidade para a razão por analogia. O Teste de Quadro Vocabulário de Peabody consiste numa lista de 175 palavras arranjadas em ordem de dificuldade crescente. Como cada item é lido para a criança, à mesma é mostrada quatro ilustrações preto-e-brancas numa página e pede-se para escolher o quadro que melhor ilustra o significado da palavra-estímulo oralmente apresentada. O teste foi traduzido para o Sinhalês por P. Vimala e foi administrado sem ser padronizado para crianças Sinhalesas. Em vez disso, um grupo de controle foi usado para comparação.

A Escala de Sugestibilidade de Gudjonsson foi desenvolvida "para avaliar as respostas individuais a questões dirigidas e instruções retorno (feedback) negativo quando solicitadas para relatar um evento factual de uma recordação". No início do teste, uma pequena história fictícia é lida ao sujeito, após a qual é pedido ao sujeito que relate o que é lembrado da história. Então 20 questões são perguntadas sobre o conteúdo da história, 15 das quais são sugestivas de alguma forma. Finalmente o sujeito é firmemente dito que ele ou ela havia feito um número de erros e que é, consequentemente, necessário passar pelas questões mais uma vez.

A GSS mede (1) a livre recordação (número de itens lembrados da história); (2) confabulações (número de itens oferecidos sobre a livre memória que não são achados na história); (3) sugestibilidade cedida sob pressão (números de itens dados antes do feedback negativo ser fornecido); (4) mudança de sugestibilidade (uma mudança distinta na natureza da réplica às 15 sugestíveis e 5 não-sugestíveis questões) e (5) sugestibilidade total ( a soma dos dados e das mudanças). Há duas formas de GSS; a história da forma 2 é mais apropriada para crianças. O teste foi traduzido pra o Sinhalês por Shanez Fernando e adaptado para crianças do Sri Lanka.

O questionário Checklist de Comportamento Infantil - Modelo do Professor - foi administrado para um dos professores da criança. O Modelo do Professor é desenhado para obter relatos dos professores sobre os problemas de seus pupilos, funcionamento adaptativo e performance escolar. A maioria dos itens no Modelo do Professor do Checklist de Comportamento Infantil são idênticos aos do Modelo dos Pais.

Método Estatístico

Os dados para esta amostra combinada de sujeitos e crianças-controle foram analisados pelo teste Wilcoxon de nível de assinatura par-combinado para análise de uma variável. A análise multivariada da variação foi conduzida nas maiores variáveis, das quais o coeficiente de correlação canônica é usado como um indicador do tamanho do efeito total (Johnson e Wichern, 1992). O programa SYSTAT foi usado para conduzir os cálculos (SYSTAT, 1992).

Procedimento

O autor, um intérprete, um psicólogo nativo e o motorista de uma van alugada visitaram cada sujeito sem aviso prévio na casa ou escola dele. Na maioria dos casos, alguns membros da nossa equipe já haviam entrevistado a criança e seus pais sobre o caso. Nas escolas, professores ajudaram-nos a encontrar uma criança-controle na mesma classe do sujeito a qual a data de nascimento estivesse mais próxima da do sujeito. Se o sujeito estivesse em casa, nós procuraríamos uma criança controle na mesma vizinhança que fosse a mais próxima em idade possível. Nós expressamos nossa gratidão com presentes de doces e canetas esferográficas a essas crianças e a outras da casa, geralmente quando a sessão terminava. Todas as famílias foram cooperativas e prestativas. O Modelo do Professor do CCI foi administrado quase um ano e meio depois dos outros testes/questionários.

Resultados

A inspeção dos principais resultados (veja tabela 1) revela que as crianças que alegam memórias de uma vida prévia parecem, geralmente, mais maduras que as outras crianças. Seus conhecimentos sobre palavras e o entendimento da linguagem (PPVT) é muito maior (z = 3.50, p < .001) e elas têm uma memória melhor para eventos recentes (GSS; z= 2.56, p < . 05). Os resultados das Matrizes Progressivas de Raven não são significativamente maiores para crianças com alegadas memórias de vida prévia (z = 1.85, NS), um resultado sugestivo de que as diferenças vistas não são devidas as a diferenças na capacidade de raciocinar por analogia. Crianças alegando vidas prévias não são mais sugestivas do que outras crianças (z = -1.43, N = 46, NS). Não há indicações de que CORTs confabulam mais do que seus pares (z= -.67, NS). A performance escolar das crianças alegando vidas prévias é muito melhor que as do grupo de controle de acordo com a avaliação de seus pais, como indicado pelo Checklist de Comportamento Infantil (Wilcoxon z= 3.14, N=44, p< .02, todos os testes foram bi-caudais). Mais importante, os professores relataram um desempenho escolar muito maior (graus) para CORTs do que para seus pares (z = 3.02, N= 38, p< .01). De acordo com seus parentes, CORTs são maiores não escala de Atividade Social do CCBL do que outras crianças (z = 2.64, N = 38, p< .01); elas aprendem mais, comportam-se melhor na escola e trabalham mais duro. Análises multivariadas das maiores variáveis, a saber, memória, confabulações, sugestibilidade total, PPVT, Raven, performance escolar e escore de problemas do CBCL- Modelo dos Pais - resultam em uma diferença total significativa entre controles e sujeitos (F7, 10 = 5.60, p< .01) com um tamanho de efeito, ou correlação canônica, de r*=.89. De acordo com os parentes, CORTs aparentam consideráveis problemas comportamentais. O CBCL - Modelo dos Pais - revela um maior escore de problema (z = 3.48, p < .001) para o grupo alvo. É interessante notar que o número de problemas relatados varia particular e amplamente entre os CORTs (veja tabela 1). Na visão dos professores que observam as crianças apenas na escola, os CORTs não tem mais problemas comportamentais do que outras crianças (z=-.10, NS). Itens individuais da CBCL nos quais os CORTs são significativamente maiores ou menores que as crianças-controles são listados na tabela 2. De acordo com seus parentes, CORTs são mais argumentativos, gostam mais de estar a sós, são teimosas, faladoras, tendem a se machucar, são muito preocupadas com meticulosidades ou limpeza, exibem-se ou são menos "palhaças" e se envolvem menos com outras crianças. Mais ainda, elas são nervosas, tensas e sentem-se que têm de serem perfeitas e, às vezes, são confusas. Algumas dessas crianças se excitam, tendem a chorar mais e têm alguns medos, os quais parecem ser relacionados, em muitos casos, às suas alegadas memórias de vidas prévias. Os CORTs femininos diferiram significativamente em três itens que não foram relatados por nenhum CORT masculino. Muitas das garotas CORT estavam expressando um desejo de ser um membro do sexo oposto e foram relatadas se comportar como o sexo oposto e guardando coisas desnecessárias. De acordo com os professores, CORTs diferem significativamente de outras crianças em sete itens na CBCL: mais significativamente, elas "sentem que têm que ser perfeitas". Outros itens que os pais indicaram significativamente altos não são significativos no Modelo do Professor. É interessante notar que os professores relataram que CORTs se dão melhor com outras crianças, faltam à escola bem menos frequentemente, são menos desobedientes, são mais altamente motivadas e são menos explosivas e imprevisíveis em comportamento do que seus pares.

Discussão

Os dados mostram que crianças que alegam memórias de vidas prévias, quando comparadas com a amostra de controle, têm maiores habilidades verbais, melhor memória e estão indo muito melhor na escola que seus pares. Elas exigem mais de si, da mesma forma que sentem que têm de serem perfeitas, um sentimento que também deve contribuir para sua melhor performance escolar. Elas são mais sérias como indicando por "brincar" menos do que o grupo de controle. Neste estudo, não há medida satisfatoriamente completa da inclinação para fantasia, mas o número de itens adicionados na memória livre à GSS foi usada como um indicador de confabulação. Crianças alegando memórias de vidas passadas obtiveram menor escore nesta medida, mas não significativamente menor. Isso não dá suporta a hipótese de que tal inclinação faz com que as crianças mais comumente aleguem memórias de vidas passadas, embora crianças com uma rica vida de fantasia não necessariamente acrescentem "fatos" ao teste de memória verbal. As crianças que alegam memórias de vida passada são socialmente isoladas? Elas obtêm um maior escore para atividade social e são relatadas pelos professores como se entrosando bem com as outras crianças, o que deve argumentar contra qualquer alegação de isolamento. Elas são, entretanto, argumentativas, são consideradas teimosas e falam demais. Essas características, em balanço, não indicam isolamento social. Por outro lado, elas também são frequentemente reservadas e gostam de ficar sozinhas. Na época da primeira investigação destas crianças, apenas três estavam sem um irmão ou irmã e em média elas têm de dois a três irmãos. Assim, não há sinal claro de isolamento social nos dados e não é suportada a hipótese de isolamento social dispondo as crianças a alegarem memórias de vida prévia. Os resultados da GSS mostram que o grupo alvo não tem maior sugestibilidade que seus pares. A hipótese de que alta sugestibilidade predispõe as crianças a memórias de vida prévia em culturas onde a crença na reencarnação desempenha um papel maior não é suportada. Seus escores modestos a normais de sugestibilidade, aliados a baixos escores para confabulações, parecem indicar que memórias de vida prévia podem ser internamente geradas, pelo menos inicialmente, e não podem ser influenciadas por outras pessoas. Esta é a linha de observação do autor sobre essas crianças, as quais às vezes veementemente resistem aos esforços de seus pais em suprimir que falem de suas memórias, como no caso de Dilupa Nanayakkara, a qual a família Católica Romana tentou suprimir seus discursos sobre uma vida prévia. Também têm sido observado que estas crianças resistem à considerável pressão de seus pais para pararem de falar sobre as memórias. Deve, entretanto, ser acrescentado que a maioria dos casos de alegações dessas crianças aparenta encontrar suporte dos pais, especialmente se e após alguma pessoa ter sido identificada com a vida, que os pais vêm a acreditar, encaixar com as afirmações feitas pela sua criança. O alto escore de problemas do nosso grupo alvo, como demonstrado pelo Checklist de Comportamento Infantil, traz questionamentos sobre as causas para seus problemas comportamentais, particularmente desde que elas parecem mais maduras que as outras crianças. Mais que qualquer coisa, elas são argumentativas, apreciam estar a sós, falam demais, são teimosas e se ferem com facilidade. Nesses aspectos, então, elas têm algumas características "oposicionais" claramente definidas. Alguém pode especular se estas características são causadas por sua persistência na alegação em suas alegadas memórias e, assim, causando dificuldades a parentes e outros, para os quais tais clamores são embaraçosos. Também, seus desejos por solidão poderiam inicialmente se ajustar a um desejo de estarem apenas com suas memórias ou seria porque elas sentem-se diferentes de outras crianças e pessoas como um resultado de suas alegações singulares? Tais questões permanecem para serem respondidas em estudos posteriores. A Cautela deve ser observada na interpretação destas diferenças, porque não está claro se elas são a causa ou o resultado das alegadas memórias, especialmente visto que a maioria das crianças foi testada após terem parado de falar de suas vidas prévias. Várias diferentes abordagens podem ser feitas para a questão da realidade destas alegadas memórias. São elas confabulações, memórias reais ou subjetivamente genuínas, mas falsas impressões de fatos da memória ou reconhecimentos? Elas são, talvez, relacionadas à experiências de déjà vu, que têm sido definidas como "ilusões de percepção falsa de uma nova cena ou experiência familiar" (Wilkening, 1973, p. 56) e são relatadas por uma larga parcela da população geral (59% nos EUA, veja Greeley, 1975). Subjetivamente, experiências de déjà vu envolvem memórias e reconhecimentos, como fazem alegações de memórias de uma vida prévia. O autor não encontrou estudos da estrutura da personalidade de pessoas que relatam experiências de déjà vu. Tais dados poderiam servir para uma interessante comparação com os dados obtidos aqui, embora experiências de déjà vu não sejam específicas para um grupo etário particular, tal como as memórias de vida prévia são, as quais são predominantemente alegadas por crianças dos 3 aos 5 anos. Nós não temos um meio objetivo ainda para averiguar o que realmente se passa nas mentes dessas jovens crianças, mas é a impressão do autor de que elas estão sinceramente convencidas, pelo menos na maioria dos casos, da realidade de suas alegadas memórias, tão certamente do que a maioria das pessoas alegando déjà vu. Esta pesquisa mostrou que CORTs se distinguem claramente de outras crianças em vários aspectos; seus vocabulários e suas performance escolar são apreciavelmente maiores. De qualquer forma, as hipóteses apresentadas no início deste artigo não foram confirmadas, assim como confabulação, isolamento social e sugestibilidade foram consideradas. O alto escore de problemas no Modelo dos Pais do CBCL poderia indicar um relacionamento perturbado com os pais. Crianças argumentadoras, faladoras e perfeccionistas são certamente mais exigentes para seus pais que outras crianças. Contudo, isso não necessariamente leva a um relacionamento perturbador entre filhos e pais e alguns dos problemas experimentados pelos CORTs devem emergir devido à suas alegações de lembrar de uma vida prévia. Estes pontos precisam ser explorados posteriormente.

É necessário lembrar que, em seu estudo, Haraldsson não levou em conta fatores que aumentam a força e a solidez dos casos, como a precisão das informações fornecidas pelas crianças e marcas de nascimento. O autor se limitou apenas à investigação de aspectos psicológicos, cognitivos e comportamentais das crianças.


Fonte: http://parapsi.blogspot.com/2008/10/estariam-as-crianas-que-alegam-memrias.html

 


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