Espiritualidade e Sociedade





Paulo Henrique Wedderhoff


>    Clonagem e células tronco

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Paulo Henrique Wedderhoff
>   Clonagem e células tronco

 

 

Em várias oportunidades temos ouvido questionamentos sobre a posição do Espiritismo a respeito da clonagem e do uso de células tronco.

Evidentemente não podemos responder pelo Espiritismo, mas como espíritas podemos expressar nossa opinião, sem esquecer que o conhecimento científico não pára de se expandir e a cada dia novas descobertas podem tornar incompletas as opiniões que hoje nos parecem corretas. Nosso entendimento é baseado no aprendizado diário, nas orientações dos espíritos encarnados e desencarnados e na lógica que os princípios da Doutrina dos Espíritos nos oferece.

A pergunta mais comum, quando o tema vem à tona, tem sido: - “É possível clonar uma pessoa, ou seja, corpo e espírito?”.

A resposta a esta pergunta é não. A ciência já demonstrou que é possível clonar ou reproduzir um corpo como é o caso da famosa ovelha Dolly, porém, mesmo que chegássemos à clonagem humana, jamais poderemos clonar o espírito.

Não é possível assegurar que já sabemos com profundidade o que é o espírito, mas sabemos que não é fruto da criação humana. O corpo, este veículo material do qual nos servimos para a experiência terrena, se desenvolve a partir da soma do material genético de um pai e de uma mãe e está sujeito a um período de desenvolvimento, maturidade, decadência e decomposição. Figurativamente, assim como o mergulhador faz uso de equipamentos para permanecer por um tempo no ambiente submarino, o corpo físico, desenvolvido a partir de componentes densos, permite que o espírito encarnado se manifeste e se relacione no ambiente material enquanto perdure seu capital de vida.

O espírito é único, existe antes da formação do corpo com o qual irá compor o homem encarnado e continua existindo, consciente de si após o desligamento do corpo no processo que denominamos morte. Esta consciência é, aliás, uma das razões porque alguns espíritos têm dificuldade de acreditar que desencarnaram. Ainda não conhecemos a composição do espírito, mas sabemos que é imperecível. A Doutrina dos Espíritos nos alerta para o fato de que o espírito é o ator e portador da cultura, ou seja, acumula memória de vivências e convivências; de erros e acertos e de experiências cognitivas, emocionais e psicomotoras. Como o conhecimento está em contínua expansão e o espírito é seu revelador e portador, podemos concluir que o espírito é um ser em permanente evolução. Somente por estas razões já se pode concluir que não há como copiar parte de um processo e conseguir o todo.

No que diz respeito às células tronco, a questão que se coloca é a seguinte: - “O descarte ou a utilização de embriões congelados é diferente de um aborto?”.

Neste caso a resposta é sim. Os embriões desenvolvidos em laboratório podem ficar congelados por décadas e não haveria sentido em deter o processo evolutivo de um espírito prendendo-o a um embrião que pode nunca chegar a desenvolver um corpo. Assim sendo, apesar de haver espíritos, que potencialmente poderiam assumir a encarnação em um dos embriões no caso de implante, o descarte ou utilização de embriões congelados não implica em violação ética ou de transgressão das leis naturais de defesa da vida.

O interesse da ciência sobre este tema se deve ao fato de que as células-tronco têm uma capacidade especial, pois podem se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. As demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele). Além disso, as células-tronco podem se auto-replicar, ou seja, podem gerar cópias idênticas de si mesmas e repor tecidos lesionados.

O benefício do uso de células-tronco de embriões não pode ser usado como justificativa para o aborto, pois neste caso já há um espírito associado ao feto desde o momento da concepção e sua remoção, constitui crime moral independente de qualquer cobertura legal.

A única opção onde a remoção do feto seria admissível é no caso de elevado risco de morte para a mãe. A razão para isso é o fato de que a mãe poderá criar uma nova oportunidade de encarne ao passo que a continuidade de uma gravidez de alto risco pode representar a interrupção das oportunidades de aprendizado tanto para a mãe quanto para o espírito que aguarda a oportunidade de voltar ao polisistema material.

O estudo transdisciplinar dos princípios da Doutrina dos Espíritos permite uma leitura nova sobre o significado da vida como oportunidade de continuidade de aprendizado. O debate lúcido e lógico das leis naturais pode levantar o véu que encobre várias áreas do conhecimento humano onde a ciência tem-se limitado a aceitar respostas balizadas pelos cinco sentidos conhecidos e onde algumas interpretações religiosas permanecem presas a dogmas e interesses cristalizados ao longo dos milênios. Neste ponto é importante lembrar a máxima de Jesus: “Conhecereis a verdade e esta vos libertará”.

 

Fonte: Paulo Henrique Wedderhoff
29 de setembro de 2004
Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas
- http://www.sbee.com.br/ensaios_002.htm

 



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