(1) Médico psiquiatra. Pós-graduando
pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP).
Pesquisador do
Laboratório de Neurociências (LIM-27) do Departamento e
IPq-HC-FMUSP.
(2) Médico psiquiatra. Doutor em Medicina pelo Departamento de
Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (IPq-HC-FMUSP). Médico
Pesquisador e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Memória
do LIM-27, IPq-HCFMUSP.
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Resumo
O delirium corresponde a uma das primeiras doenças mentais descritas
na literatura médica, há mais de 2.500 anos. Nas classificações
psiquiátricas, permaneceu como categoria nosológica independente
até o final do século XIX, quando foi redefinida com base
nos seus aspectos fenomenológicos e etiológicos, precipitando
a reclassificação das insanidades funcionais em psicoses.
Os estados confusionais passaram a se referir a uma síndrome
mais ampla que incluía o delirium, enfatizando a desorganização
dos processos cognitivos e do pensamento, e tendo no turvamento da consciência
e na desorientação temporoespacial a condição
de base. Com o objetivo de descrever a evolução histórica
do conceito de delirium, foram realizados levantamentos da literatura
médica através do sistema Medline, além da pesquisa
em publicações literárias específicas sobre
os temas história da medicina e história da psiquiatria.
Partiu-se de algumas observações dogmáticas praticadas
na Antigüidade e Idade Média, para atingir as definições
e práticas atuais, oferecendo uma análise crítica
dos critérios diagnósticos vigentes (DSM-III, DSM-IIIR,
DSM-IV e CID-10). Não obstante a evolução conceitual,
o delirium continua sendo mal compreendido, do ponto de vista fisiopatológico
e são poucas as opções terapêuticas. O diagnóstico
de delirium é ato eminentemente clínico: baseia-se na
observação cautelosa das manifestações psíquicas
e comportamentais dos pacientes acometidos, além da análise
dos fatores predisponentes e precipitantes. É freqüente
o seu subdiagnóstico em contextos clínicos e cirúrgicos.
O diagnóstico do delirium é estabelecido em apenas 30%
a 50% dos pacientes, sendo a omissão diagnóstica menos
freqüente em serviços que contam com a interconsulta psiquiátrica.
O delirium é uma das complicações mais comuns entre
pacientes idosos hospitalizados e está associado a maior morbimortalidade.
Isso sustenta a importância do seu pronto reconhecimento e manejo.
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Fonte:
Rev. Psiq. Clín. 32 (3); 97-103, 2005
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