Espiritualidade e Sociedade





Wellington Teodoro da Silva

>   À esquerda da tradição

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Wellington Teodoro da Silva
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Resumo

O movimento conhecido como esquerda católica organizou-se ao entorno de três eixos: 1) a consciência histórica e a consciência da história; 2) a revolução cristã e 3) a fidelidade à grande tradição. Este artigo trata deste último eixo que constitui o empenho desse movimento em mostrar-se como o fiel intérprete da longuíssima tradição do catolicismo romano

 

Introdução

A esquerda católica foi um notável evento religioso e político do Brasil Republicano, entre meados das décadas de 1940 e 1960. O empenho de desvelar suas implicações na política brasileira posterior ao seu surgimento seria uma tarefa que permitiria acompanhar um dos núcleos duros da cultura política brasileira do após Estado Novo. Ela forneceu matrizes para a posterior formulação da Teologia da Libertação e, também e importante, para uma cultura política de forte e capilar penetração entre os setores nacional desenvolvimentistas e reformistas do período Pré-Golpe de Estado Civil-Militar; entre grupos que agiram na clandestinidade na Ditadura Militar e, ainda, nos setores de esquerda e de centro-esquerda no período da redemocratização.

Este artigo foi elaborado a partir de três obras que carregam os primeiros movimentos de sistematização desse setor do catolicismo. São elas: 1) Evangelho e Revolução Social escrito por frei Carlos Josaphat, com primeira edição no ano de 1962, segunda edição em 1963 e quarta edição publicada no ano de 2002, em homenagem aos 40 anos da obra; 2) Os Cristãos e a Revolução Social, escrito por Paulo de Tarso, Deputado Federal pelo PDC e Ministro da Educação do governo Goulart e 3) Cristianismo Hoje, obra coletiva que conta com artigos de frei Thomas Cardonnel, padre Henrique Cláudio de Lima Vaz, de Herbet de Souza, além de um manifesto dos estudantes da PUC do Rio de Janeiro e apresentação de Luiz Alberto Gómez de Souza.

Constatamos nessas três obras a elaboração de três eixos nos quais a esquerda católica estrutura-se, chamamos estes eixos de o triângulo de ferro da esquerda católica. São eles: A consciência histórica e a consciência da história, A revolução cristã e A fidelidade à grande tradição. Essa constatação foi feita ao longo de nossa pesquisa de doutoramento, na qual estudamos o hebdomadário Brasil, Urgente, que circulou em todo o país de abril de 1963 a abril de 1964, quando foi fechado pelo golpe de Estado.

Nos ocuparemos, neste texto, apenas do terceiro eixo, no qual o catolicismo de esquerda empenha-se por mostrar-se o fiel intérprete de toda a longuíssima tradição do catolicismo romano. Esperamos tratar dos outros dois vértices do triângulo em trabalhos alhures.

 

 

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Wellington Teodoro da Silva

Doutor em Ciência da Religião pela UFJF e professor na PUC-Minas

 

 

 

Fonte: PLURA, Revista de Estudos de Religião, vol.1, nº 1, 2010, p. 66-81

 

 

 



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