Abaixo trecho inicial do texto :
"1. As primeiras casas federativas
O primeiro passo em prol da unificação do movimento
espírita brasileiro foi dado em 1881, quando a Sociedade Acadêmica
Deus, Cristo e Caridade promoveu, no dia 6 de setembro, no Rio de
Janeiro, o 1º Congresso Espírita Brasileiro, cuja finalidade
era reunir os grupos espíritas existentes na capital e, se
possível, no país.
Nesse Congresso foi criado o Centro da União Espírita
do Brasil, a primeira instituição unificadora do movimento
espírita nacional, cuja instalação oficial deu-se
no dia 3 de outubro, sob a direção de Afonso Angeli
Torteroli. A edição de novembro da Revista da Sociedade
Acadêmica dá a relação dos grupos filiados
até aquele mês. Infelizmente, porém, o Centro
da União não passou de mera tentativa. Devido à
própria insipiência do movimento e da luta ideológica
que, àquela época, já dividia os espíritas
em místicos e científicos, a instituição
acabou se desorganizando.
Essa divergência foi a maior responsável pelo clima de
desunião que vitimou a família espírita brasileira
no Século XIX. Os místicos supervalorizavam o lado religioso
da Doutrina Espírita, enquanto os científicos a entendiam
como ciência, filosofia e moral. Como o Centro da União
estava sob a direção do científico Angeli Torteroli,
é possível que os místicos tenham boicotado o
projeto.
Em 1882, a Sociedade Acadêmica, um grupo majoritariamente científico,
publica a primeira edição de A Gênese em português.
No prefácio, lê-se o seguinte: "... conquanto alguns
condiscípulos mostrassem o desejo de que modificações
fossem feitas em certos pontos deste volume, de acordo com as idéias
manifestadas na obra Os Quatro Evangelhos (...), publicamos a presente
tradução de A Gênese sem a mínima alteração
e mesmo sem anotações (...). A Sociedade Acadêmica
julga que não lhe assiste, como a ninguém, o direito
de alterar o plano e, menos ainda, as bases fundamentais (...) das
obras publicadas pelo nosso mestre...”.
Por afinidade ideológica, a quase totalidade dos místicos
gostava de Os Quatro Evangelhos de J.B. Roustaing, enquanto a maioria
dos científicos não aceitava a obra (podem ter existido
raríssimas exceções de lado a lado). Como se
vê, desde o Século XIX, os livros do advogado bordelense
contribui para dificultar a unificação do movimento
espírita nacional.
Por causa do fracasso do Centro da União e das divisões
internas do movimento, Augusto Elias da Silva, o criador do Reformador
(na época, um jornal), pensa em fundar outro centro unificador.
No dia 27 de dezembro de 1883, ele faz uma reunião com os 12
companheiros que o ajudavam no Reformador. Nesse encontro, eles decidem
fundar uma nova instituição, que não fosse nem
mística, nem científica. A fim de congregar todos os
grupos existentes, ela devia ser ideologicamente neutra.
No 1º de janeiro de 1884, é fundada a Federação
Espírita Brasileira, a FEB.
Seu primeiro presidente é o Marechal Ewerton Quadros. Para
comprovar a neutralidade da nova sociedade, os científicos
Angeli Torteroli e Joaquim Távora são convidados a se
cadastrarem como sócio-fundadores. Augusto Elias transforma
o Reformador no órgão oficial da FEB. ..."