A medicina é ciência
e arte; é a profissão que mais relação
tem com a vida humana em todas as suas esferas: física, moral,
emocional e espiritual. Ao profissional médico é permitido,
e para isto foi orientado, ensinado, instruído, o ingresso
nessas áreas tão íntimas do paciente que o procura;
é o profissional a quem é possibilitado tocar no paciente
sem afrontá-lo, passando tranquilidade e energia positiva.
O médico deve ser promotor de saúde, buscando sempre
a excelência em técnica e ética, sem perder a
humildade, o desprendimento, a busca constante da empatia com seu
cliente, além do aprimoramento científico. Deve ser
um pesquisador da alma do seu paciente. A prevenção,
o controle, e se possível a cura das doenças, devem
ser os grandes objetivos, os focos de cada ato médico.
Num momento em que a medicina é baseada em evidências
científicas, o médico não deve se eximir da busca
pela essência do seu paciente, que muito vai lhe acrescentar
à verdadeira prática médica.
Desde a descoberta pelo homem de que poderia exercer o poder através
do ouro, procurou amealhar bens materiais.
O poder sobre seus semelhantes, resultado do orgulho e do egoísmo,
é praticado pelos homens desde tempos imemoráveis.
No início, o poder era exercido pela força, depois pelo
ouro, e ultimamente pela inteligência. Homens dotados de inteligência
e ambição desenvolvem mecanismos para seu enriquecimento.
Através do dinheiro exercem poder sobre outros homens, estendendo
seu domínio sobre eles.
Essa forma de aristocracia pelo dinheiro se encontra disseminada em
todos os campos das atividades humanas e a medicina não consegue
permanecer imune a essa doença social.
Existem muitas formas de tornar os atos médicos e paramédicos
fontes de obtenção de vantagens financeiras, relegando
a segundo plano o objetivo primordial da medicina que é o de
assistir e atenuar o sofrimento do homem, vendo em cada paciente um
irmão que necessita do seu carinho e consolo, objetivando sempre
a credibilidade e a ética.
O médico jamais deve enveredar pelo caminho do comércio
com a saúde de seu semelhante. Mercantilizar a medicina é
vulgarizar a opção pela doação do conhecimento
adquirido para auxílio ao próximo.
Muito triste é a percepção de que o dinheiro
fala mais alto que a ética e de que alguns profissionais de
saúde tornam-se intermediários de empresas que visam
somente o lucro.
É justo que haja uma remuneração pelo trabalho
médico, porém ela deve ser consequência e secundária
à finalidade primária, que é levar socorro aos
que dele necessitam. O que não se pode admitir, mesmo que revestida
de caráter legal, é a obtenção de recursos
materiais através de procedimentos imorais.
Uma indústria farmacêutica ou um grupo de pesquisadores
que invistam recursos vultosos para se atingir um patamar de progresso
na ciência médica, devem ser recompensados financeiramente
pelos esforços intelectual e material despendidos. O que não
se pode admitir é a utilização desses conhecimentos
alcançados para a obtenção de resultados financeiros
desproporcionais aos investimentos.
O investimento pessoal dos profissionais autônomos em educação
continuada também deverá ter uma retribuição
financeira. Porém, da mesma forma, proporcional àquele
investimento.
Quando desse objetivo de ganho materialista resulta algum prejuízo
à saúde de alguém, não existe justificativa
para o ato imoral.
É preciso ter sempre em mente que o conhecimento adquirido
resultou do trabalho de outras pessoas que precederam na caminhada
de estudos e pesquisas e que é preciso transformar os conhecimentos
adquiridos em sabedoria. E utilizar-se desses conhecimentos para obter
vantagens materiais imorais não é conduta sábia.
Aos profissionais de saúde sérios, não ligados
apenas aos bens materiais, compete o combate e a fiscalização
do uso abusivo da medicina com a finalidade única de obtenção
de vantagens financeiras. Essa regulação, obrigatoriamente,
deverá ser encaminhada dentro dos preceitos éticos que
a profissão exige. Além da coragem há que se
ter retidão de conduta.
O primeiro passo deverá ser na direção da conscientização
dos médicos e dos estabelecimentos que estejam infringindo
os bons preceitos da medicina. Isso deverá ser realizado dentro
de uma conduta de urbanidade e civilidade, apresentando o fato como
contribuição sincera e bem intencionada.
A medicina terrena deve cuidar da higidez do corpo físico para
que haja o melhor aproveitamento possível do capital de vida
programado para aquele corpo, sem esquecer que o homem que está
sendo atendido pelo médico é um espírito eterno
que necessita também de auxílio para os seus pesares,
permitindo assim a evolução proposta ao mesmo para a
presente encarnação.
A utilização de orientações da Doutrina
dos Espíritos, como argumento, é válida. Uma
boa parte dos profissionais materialistas, que se desviam do caminho
missionário da profissão, se sensibiliza ao tomar consciência
da sua condição de espírito encarnado e da lei
de causa e efeito.
Num primeiro momento poderá até haver alguma reação
contrária, porém a semente estará plantada. Em
muitos solos ela germinará.
Os exemplos de profissionais da área que se tornaram ilustres
modelos de dignidade moral e profissional também costumam ser
fortes argumentos.
Para o espírita que é médico, a sua própria
conduta profissional, obrigatoriamente, deverá servir de espelho
sem mancha, a refletir o exercício honesto e dedicado da medicina.
É preciso voltar os olhos para o futuro, vivendo da melhor
forma o presente e aprendendo com as lições do passado,
dos vários mestres encarnados e desencarnados, de todos os
mundos habitados, que ajudaram e ainda ajudam a moldar a nossa trajetória.