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Resumo
Esta tese discute a constituição de emoções
em grupos e indivíduos identificados com a prática da
mediunidade no campo religioso espírita de Natal Rio Grande do
Norte. Ela se origina de um trabalho de pesquisa empírica de
cunho etnográfico que objetivou identificar como o espiritismo
se diz e se faz, a partir dos elementos mediunidade e emoção.
Buscou compreender o que emoção pode dizer sobre a adesão
de grupos e pessoas ao modelo de ser espírita veiculado e valorizado
pelo órgão que regula as práticas espíritas
no Brasil, a Federação Espírita Brasileira FEB.
Em adição, explorou os mecanismos que contribuem para
constituir emoções vistas como corretas nos indivíduos,
conforme modelos idealizados apresentados pela FEB e por grupos dela
aliados ou desregulados.
Adotou-se, neste trabalho, uma perspectiva pragmática
dentro do campo da Antropologia das Emoções. A pesquisa
realizou-se em três grupos: o mediúnico do centro espírita
Irmãos Unidos, o Grupo Ramatís do centro espírita
Bezerra de Menezes e o Grupo Atlan. Foram utilizadas as técnicas
de observação participante, entrevista e análise
documental. Foi evidenciado um contexto de disputas pelo verdadeiro
espiritismo e pelo legítimo combate ao Mal, com variações
na construção mitológica e nos ritos mediúnicos,
sugerindo diferentes modelos de pessoa espírita em atuação.
Nesse contexto, o ritual da desobsessão, nos moldes como executado
em cada grupo, foi pensado como um dispositivo capaz de engendrar sentidos
sobre os seres e o mundo, no momento mesmo em que constitui um discurso
racializado para falar das emoções e sobre a salvação.
Em suas performances discursivas, os médiuns entrevistados se
identificam e se diferenciam na adesão ao grupo e ao rito desobsessivo,
e nestas adesões, ancoram situacionalmente seus discursos emotivos,
conferindo um lugar ao seu espiritismo ante a disputa pela legitimidade
de sua guerra contra o Mal
Antoinette de Brito Madureira
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco, sob a orientação
do Prof. Dr. Luís Felipe Rios e do Prof. Dr. Luiz Fernando
Dias Duarte para obtenção do grau de Doutor em Antropologia.
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Fonte: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/839
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