Sônia Loyola
> Morrer - O Despertar para
uma Nova Realidade
“....a alma se desprende gradualmente
e não escapa como um pássaro cativo subitamente
libertado. Esses dois estados se tocam e se confundem
de maneira que o Espírito se desprende pouco a
pouco dos laços que o retinham no corpo físico:
eles se desatam, não se quebram.”
Allan Kardec
A morte tão temida e
abominada, é um fenômeno que todos vivenciarão,
sem saber quando ou como. Raramente se está preparado para
enfrentá-la, (principalmente na civilização ocidental,
em que tal tema é cercado de misticismo), e as perdas que ela
provoca são sofridas e difíceis de aceitar. O medo da
morte, dentre outros motivos, tem origem no desconhecimento do fenômeno
em si, de como se processa e com o que acontece depois (será
realmente o fim ?).
Para o espírita, a morte não é
o fim, mas a continuação da vida em uma nova realidade,
o renascer para a espiritualidade. A morte consiste na passagem de
uma dimensão vibratória mais densa para outra mais sutil,
isto é, o término de uma etapa da jornada evolutiva
- vida material, e o despertar para a verdadeira vida - a espiritual
.. “A morte é somente uma experiência de desvestir
uma para assumir outra indumentária, entretanto prosseguindo
na vida”. Quando a vida material se extingue, os elos que
unem o corpo espiritual - perispírito, ao corpo físico
se desvencilham, libertando o espírito juntamente com seu perispírito
para a realidade espiritual. O tempo de desprendimento destes laços,
varia de acordo com a evolução do ser, quanto mais espiritualizado
mais rápido se faz o desenlace. “A causa principal
da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral
da alma. A afinidade entre corpo e o perispírito é proporcional
ao apego à matéria.....”. Por conseguinte,
aquele que supervaloriza os bens materiais e tudo que diz respeito
à matéria, em detrimento dos valores espirituais, leva
mais tempo para se desligar do corpo físico.
Ainda em relação a transição
da vida material para à espiritual, convém destacar
o fenômeno da perturbação, que quase sempre ocorre
concomitante ou após o rompimento dos laços perispirituais.
Geralmente esta perturbação, tal qual sono reparador,
acontece no momento da morte, e também tem duração
variada - horas, dias meses e até anos, segundo o grau evolutivo
do espírito. Existem variáveis como a índole
do ser, a dimensão psíquica que vivencia, o tipo de
morte (suicídios, acidentes, doenças etc.) e o tipo
de vida que levou, que influenciam de modo direto na modalidade e
no tempo de duração da perturbação. Cabe
aqui ressaltar a infeliz situação dos suicidas, que
ao interromper a vida material de forma intempestiva, se vêem
presos ao corpo por um longo período, vivenciando na maioria
das vezes, a decomposição do seu corpo material. Em
outros casos de mortes violentas ou súbitas (acidentes, crimes
etc.), pode acontecer do espírito não perceber o seu
passamento, acreditar-se ainda vivo, confundindo seu perispírito
com seu corpo material. Tal confusão, provoca um aturdimento
ao espírito, e pode levar algum tempo até que este tome
consciência da realidade. Assim, inúmeras são
as modalidades de perturbação espiritual variando sempre
de acordo com o progresso moral e o conhecimento adquirido pelo espírito
em sua existência terrena. Portanto, não há dois
processos desencarnatórios idênticos, cada ser morre
e acorda na outra vida conforme viveu, pensou e agiu. A morte não
faz milagres no comportamento de ninguém, o ser despoja-se
da matéria, mas não de suas idiossincrasias, pensamentos
e vícios.
O despertar, a retomada da consciência,
também está sujeito às variações
determinadas pelo merecimento do ser. “Desperta-se, porém,
na realidade do além túmulo, na dimensão psíquica
onde se esteve durante o trânsito carnal.” Todo ser
está em sintonia com as faixas vibratórias correspondentes
aos padrões mentais fixados durante a sua existência
física. Desta forma, ao despertar no outro lado da vida, estará
no meio psíquico afim. Pode ser recebido por espíritos
familiares e amigos que o antecederam na viagem, bem como por antigos
comparsas, desafetos, ou credores ávidos por justiça.
Sempre sob a supervisão fraterna de seu espírito-guia
- mesmo que a diferença vibratória impeça que
o desencarnado enxergue seu protetor - o espírito retoma a
consciência, muitas vezes seguida da “visão
panorâmica” - todos os acontecimentos da vida são
visualizados rapidamente como numa tela panorâmica. A realidade
nua e crua se descortina perante o recém chegado, ele se vê
como realmente é, sem máscaras ou fantasias. A névoa
da ilusão desaparece, fazendo emergir a verdade que nem sempre
é fácil de enfrentar. A análise de seus atos
perante sua consciência o faz sofrer ou não, de acordo
com o seu merecimento. “A consciência é departamento
do espírito, na qual estão escritos os deveres do ser
humano em relação a si mesmo, ao seu próximo
e a Deus”. Sob a égide de seu espírito-guia
avalia a vida que levou pela consciência desperta e lúcida.
Reflete com discernimento sobre o programado (antes de reencarnar),
e o realizado durante a sua existência física. Na maioria
das vezes o remorso se faz presente, trazendo dor e constrangimento.
O auxílio vigoroso e carinhoso do protetor pode amenizar o
padecimento moral do espírito devedor perante as Leis Soberanas,
sem, no entanto, fazê-lo ignorar as responsabilidades intrínsecas
às ações impróprias cometidas, como pelas
atitudes que deveriam e não foram tomadas. Aqueles que burlaram
de modo significativo as leis do equilíbrio, conseqüentemente
sofrem um estado de intensa perturbação, com o remorso
que advém da cobrança implacável da consciência.
Muitas vezes se refugiam na hibernação, a fim de postergar
o enfrentamento da dura realidade, que não tardarão
a encarar. Seus mentores, conhecedores da eficácia da lei de
Causa e Efeito, esperam pacientes com a certeza que no tempo certo
a luz do entendimento e da conscientização chegarão
à eles. Logo que o espírito se encontra em condições,
o guia encaminha o para regiões de recuperação
ou para reencarnações expiatórias com fins reeducacionais.
Todos estão fadados à ascensão na escala evolutiva,
e o tempo para alcançá-la dependerá do esforço
pessoal de cada um.
De modo simplista podemos inferir
que, a passagem à outra vida para o homem de bem, é
calma com um despertar tranqüilo. Para outros pode ser, atormentada,
angustiante e até aterrorizante. Não há privilégios,
conforme se vive e se pense, se obterá o céu ou o inferno,
seja na vida material ou na espiritual.
Portanto, é preciso buscar
com austeridade o seu desenvolvimento interior, procurando viver em
sintonia com os ensinamentos de Jesus, ciente das responsabilidades
que se tem perante Deus e à vida eterna. Desta forma, com a
consciência tranqüila, e a certeza que a vida continua
além da matéria, o medo da morte esvaece. A dor e o
desespero pelas perdas dos entes queridos são minimizados,
com a convicção do reencontro que um dia há de
se ter.
Bibliografia
BOZZANO, Ernesto: A Crise da Morte. Federação
Espírita Brasileira, 1979;
FRANCO, Divaldo: Reencontro com a Vida. Liv. Espírita Alvorada
Editora,2006;
KARDEC, Allan: Livro dos Espíritos. Petit Editora, 1999;
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Lake Editora, 1969.
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos, Petit Editora ,1999. cap.
3 ,pg.91.,
FRANCO, Divaldo. Reencontro com a Vida, Livraria Espírita Alvorada
Editora, 2006. Preparação para a Morte. Pg.202, pelo espírito
de Manoel Philomeno de Miranda.
KARDEC,Allan. O Céu e o Inferno, Lake Editora, 1969. Segunda
parte cap.1 - O Passamento, pg.132
FRANCO, Divaldo. Reencontro com a Vida, Liv. Espírita Alvorada
Edt., 2006. Despertamento Espiritual, pg.155, pelo espírito de
Manoel Philomeno de Miranda.
FRANCO, Divaldo. Reencontro com a Vida Liv. Espírita Alvorada
Edit, 2006. Despertar da Consciência no Além Túmulo
, pelo espírito de Manoel P. de Miranda.
Fonte: http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-210.htm
topo
|