Quando indagamos alguém sobre
seus medos, não é muito raro ouvir que o maior deles
seja o da morte. Algumas pessoas até evitam tocar no assunto,
pois dizem que falar “nela” pode atraí-la, e tem
até mesmo aqueles que “isolam”, batendo na madeira
três vezes, como se isso os livrasse desse fenômeno natural
da vida.
Mas, tal pavor sobre a morte e o morrer não nos causa surpresa
devido à ignorância a respeito do assunto que ainda permeia
boa parte da sociedade. Muitos acreditam que o túmulo é
o fim da vida, que de nada vale amar e ser amado, sofrer, lutar, trabalhar
por um mundo melhor, pois o destino de todos seria o aniquilamento
total, o nada. Negar a realidade espiritual é mais cômodo
do que pesquisar, ir à busca da verdade. A história,
por sua vez, registra vários céticos, ateus, que assim
o eram pela falta de oportunidade de encontrar algo que lhes satisfizesse
a razão, e alguns deles, após serem informados dos fenômenos
espíritas, ao invés de negar por negar, foram estudar
as manifestações mediúnicas produzidas através
de médiuns sérios, e se renderam aos fatos.
Outros indivíduos acreditam num céu e inferno que não
condizem com a bondade e Justiça de Deus. Quem crê no
inferno, quase sempre, leva em conta apenas a “Justiça”
Divina, e grande parte dos que acreditam no céu, consideram
que, se a criatura desencarnada fazia parte da religião detentora
da salvação, o amor de Deus, releva todos seus erros
e lhe permite a entrada no céu. A falta de lógica de
algumas crenças acaba incentivando a dúvida, que não
pode ser sanada por seus sacerdotes, pois dizem tratar-se de mistérios,
e isso “empurra” muita gente no ateísmo.
Mas há aqueles que tomam outros caminhos nessa busca incessante
de respostas sobre a morte, e acabam chegando ao centro espírita,
e, gradativamente, o medo e o pavor da morte cedem lugar a uma tranquilidade,
apoiada na certeza da continuidade da vida.
A Doutrina Espírita nos demonstra que nascer e morrer são
estações de uma mesma vida, a qual num momento estamos
num corpo físico, outrora sem ele, mas sempre vivos. Se a proximidade
da morte gera medo em muitos encarnados, nascer pode ser motivo de
receio por parte de alguns espíritos que, estando no mundo
espiritual, temem a volta ao mundo corporal.
Os espíritos sabem que encarnar num mundo de provas e expiações
como a Terra é um desafio constante, e que sair daqui vitoriosos
é uma tarefa que não têm tanta certeza que será
bem executada. Temem, muitas vezes, as dores que aqui enfrentarão,
e as tentações que a matéria propícia.
Léon Denis, no livro Depois da Morte, afirma com muita
sabedoria, “O homem pouco esclarecido chora e se lamenta sobre
os túmulos, esses caminhos abertos sobre o infinito. Familiarizado
com as leis do Alto era sobre os berços que deveria derramar
sua piedade”.
Alguns povos, demonstrando essa “familiaridade” com a
morte, fazem festas em velórios, tornando esse mais um momento
de alegria, auxiliando, assim, aquele que acabar de morrer aqui para
nascer em outro plano, o espiritual.
Não precisamos nos lamentar ao encontrarmos um recém-nascido,
mas devemos entender que o ser que reencarna acaba de deixar o mundo
espiritual, no qual era mais livre, para entrar num mundo que tem
características de uma escola, hospital, prisão... Por
isso, a piedade citada por Denis.
É um desafio olhar para as duas estações da vida
com sabedoria e entendimento, compreendendo que, “nascer, morrer,
renascer...” é necessário para que o espírito
imortal continue sua jornada em busca da tão sonhada pureza
espiritual.