Michael Grosso
> Medo da Vida Depois da Morte
MICHAEL GROSSO, Ph.D.,
Professor de filosofia e religião no Jersey City State College.
É autor de numerosos artigos e do livro The Final Choice.
*
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Falar sobre a vida após a
morte com uma pessoa culta pode ser difícil. "Admitamos",
digo eu, "que a expectativa da morte pode ser depressiva —
até mesmo, por vezes, um pouco aterrorizadora." Meu
amigo, que pode ser um brilhante acadêmico ou um advogado
liberal, balança a cabeça, concordando.
"Acontece", continuo eu, "que tenho examinado certos
fatos que fazem pensar numa vida depois da morte."
"Fatos?", diz meu amigo.
Então lhe digo que há uma literatura significativa
que trata das evidências — não são, necessariamente,
provas — da vida depois da morte. Então eu proponho:
"Apenas pense: se houvesse vida depois da morte, poderíamos
dar continuidade à aventura da consciência e da evolução,
à busca de mais experiência e de mais conhecimentos.
Não valeria a pena examinar esses estranhos fatos: aparições,
fenômenos mediúnicos, experiências fora-do-corpo,
lembranças de reencamações, e outras coisas
que apontam para a possibilidade de uma vida após a morte?"
"Sim", comenta meu amigo, sem entusiasmo.
O passo seguinte é o de lhe oferecer artigos xerocados e
livros importantes sobre o assunto. "Leia isto" recomendo-lhe,
"e depois vamos conversar."
Essa espécie de pessoa que tenho em mente virá com
desculpas frágeis, quando não irracionais, para não
ler o livro que coloco em suas mãos. Num dos casos, o argumento
poderia ser este: "São apenas palavras impressas, não
há razão para se levar nada disso a sério."
Outro acadêmico alegaria falta de tempo. "Quer dizer
que você não pode dispor de algumas horas para ler
um livro que poderia mudar sua perspectiva básica com relação
à vida e à morte?", perguntei.
Como é estranho o fato de que essas pessoas inteligentes
permaneçam não apenas indiferentes mas também
que ofereçam resistência aos dados. É como se
houvesse uma conspiração contra essas informações,
uma necessidade de torná-la inofensiva, irrelevante ou inexistente.
Essa resistência é um fenômeno interessante,
e desconfio que faz parte de um medo do irracional, profundamente
arraigado, um medo da Sombra, em dialeto junguiano.
Evidentemente, não é desta maneira que o típico
indivíduo instruído e crente no moderno materialismo
científico encara a questão. Ele admitirá automaticamente,
que as pessoas que acreditam na vida depois da morte estão
cedendo a um pensamento mágico ou se agarrando a uma fantasia
esperançosa. Penso, entretanto, ser possível demonstrar
que algumas pessoas se acham tão motivadas para não
acreditar na vida depois da morte quanto outras estão motivadas
para acreditar. Examinemos alguns dos motivos dessa descrença.
O Medo Primordial dos Mortos
Sir James Frazer descobriu que entre os povos tribais nativos
"a imortalidade se reveste de um tal certeza que o indivíduo
nem sequer sonha colocá-la em dúvida, assim como não
dúvida da realidade de sua própria existência
consciente". Os povos primitivos acreditavam espontaneamente
na vida depois da morte. Como chegaram eles a essa crença,
reconhecidamente bastante extraordinária? Para explicá-la,
os materialistas científicos invocam a fé naquilo
que se deseja acreditar. Freud, por exemplo, argumentava que as
crenças em Deus e na imortalidade são produtos do
anseio infantil de realização de desejos, sintomas
da rebeldia neurótica contra a dura tirania do princípio
da realidade. Otto Rank sustenta, de maneira semelhante, que o medo
da morte nos inspira para inventar a idéia de um duplo —
essa obscura réplica de nós mesmos que, segundo se
diz, sobrevive num fantasmagórico mundo "seguinte",
ou "outro" mundo. Na visão de Rank, duplicar a
imagem do eu é trabalho de uma negação narcisista
da idéia de extinção pessoal.
Será que essas explicações psicológicas
da crença numa vida depois da morte correspondem às
evidências da antropologia? Não. Muito pelo contrario,
os fatos indicam que os povos antigos não temiam a extinção;
temiam, isto sim, a vida depois da morte; não temiam a morte,
e sim os mortos.
Frazer, por exemplo, colheu relatos de missionários e de
antropólogos que confirmam esse medo primai dos mortos. Em
toda a parte, na Melanésia, na Polinésia, na Nova
Guiné, na Índia, na Ásia, na África
e nas Américas do Sul e do Norte, os povos tribais acreditam
que os espíritos dos mortos são capazes de infligir
todo tipo de danos aos vivos, sendo os parentes próximos
considerados como os mais letais.
Embora se admita que os espíritos, ocasionalmente, possam
dar bons conselhos, na maior parte do tempo os povos nativos olham
para eles com medo e apreensão. Os espíritos são
uma fonte constante, mas evasiva, de danos, diante dos quais esses
povos são sempre compelidos a bajular, e implorar favores,
e a tentar enganar ou coagir os poderes do invisível. Afirmar,
no entanto, como fariam psicólogos como Rank, que a crença
nesses poderes é produto da realização de um
desejo narcisista não é algo que soe verdadeiro. Pois,
se o inconsciente estivesse apenas forjando um mundo onírico
para aplacar o ego narcisista, por que então não forjar
um mundo mais agradável?
Os povos tribais do mundo todo acreditam que durante o tempo imediatamente
posterior à morte, os espíritos pairam em tomo de
seus antigos domicílios terrenos e provocam os seus maiores
prejuízos. Por exemplo, entre os índios tarahumara
do México, "uma mãe diz a seu filhinho morto:
'Agora vá embora! Não volte mais, agora que você
está morto.' E o pai diz à criança morta: 'Não
volte pedindo para lhe segurar a mão. Não conhecerei
mais você'". Aqui, o medo do morto supera os laços
geralmente fortes do amor paterno.
Frazer cita estratégias para se lidar com os perigos suscitados
pelas almas dos que se foram. Por exemplo, é freqüente
entre os nativos a crença em que a alma de uma pessoa "agarra-se",
por assim dizer, às coisas que lhe pertencem. Por isso, uma
das estratégias consiste em destruir a casa do morto e seus
objetos pessoais. Os índios aracaunianos, puelches e patagões
da América do Sul vão um pouco além e destroem
toda a sua aldeia. São claramente ruinosos os efeitos econômicos
do medo dos mortos. Parece, portanto, demasiado simples afirmar
que a crença na sobrevivência é "consoladora";
mas seria muito mais consolador não acreditar numa vida depois
da morte. Haveria muito menos com o que se preocupar, seria possível
parar e começar a gozar a vida.
O medo primordial dos mortos e a enorme paranóia que ele
pressupõe é provavelmente uma parte da herança
de nossa psique coletiva. Se há uma coisa que ficou demonstrada
pela psicologia profunda é que nós, seres humanos,
somos museus psíquicos ambulantes. Cada um de nós
leva dentro de si a arqueologia psíquica da espécie.
Os inomináveis terrores que assolavam nossos ancestrais foram
reprimidos, mas não desenraizados.
Do ponto de vista de nossa evolução psíquica,
a invenção do materialismo científico foi um
poderoso fetiche para banir, pelo menos de nossas mentes conscientes,
o medo primordial dos espíritos hostis. A mente primitiva
se acha sitiada por um medo supersticioso do outro. Por exemplo,
o antiquíssimo medo do "mau olhado" mostra até
que ponto estamos dispostos a projetar nossos tenebrosos impulsos
sobre o outro agente da consciência. Sartre nos ofereceu uma
análise moderna do "mau olhado" quando discutiu
"o olhar". Parece que temos um medo inato do outro. Por
trás do olho físico, há um invisível
sujeito da consciência que, tal como uma Medusa, ameaça
constantemente nos transformar em pedra, e nos reduzir a meros objetos.
É compreensível a atração exercida pelo
materialismo científico: ele desanima a natureza; elimina
a mente, a alma e a consciência ao reduzi-las a meros subprodutos
de reações bioquímicas, destinados a serem
aniquilados com a morte do corpo. A ciência afasta de nós
nosso medo do outro. Não há nada no escuro que possa
nos ameaçar, garante a ciência. Absolutamente nada.
Não há almas que andam por aí dotadas de estranhos
poderes para nos fitar, encantar, enfeitiçar ou inspecionar.
Não andam por aí espíritos dotados do poder
de nos infligir danos. E mesmo que existam, a morte nos livrará
deles. A extinção é o supremo talismã
contra o mau olhado — contra o medo da incontrolável
consciência do outro.
O Medo Pagão da Vida Depois da Morte
A concepção pagã da vida depois da
morte tinha suas raízes no medo primitivo dos mortos. Houve,
entretanto, uma mudança do medo dos mortos para o medo de
uma forma pouco atraente de vida depois da morte. Isto é
amplamente confirmado por escritos antigos. O exemplo mais célebre
está na Odisséia de Homero (livro 11, 488). Durante
a descida de Ulisses ao Hades, Aquiles diz a ele: "É
muito melhor permanecer sobre a terra servo de um outro... do que
reinar, rei solitário, no reino de fantasmas incorpóreos."
E o poeta Anacreonte escreveu: "A morte é demasiadamente
terrível. Assustadoras são as profundezas do Hades."
Os gregos se sentiam em casa à luz do dia; a noite os tomava
tristes e intranqüilos.
A melhor maneira de retratar o Hades é apresentá-lo
como um melancólico estado alterado de consciência,
um longo pesadelo ou um vaguear fora do corpo e sem objetivo. O
Hades era, inquestionavelmente, o local para um tipo de vida após
a morte, mas uma desagradável "vida" de servidão
a poderes sombrios e impenetráveis — poderes sobre
os quais sabemos alguma coisa graças às revelações
da arte, das drogas e das psicoses.
Com a filosofia de Platão e com os mistérios de Elêusis,
emergiu entre os antigos gregos uma concepção mais
positiva da pós-vida, embora a mente popular continuasse
dominada pelas assustadoras idéias sobre o Hades.
O filósofo grego que muito contribuiu para combater o medo
da vida depois da morte foi Epicuro (341 a.C.— 270 a.C). Ele
utilizou o materialismo de Demócrito para sustentar a hipótese
da dissolução da alma com a morte. Epicuro é
elucidativo para nossa presente discussão pois, tal como
o materialista moderno, ele foi motivado a não acreditar
numa vida depois da morte. Considerado um benfeitor da humanidade,
Epicuro adotou uma filosofia que foi uma das mais populares no mundo
antigo. Foi um curandeiro entre os antigos, professando uma filosofia
expressamente terapêutica. E o que curava ele? O medo da vida
depois da morte.
Segundo Lucrécio, Epicuro livrou a raça humana do
"pavor do Aqueronte [o rio da morte]... que tanto perturba
a vida do homem, desde as suas mais recônditas profundezas".
O materialismo e a negação da vida depois da morte
na filosofia de Epicuro livraram as pessoas de uma forma peculiar
de angústia — a angústia decorrente do pensamento
de ter de enfrentar as "mais recônditas profundezas"
da vida humana. Suponho que essas "recônditas profundezas"
sejam o lado sombrio do inconsciente que os antigos intuitivamente
percebiam ser o que nos aguarda após a morte.
A hipótese do Epicurismo lança alguma luz sobre os
motivos que estão por trás do desenvolvimento do materialismo
clássico. Podem-se discernir dois motivos principais na ascensão
desta visão de mundo, motivos que parecem envolver uma contradição.
Por um lado, o materialismo antigo foi uma arma para se evitar o
contato com o lado sombrio da pós-vida — e é,
para mim, a Sombra de Jung (o Hades é, por certo, o domínio
por excelência dos fantasmas e das sombras). Por outro lado,
o antigo materialismo foi uma tentativa para se fundar uma nova
religião, tentativa essa que foi empreendida focalizando-se
o caráter sagrado e eterno da matéria. Os átomos
de Demócrito, por exemplo, possuem a característica
que define os deuses, e que é a imortalidade.
A religiosidade do materialismo clássico é evidente
desde as origens da filosofia grega da natureza. A partir de Tales,
os primeiros pensadores gregos se concentraram na descoberta da
arché — a fonte, a origem ou o princípio de
todas as coisas. Quer se pensasse que esse princípio era
a água (Tales), o ar (Anaxímenes), o fogo (Heráclito),
o ilimitado (Anaximandro) ou os átomos (Demócrito),
o que se buscava era aquela mesma arché de poder imortal,
que os deuses outrora possuíam. A filosofia grega da natureza
— de onde veio a física moderna — renunciou à
imortalidade pessoal com a esperança de captar os eternos
princípios da natureza.
As origens do materialismo científico tinham assim suas raízes
numa busca do sagrado. A arché dos físicos é
uma sublimação do theos — o divino e o semelhante
a deus. Com as Idéias de Platão temos um princípio
intermediário entre a cósmica arché da física
e a psique do animismo. Nos tempos modernos, Einstein tornou-se
conhecido por sua avaliação do mistério cósmico
— a dimensão sagrada do mundo estudada pela Ciência.
De um modo geral, entretanto, a ciência moderna tem fobia
dos persistentes traços do sagrado, do fantástico
ou do numinoso. O progresso da ciência natural tem sido identificado
com a eliminação de tudo aquilo que sugere as sombrias
"profundezas interiores" que tanto assustavam Lucrécio.
Seria um sacrilégio destruir a unidade da ciência ao
validar forças estranhas como "mente" e "alma"
pois, com isso, o indivíduo ficaria exposto ao lucreciano
medo das profundezas interiores.
Medo do Terrorismo Psíquico e das Forças Sinistras
No entanto, não se deve exagerar o fato de que os
nossos medos são historicamente condicionados. A idéia
da vida depois da morte sofreu uma transformação positiva
com a boa nova cristã da ressurreição. Mas
essa mudança, embora abrisse a imaginação ocidental
para uma visão de possibilidades mais elevadas para a morte,
suscitou igualmente o espectro do inferno, da culpa e da danação.
Há boas razões históricas para que pessoas
bem-informadas na cultura ocidental associem a crença numa
vida depois da morte a instituições opressoras e a
práticas cruéis.
A religião retardou a evolução da ciência
ocidental, como esclarece minuciosamente Andrew Dickson White, em
seu livro A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom
[História do Combate entre a Ciência e a Teologia na
Cristandade]. As concepções orientais de carma, casta
e reencarnação provocam apreensões semelhantes.
Alimentar a crença na vida depois da morte é abrir
uma caixa cheia de vermes: inferno, demônios, bruxaria, caça
às bruxas, feiticeiras, íncubos, duendes, diabos e
tantas outras coisas que as pessoas cultas consideram supersticiosas,
irracionais e socialmente reacionárias.
Um universo no qual a vida depois da morte é um fato seria
um universo cheio de entidades e de forças desconhecidas
e, possivelmente, assustadoras. Relatos sobre possessões
demoníacas, assombrações e outros fenômenos
misteriosos já não poderiam ser descartados se houvesse
razão para se acreditar numa vida depois da morte. Ora, eu
não ponho em dúvida o fato de que o medo de sinistras
forças sobrenaturais continua vivo e atuante nas mentes inconscientes
de muitos seres humanos superficialmente racionais. O estudo dos
sonhos e do comportamento de psicóticos mostra quão
próximas de nossa vida mental normal estão as "sombras"
do inconsciente. A possibilidade de uma vida depois da morte poderia
incitar medos do que é sinistro e misterioso em racionalistas
tímidos; daí o atrativo de um paradigma materialista,
susceptível de ser usado como escudo racionalista contra
esses medos.
O poder de encantamento do paradigma materialista impede muitas
pessoas cultas de, pelo menos, levarem em consideração
a possibilidade de que a crença numa vida após a morte
pode ter fundamentos racionais. As pessoas se envolvem, emocional
e intelectualmente, com o materialismo científico. Qualquer
insinuação de anomalia psíquica é bem
capaz de despertar em alguns de nós o lucreciano pavor do
Aqueronte. Grupos como o infame CSICOP — Committee for the
Scientific Investigation of Claims of the Paranormal [Comité
para a Investigação Científica das Alegações
do Paranormal] se acham tão motivados a acreditar no materialismo
quanto qualquer pregador da Bíblia se acha motivado a acreditar
no reino de Deus.
Outras Razões para Temer a Vida Depois da Morte
Medo do julgamento, da culpa e do castigo cármico.
Se temos razão para acreditar numa vida depois da morte,
muitos de nós deveriam sentir medo de Deus, do inferno ou
do julgamento. A perspectiva de uma vida após a morte poderia
despertar idéias de pecado, culpa, poluição,
corrupção, castigo, purificação e outras
coisas que tendemos a considerar como repugnantes e perturbadoras.
À semelhança de alguns adeptos da new age, os racionalistas
científicos anseiam por livrar o mundo dessas idéias
desagradáveis, particularmente as de culpa e de inferno.
Corresponderia, pois, aos nossos propósitos não acreditar
na vida após a morte.
No Fédon, Platão diz que o homem mau daria boas vindas
à morte se ela significasse a extinção pois,
nesse caso, ele não precisaria se preocupar com as consequências
de seus atos. E, se não houvesse reencamação,
ele não teria de se preocupar com a luta para se auto-aperfeiçoar
de uma vida para a seguinte. No final das contas, não são
muitos de nós os que se regozijam com a idéia de lutar
para sempre contra as suas fraquezas. Desse modo, a preguiça
moral e a preguiça espiritual constituem bons motivos para
não se acreditar numa vida depois da morte.
Medo da iluminação.
De acordo com o Livro Tibetano dos Mortos, e também com os
relatos daqueles que tiveram experiências de quase-morte,
depois de mortos defrontamo-nos com uma luz deslumbrante e amedrontadora.
Diz a tradição tibetana que essa luz é profundamente
desorientadora e, no caso do ser humano comum, leva finalmente à
reencamação porque a maioria de nós não
está preparada espiritualmente para reconhecer a natureza
dessa luz, nempara fundir-se nela, alcançando assim a libertação
dos domínios da existência condicionada.
Suponhamos, agora, que a reencamação é um fato.
Neste caso, é possível que nos lembremos inconscientemente
de passados encontros com essa luz. Quanto menos preparados nós
estivermos para a iluminação, para imergir e nos fundir
na luz, maior será nossa tendência para rechaçar
esses encontros. Os que não estão espiritualmente
preparados seriam assim motivados a não acreditar na vida
depois da morte; seria preferível a extinção,
assim como um sono sem sonhos é preferível a um sono
com pesadelos.
Medo de se achar desamparado num ambiente estranho.
A idéia de ter de prosseguir num lugar onde nosso status
habitual, nossas capacidades cognitivas e nossas posses materiais
são inúteis é muito desagradável. Num
mundo em que estaremos após a morte seriam necessárias
habilidades interiores de um tipo inteiramente diferente.
Se Platão está certo, a única coisa que levamos
conosco para o mundo futuro é a nossa paidea — nossa
educação. As pessoas inseguras quanto à sua
educação espiritual poderiam temer a vida depois da
morte; os tipos excessivamente racionais relutariam em se encontrar
num local onde tivessem de contar com habilidades não-racionais
para seguir em frente. Quanto mais presa a regras for sua mentalidade,
menos receptiva há de ser a pessoa à idéia
de uma vida depois da morte.
Pessimismo e medo da vida depois da morte.
O filósofo C. D. Broad comentou certa vez que se sentiria
mais aborrecido que surpreso se se descobrisse consciente depois
da morte. Não é provável que a vida depois
da morte seja melhor que a de antes, diz Broad. Pode ser até
mesmo pior. Broad sabe que a crença numa vida após
a morte é independente, do ponto de vista lógico,
da crença em Deus: mesmo que não exista Deus, seria
possível haver uma vida depois da morte. Desse modo, poderíamos
nos encontrar depois de mortos num mundo sem Deus, onde o mal continuasse
tão poderoso como sempre o foi. Portanto, um pessimista poderia
ter mais receio da vida depois da morte que de uma simples extinção.
A extinção tem suas vantagens: pelo menos não
estaríamos mais conscientes e, por conseguinte, não
haveria mais percepção de nenhuma dor, moral ou sensorial.
A Preferência pelo Significado em vez da Evidência
Um fenômeno intrigante é o crescente interesse
pelas "vidas passadas". É cada vez maior o número
de pessoas que falam sobre suas vidas passadas; não obstante,
na maioria dos casos, esse interesse não tem nada a ver com
a tentativa de provar lembranças autênticas de vidas
passadas. Os apaixonados pela questão das vidas passadas
não se debruçam sobre os eruditos livros do Dr. Ian
Stevenson. Não buscam um fundamento científico racional
para sua crença.
Parece, então, que está acontecendo alguma coisa a
mais, que estamos testemunhando a formação espontânea
de um mito da reencamação. A busca de vidas passadas
parece envolver mais uma busca de significados presentes, estreitamente
ligada a uma procura de fragmentos dispersos da psique que precisam
ser integrados. Em outras palavras, as "vidas passadas"
que as pessoas imaginam ter vivido podem, na verdade, ser partes
delas mesmas, "sub-eus" que elas precisam fazer chegar
à consciência para se tomarem um todo. Por conseguinte,
para uma análise racional do conceito de reencamação,
a busca de evidências viria apenas interferir nos processos
de construção de mitos e de construção
da alma.
Para esse tipo de pessoas, portanto, a pequena inclinação
a considerar as evidências não é devida ao medo
da vida depois da morte, mas sim ao fato de que elas automaticamente
têm como certa a vida depois da morte. Essas pessoas consideram
a investigação científica e filosófica
da vida depois da morte como secundária diante da tarefa
mais urgente, a de procurar tomar sua vida atual mais significativa
e coerente. Na verdade, falar em "provas" pode soar como
algo incômodo, uma ameaça à estabilidade interior.
O que me leva a concluir que aquilo que muitas pessoas desejam não
é tanto o se assegurar de uma vida depois da morte, mas sim,
assegurar-se de que sua existência atual, sobretudo os seus
sofrimentos, têm sentido.
Um Novo Paradigma de Sobrevivência
Estivemos examinando alguns motivos para não se acreditar
na vida após a morte. Porém, até mesmo os que
acreditam podem estar motivados a não examinar essa questão
com olhos excessivamente críticos. Em ambos os casos, chocamo-nos
com obstáculos para chegar à verdade sobre uma vida
após a morte.
Pretendo agora me voltar para algumas observações
construtivas sobre o problema da pesquisa sobre a sobrevivência.
Proponho olharmos para a questão do "pós-vida"
a partir de uma perspectiva evolucionista. A suposição
convencional é a de que ou sobrevivemos ou não sobrevivemos
depois da morte. Entretanto, quando somos evolucionistas —
e é difícil negar a perspectiva evolucionista geral
— admitimos que a vida e a consciência humana emergiram
no devido tempo. Segue-se daí que o fato de uma vida depois
da morte também deve ter emergido no passado ou deve estar
emergindo atualmente. Minha sugestão é a de que as
condições para uma "vida após a morte"
talvez estejam em processo de emergir.
Essa hipótese teria a vantagem de fazer com que tivessem
mais sentido a ambiguidade e o fato de serem incompletas as evidências;
esta incompletude das evidências apenas refletiria a evolução,
ainda incompleta, dos mecanismos da vida depois da morte.
Será que estamos, de fato, apenas começando a desenvolver
os "órgãos" da imortalidade? Ainda não
conhecemos as implicações evolutivas de coisas tais
como arrebatamentos mediúnicos, visões na quase-morte,
viagens fora-do-corpo, percepções anômalas do
tempo, aparições, poltergeists, milagres de santos
e de avatares e tantas outras coisas. Esses fenômenos talvez
constituam apenas o início de uma imensa evolução
da mente da espécie. Podemos abrir os horizontes de nosso
pensamento lembrando-nos de que habitamos um universo em evolução,
e de que nós mesmos somos singularidades evolutivas. Os historiadores
da ciência chegaram a reconhecer a crucial importância
das anomalias na evolução da própria ciência.
Deveríamos, pois, considerar a possibilidade de que as anomalias
no comportamento humano poderiam ser fundamentais para a evolução
da espécie humana.
O animal humano constitui um enigma para si mesmo. Para poder avaliar
o âmbito potencial de nosso ser e de nossa função,
precisamos reunir todas as evidências que pudermos encontrar.
Nossa costumeira visão "consensual" da realidade
é uma construção humana, uma mera seleção
de dados, uma simples disposição de idéias
numa lente conceituai através de onde olhamos para o mundo
e para nós mesmos. Mas sempre podemos selecionar novos dados,
recompor nossas idéias, reajustar nossa lente conceitual
para fazer uma revisão da realidade humana. Se estivermos
dispostos a tanto, a pesquisa parapsicológica nos fornecerá
dados de grande interesse.
Aqueles que, por assim dizer, seriam os construtores de um novo
paradigma da morte podem encontrar toda uma variedade de anomalias
psíquicas relacionadas com a morte, desde os deslocamentos
telecinéticos de objetos materiais no momento da morte até
visões transcendentais no leito de morte. Há um certo
número de coisas enigmáticas com relação
à morte, porém a maioria dos cientistas as varre para
debaixo do tapete. Como já observamos, a ciência materialista
não se sente à vontade diante de estranheza da morte,
e a pesquisa da sobrevivência é um ramo negligenciado
do estudo, até mesmo entre os modernos parapsicólogos.
A meu ver, precisamos de uma nova abordagem, de um novo paradigma
para a sobrevivência. Talvez me seja possível deixar
isto um pouco mais claro se eu disser alguma coisa sobre três
tipos de pesquisa sobre a vida após a morte. O novo paradigma,
em minha opinião, precisa combinar essas três abordagens.
Para começar, temos o modelo das pesquisas sobre a sobrevivência
baseado no estudo dos indícios. Nesse modelo, as lembranças
de reencamações, as aparições, as experiências
fora-do-corpo, as mensagens mediúnicas, os fenômenos
vocais captados por via eletrônica, as fotografias espíritas,
etc, permitem-nos captar um indício de um ser humano falecido.
A partir desses indícios, somos levados a crer, por exemplo,
que nosso falecido tio Otávio ainda é um sujeito consciente
de experiências, em algum lugar, de alguma maneira.
No entanto, o modelo dos indícios se defronta com alguns
problemas. Por exemplo, de onde vêm os indícios? Será
que provêm, realmente, da pessoa morta ou, como sugeriram
alguns pesquisadores, de algum espectro psimediado, e manipulado
por uma mente subliminal extremamente astuciosa e capaz de se iludir
a si mesma? O modelo dos indícios é fascinante mas,
até agora, mostrou-se inconclusivo. Contém, indiscutivelmente,
material o bastante para garantir novas investigações.
Eu próprio estive às voltas com algumas entidades
fantasmagóricas e respeito sua enigmática natureza.
Uma abordagem mais direta da pesquisa sobre a sobrevivência
pode ser denominada abordagem específica de estado. A experiência
de quase-morte é um exemplo perfeito. Temos aí um
certo tipo de experiência extraordinária que nos permite
sentir que sabemos alguma coisa. (Por enquanto, classifique-se como
epistemologia do "conhecimento" específico de estado.)
O importante é que a pessoa fica subjetivamente convencida
da realidade de uma vida após a morte. Essas experiências
podem nos transformar completamente, por vezes de maneira interessante.
Podemos dar a esse modelo o nome de modelo "gnóstico".
A gnose do post mortem tanto pode vir através das experiências
de quase-morte como através de outras experiências
transformadoras: meditação profunda, êxtase
em intercursos sexuais, encontros com OVNIs, grandes sonhos (no
sentido xamânico), drogas psicotrópicas, danças
de transe, aparições coletivas, channeling, e assim
por diante.
Em si mesmo, porém, o modelo gnóstico ou específico
de estado não é suficiente. Precisa ser suplementado
pelo modelo dos indícios. Para evitar enganos e inflação
psíquica, nosso "conhecimento" específico
de estado precisa fundamentar-se no domínio dos fatos objetivos.
No entanto, nem o modelo dos indícios nem o específico
de estado são, por si mesmos, suficientes. Também
precisam ser suplementados por uma terceira abordagem, que denominarei
modelo da ressurreição.
De acordo com esse modelo, o corpo humano vivo e ordinário
é potencialmente capaz de se transformar num corpo espiritual
de um tipo superior. Aqui, a hipótese proposta é a
de que nossos corpos foram planejados com muitas potencialidades
ocultas para transmutação. A tradição
cristã, evidentemente, encara essa transmutação
em termos religiosos. Mas, na medida em que enfatiza o potencial
de mutação, o modelo da ressurreição
é também um modelo evolutivo. Aqui, a religião
prenuncia a ciência evolutiva.
Quais são as evidências para essa abordagem? Para os
cristãos, é a ressurreição de Jesus.
Jesus havia, de fato, predito que as pessoas o seguiriam e praticariam
feitos ainda mais grandiosos. Em seu lugar viria um Consolador —
um Espírito com o Poder de Curar. E Jesus estava certo quanto
aos prodígios que viriam. Os anais da Igreja Católica
contêm uma quantidade impressionante de documentos sobre exóticas
maravilhas do potencial humano. Os dados católicos referentes
aos milagres constituem evidências do modelo da ressurreição.
Dizem-nos alguma coisa sobre a possível evolução
da espécie humana. Têm sido documentados casos de levitação,
estigmas, curas, materializações, não-corrupção
do corpo, capacidade de viver sem se alimentar, e outros fenômenos
extraordinários.
Por que esses fenômenos são importantes para a pesquisa
sobre a sobrevivência? Em primeiro lugar, eles demonstram
a existência de funções que parecem atuar independentemente
das conhecidas leis da física. Eles indicam a existência
de uma física diferente, uma física do espírito
criativo. Os dados sobre os milagres constituem evidências
de "ressurreições" parciais e transitórias,
de uma drástica elevação de funções
corporais humanas.
Como foi mencionado, o novo paradigma da sobrevivência proposto
por mim utilizaria os três modelos: o dos indícios,
o específico de estado e o da ressurreição.
Todos os três têm algo para oferecer e são todos
necessários para se completar uns aos outros.
O modelo dos indícios nos colocou diante de um grande número
de fatos enigmáticos cujo principal efeito é nos deixar
perplexos ao nos introduzir na percepção de novas
possibilidades. O estudo desses indícios fugidios de pessoas
mortas tem o mérito de nos abrir a mente para possibilidades
de vida que jamais seríamos capazes de imaginar se não
tivéssemos entrado em contato com os dados em questão.
Eles nos oferecem uma vantagem teórica diante daqueles que
não acreditam.
No entanto, a teoria não basta. Como seres humanos, precisamos
sentir as nossas verdades, tanto quanto pensá-las. O modelo
específico de estado para a pesquisa sobre a sobrevivência
é um caminho para a dimensão subjetiva da verdade.
(Alguns filósofos negam que exista uma "verdade subjetiva";
mas isto supõe apenas um conceito muito restrito de verdade).
A meu ver, podemos nos considerar afortunados se passamos por uma
experiência que desperta em nós uma sensação
visceral da vida depois da morte. Uma viagem fora-do-corpo vivenciada
na iminência da morte, uma abdução que nos leva
através de estranhas dimensões, uma visão de
uma deusa luminosa ou um encontro com homens misteriosos vestidos
de negro — essas experiências podem estar nos transmitindo
alguma coisa a respeito da vida após a morte. Em todo caso,
a região post-mortem deve envolver e, em certos pontos, cruzar
com esta vida presente. Certos tipos de experiência podem
ser, de fato, janelas para o "outro mundo" da pós-vida.
À medida que forem compartilhando suas experiências
do "outro mundo", as pessoas irão constituindo
um novo consenso. E, por sua vez, a criação desse
novo consenso terá implicações para a evolução.
Pois se uma necessidade se aglutina numa dinâmica de grupo,
se um novo "campo morfogenético" de intenções
se solidifica, é possível que alguns hábitos
ou leis da natureza se "rompam" ou se transformem, tornando
assim possíveis novas formas de vida. Se um novo consenso
de pessoas dotadas de crença específica de estado
admitir a realidade de uma vida depois da morte, a natureza pode
se modificar e criar uma nova forma de vida depois da morte.
Entretanto, a abordagem específica de estado para a sobrevivência
apenas nos oferece verdades subjetivas. Mas a verdade tem muitas
facetas. Verum et factum convertuntur é a fórmula
de Vico para a verdade histórica ou evolutiva: o que é
verdadeiro e o que fazemos com que seja verdadeiro são uma
única e mesma coisa. Um modelo viquiano de verdade nos permite
olhar para a questão da vida após a morte de uma nova
maneira. De acordo com esse modelo, para que a vida depois da morte
seja uma verdade, teremos de fazer dela uma verdade. Trata-se de
um antigo modelo de verdade — de verdade criativa —
diferente do tipo preposicional de verdade, que se limita a espelhar
os fatos. Para Vico, a verdade é sempre aquilo que fazemos
com que ela seja.
É aqui que entra o modelo da ressurreição.
Nesse modelo, a "vida depois da morte", ou "próxima
vida", refere-se a certos potenciais criativos extremos, latentes
na vida presente. O que se enfatiza não é a imortalidade
da alma, mas a ressurreição, a transformação
do corpo. Trata-se de uma teoria prática, de uma teoria experimental
da vida depois da morte. O "pós-vida" toma-se,
aqui, parte do potencial evolutivo da vida presente, e a única
maneira de saber que ela é verdadeira é torná-la
verdadeira.
Mas como? Uma das maneiras consiste em transcender os limites básicos
da existência corporal. Os fenômenos dos santos —
levitação, hipertermia, materialização,
bilocação, e outros semelhantes — transcendem
os limites básicos da função corporal; e, ao
fazê-lo, eles apontam para possíveis formas de função
na humanidade futura.
Por conseguinte, de acordo com esse terceiro modelo de pesquisa
sobre a sobrevivência, o mundo corporificado toma-se o novo
campo de estudos da "pós-vida". É aqui sobre
a terra que vemos os primeiros sinais da "vida futura".
Os mais espetaculares são as anomalias psicofísicas
a que damos o nome de "milagres". Quando José de
Copertino levita, ou o Padre Pio produz estigmas, ou Teresa Neumann
deixa de ingerir alimentos e água (assim como de eliminá-los)
durante trinta e cinco anos, presenciamos a transmutação
da existência material em formas que se vão assemelhando
cada vez mais a uma vida espiritual post-mortem. O corpo de Copertino
é literalmente atraído para cima, em direção
ao céu. A matéria está se tomando, pouco a
pouco, transparente às aspirações do espírito.
Mas este é apenas o primeiro passo no modelo da ressurreição
— a moldagem da forma exterior. Há muitos passos pela
frente. A ressurreição de uma pessoa toda —
a de Jesus em Cristo — é o nosso arquétipo.
Como disse Jung, Cristo é o arquétipo da individuação.
A revelação junguiana é a de que não
existe cristianismo. Existe apenas a luta única e irrepetível
de cada indivíduo para encarnar a imagem de Deus.
Esse terceiro caminho para a pesquisa sobre a sobrevivência
tem, portanto, a ver com o processo de se tornar um indivíduo.
A "ressurreição" e a transformação
concretas de cada indivíduo sobre a terra é parte
do experimento. Cada vida salva, libertada, aperfeiçoada,
contribui para a construção da nova terra e do novo
céu. É aqui, na libertação e na transformação
da existência terrena que fica provada a "vida depois
da morte" — mas "provada" no sentido italiano
de provar e "experimentar".
Permitam-me expressar meu ponto de vista da maneira mais contundente
possível: a melhor maneira de "provar" a vida depois
da morte é trazer o paraíso para a terra. Por um motivo:
isto ajudaria a justificar nosso anseio por uma pós-vida.
C. D. Broad tinha uma certa razão: precisamos ter a certeza
de que as coisas vão melhorar. O remédio para o pessimismo
de Broad é saborear o paraíso sobre a terra.
O primeiro passo rumo à criação do paraíso
sobre a terra seria o de curar a ecologia do planeta. A palavra
paraíso é de origem persa: significa "jardim".
Quando começarmos a transformar o planeta num jardim —
em paraíso — estaremos começando a materializar
a "vida depois da morte". Quando restaurarmos a beleza
do planeta e libertarmos o esplendor das formas de vida individuais,
estaremos nos encaminhando para a superação do dualismo
de céu e terra, eternidade e tempo, divino e humano. De qualquer
maneira, deveríamos nos empenhar em criar o paraíso
sobre a terra para compensar todos os infernos que já produzimos.
É estranho: nossa diabólica genialidade para criar
dor e feiúra desnecessárias sobre a terra nos proporcionou
fundamentos para a esperança no modo da ressurreição.
Pois essas mesmas energias extremas de destruição
podem ser, em princípio, utilizadas para se criar um paraíso
sobre a terra. Restaurar o paraíso sobre a terra exige uma
revolução curativa. Nossas noções de
Deus, verdade, valor, trabalho, poder e relações humanas
terão de ser viradas de cabeça para baixo e de dentro
para fora.
Será que existe uma vida depois da morte? Tentemos transformar
isso em verdade criando o paraíso agora.
Referências
1. J. Frazer, The Belief in Immortality (Londres: Macmillan,
1913), p. 468.
2. Ibid., p. 176.
3. F. T. Elsworthy, The Evil Eye (Secaucus, N. J.:
University Books, 1895).
4. J. P. Sartre, Being and Nothingness (Nova York:
Washington Square Press 1966).
5. A. D. White, A History of the Warfare of Science
with Theology in Cristendom (Magnolia, Mass.: Peter Smith, 1965).
6. H. Thurston, The Psysical Phenomena of Mysticism
(Londres: Burns & Oates, 1953); R. Rogo, Miracles (Nova York: Dial
Press, 1982).
7. A. Gauld, Mediumship and Survival (Londres: Heinemann,
1982).
8. R. Sheldrake, A New Science of Life (Los Angeles:
J. P. Tarcher, 1981).
9. G. Vico, Selected Writings, org. Leon Pompa (Cambridge:
Cambridge University Press, 1982).
10. M. Grosso, "Padre Pio and Future Man";
Critique, fevereiro de 1989, pp 26-34.
11. J. Steiner, Therese Neumann (Nova York: Washington
Square Press, 1966).
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