HOJE, A SAUDADE nos leva a visitar a relação que
tínhamos com nossos queridos que faleceram.
Essa visita nos fala ou relembra aquilo que dá significado
à vida para muitas pessoas: a existência de um vínculo
forte com alguém que, quando rompido, gera o luto. Falar
de luto hoje é falar das nossas possibilidades de fazer,
desfazer e refazer laços.
Não podemos falar com precisão sobre uma sequência
de fases do luto. A pessoa enlutada, com frequência, encontra
outras que adotaram crenças rígidas sobre o que
deve ser experimentado nessa jornada ao longo do luto.
Essas crenças podem afetar profundamente o processo individual
natural. Podemos encontrar respostas de desorganização,
medo, culpa mas também podemos não encontrá-las.
As emoções podem seguir-se umas às outras
com intervalos curtos ou até mesmo duas ou mais emoções
podem estar presentes ao mesmo tempo.
Cada pessoa fica enlutada de sua maneira. O luto é uma
experiência pessoal e única.
Como resultado dos valores contemporâneos, as pessoas enlutadas
são encorajadas a rapidamente deixar para trás o
luto. Como resultado, temos duas situações: ou o
enlutado vive seu processo isoladamente ou se força a abandoná-lo,
antes mesmo de tê-lo completado. Amigos e familiares, bem-intencionados,
mas desinformados, tentam fazer com que a pessoa enlutada desenvolva
autocontrole, entendendo que essa é a resposta adequada.
As pessoas se perguntam quanto tempo dura o luto, como uma confirmação
de que estão no caminho certo. Essa pergunta é diretamente
relacionada à impaciência que nossa cultura tem com
o pesar e o desejo de sair logo da experiência do luto.
Um exemplo disso é a pressão que o enlutado sofre,
logo após a perda, para voltar à atividade normal.
O luto passa a ser visto como algo a ser evitado, e não
como algo que precisa ser vivido e que trará possibilidades
de reconstrução. Mascarar ou fugir do luto causa
ansiedade, confusão e depressão.
Viver o luto não significa passar por ele, significa crescer
por meio dele, para renovar o senso de confiança e a energia,
para reconhecer a realidade da morte e a capacidade de se tornar
envolvido novamente. O luto é um processo, não um
evento.
Além de entender na mente, vai entender no coração:
a pessoa amada morreu. A dor sentida vai deixar de ser onipresente
e aguda para se transformar em um sentimento de perda que pode
ser admitido e que dá vez a um significado e um propósito
renovados.
Embora a pessoa que morreu jamais venha a ser esquecida, a vida
pode e deve continuar a ser vivida. A perda é para sempre,
o luto não.