Faço parte de uma entidade chamada Anajure (Associação
Nacional de Juristas Evangélicos) e temos travado batalhas
importantes a respeito da liberdade religiosa no Brasil.
O Brasil não está na lista dos países com violência
religiosa, mas nosso presidente Dr Uziel Santana, que é nosso
irmão presbiteriano do Sergipe, desenvolveu uma brilhante
tese dividindo a violência religiosa em real e simbólica.
A violência real, por óbvio, é quando grupos
religiosos são perseguidos e agredidos fisicamente, como
ocorre em grande escala nos países fechados, especialmente
no Oriente Médio. De fato, felizmente esse tipo de violência
é quase inexistente no Brasil.
No entanto a tese do Dr Uziel, inclusive hoje aceita pela ONU, considera
a existência da violência simbólica. O que é
isso? Nos casos de violência religiosa simbólica, se
permite a liberdade, mas por outro lado, se desconstrói a
base da crença, fazendo-a parecer inócua, retrógrada
e ultrapassada.
Diante disso, constatou-se que o Brasil, embora quase não
possua violência real, é um país com elevadíssimo
índice de violência simbólica e, como o cristianismo
é predominante, logicamente é a religião mais
atacada.
Existe um trabalho muito bem articulado para ridicularizar a fé
cristã, minando os valores do cristianismo. A mídia
liberal e as instituições aparelhadas lutam diariamente
pela desmoralização da visão judaico-cristã,
que é base da toda a civilização ocidental.
No Brasil a desconstrução dos valores Cristãos
é promovida por blogs, sites, canais de televisão,
instituições governamentais e principalmente no ambiente
acadêmico e é sobre esse último que pretendo
tecer breves comentários.
Muitos de nossos jovens vão para a universidade completamente
despreparados e sem noção alguma do ambiente insalubre
a fé que irão enfrentar. Jovens de formação
cristã deficiente não conseguem sustentar racional
e argumentativamente sua fé perante o discurso acadêmico
de docentes relativistas e secularistas, que praticamente dominam
as universidades Brasil a fora. Muitos cristãos não
conseguem se posicionar ante essa violência simbólica,
praticada por quem desfila erudição e superioridade
intelectual com habilidade profissional, e muitos jovens desviam-se,
abandonam a fé, e uma vez convencidos pelo sistema profano,
sentem que foram enganados pela igreja, e muitos tornam-se céticos
e até ateus.
Conheci uma jovem que no segundo semestre do curso de filosofia,
em público desafiou seu pai e pastor, dizendo que tudo o
que ela acreditou a vida inteira era mentira e que seu pai enganava
as pessoas com histórimhas ilusórias da bíblia.
É lamentável, mas esse exemplo não é
único e nem raro!
O Rev. Augustus Nicodemus, ex-Chanceler da Universidade Mackenzie,
em seu livro Polêmicas na Igreja, apresentou dados de uma
pesquisa realizada pelo Instituto Barna em 2011, sobre a apostasia
de jovens evangélicos americanos. Os dados são preocupantes.
Segundo o levantamento, 10% se tornam ateus ou agnósticos,
40% deixam de frequentar a igreja, mas ainda se proclamam cristãos
e 20% assumem dificuldades em conciliar sua fé com as demandas
da sociedade. Apenas 30% permanecem firmes, tal qual estavam antes
da Universidade.
Embora a pesquisa seja dos Estados Unidos, é certo que no
Brasil, muitos jovens cristãos também não estão
prontos para encarar o materialismo acadêmico, não
raramente dominado por ideias relativistas e marxistas e muitos
não sobreviverão apenas com sua base de fé.
Considerando a formação cultural, familiar e até
mesmo a personalidade e caráter do jovem, em alguns casos,
conforme for o tamanho da sua fé, ela não será
suficiente para remover as montanhas de argumentos da academia.
Será necessário muita fé e muita oração,
mas também é indispensável muito preparo e
convicção racional do cristianismo.
Pastor, está dizendo que a fé não é
o suficiente? Sim, estou, a fé sem obras é morta,
e nesse embate de princípios, as obras nada mais são
que os argumentos.
E como encarar esse desafio?
Como pai acredito que devemos instruir profundamente nossas crianças,
adolescentes e jovens para que estejam preparados a enfrentar de
cabeça erguida e com convicção inabalável
esse mundo que jaz no maligno!
Como pastor, acredito humildemente que precisamos de menos congressos
e mais seminários.
Para enraizar fundamentos do cristianismo em jovens é necessário
priorizar o estudo. Cada igreja deveria ter pelo menos uma sala
de aula. O verdadeiro avivamento que precisamos deve tornar nossos
jovens guerreiros blindados e combativos! Para isso, precisamos
de mais estudos bíblicos, palestras, seminários. Temos
de colocar nossos jovens no ambiente da academia, apresentar-lhes
as objeções ateístas à fé, e
ensinar-lhes os contra-argumentos para replicá-las!
Para tanto, alguns temas precisam ser levados urgentemente para
nossos púlpitos, encontros e seminários.
Precisamos falar de sexo antes do casamento abertamente. O sistema
já inculcou em jovens, adolescentes e pasmem, até
em crianças, que isso é normal. Precisamos falar de
aborto, drogadição, homossexualidade, política.
Precisamos falar de evolucionismo, criacionismo, design inteligente
etc.
Acredito que nunca o texto de Romanos 12:2 esteve tão atual
como agora e a bíblia deve ser sempre o centro da nossa fé
e instrução. No entanto, justamente seguindo o conselho
de Paulo, não devemos nos conformar, mas sim nos transformar,
e como isso ocorrerá? Pela renovação da nossa
mente!
Precisamos estar afiados na teologia bíblica, mas para combater
essa violência simbólica também precisamos nos
valer de premissas cientificas.
O professor ateu não vai ouvir um único argumento
e ainda vai ridicularizar o jovem que citar Gênesis para contestar
a ideologia de gênero, mas, terá de ouvir com atenção
o aluno que defender a heterossexualidade a partir de argumentos
da biologia, antropologia etc., e nosso jovem acadêmico não
maculará sua fé por dominar argumentos científicos,
pelo contrário, sua fé será fortalecida.
Líderes e pastores, guiemos nossos jovens sempre a luz da
Bíblia, mas sem deixar de lado os argumentos técnico-científicos,
pois serão eles que confrontarão nosso jovens lá
fora.
Nossas igrejas possuem profissionais excepcionais. Médicos,
químicos, biólogos, juristas, professores etc. Eles
precisam ser convidados a usar a tribuna. Eles precisam nos treinar
em suas áreas especificas, compartilhar seu conhecimentos
técnico e experiências pessoais. A ciência e
a fé jamais foram inimigas!
Assim colocaremos em prática o conselho do apóstolo
Pedro:
Crescei na graça e conhecimento...!
2 Pedro 3:18a
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