Espiritualidade e Sociedade





Rosana Teresinha D'Orio

>   Histórias de fins, histórias sem fins...: um estudo sobre rituais no processo de luto

Artigos, teses e publicações

Rosana Teresinha D'Orio
>   Histórias de fins, histórias sem fins...: um estudo sobre rituais no processo de luto

 

 

Tese (Doutorado em Psicologia)
Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Psicologia Clínica
PUC-SP

 

 

RESUMO

 

A finalidade desta tese foi compreender o papel dos rituais no processo de luto originado por situações de catástrofes. Tendo em vista a Teoria do Apego e as contribuições posteriores dessa abordagem, acrescidas dos estudos sobre o significado da morte e dos rituais no processo de luto, realizamos uma pesquisa qualitativa com pessoas que tiveram perdas em um acidente aéreo: a aeronave, após a decolagem, chocou-se contra algumas residências, resultando no óbito de todos seus ocupantes e de um morador da comunidade atingida. Com esse objetivo, pesquisamos como se deu o processo do luto, se receberam algum tipo de suporte social e como os parentes enlutados se encontram na atualidade.

Os dados foram agrupados em dois blocos denominados de fatores de risco e fatores de proteção, sendo que no primeiro buscamos verificar as reações inerentes ao luto traumático, as ações de brutalização dos mortos e dos vivos e a precariedade ou inexistência de rituais de passagem. No segundo bloco, focamos nos relatos dos enlutados sobre ações de delicadeza dirigidas aos mortos, a eles próprios e se houve a realização de rituais de passagem. Vale lembrar que este estudo aborda um tipo de luto, o qual, apesar de privado, é também um luto de âmbito público, por se tratar de perdas causadas por meio de transporte de massa, e, ainda, por ter obtido ampla cobertura da mídia. Neste sentido, procuramos observar como o luto se expressou no espaço público, devido ao seu reavivamento como Novo Luto Público, e no espaço privado, ponderando, ainda, quais foram as influências culturais dentro dessa perspectiva.

Partindo do pressuposto de que a cultura nos molda, contextualizamos os dados a partir da visão antropológica de supermodernidade, caracterizada pelas figuras de excesso: o tempo, os não-lugares e o eu. Fizemos duas considerações importantes: a primeira envolve o princípio que nomeamos de não-brutalização dos mortos, que significa o respeito no tratamento aos mortos, a segunda abrange o princípio da não-brutalização dos vivos, no que diz respeito ao seu bem estar, definindo-se, para esta última, a palavra delicadeza.

Nas considerações finais, destacamos que nos casos de enlutamento por perdas devidas às situações de catástrofes, os rituais podem atuar como um fator de proteção para a melhor elaboração do processo do luto traumático, e, considerando que neste tipo de morte eles devem ocorrer tanto na esfera pública quanto na privada, constatamos que, se manifestos apenas em uma dessas duas dimensões, não ganham sentido de suficiência, nem confirmam, nem reconhecem, tanto para o enlutado quanto para comunidade, a existência ímpar do que foi perdido. Neste sentido, não é opcional, mas necessária, sua manifestação em ambas as dimensões.

 

>>>    texto disponível em pdf - clique aqui para acessar

 

 

D'Orio, Rosana Teresinha. Histórias de fins, histórias sem fins...: um estudo sobre rituais no processo de luto. 2010. 206 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

 

 

Fonte: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/15939
> https://tede2.pucsp.br/handle/handle/15939

 

 

 

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