1 - CRESCIMENTO ESPIRITUAL
O comportamento humano depende da fixação da mente nas
zonas do subconsciente, consciente e superconsciente. E que o desenvolvimento
harmônico do indivíduo se efetua quando, conhecendo-se
a si próprio, avaliando a própria personalidade e as
tendências, na zona do subconsciente, se fixa objetivos altos,
pela elevação dos pensamentos, pelo estudo, a meditação,
a reflexão, a oração, enfim pela fixação
da mente no próprio superconsciente, e transforma em conquistas,
pela ação, as metas colimadas, automatizando-as no comportamento.
A conquista assim se efetua: na intimidade elegemos
os interesses que nos despertam a emotividade e que se transformam
em desejos pelos quais se manifestam as nossas tendências (Rino
Curti: Espiritismo e Evolução, Cap. 4).
Pela vontade frenamos a impulsividade que elas despertam e, no interregno,
damos margem … reflexão, que põe em jogo todas
as faculdades de espírito: a intuição, a reflexão,
a associação de idéias... com o que elaboramos
as concepções sobre as quais assentamos a ação.
A seguir, pela vontade agimos e provocamos efeitos, influências,
em nosso derredor, que avaliamos.
Como no aprendizado para guiar
um carro. Mentalizamos uma ação, a efetuamos e obtemos
um resultado. Se não adequado, estimamos o erro e repetimos
o processo; efetuamos nova ação, que sempre avaliamos,
assim procedendo, até que o nosso proceder se torne o desejado,
o que convém à nossa adaptação, às
novas circunstâncias. Na figura damos a imagem de como o processo
tende ao que se pretende.
Uma vez a meta alcançada, nosso ser automatiza o comportamento(Rino
Curti: Espiritismo e Evolução, Cap. 4);
está efetuada a conquista, e fica a mente liberada para a realização
de outra.
E assim que, revelando as tendências, nos tornamos comerciantes,
industriários, artesões, artistas, profissionais, cientistas,
filósofos, sacerdotes etc... Acrisolando nossas faculdades
no esforço, na disciplina, no aprendizado, na adaptação
prolongada até alcançarmos o que nos propomos, é
que crescemos, progredimos espiritualmente.
2 - PREPARAÇÃO
PARA O TRABALHO MEDIÚNICO
É notório que a preocupação
constante com o sexo, a bebida ingerida com frequência, o excesso
de alimentação, de comodidades, enfraquecem-nos para
o trabalho, para as atividades físicas e mentais. Um almoço
lauto, regado a bebidas alcoólicas, num dia de trabalho quase
nos inutiliza para a tarde. A bebida diária embota a mente.
Os prazeres continuados aniquilam as energias, produzindo cansaço
e fastio, qualquer que seja nosso mister, nossa profissão.
Um cirurgião fica com as mãos a tremer um compositor
rompe a ligação com a musa, o estudioso é vencido
pela sonolência.
O médium não é diferente
dos outros. Ele possui uma sensibilidade mais aguçada em determinado
campo de percepções, que não são obtidas
através dos sentidos.
Para que possamos entender melhor o assunto, estudemos o que conta
André Luiz em (Missionário
da Luz, Cap 1 e 2). Ele narra de
uma reunião mediúnica em que o número maior de
pessoas presentes era constituído de desencarnados: muitos
sofredores.
O trabalho era disciplinado e a entrada controlada.
Os desencarnados permaneciam em "concentração
do pensamento, elevado a objetivos altos e puros". Isto
é, a mente fixada ou atuando no superconsciente.
“Cada qual emitia raios luminosos... (que) estabeleciam uma
corrente de força ... (corrente esta) que despejava elementos
vitais . . . benéficos para os infelizes...”
Havia "...seis comunicantes prováveis... mas apenas
um médium em condições de atender... (este) somente
receberá o que se relaciona com o interesse coletivo...”.
"...Nos serviços mediúnicos preponderam os
fatores morais o médium necessita clareza e serenidade, como
o espelho cristalino de um lago... as ondas de inquietude perturbariam
a projeção de nossa espiritualidade sobre a materialidade
terrena.”
O médium não é um simples aparelho. Tem livre-arbítrio.
Para o intercâmbio deve entregar-se voluntariamente, com o espírito
de renúncia “...abnegação e humildade...”.
“...calar para que outros falem; dar de si próprio,
para que outros recebam..." sem o que "...não
poderia atender aos propósitos edificantes." Assim
como o artista que, para tocar, deve dobrar o próprio físico
de modo a poder conduzi-lo para esse fim.
Certamente que "...é responsável pela manutenção
dos recursos interiores: a tolerância, a humildade, a disposição
fraterna, a paciência, o amor cristão...”,
assim como o jogador de xadrez precisa manter a concentração,
a habilidade de arquitetar jogadas, a persistência, a paciência.
Apenas, no relacionamento com o plano espiritual, o médium
recebe cooperação mais intensa dos espíritos,
para sustentar-se.
O caso em questão era a psicografia. “A transmissão
da mensagem não será simplesmente tomar a mão.
Há processos intrincados, complexos.”
Examinando o corpo do intermediário verificou principalmente
a iluminação das glândulas, do sistema nervoso
pelo qual circulavam "...energias recônditas e imponderáveis..."
e "...a epífise emitia raios azulados e intensos."
Da mesma maneira que para transmitir mensagem pelo rádio demanda
toda uma organização e trabalhos especializados, analogamente
? “Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço
de edificação humana... demanda esforço, boa
vontade, cooperação e propósito consistente...
o serviço não é automático...”
Primeiro, o intermediário: necessita de preparação
espiritual incessante. Segundo, a atividade do plano espiritual, cuja
"cooperação magnética é fundamental."
No intermediário, o papel da epífise: "através
de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder
de emissão e recepção de raios peculiares..."
à esfera extrafísica.
“...na epífise ...reside o sentido novo dos homens...
(que) ...na grande maioria... dorme embrionário."
No plano espiritual as providências antecipadas: “...antes
da reunião, o servidor ‚ objeto de... atenção...
para que os pensamentos grosseiros não lhe pesem no íntimo."
No caso, o servidor foi ambientado, assistido, fortalecido no sistema
nervoso para o não comprometimento da saúde, com providências
para atender o dispêndio de reservas nervosas.
Após a preparação, uma entidade foi autorizada
a comunicar-se, com a recomendação de evitar particularismos
pessoais. Postando-se ao lado do médium as irradiações
mentais de ambos se entrelaçaram. O orientador, atuando sobre
os lobos frontais do médium ultimou a condição
adequada e a psicografia pôde iniciar.
3 - A EPÍFISE OU GLÂNDULA
PINEAL
Enquanto isso, André Luiz passou a observar melhor o médium,
cuja epífise começou a apresentar luz crescente.
"A glândula minúscula transformara-se em núcleo
radiante... Sobre o núcleo... caiam luzes suaves, de mais Alto,
reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo vibrações
delicadíssimas."
Surpreendera-se André Luiz porque, como médico na Terra,
a epífise deveria ter atribuições circunscritas
ao controle sexual, no período infantil. Após isto,
seria sucedida pelas glândulas genitais.
Aliás, só há pouco tempo sabe-se da importância
do cérebro; e o que dele se conhece, hoje (Rino
Curti no livro Dor e Destino, Cap. III),
ainda é muito pouco.
Pela literatura cientifica reconhece-se que a glândula pineal,
corpo pineal ou epífise é "um órgão
cônico... de 8 por 5 mm... localiza-se... acima do teto do diencéfalo...”.
“...Apesar da grande quantidade de literatura... seu papel
como órgão endócrino‚ ainda controvertido...
agiria sobre algumas funções hormonais...
Estudos mais recentes... sugerem que a pineal não é
uma glândula no sentido tradicional, mas... converte um impulso
neural em descarga hormonal." (Junqueira
e Carneiro: Histologia Básica, Cap. 20).
Um estudo situando o conhecimento atual sobre a pineal foi apresentado,
em (Marlene R. S. Nobre: Folha Espírita,
Julho de 1981).
Alexandre (André Luiz: Missionários
da Luz, Cap. 20) esclarece a André
Luiz que a epífise "... é a glândula
da vida mental... acorda na puberdade as forças criadoras e,
em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório
de elementos psíquicos da criatura terrestre."
Apenas, ainda não é bem conhecida nos meios terrenos.
“...no período do desenvolvimento infantil... parece
constituir o freio às manifestações do sexo...
Aos catorze anos... recomeça a funcionar no homem reencarnado...
é fonte criadora e válvula de escapamento... reabre
seus mundos maravilhosos de sensações e impressões
na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação
da sexualidade, examina o inventário de suas paixões
noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos."
E reexaminar, não é ver o desenrolar-se de um filme,
mas é viver novamente as emoções e impulsos associados
ao conteúdo, acarretando manifestações de comportamento.
Daí a importância da educação e da responsabilidade
do meio familiar. Se nesses momentos a criatura não tiver reconstruído
valores, se fortalecido para a renovação dos embates,
na orientação e no exemplo dos pais, falirá.
Como em tudo vemos, no homem, sempre a recapitulação
de suas fases anteriores. Ao reencarnar, recapitula a evolução
das espécies; na infância, desde o nascimento, a vida
mental das primitivas reencarnações até à
atual; a partir dos catorze, as experiências adultas em relação
à sexualidade. E esta é uma observação
da mais alta importância quando se queira examinar a problemática
sexual da juventude, que não pode ser caracterizada apenas
em termos de virtude ou pecado, mas requer o concurso da compreensão
profunda acerca do subconsciente, em que o psicólogo, o psiquiatra,
o neurologista, têm um imenso território a desvendar.
A epífise “preside aos fenômenos nervosos da
emotividade... Desata os laços... que ligam as existências
umas as outras...”, isto é, afrouxa o determinismo
das conseqüências que os automatismos sustentam na nossa
personalidade “...e deixa entrever a grandeza das faculdades
criadoras...”. Controla “as glândulas genitais...
demasiadamente mecânicas”. É manancial de
forças magnéticas de “unidades de força...”
que poderíamos chamar de “hormônios psíquicos...”.
Por segregar energias psíquicas como canal direto de comunicação
entre o corpo espiritual e o físico, “...conserva
ascendência em todo o sistema endocrínico...”,
o sistema químico de controle(Rino
Curti: Dor e Destino, cap. V).
“Ligada à mente... comanda as forças subconscientes
sob a determinação direta da vontade”.
Já dissemos que, submetidos aos estímulos, se nos manifesta
a impulsividade que, pela vontade, é frenada para dar margem
à reflexão. Digamos que as ordens da vontade se transmitem
através delas.
Pelas redes nervosas comanda “...os suprimentos de energias
psíquicas a todos os armazéns autônomo dos órgãos...
suas atribuições são extensas e fundamentais.
Na qualidade de controladora do mundo emotivo, sua posição
na experiência sexual é básica e absoluta. Entretanto
a viciamos, agora ou no pretérito, pela veiculação
de forças aviltadas nos desregramentos emocionais, a serviço
do prazer inferior, que nos atrela a recapitular experiências
lamentáveis e a resgatar compromissos. Em lugar de podermos
expandir nossas faculdades criadoras, para a obtenção
de aquisições abençoadas e puras permanecemos
atrelados a “dolorosos fenômenos de hereditariedade fisiológica”
destinados a restabelecer o reajuste de nossa personalidade. E uma
vez viciada, mesmo que a mente busque a elevação, se
apresenta como um órgão doente, incapaz de responder
de imediato ao comando de uma influenciação mais nobre.
Canais de controle, de comunicação, de comando, se empobrecidos,
seja do corpo físico, exigem um tempo de reabilitação,
por vezes, demorado e penoso.”
Esta é uma das razões pelas quais não nos libertamos
dos vícios e maus hábitos tão facilmente. É
significativa a imagem dada pelo Irmão X: pagamos a varejo
o que compramos por atacado. E no capítulo de nossas experiências
anteriores, recomeçamos a edificar a partir do ponto em que
ficamos: triste ou venturoso. Daí a importância, novamente
da educação bem conduzida e a enorme responsabilidade
dos pais.
“A perversão do nosso plano mental consciente...”
responsável por nossas ações infelizes, “...determina
a perversão de nosso psiquismo inconsciente, encarregado da
execução dos desejos e ordenações mais
íntimas, na esfera das operações automáticas...”
porque redesperta ou sustenta forças íntimas de caráter
pervertido, responsáveis por novas quedas e reincidências
no monodeísmo.
“A vontade desequilibrada desregula o foco de nossas possibilidades
criadoras...”, porque em vez de frenar impulsos para submetê-los
à burilada do discernimento, visando a sublimação
perseguida pelo superconsciente, os deixa prosseguir para uma manifestação
incontrolada.
“Daí procede a necessidade de regras morais para
quem, de fato, se interesse pelas aquisições eternas
nos domínios do Espírito. Renúncia, abnegação,
continência sexual e disciplina emotiva não representam
meros preceitos de feições religiosas. São providências
de teor científico, para enriquecimento efetivo da personalidade...
Centros vitais desequilibrados obrigarão a alma à permanência
nas situações de desequilíbrio...
...pela primeira vez, ouvia comentários sobre consciência,
virtude e santificação, dentro de conceitos estritamente
lógicos e científicos no campo da razão”.
A epífise é um órgão que, sob o comando
da mente, produz “unidades-força” ou substâncias,
portadoras de potenciais eletroquímicos, benéficas,
se aproveitadas para “o serviço de iluminação,
refinamento e benefício da personalidade”; tóxicas,
se retida nos “desvarios de natureza animal, qual imã
relaxado entre as sensações inferiores de natureza animal.”
Na mediunidade, desde que as forças estejam equilibradas “intensifica
o poder de emissão e recepção de raios”
da esfera dos encarnados. Daí ser “indispensável
cuidar atentamente da economia de forças, em todo o serviço
honesto de desenvolvimento das faculdades superiores.”
Como ela produz forças que não podem ser acumuladas,
alguns fomentam a prática do esporte, como meio valioso para
a preservação dos valores orgânicos, da saúde.
Mas trata-se de medida incompleta e defeituosa pois, às vezes,
é providência para expansão de paixões
menos dignas.
Poucos entendem “a necessidade de preservação
das energias psíquicas para o engrandecimento do Espírito
eterno... esquecidos de que Jesus ensinou a virtude como esporte da
alma...”. Daí o valor da renúncia, pois
ela se assenta na lei da elevação pelo
sacrifício...”.
A sangria estimula a produção de células vitais,
na medula óssea; a poda oferece beleza, novidade e abundância
nas árvores. O homem que pratica verdadeiramente o bem, vive
no seio de vibrações construtivas e santificantes da
gratidão, da felicidade, da alegria. Não é fazer
teoria de esperança. “É princípio científico,
sem cuja aplicação, na esfera comum, não se liberta
a alma...”
Compreendia André Luiz a influenciaçào da epífise
“no sexo... e a longa tragédia sexual da Humanidade...
o porque dos dramas... as aflições... as ansiedades...
o cipoal do sofrimento...
...E o homem... sempre inclinado a contrair novos débitos,
mas dificilmente decidido a retificar ou pagar.”
Não que não se deva atender aos reclamos naturais do
corpo, em particular do sexo; mas “distinguir entre harmonia
e desequilíbrio, evitando o estacionamento em desfiladeiros
fatais.”
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