Tese apresentada como requisito parcial para
a obtenção do titulo de Doutor em Historia.
Curso de Pós-Graduação em Historia -
Área de Concentração: Historia, Cultura
e Poder, Setor de Ciencias Humanas Letras e Artes,
Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Euclides Marchi
CURITIBA
2001
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RESUMO
O estudo das religiões,
mais especificamente Espiritismo e Catolicismo, abordado neste
trabalho, vem despertando nas últimas décadas
grande interesse por parte de historiadores, sociólogos
e antropólogos. Foram analisados os discursos produzidos
pelos espíritas e pelos católicos em território
brasileiro, durante o período republicano, até
a metade da década de 60 do século XX. A produção
desses discursos caracteriza um embate entre os dirigentes e
profitentes das duas religiões, demonstrando um acirrado
confronto pela conquista de espaço e poder na sociedade
brasileira. Observa-se que o acirramento do confronto acompanhou
as transformações políticas e, conseqüentemente,
transformações sócio-econômicas que
ocorreram a partir do final do século XIX, com a proclamação
da República em 1889. Essas transformações
se ampliaram no século XX a partir da década de
trinta, com nova agitação política e a
subida ao poder de Getúlio Vargas, e as convocações
para as Assembléias Constituintes e processos eleitorais
advindos dessas constituintes.
Para esta análise foram adotados como base teórica
os conceitos de carisma, urbanismo, racionalismo e sofrimento
de Max Weber, que consubstanciados e ampliados por Pierre Bourdieu
nos forneceram a base teórica para esta analise. Acrescente-se,
em termos da análise de discurso, Michel Focault e Eni
Pulcinelli Orlandi, que proporcionaram uma maior clareza na
abordagem da produção de textos espíritas
e católicos. Os discursos apresentados por essas religiões
(Espiritismo e Catolicismo) demonstram que seus dirigentes e
profitentes acompanharam os processos políticos e sociais
que ocorreram no Brasil e neles se envolveram, buscando cada
grupo ampliar seu espaço, o que lhe garantiria maior
credibilidade, preponderância e poder.
(trecho)
Abordamos e analisamos o discurso produzido
por essas religiões no embate que se estabeleceu em território
brasileiro, com a Igreja Católica, buscando abafar e
impedir o surgimento e crescimento de novas religiões,
e o Espiritismo, procurando espaço para se estabelecer
em iguais condições com a mais poderosa e tradicional.
A recuperação e problematização
do antagonismo construído por espíritas e católicos,
na disputa que estabeleceu entre eles os conceitos religiosos
no Brasil, onde um grande número de pessoas aderiram
aos seus princípios, levaram-nos a busca desta produção
discursiva para que pudéssemos analisa-la e entendê-la,
como elemento componente de determinada época.
O presente trabalho parte da hipótese de que o entendimento
e a compreensão do embate entre espíritas e católicos
na disputa pela conquista e definição dos espaços
de poder na sociedade brasileira, passa, necessariamente, pela
análise da sua produção discursiva até
a década de 60, do século XX, abrangendo o doutrinário
e o extra-doutrinário.
A opção por esta temática baseia-se na
experiência adquirida durante nosso mestrado, quando pesquisamos
uma Sociedade espírita na cidade de Ponta Grossa. No
decorrer da pesquisa, tivemos contato com as fontes usadas no
presente trabalho, o que despertou nossa atenção
para o discurso constante das mesmas, e o que buscavam espíritas
e católicos no embate ali retratado.
(clique aqui para acessar a dissertação de
mestrado)
Neste trabalho a nossa preocupação
é de analisar o discurso que surge como fruto da polêmica
entre espíritas e católicos.
Os pressupostos doutrinários das duas religiões
forneceram a base para a construção do discurso,
tanto para os seguidores como para o combate à adversária,
tendo como ponto comum fornecer as condições necessárias
para que as pessoas alcancem uma melhor condição
na vida pós-morte, com visões diferentes, mas
com o mesmo fim.
(..)
Para o caso do Brasil, onde ocorreu o predomínio
católico por mais de três séculos, opuseram-se
contra a Igreja os novos conceitos religiosos, buscando alcançar
também o poder e posições desfrutadas,
gerando uma disputa.
De acordo com a tese de Max Weber, isso ocorre porque as atitudes
controladoras, com poder de influir nas decisões, junto
a governantes levam os grupos minoritários a tentarem
de todas as formas mostrar a classe dominante que eles também
possuem condições plenas de exercerem os mais
variados cargos, e vão lutar contra o processo de exclusão
das posições de influência política.
Enquadram-se nesta abordagem as reações dos espíritas
nos embates com os católicos nos campos político
e judicial.
Weber trabalha os conceitos de racionalismo, carisma, urbanismo
e sofrimento, que se adequam às abordagens das doutrinas
religiosas por nós pesquisadas, Espiritismo e Catolicismo,
e as tornam mais claras.
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