O
Voluntário...
Motivações para
a Ação
O Terceiro Setor
Sentido Comunitário
Impacto do Setor Voluntário
Influências Culturais
e Religiosas
Valorização
e Preconceitos
Voluntários
Profissionais
Voluntariado no Brasil
Programa de Estímulo
ao Voluntariado no Brasil
Detalhamento das Áreas
de Responsabilidades dos Núcleos
Modelo de Funcionamento dos Núcleos
Detalhamento do Programa
de Capacitação
Marketing Social e Estratégia
Geral de Comunicação
Estratégias
Específicas de Estímulo ao Trabalho Voluntário
Protagonismo Social dos Jovens
Voluntários da Terceira
Idade
Profissionais Liberais: Médicos,
Arquitetos, Advogados, Psicólogos...
Voluntariado
Empresarial: Motivando os funcionários
Outros Temas para Estudo e
Reflexão
O
VOLUNTÁRIO -
"... tem o dom de se doar,... e em algum
momento sente-se chamado a desenvolvê-lo..."
"... dispõe-se a fazer um trabalho sem interesse de
retorno material, apenas espiritual ... ou em troca de algo intangível..."
"... através da atuação junto à
sociedade, sente-se útil...
*... doa sua força de trabalho para alguma causa humana,
social ou ambiental..."
"... tem um conceito mais estruturado do papel do indivíduo
na sociedade ... pensa e age de maneira coletivas.."
"... coloca-se à disposição ... contribui...
oferece-se sem pensar em retribuição... de livre e
espontânea vontade..."
"... valoriza a satisfação pessoal de ter colaborado
para tornar os outros mais felizes..."
Segundo definição
das Nações Unidas, “o voluntário
é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal
e ao seu espírito cívico, dedica parte de seu tempo,
sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades,
organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos...”
Em recente estudo realizado na Fundação
Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário
como ator social e agente de transformação, que presta
serviços não remunerados em benefício da comunidade;
doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela
energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às
necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa,
como às suas próprias motivações pessoais,
sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico,
político, emocional.
Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo,
engajado, participante e consciente, diferenciamos também
o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes,
que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo
de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma “profissionalização
voluntária”; existem também ações
pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos.
Ao analisar os motivos que mobilizam em direção
ao trabalho voluntário, (descritos com maiores detalhes a
seguir), descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais:
o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço
como resposta a uma inquietação interior que é
levada à prática, e o social, a tomada de consciência
dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à
luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.
Altruísmo e solidariedade são valores
morais socialmente constituídos, vistos como virtudes do
indivíduo. Do ponto de vista religioso acredita-se que a
prática do bem salva a alma; numa perspectiva social e política,
pressupõe-se que a prática de tais valores zelará
pela manutenção da ordem social e pelo progresso do
homem. A caridade (forte herança cultural e religiosa), reforçada
pelo ideal, as crenças, os sistemas de’valores, e o
compromisso com determinadas causas, são componentes vitais
do engajamento.
Não se deve esquecer, contudo, o potencial
transformador que essas atitudes representam para o crescimento
interior do próprio indivíduo.
MOTIVAÇÕES PARA A
AÇÃO (sumário)
Uma das razões freqüentemente apontadas para o engajamento
em trabalhos voluntários é que nas atividades diárias
não existem muitos desafios nem realizações,
nem liberdade de ação suficiente, e nas empresas em
geral não existe uma missão, apenas conveniência.
Também é comum que as pessoas realizem
alguma atividade “socialmente útil”, como forma
de retribuir à sociedade todo o conhecimento e experiências
adquiridas ao longo da vida, ou apenas para ter uma ocupação
do seu tempo livre, às vezes produto inclusive da situação
de desemprego. Outro forte motivo alegado é a necessidade
interior de fazer o bem, uma satisfação íntima
pelo prazer de servir, estar bem consigo mesmo beneficiando o outro,
dando de si, sem esperar nada em troca.
Verificam-se certas mudanças nos padrões
do voluntariado nos últimos anos. As pessoas estão
mais interessadas em se envolver em mais de uma causa, oferecendo
seu trabalho voluntário em diferentes atividades. Também
atuam mais na defesa dos direitos (advocacy) e no ativismo político.
Enquanto ainda desejam se envolver com atividades de serviço,
também desejam fazer diferença através de petições,
abaixo-assinados, influência nas políticas públicas,
e outras formas ativas de participação cívica.
É necessário considerar a crescente noção
de cidadania e de defesa de direitos humanos e sociais presente
na sociedade atual.
O principal diferencial das práticas filantrópicas
atuais com relação ao passado reside no fato de que
sua população clientela não é mais concebida
como sujeitos dependentes e tutelados. Os cidadãos engajam-se
em atividades voluntárias não apenas para exercitar
a caridade, mas para exercer suas cidadanias na defesa dos seus
direitos e os dos outros.
Segundo documentação dos pesquisadores,
o trabalho voluntário pode melhorar a auto-imagem, promover
um sentimento de realização e competência e
agir como um antídoto para o stress e a depressão.
De fato, alguns estudos mostram que os voluntários tendem
a ser mais saudáveis e felizes e viver mais que aqueles que
não o são. Na realidade brasileira, segundo dados
recolhidos na prática, voluntários de camadas socioeconômicas
baixas, com problemas de inserção social, rejeição,
falta de raízes devido às constantes migrações,
encontram no trabalho voluntário um forte componente para
conformarem sua identidade, aumentarem sua autoestima, e se sentirem
valorizados no meio social em que atuam.
O TERCEIRO SETOR
(sumário)
O Terceiro Setor, espaço privilegiado para a ação
voluntária, cumpre basicamente as seguintes funções:
> Iniciar novas idéias
e processos.- o ambiente é propício para a inovação.
A cada momento surgem idéias sobre como fazer as coisas de
modo diferente, e se possível, melhor do que antes, inovando-se
em áreas onde os órgãos públicos carecem
de conhecimento ou temem se aventurar.
> Influenciar políticas públicas:
organizações voluntárias podem testar novas
idéias, iniciar serviços controvertidos em seus estágios
iniciais, e podem exercer influência direta na formatação
e promoção de políticas públicas.
> Apoiar minorias ou interesses locais: podem
experimentar novas idéias com menos precaução
que os governos, podem apoiar causas e interesses que seriam rejeitados
por preconceitos ou interesses prioritários das maiorias.
> Promover parcerias: Com freqüência
as organizações voluntárias estimulam e coordenam
atividades nas quais tanto o governo como a empresa privada interagem
em prol do bem público.
> Ajudar outros países: as organizações
voluntárias oferecem ajuda em situações onde
o auxílio dos governos seria politicamente inaceitável.
> Promover a cidadania participativa e o altruísmo.-
uma das mais importantes contribuições das organizações
voluntárias, além do que fazem pelos seus beneficiários,
é a transformação pessoal dos seus participantes
voluntários.
SENTIDO COMUNITÁRIO
(sumário)
Na história européia, a filantropia e a caridade eram
predominantemente virtudes privadas. Eram noções perpétuas,
imutáveis, até certo ponto rígidas.
Já que era mais virtuoso dar do que receber,
o valor da caridade provinha mais dos motivos do próprio
doador do que dos efeitos da sua ação.
Nos Estados Unidos, o espírito filantrópico
desenvolveu-se, mudou, floresceu e se institucionalizou de uma maneira
peculiar. A nota dominante era a preocupação com a
comunidade. Os propósitos da filantropia eram o enriquecimento
da qualidade de vida das comunidades. O foco mudou do doador para
o receptor, da salvação das almas para a resolução
de problemas, da consciência individual para as questões
comunitárias.
Através da participação dos
seus membros, esperava-se que a comunidade gerasse seus próprios
benefícios, hoje em dia sendo vista cada vez menos como o
alvo da generosidade do doador e cada vez mais como uma parte integrante
do capital social.
No Brasil não existe uma forte tradição
comunitária. Talvez se explique historicamente pelo fato
de os colonizadores aqui apartarem movidos por interesses individuais,
pela ânsia do lucro rápido, para extrair as riquezas
do Novo Mundo com o único objetivo de enriquecer a metrópole.
IMPACTO DO SETOR VOLUNTÁRIO
(sumário)
O setor voluntário joga um papel integrador, reunindo indivíduos,
grupos, instituições e inclusive países que
em outros contextos poderiam estar em conflito ou competição
entre si. Assim como produz novas idéias sobre comportamento
social, o setor é ativo também na preservação
de antigas tradições e valores da cultura.
Através da participação em
atividades voluntárias, as pessoas encontram espaço
para seu crescimento pessoal, para a “auto-atualização”
segundo termo cunhado por Maslow. O processo de se informarem, de
aprimorarem seu espírito crítico, leva-os à
conscientização dos problemas. Para muitos, a ação
voluntária permite a utilização de talentos,
habilidades e potenciais não aproveitados no seu dia a dia
profissional.
Por último, os voluntários representam
um recurso latente de participação para causas ou
ações de que a sociedade como um todo venha a precisar
em situações de emergência, constituindo-se
num enorme reservatório de energia em potencial que pode
ser mobilizada em prol do bem comum.
O papel tradicional do indivíduo voluntário
prestando serviços de assistência continuará
corno uma importante contribuição e uma saída
para o compromisso pessoal. Este papel, porém, deve ser continuamente
submetido à análise e redefinição para
passar nos testes de relevância e prioridade.
INFLUÊNCIAS CULTURAIS E RELIGIOSAS
(sumário)
Quase todas as religiões, mesmo as mais novas, compartilham
os ensinamentos de Jesus, Moisés, Alá e Buda, expressas
na Bíblia, no Velho Testamento, no Alcorão, nos Dez
Mandamentos, na Torah. E todas elas consideram a caridade como a
maior das virtudes.
Na tradição judaico-cristã,
a caridade era diretamente relacionada com o alívio das necessidades
dos pobres, famintos, doentes (tradição do Bom Samaritano).
Já entre os gregos e romanos, o objeto da doação
não eram os indivíduos necessitados, mas o público
em geral, a cidade.
A intenção não era tanto aliviar
o sofrimento, como enriquecer a qualidade de vida. Este conceito
grego, mais amplo, está mais intimamente relacionado com
a idéia atual de instituição filantrópica.
Embora as pessoas tenham se reunido para propósitos
assistenciais e solidários desde o começo dos tempos,
as modernas formas associativas do esforço voluntário
foram muito estimuladas pela Reforma, e seu movimento pela liberdade
de associação, incentivado pela urbanização
da sociedade durante a revolução industrial, e expandiram-se
rapidamente no século XX. Estas organizações
foram criadas e muitas existem até hoje para preencher grande
variedade de propósitos, das necessidades individuais dos
seus membros a serviços mais amplos para as comunidades.
Em pesquisa recente no Brasil, Emerson Giumbelli
afirma que mesmo com suas divergências, espiritismo e catolicismo
são semelhantes quanto ao significado da caridade: a salvação
está relacionada ao “outro”, e este pode ser
o “pobre”, o “necessitado” ou o “desvalido...”
Mais do que um valor, a caridade é um mandamento, que mobiliza
recursos pessoais (voluntários) e financeiros (contribuições)
para ações filantrópicas, seja em instituições
específicas ou nos diversos centros espíritas. A maioria
das instituições espíritas se declaram com
fins assistenciais (71%), o que demonstra que a motivação
religiosa e a atividade assistencial estão articuladas, a
última não existindo desvinculada da primeira. É
porque a caridade faz parte da doutrina espírita que a filantropia
adquire sentido.
Tanto a militância pelas causas sociais como
o voluntariado partem de uma emoção, entre elas a
indignação, ou a compaixão. O importante ponto
em comum é que ambos se transformam a si mesmos, e assim,
em conjunto, os indivíduos, as comunidades, e o país
caminham em direção à confiança e à
solidariedade.
É lícito pensar em “politizar
a ação voluntária” no sentido de não
perder de vista as causas reais dos problemas, possibilitando que
o voluntário se transforme e transforme seu entorno, sentindo-se
co-responsável pelas soluções a médio
e longo prazo.
Pressente-se um esgotamento dos antigos modelos
de voluntariado, ou seja, da simples ação apenas pela
boa vontade, e do trabalho somente por motivos pessoais. O trabalho
voluntário enquanto exercício de cidadania deve não
só procurar a defesa de direitos, mas também assumir
cada vez maiores responsabilidades.
VALORIZAÇÃO E PRECONCEITOS
(sumário)
Existem na sociedade certos preconceitos, ao se ver o voluntariado
não como um trabalho senão apenas como um passatempo.
Também é comum se associar o perfil do voluntário
ao de senhoras desocupadas e sem especialização; às
vezes, os voluntários são alvo da desconfiança
dos funcionários contratados das instituições,
que se sentem ameaçados em seus postos de trabalho.
Por outro lado, algumas causas sensibilizam mais
a sociedade em geral, especialmente a criança doente ou deficiente,
e os voluntários que se dedicam a este segmento contam com
grande valorização e prestígio social pela
sua escolha, dependendo do tipo de instituição ou
do tamanho do projeto.
VOLUNTÁRIOS
"PROFISSIONAIS" (sumário)
Muitas organizações sem fins lucrativos ainda dizem:
“Nós não remuneramos os voluntários,
portanto não podemos exigir nada deles...” Hoje se
faz necessária uma mudança de atitude: “Os voluntários
precisam obter muito mais satisfação de suas realizações,
exatamente porque não recebem nenhuma remuneração...”
A constante transformação do voluntário, de
amador bem-intencionado a membro não remunerado da equipe,
profissional e treinado, é o progresso mais significativo
no setor sem fins lucrativos.
A priori, as pessoas não são “voluntárias
em si.. “ A instituição que as acolhe tem que
transformá-las em voluntários, aprimorando e desenvolvendo
seu impulso solidário para transformá-lo em compromisso.
É fundamental considerar o bem-estar do voluntário,
sua gratificação, satisfação, felicidade
e prazer ao realizar o trabalho solicitado, assim como o potencial
de desenvolvimento pessoal (profissional e emocional), e sobretudo,
as motivações que o levaram até a instituição.
Na relação entidades/voluntários,
o espaço para a ação tem que ser um sistema
motivador. Deve existir uma política definida, conceito e
objetivos claros sobre o trabalho voluntário; objetivos específicos:
resultados e metas claramente definidos para o trabalho voluntário;
sistemas de capacitação, aperfeiçoamento, avaliação,
e motivação constantes; e um sistema de informação,
com indicadores de resultado, para dar retorno da ação,
como uma espécie de prestação de contas dos
resultados atingidos pelo esforço comum. A maior frustração
de um voluntário é a falta de organização
da entidade.
Ao estudar programas voluntários, uma conclusão
inevitável é que eles requerem um certo nível
de suporte financeiro, especialmente para garantir a contratação
de um diretor ou coordenador. Conforme o depoimento de muitas instituições
ouvidas, é recomendável que o gerenciamento do corpo
de voluntários esteja em mãos de um profissional remunerado,
funcionário efetivo da instituição, para garantir
a continuidade dos planos, e evitar sucessivas mudanças de
rumo na política do corpo de voluntários.
A chegada dos voluntários nas instituições
deve ser preparada cuidadosamente: é preciso perceber que
as instituições possuem uma história, uma cultura,
uma dinâmica e uma equipe que já está desenvolvendo
um trabalho, o que a iniciativa da inserção do voluntário
vem se somar às presentes e não procura negar o já
realizado.
Mas quais são as necessidades deste pessoal
não remunerado? Que razões eles têm para permanecer
na instituição? Sua primeira e mais importante exigência
é que a organização tenha uma missão
clara, que dirija todas suas atitudes. A segunda é treinamento.
Uma das maneiras mais eficazes para motivar e manter os voluntários
veteranos é reconhecer sua competência utilizando-os
como agentes para treinar os recém-chegados.
Por seu lado, as pessoas devem gostar do trabalho
voluntário que realizam e devem ser seletivas, aceitando
aqueles que melhor se encaixem nas suas habilidades e preferências.
Devem se comprometer apenas com o tempo de que realmente dispõem
para executar as tarefas, e não assumir responsabilidades
que não poderão cumprir.
Os voluntários se afastam da instituição
quando a prática do grupo não satisfaz suas necessidades
e expectativas. Para obter os melhores esforços de uma pessoa
na equipe, ela precisa:
> saber o que se espera dela
> sentir que pertence à organização
> sentir que honestamente se precisa dela
> poder partilhar o planejamento das metas do
grupo em clima de liberdade
> sentir que é possível alcançar
os objetivos e que os mesmos têm sentido para ela
> ter delegação de responsabilidades
que desafiem suas habilidades.
Não menos importante é o fato de que o trabalho voluntário
deve ser fácil para o indivíduo, o que deve priorizar
a escolha por ações próximas de sua residência,
para tornar acessível o seu desempenho, fator relevante,
por exemplo, no recrutamento de voluntários da terceira idade.
Outrossim, a entidade deve considerar pelo menos
uma ajuda de custo para cobrir despesas de material, transporte,
alimentação ou outras, originadas pelo seu trabalho,
e mais especialmente para voluntários de baixa renda, que
não têm possibilidades de contribuição
financeira.
Até onde sabemos, parece mais fácil
perder um voluntário do que ganhar outro. Portanto, uma estratégia
de estímulo será sem dúvida profissionalizar
esta ação não remunerada dentro da instituição.
Se as ONGs quiserem atrair e manter seus voluntários, terão
que utilizar a competência e os conhecimentos que eles aportam.
Precisarão lhes oferecer realizações
com um propósito. Profissionalizar o setor
requer uma missão clara, aprendizado e ensino contínuos,
gerência por objetivos e auto-avaliação, alto
nível de exigência mas a correspondente liberdade de
ação e responsabilidade pelo desempenho e pelos resultados.
VOLUNTARIADO NO BRASIL
(sumário)
O trabalho voluntário, as ações voluntárias
e a concepção de voluntário não são
temas com forte tradição de estudos ou mesmo debates
na sociedade brasileira. Historicamente este tipo de trabalho esteve
vinculado à atuação de damas caridosas da sociedade,
essencialmente tratando-se de um trabalho feminino. Só recentemente,
nas últimas décadas, em decorrência da luta
por direitos humanos, civis e sociais é que este trabalho
começou a ser visto, em algumas esferas da sociedade civil,
como possibilidade de ação cívica, bem como
de ação voltada para o bem alheio (ou público).
A ação voluntária pode ser
apenas uma ajuda informal (ao vizinho, ao colega), um esforço
no sentido de consolidar o espírito comunitário, uma
ajuda formal, através dos serviços sociais organizados,
e/ou uma oportunidade para mudanças sociais. No Brasil de
hoje, em maior ou menor grau, estão presentes as quatro vertentes,
com certa predominância da terceira. Organizações
tradicionais, especialmente as ligadas a movimentos religiosos e
variadas instituições da área da saúde,
vêm realizando desde há décadas importantes
contribuições no aproveitamento do trabalho voluntário.
Na década de 90, o surgimento da Ação
da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, constituiu-se
em fato de extrema relevância para revitalizar uma consciência
adormecida na sociedade brasileira: a solidariedade, traduzida em
esforço voluntário.
A proposta da Ação pela Cidadania
foi deixar de esperar por ações estruturais que não
estariam ao alcance do cidadão, mas estimular o gesto imediato,
o alimento para quem tem fome, partindo para ações
emergenciais como um primeiro passo. A partir deste movimento, muitos
outros surgiram com a mesma proposta: fazer com que a sociedade
tome iniciativas imediatas para resolver os seus problemas e, ao
mesmo tempo, pressione o Estado para que ele cumpra seu papel de
formular políticas públicas.
PROGRAMA DE ESTÍMULO
AO VOLUNTARIADO NO BRASIL (sumário)
O Programa de Estímulo ao Voluntariado ora apresentado tem
como objetivo geral promover o conceito e a prática da cidadania
no país pela participação consciente, solidária
e comprometida dos indivíduos em ações voluntárias,
oferecendo canais organizados para a ação.
Seus objetivos específicos são: valorizar
a imagem do voluntário, aumentar o número de indivíduos
e ações voluntárias, qualificar os agentes
voluntários, e produzir e socializar informações.
As duas grandes linhas estratégicas propostas
contemplam inicialmente a criação de uma rede de Núcleos
de Voluntários, em grandes cidades de várias regiões
do país, e uma ampla campanha de marketing e comunicação,
embasadas em sólidas parcerias entre os diversos atores.
Entre as atividades que estes Núcleos realizariam,
destacam-se:
> o reconhecimento, a valorização
e a difusão das ações voluntárias já
existentes;
> a promoção do valor social do
trabalho voluntário;
> a conscientização, mobilização
e engajamento de novos voluntários;
> a organização da oferta e da
demanda;
> a capacitação das entidades
para o gerenciamento dos voluntários;
> a capacitação de voluntários
em habilidades específicas;
> a realização de pesquisas sobre
a realidade atual do esforço voluntário e a publicação
dos resultados das ações já existentes;
> a publicação e distribuição
de Manuais de Orientação gerais e específicos.
Sugerimos que estes Núcleos promovam programas de capacitação,
para aumentar o conhecimento e as habilidades das organizações
sobre o recrutamento e o gerenciamento dos voluntários, e
focalizem suas ações em seis áreas prioritárias:
a situação da infância, a pobreza, a saúde,
a educação, o meio-ambiente e situações
extraordinárias (por exemplo, prevenção de
desastres naturais, preparação para Olimpíadas
e outros).
Os Conselhos de cada Núcleo seriam formados
por dirigentes locais de organizações que já
trabalham com voluntários, considerando as especificidades
de cada um, para compor um corpo diretivo com “expertise”
em diversas áreas temáticas, assim como em técnicas
de recrutamento, seleção, treinamento, gerenciamento
e reconhecimento de voluntários.
DETALHAMENTO DAS ÁREAS
DE RESPONSABILIDADE DOS NÚCLEOS (sumário)
1. informação e comunicação:
· pesquisa, cadastro/catálogo de oferta e demanda,
banco de dados, produção de material de apoio, distribuição,
divulgação, socialização de experiências
bem sucedidas, insucessos e suas causas, diversas mídias.
2. ação política:
> articulação entre as organizações,
intercâmbio de experiências;
> parcerias entre diversos atores (Estado, Empresa Privada, Sociedade
Civil); fortalecimento dos mecanismos democráticos de participação
(Conselhos, Fóruns); aspectos legais do trabalho voluntário,
legislação trabalhista, estatutos, regulamentações,
cumprimento das leis existentes;
> propostas de políticas públicas eficazes em relação
ao desenvolvimento e seguridade sociais; exigência de sua
existência e de seu cumprimento;
3. marketing; mobilização, incentivo
e reconhecimento:
> promoção de mudança da imagem do trabalho
voluntário freqüentemente visto ainda sob o viés
do antigo ranço assistencialista e como um simples passatempo,
amador e desvalorizado.
> estratégias gerais de incentivo ao protagonismo social,
fomentando a > construção da cidadania pela participação
e ampliando a visão de comunidade;
> reconhecimento público do valor do trabalho voluntário
4. acolhida, seleção, encaminhamento,
orientação:
> processo de acolhimento dos interessados em voluntariar que
não sabem a quem se dirigir:
> “triagem” na recepção, avaliação
de suas capacidades, habilidades, e potencialidades, encaminhamento
seletivo de acordo com a demanda, orientação.
5. capacitação:
> capacitação dos dirigentes de instituições
e dos formadores de voluntários;
> identificação e desenvolvimento das lideranças
comunitárias;
> capacitação dos voluntários em conteúdos
gerais, no seu papel de protagonista social, na formação
de atitudes e da sua mentalidade;
> na sua postura, compromisso, responsabilidade, incluindo a
transcendência, trabalhando suas motivações,
limitações, frustrações;
> conhecimento, compilação e divulgação
de treinamentos especializados nas áreas de saúde,
educação e outras, para articulação
entre entidades da área.
6. avaliação:
> processo de avaliação contínua da ação
voluntária no país.
MODELO DE FUNCIONAMENTO DOS NÚCLEOS
(sumário)
Os Núcleos de Voluntários, para cumprir com a sua
missão de incentivar, promover e organizar o trabalho voluntário
no país, deverão desempenhar as seguintes funções:
1. nas relações com
os voluntários
> acolhida, recepção, informações
> organização da oferta e da demanda (cadastro,
banco de dados)
2. nas relações com as entidades,
orientação para:
> recrutamento, seleção, encaminhamento, orientação,
desligamento
> gerenciamento dos voluntários
> treinamento
> descrição das tarefas
> acompanhamento, supervisão
> avaliação
> motivação, estímulo e reconhecimento
> treinamento dos funcionários, relações
com os voluntários
> aspectos legais, estatuto das instituições, relações
de trabalho
> encontros e intercâmbios, seminários de formação
3. nas relações gerais com a sociedade
> planejamento comunitário
> desenvolvimento de programas preventivos e com uma atitude
pró-ativa na > resolução dos problemas
> parcerias com todos os potenciais agentes de mudança
social
> ênfase no desenvolvimento de programas de trabalho voluntário
corporativo ou empresarial
4. na produção de conhecimento
> pesquisa, estatísticas, tendências
> banco de dados sobre ações voluntárias
> sistematização das experiências
> organização e socialização de bibliografia
5. na disseminação e divulgação
> comunicação: diversas mídias
> publicações; manuais específicos
> encontros, conferências e seminários públicos
6. nas relações interinstitucionais
> participação nos Fóruns sobre trabalho
voluntário
> participação nas entidades associativas internacionais
> intercâmbio de experiências, conferências
nacionais e internacionais
DETALHAMENTO DO PROGRAMA
DE CAPACITAÇÃO (sumário)
1. Liderança: desenvolvimento de habilidades de liderança
dos dirigentes dos Núcleos, dos membros de seus Conselhos,
da equipe técnica. Deverão se capacitar para inspirar
confiança e demonstrar credibilidade e excelência na
sua ação, e deverão poder treinar outros líderes
comunitários.
2. Cooperação e colaboração entre os
Núcleos: estabelecimento da rede, Capacitar para que sejam
catalisadores e mobilizadores de voluntários sobre problemas
específicos enfrentados pelas suas comunidades. vês
da organização e sistematização sensibilização,
e torná-los perenes, atrás deste enorme potencial
voluntário no Brasil-
3. Sistema de qualidade do modelo: permitir que os Núcleos
tenham acesso a informações atualizadas sobre as melhorias
práticas. Treinar para recolher, sistematizar e disponibilizar
informações.
4. Planejamento financeiro: auxiliar os Núcleos a encontrar
equilíbrio financeiro e estabilidade, treinando líderes
e Conselhos para se engajarem em planejamentos financeiros de longo
alcance, para identificar e aceder a fontes apropriadas de financiamento.
5. Marketing: treinar os Núcleos para obter visibilidade
e posicionamento dentro de suas comunidade, para assumir um papel
protagônico na mobilização de voluntários
e na resolução dos problemas da comunidade.
6. Avaliação de impacto: desenvolver entre os Núcleos
a capacidade de determinar o sucesso reduzindo os problemas comunitários.
7. Tecnologia: treinar as equipes dos Núcleos para poder
avaliar e utilizar tecnologia apropriada, para melhorar todos os
aspectos do funcionamento.
8. Treinar multiplicadores: capacitar multiplicadores para proporcionar
maior alcance da ação, melhor construção
e desenvolvimento de habilidades da equipe e dos voluntários.
MARKETING SOCIAL E ESTRATÉGIA
GERAL DE COMUNICAÇÃO (sumário)
Na sociedade atual, o ser humano recebe milhares de mensagens diferentes
por dia, em diversos meios e formatos. Para que uma mensagem obtenha
destaque na mente de uma pessoa e seja assimilada em detrimento
de todas as outras, é necessária a confluência
de vários fatores: predisposição do indivíduo,
adequação da linguagem, do momento, do canal, etc.
Os problemas sociais quase sempre pedem uma mudança,
seja da sociedade como um todo ou de um grupo específico.
O desafio e o objetivo específico do marketing social é
planejar e gerar esta mudança social.
A maior parte da população sabe da
existência dos problemas sociais. Eles estão estampados
nos jornais e noticiários de TV e rádio, que exercem
relativamente bem seu papel de denúncia, e também
no cotidiano, nas esquinas das ruas, no ar que se respira, basta
olhar o ambiente que nos cerca.
Mas o que a maioria das pessoas não sabe
é da existência dos canais para participar efetivamente
do processo de mudança e melhoria da qualidade de vida da
comunidade. Ou não foram atingidos por campanhas que contivessem
o argumento adequado para romper a inércia e engajá-los
na luta por urna causa social.
Campanhas de cunho social existem há tempos,
mas seu retorno não é facilmente rnensurável,
e alguns exemplos indicaram que os resultados ficam aquém
do esperado. Após as campanhas publicitárias da Ação
pela Cidadania, que contaram com a força da imagem singular
do Betinho, e amplo apoio dos meios de comunicação
para sua divulgação maciça, o nível
de consciência em geral da população mudou;
perdeu-se a vergonha de falar sobre o sonho de um país melhor.
Durante os três anos e meio da Campanha da
Ação Pela Cidadania foram criados, produzidos e veiculados
gratuitamente 28 comerciais, 32 anúncios, 11 spots de rádio.
Publicitários, fotógrafos, diretores de cinema, cenógrafos,
produtores de elenco, maquinistas, eletricistas, locutores, produtoras,
agências de propaganda e praticamente toda a mídia
nacional, prestaram sua solidariedade através do seu trabalho
voluntário. Caso as atividades fossem pagas, calcula-se que
seriam necessários cerca de 2 milhões de dólares
para a produção, mais de 2,5 milhões para remuneração
dos artistas participantes, e cerca de 20 milhões de dólares
para a sua veiculação nestes três anos.
As mensagens chamavam “todos” a lutar
em benefício do “outro”, a responsabilidade de
“cada um...” O desafio agora é colher os frutos
desta sensibilização, e torná-los perenes,
através da organização e sistematização
deste enorme potencial voluntário no Brasil.
Em geral, campanhas de arrecadação
de recursos sempre dão retorno mais imediato, especialmente
quando o canal de participação está bem estruturado
(doação a ser cobrada na conta telefônica, por
exemplo). Já para engajar indivíduos em trabalho voluntário
as ações necessárias são mais complexas,
e envolvem o uso de estratégias de comunicação
mais dirigidas, orientadas a públicos específicos,
num trabalho mais próximo, quase de corpo a corpo, para reforçar
o apelo das campanhas massivas.
Para atingir uma efetiva mobilização
e engajamento, devemos considerar diferentes públicos alvos:
> Instituições sem fins lucrativos
que já utilizam ou que precisam de trabalho voluntário.
Elas seriam as parceiras iniciais e as geradoras de demanda.
> Empresas que desejem fomentar o espírito voluntário
entre seus funcionários e que possam colaborar com recursos
humanos e financeiros para a manutenção do Programa.
> Todas as pessoas com predisposição ao trabalho
voluntário; aqueles que “querem fazer algo mas não
sabem como... “
> Governos, pela imprescindível articulação
com as políticas públicas.
Imprensa, pelo seu papel difusor.
> Agências de comunicação, promovendo a produção
das diversas peças.
> Veículos de comunicação, fornecendo espaços
gratuitos.
Neste Programa o “produto” a ser colocado no mercado
são idéias e comportamentos. O comportamento é
resultado da conscientização e da internalização
de atitudes e valores sobre a importância do voluntariado.
Uma campanha de mobilização em direção
ao trabalho voluntário deve ter duas fases iniciais: a conscientização
sobre o que é ser voluntário (valorização
do conceito), e a geração de fluxo de candidatos para
os Núcleos (incentivar a disponibilidade de fazer).
Em síntese, uma estratégia
geral de Comunicação deve despertar a consciência
e a participação de indivíduos, mostrando que
eles podem ser agentes de transformação, quebrando
a estrutura de cegueira e indiferença. Ela teria os seguintes
objetivos específicos:
> Relançar o conceito
de Voluntário. Criar uma identidade, mudar a imagem de um
produto antigo e desgastado. Valorizá-la, enfatizando o exercício
da cidadania pela participação.
> Propor ferramentas concretas de ação.
Remetendo à informação e treinamento disponíveis
nos Núcleos de Voluntários.
> Atrair e mobilizar participantes.
> Informar resultados, prestar contas para reforçar
a credibilidade. Este cuidado colabora para diminuir a desconfiança
e o medo da corrupção.
> Levar a uma mobilização do meio
político, através da pressão da opinião
pública, para que soluções estruturais venham
a ser adotadas, objetivando mudanças.
MOTIVAÇÃO PARA A AÇÃO:
A NECESSIDADE E A POSSIBILIDADE CONCRETA DE FAZER O BEM, AOS OUTROS
E A ELAS MESMAS.
A CHANCE REAL DE ROMPER COM A INÉRCIA.
ESTRATÉGIAs ESPECÍFICAS
DE ESTÍMULO AO TRABALHO VOLUNTÁRIO
(sumário)
Para promover um efetivo engajamento, as estratégias são
múltiplas e diferenciadas, dirigidas tanto ao público
que já desenvolve alguma ação, como aos indivíduos
voluntários em potencial; também precisam ser considerados
como públicos alvos as próprias organizações
que utilizam este tipo de serviço, sejam governamentais ou
do Terceiro Setor, e os fornecedores de serviços (comunicação,
veiculação, criação gráfica,
impressão, distribuição, etc.).
Não se deve esquecer que líderes atuantes
na comunidade, formadores de opinião, empresários
sensíveis à problemática social, são
importantes alvos a atingir para contribuir com sua experiência
profissional na composição dos Conselhos das organizações
e dar assim maior impulso, credibilidade e visibilidade às
ações.
As estratégias de estímulo ao engajamento
voluntário da sociedade não necessariamente devem
ser orientadas apenas por faixa etária, mas ligadas às
habilidades, talentos e interesses das pessoas, porque muitas ações
podem ser igualmente desempenhadas por jovens, adultos e idosos.
Podem ser considerados também outros grupos segundo diferentes
critérios: profissionais liberais ativos, que podem doar
horas de trabalho; profissionais aposentados, que podem ensinar
seu ofício; funcionários de empresas, e outros.
Também é muito importante que as instituições
informem claramente ao voluntário em potencial quais os objetivos
do trabalho, a curto, médio e longo prazo. Os objetivos quantitativos,
as metas a atingir, devem ser bem explícitos, e a gerência
orientada para os resultados; os objetivos qualitativos devem contar
com um minucioso plano de avaliação do impacto, sem
descuidar dos objetivos para o desenvolvimento pessoal e profissional
dos próprios voluntários.
Desta maneira, os candidatos sentem-se participantes
de um processo bem planejado, bem controlado e que lhe fornece medidas
concretas do alcance de sua ação, e do seu próprio
crescimento.
Ao implantar estratégias específicas,
deve existir previamente uma demanda clara e definida e, sempre
que possível, devem se basear em pesquisas prévias.
Diversos grupos de público de voluntários:
> crianças (escoteiros,
bandeirantes, alunos de 12 grau, etc.)
> jovens (estudantes de escolas, colégios,
universidades; jovens da comunidade, membros de clubes e associações
religiosas, culturais, de serviço)
> idosos, terceira idade em geral
> adultos, sociedade em geral (indivíduos,
sindicatos, clubes, associações)
> profissionais aposentados
> profissionais liberais e/ou autônomos
> profissionais ativos, funcionários
de empresas e suas famílias - pessoas que estiveram doentes,
ou sofreram emocionalmente por diversos motivos, ou que foram dependentes
de tóxicos, etc.(para grupos de auto-ajuda).
Diversos grupos de público beneficiário:
> crianças e adolescentes
(de rua, institucionalizadas, da comunidade; de diversas classes
sociais, com diversos tipos de necessidades: dificuldades de aprendizagem,
problemas de saúde, e outros; jovens em situação
de risco: “pré-delinquentes”, prostituídos/as)
> idosos (asilos, casas de repouso, nas famílias
da comunidade)
> população com carências,
em geral (habitação, alimentos, serviços de
saúde)
> doentes, deficientes, dependentes (pacientes
e seus familiares)
> vítimas de desastres e catástrofes
naturais
> meio ambiente, ecossistema
> artes, cultura: museus, orquestras, acervos,
monumentos, manifestações de arte popular, diferentes
etnias, etc.
Diversos tipos de ação:
> ajuda emergencial ou em situações
extraordinárias (desastres: primeiros socorros, abrigos,
alimentos, roupas, mutirão para reconstrução
de casas danificadas; preparação para grandes eventos
nacionais, como Olimpíadas, etc.)
> ajuda assistencial, (arrecadação
e distribuição de alimentos, agasalhos, captação
de recursos materiais e financeiros, serviços de atendimento
em saúde e educação, etc.)
> campanhas pontuais de doações
diversas: remédios, equipamentos, dinheiro
companhia, lazer, recreação: visitas e passeios com
crianças, idosos ou doentes
> aconselhamento de jovens: estudo, profissões
> saúde: serviços médicos,
psicológicos, de enfermagem, nutrição, medicina
preventiva, vacinação; pacientes e familiares em hospitais,
conforto emocional; grupos de auto-ajuda;
> educação: de adultos -alfabetização,
ofícios-; ajuda a crianças/jovens com problemas de
aprendizagem, orientação vocacional e profissional.
> defesa dos direitos (advocacy), diversas causas
capacitação em geral, profissionalização,
a jovens e adultos.
> meio ambiente: reflorestamento, prevenção
de desastres ecológicos, denúncias, proteção
de animais.
PROTAGONISMO SOCIAL DOS JOVENS
(sumário)
Acreditamos que um programa de voluntariado deve propiciar aos adolescentes
e jovens o acesso a práticas em causas ligadas ao bem comum,
ao meio ambiente, à preservação de bens culturais,
ao resgate de memória histórica, assim como a proporcionar
companhia e lazer a outros indivíduos.
Pode se estimular a participação promovendo
debates e encontros em escolas e universidades, distribuindo material
informativo (folhetos, brochuras, cartazes, fichas para cadastro),
e estimular a reflexão sobre o tema através de concursos
de textos, artigos e teses sobre voluntariado.
Seguem, apenas a modo de exemplo, alguns tipos de
trabalho voluntário que os jovens podem realizar.
Trabalhos de tipo individual, estabelecendo relações
pessoais sólidas com o beneficiário:
> jovens estudantes ajudando
crianças com problemas de aprendizagem nas escolas da comunidade,
como “tutores...
> jovens “adotando” uma criança
sem pai/ou mãe na comunidade, acompanhando seu desenvolvimento
e desempenho escolar.
> jovens que superaram problemas de dependência,
como drogas, álcool e outros comportamentos auto-destrutívos,
auxiliando jovens que estejam enfrentando a mesma situação.
> jovens que superaram doenças graves,
fazendo companhia e aconselhamento a crianças ou jovens na
mesma situação.
> jovens que “adotam um avó”;
fazem companhia, oferecem distração e entretenimento,
aulas de informática ou leituras para um idoso solitário,
na comunidade ou em instituições.
Trabalhos em grupos:
> Programas de manejo e conservação
da natureza em reservas ambientais, programas de limpeza e conservação
de parques, praças, jardins e pátios de escolas ou
entidades.
> Diversos tipos de atividades culturais para
a comunidade: shows, mostras, exposições, feiras.
> Acampamentos de trabalho de fins de semana:
estudantes universitários selecionando uma comunidade e ajudando
na reparação (pintura, telhado, parte elétrica
e hidráulica) das casas de habitantes de baixa renda.
VOLUNTÁRIOS DA TERCEIRA
IDADE (sumário)
As pessoas da terceira idade, geralmente já aposentadas,
têm mais tempo disponível nesta etapa da vida; também
costumam sofrer as conseqüências da solidão, seja
por não terem familiares próximos, ou pela falta de
oportunidade de convivência assídua com filhos e netos.
Por outro lado, numa cultura que sobrevaloriza a juventude, o idoso
sente-se discriminado e inútil.
O trabalho voluntário apresenta-se assim
como uma grande oportunidade de se manter ativo, física e
intelectualmente saudável, motivado e participante. Sua experiência
e suas habilidades, quando aproveitadas em programas bem planejados,
são de grande valor para a comunidade; não se deve
esquecer o valor cultural de transformação que representa
a promoção da reinserção do idoso na
sociedade, mostrando às crianças e jovens o quanto
estas pessoas acumularam de experiência e o quanto podem ainda
transmitir.
Os voluntários da terceira idade podem usar
seus conhecimentos em atividades que beneficiem rápida e
diretamente os outros, por exemplo:
> Pessoas que levam distração,
jazer, cultura, (apresentam fitas de vídeo ou cinema, contam
histórias, ensinam artesanato) a crianças doentes
internadas em hospitais.
> Pessoas da terceira idade, saudáveis,
que fazem companhia e pequenos reparos domésticos nas residências
de idosos doentes, que moram sozinhos ou que não podem se
locomover
> Voluntários que organizam passeios,
viagens e programas culturais (aulas de atualização,
artesanato, concertos, museus) para pessoas da sua mesma idade e
interesses.
> Pessoas que “adotam um neto”,
acompanhando os estudos, ajudando nas lições, proporcionando
lazer a uma criança da sua comunidade.
> Pessoas com experiência nos esportes,
que podem organizar e treinar times comunitários, e formar
novos treinadores.
> Professores, aposentados ou não, que
gravam fitas de áudio de livros didáticos ou temas
científicos para estudantes deficientes visuais: ou que datilografam
obras em sistema Braille.
PROFISSIONAIS LIBERAIS:
MÉDICOS, ARQUITETOS, ADVOGADOS, PSICÓLOGOS...
(sumário)
Em cada categoria profissional existem aqueles que possuem uma atitude
transformadora. Falta às vezes um reforço à
vontade e um canal de participação.
Na área da saúde, são inúmeros
os casos de experiências no Brasil em que médicos,
dentistas, fonoaudiólogos, psicólogos e psiquiatras,
oftalmologistas e tantos outros prestam serviços voluntários.
As associações de classe e os Sindicatos,
podem se mobilizar para variados programas, de acordo com sua especialidade:
> seus próprios consultórios
ou nas instalações da comunidade) pessoas que não
poderiam pagar pelos seus serviços.
> os arquitetos e engenheiros podem realizar
trabalhos de reurbanízação e melhoria de comunidades
menos favorecidas, assim como mutirões de reparações
e adequações nas casas populares.
> advogados podem auxiliar uma determinada comunidade
ou bairro, ajudando os moradores na obtenção de documentos,
no encaminhamento de pequenas causas comerciais, trabalhistas, familiares,
de direitos do consumidor
> contadores e analistas podem ajudar as instituições
comunitárias com o planejamento financeiro, análise
de orçamento, técnicas de levantamento de fundo.
VOLUNTARIADO EMPRESARIAL:
MOTIVANDO OS FUNCIONÁRIOS ... (sumário)
Muitos empresários com sensibilidade social já perceberam
que a promoção do voluntariádo entre seus recursos
humanos traz grandes benefícios, e nesse sentido estão
iniciando programas específicos. Algumas vantagens detectadas
na promoção do trabalho voluntário na empresa:
> é positivo para a comunidade,
pois ajuda a diminuir os problemas da mesma.
> é positivo para os trabalhadores porque
eles desenvolvem novas habilidades; têm a oportunidade de
experimentar novos papéis ou funções, ao participar
de pequenos grupos de discussão e planejamento. Estas novas
habilidades de liderança e trabalho em equipe são
trazidas para seu exercício profissional dentro da empresa.
Também adquirem uma maior consciência sobre a realidade
social, o que favorece seu crescimento pessoal.
> é positivo para a empresa porque: ganham
um reforço positivo de imagem; contam com funcionários
mais conscientes, mais preparados e mais produtivos (o fato de se
sentirem úteis na comunidade pode ser um importante aspecto
motivacional) podem ter uma sociedade melhor, ampliar mercados.
Podem ser um diferencial nas suas relações no meio
empresarial.
Contudo, como grande parte da população, muitas empresas
já sensibilizadas gostariam de realizar alguma ação,
mas não sabem o que nem como fazer.
Existem algumas medidas básicas com que os empresários
poderiam promover o trabalho voluntário nos seus quadros:
> estimular o trabalho voluntário
em horários fora do período de trabalho
> liberando algumas horas mensais do seus funcionários
para se dedicarem ao trabalho voluntário (esta tendência,
bastante comum nos Estados Unidos, está decrescendo devido
aos problemas enfrentados pela economia)
> criando projetos comunitários para
serem implementados voluntariamente por seus funcionários
> motivando seus funcionários a criarem
grupos de trabalho que, identificando problemas da comunidade, busquem
soluções, podendo contar com apoio estrutural ou financeiro
da empresa.
OUTROS TEMAS PARA ESTUDO E REFLEXÃO
(sumário)
Sugerimos a seguir algumas questões e temas que não
foram abordados neste documento, mas que com certeza precisarão
ser discutidos em vários setores da sociedade para um melhor
entendimento do espírito solidário em nosso país,
e do potencial efetivo de trabalho voluntário dos indivíduos:
Marco conceitual
> A vida no Brasil no Século
XX; perspectiva histórica. Concepção atual
de cidadania e democracia. Desafios nas escolhas. Avaliação
dos papéis das associações voluntárias
e da filantropia em nosso país.
> De que maneira esta herança pode nos
ajudar a desenvolver o engajamento social, na escolha pela participação.
O indivíduo na sociedade: motivações que levam
a agir em benefício dos outros
> Por quê as pessoas escolhem
(ou não) atuar em benefício de outros?
> Quais os fatores em nossa sociedade que promovem
o desenvolvimento da responsabilidade?
> O papel da auto-imagem no serviço ao
próximo.
> Razões variadas para ajudar aos outros:
altruísmo, reciprocidade, interesse próprio.
> A importância da legislação
para proteção e promoção do trabalho
voluntário.
> Escolhendo participar. Diferentes estratégias
e tipos de mudança: dilemas da escolha.
> Caminhos para participar: locais, nacionais,
globais.
Concepções atuais sobre a responsabilidade e a cidadania
> Noções sobre quem é responsável
pelo bem estar da população.
> Discussão do papel do governo, da iniciativa
privada, do Terceiro Setor, da sociedade civil.
> Cooperação e tensões
entre os diferentes setores.
> O papel das organizações voluntárias,
as instituições filantrópicas, as fundações,
na resolução de problemas da comunidade.
Participação política hoje; como praticamos
a cidadania
> Por quê
participar?
> O que significa ser um cidadão responsável?
> Ampliando os conceitos, do interesse individual
para toda a comunidade; prevenção, posteridade.
> Desafios para a participação
política em uma sociedade cada vez mais tecnológica;
quais os fóruns para discutir soluções possíveis?