Publicamos na edição passada
um resumo da história que envolve a Pomada Vovô Pedro,
e o jornal "Sementes de Luz" teve a gentileza de nos presentear,
agora, com um folheto que traz a história completa, em cuja página
de rosto traz uma foto impactante que vamos usá-la, com a devida
vênia, para ilustrar essa contextualização:
O Centro Espírita Campos Vergal
da Colônia de Hansenianos Santa Izabel, em Betim, na Grande BH,
regurgitava de internos. Seu Diretor, o "Pipoca", como todos
o chamavam, extraordinário Espírito, espírita,
não cabia em si de contentamento. Afinal, não se tinha
notícia do lançamento de um livro em uma colônia
de hansenianos, muito menos no Centro Espírita de uma delas.
À frente, sucediam-se os oradores,
ressaltando a importância do fato. À mesa, ao lado do Pipoca,
de cenho fechado, o médium João Nunes Maia e uma pilha
do livro "Além do Ódio", um romance que lhe
fora ditado pelo Espírito Sinhozinho Cardoso, cujo enredo se
baseia em episódio da época da escravatura.
Nunes Maia ali estava a pedido do Espírito
Niquinha, personagem do romance que, na trama, desencarna ali em virtude
do mal de Hansen e que lhe pediu que fizesse o lançamento ali,
por ocasião de um desdobramento do médium. João
Nunes Maia estava visivelmente preocupado. Dois eram os motivos de sua
preocupação. O primeiro porque jamais teria coragem de
cobrar os 105 livros que levara para o lançamento, o segundo
era que estava precisando do dinheiro para pagar a edição
e providenciar a edição de outros livros que "reclamavam"
divulgação, já prontos para entrar no prelo. Além
disso, via à sua frente mais de quatrocentos irmãos hansenianos.
Como resolver esse problema se levara apenas 105 livros?
Pipoca, certamente acionado por algum
amigo espiritual, falou-lhe ao ouvido. Não se preocupe! Conheço
todos que aqui estão. Dê apenas um livro a cada família!
Que alívio. Foi como se uma aragem fresca inundasse os pulmões
do médium "Como não pensei nisto?" Voltou-se,
emocionado, para o Pipoca, e apertou-lhe significativamente o braço
esquálido e já macerado pela insidiosa enfermidade, que
contudo, recebera a manifestação de carinho como benção
do Mais Alto.
Finda a reunião Pipoca informou
aos presentes o sistema a ser adotado para a doação e
o autógrafo nos livros. Organizasse a fila, o médium subscreve
dedicatória. A pilha de livros vai baixando... Nunes enruga de
novo a testa. Mas, oh "Bondade Divina", ao subscrever o último
volume que levara a fila já não existia. A matemática
do Alto funcionou, levara 105 volumes do seu romance "Além
do Ódio" e 105 eram as famílias que estavam presentes
no evento.
Pipoca sorria ao seu lado: o belo sorriso
dos justos, dos bons. Nunes enlaçou-o num abraço cheio
de vibrações, que, também, envolvia os demais,
seus olhos, mesmo inundados de lágrimas, visualizaram o Espírito
Niquinha, envolto em luz etérea, a sorrir-lhe agradecida.
Parecia que, com o episódio da
doação dos livros, a cota de emoção espiritual
do dia estava esgotada. Ledo engano.
No palco do Centro Espírita Campos
Vergal, conversavam animados Nunes Maia, Pipoca e outros confrades prestes
a despedir-se também.
Ao volver o olhar para o salão,
João Nunes Mais registrou indescritível espetáculo
espiritual. Pelos lados do auditório do Centro Espírita,
à direita e à esquerda, adentravam Espíritos de
escravos, envergando roupas próprias da época da escravatura,
época essa tão bem descrita no livro que acabara de doar.
Pelo centro do salão vinham adentrando Sinhozinho Cardoso, autor
do livro, Niquinha e outros personagens da Obra, que seguiam o Espírito
Miramez, que se postava à frente, ladeado por um outro Espírito,
que não era do conhecimento do médium. O desconhecido
trajava um casaco comprido e sua postura denotava grande elegância
e envergadura moral. Novamente, o salão do "Campos Vergal"
estava lotado, agora, porém, por desencarnados. Enquanto todos
procuravam um lugar para sentar, Miramez e o Espírito de casaco
longo se aproximaram de Nunes Maia e o desconhecido disse:
- Aqui estou para desincumbir-me de
compromisso secular com Jesus, o Cristo, e com Deus, Nosso Pai Maior.
Peço-lhe que anote uma receita que vou ditar-lhe e que irá
aliviar ou mesmo eliminar os males de tantos e tantos - como este, indicando
o Pipoca e outros internos da "Santa Izabel" e de um sem número
de outras enfermidades, principalmente da pele.
Nunes Maia, um tanto aturdido, recolhe
do chão uma folha de papel, que havia servido para embrulhar
um pacote do livro "Além do Ódio" e a um canto
se põe a anotar, emocionado, os ingredientes da receita. Ao fim
do ditado, aguarda a identificação do Espírito,
de tão elevada envergadura, quando da assinatura da receita.
Com uma fisionomia insondável conquanto alegre, ele diz, simplesmente,
Vovô Pedro.
Ante a surpresa estampada no rosto do
médium, o Espírito aduz:
- É preferível que as
coisas simples tenham nomes simples. Uma observação, porém;
o preço deste medicamento deverá ser um e apenas um -
"Deus LHE PAGUE".
Cumprimentando-o à maneira da
época de sua última encarnação, o Espírito,
nimbado de luz, despede-se e se volta para retirar-se. Miramez dirige
ao médium significativo olhar e lentamente, todos os Espíritos
se retiram do salão, logo após.
Com o precioso papel na mão,
novamente envolto em elevadas vibrações, Nunes Maia se
aproxima do grupo em animada conversa. Antes, porém, rebusca
a memória, procurando a identidade daquele Espírito tão
agradável quanto elevado. Lembra-se, finalmente: "Mesmer!"
Aquele Espírito era Mesmer, o extraordinário advogado,
teólogo, doutor em Filosofia e Medicina que assombrara o mundo
com as curas através do que chamou "magnetismo animal",
ao fim do século XVIII. Era Mesmer que, também, está
citado no livro "Além do Ódio" e que encontrou
naquele abençoado dia a vibração propícia
para ditar-lhe a receita da hoje afamada "Pomada do Vovô
Pedro", que tanto bem vem semeando no Brasil e além fronteira
pelo preço combinado: "Deus Lhe Pague".
Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 368 de
Setembro de 2001
Fonte:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/correio-fraterno/como-surgiu-a-pomada.html
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