Carl G. Jung compara a psique humana
com uma ilha cercada pelo oceano. A ilha representaria o consciente
e o oceano o inconsciente. Deste ponto de vista, pode-se perceber
que somos muito mais inconsciente do que consciente. Assim, conclui-se
que muito pouco sabemos a nosso próprio respeito. Ainda sob
a visão de Jung, o inconsciente seria subdivido em "pessoal"
e "coletivo".
O inconsciente pessoal seria a região da psique em que seriam
armazenados os acontecimentos que não são registrados
pelo consciente e se localizaria logo abaixo deste. A idéia
de um inconsciente coletivo surgiu ao observar pacientes que apresentavam
manifestações psíquicas correlacionadas com acontecimentos
específicos ocorridos em épocas e locais diversos. Na
grande maioria das vezes, os fatos que reportavam estavam além
do conhecimento do indivíduo em questão. Tais fenômenos,
sob uma ótica não reencarnacionista, somente poderiam
gerar a idéia de que, de alguma forma, a informação
sobre todas as ocorrências da humanidade, em todos os tempos,
deveria permanecer disponível em um local qualquer, sendo possível
ser acessado quando em alguns estados da consciência.
Joanna de Ângelis nos informa, reconhecendo o grande legado
deixado por Jung, que o denominado "inconsciente coletivo"
seria o acervo conquistado ao longo de sua existência como espírito
imortal que é, armazenando em seu arquivo extra-cerebral, isto
é, nos fulcros energéticos do espírito.
Sob este prisma, é possível compreender que o ser humano
possui inerentemente a idéia da existência de algo além
do mundo material ao qual se tem um contato mais imediato, enquanto
em estado de vigília, e que, pelos mecanismos da mente, são
registrados no consciente e, por isso, de mais fácil percepção.
Portanto, desde tempos imemoriais a humanidade procura estabelecer
procedimentos religiosos. Estes procedimentos consistem, na grande
maioria das vezes, em rituais para satisfazer as necessidades do consciente,
que precisa ser sensibilizado através da matéria e de
dogmas, para tentar satisfazer, mesmo que precariamente, a necessidade
de explicações por parte do inconsciente.
Nos séculos XVII e XVIII, no
mundo ocidental, houve um crescimento do culto da razão em
detrimento do culto da religião. Talvez tal comportamento seja
decorrente da inabilidade das religiões vigentes na época
de responderem ou saciarem as necessidades de um inconsciente que,
embora permaneça sem ser visto, age sobre o indivíduo.
Tal acontecimento pode ter gerado o atual preconceito de considerar
a psique como produtos ilusórios e, por isso, não necessitando
de dedicação. Tal posicionamento leva muitos pais a
crerem que apenas a satisfação das necessidades materiais
de seus filhos seja suficiente para que cresçam saudavelmente,
o que, infelizmente, é o responsável por tantos desatinos
atuais.
A Doutrina Espírita veio mostrar
que, em se tratando de assuntos relativos ao espírito, não
existe a necessidade de rituais, além de apresentar explicações
claras para as questões espirituais, suprimindo a necessidade
de dogmas. Esclarece, ainda, que a perfeição é
a única fatalidade a que o indivíduo está sujeito.
Assim, os desajustes e faltas deverão ser reparados, para que
o espírito possa atingir estados mais elevados, expurgando-se
das tendências mais primitivas para alcançar a felicidade.
Tudo isto foi dito por Jesus há mais de dois mil anos e é
de tão difícil compreensão para nós.
Nos últimos anos, é possível
verificar uma transformação na mentalidade humana. A
busca por conhecimentos que transcendem o cotidiano vem crescendo
gradativamente, o que pode ser facilmente verificado pelo crescimento
da seção de livros religiosos e de auto-ajuda nas livrarias
e pela freqüência cada vez maior nos templos religiosos.
Apesar disso, ainda impera um frenesi descabido por
saciar o que se acredita serem necessidades materiais e gozos dos
mais variados matizes, causando desarmonias para o espírito,
acumulando desequilíbrios que, cedo ou tarde, deverão
ser sanados.
Vivemos momentos difíceis, quando a incoerência
de atos e de pensamentos oriunda de mentes em desalinho tenta frear
a transformação. Mas, aqueles que já possuem
o discernimento e que sentem a existência de Deus velando por
todos devem permanecer firmes em seus propósitos de transformação
para, gradativamente, através do exemplo, influenciarem beneficamente
aqueles que estejam em volta.
Nos momentos mais difíceis, lembremos
sempre de Jesus, que disse: "Vinde a mim, todos vós
que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde
de coração e achareis repouso para vossas almas, pois
é suave o meu jugo e leve o meu fardo" (MATEUS,
cap. XI, vv. 28 a 30.).
Fonte: Reproduzido
do site do CEMA - Centro Espírita Maria Angélica - www.cema.org.br