Resumo
Aproximadamente em meados do século
XVIII, em Salvador, ocorreu a fundação da Irmandade
de Nossa Senhora da Boa Morte que, ao longo de quase três
séculos, vem preservando, ainda que reelaborados e reinterpretados,
valores africanos, visto ser ela uma instituição que
traz na sua égide traços característicos das
vivências mortuárias ressignificadas no Brasil.
Esta irmandade torna-se singular pela exclusividade do gênero
feminino, pelo trato com a temática mortuária e, por
fim, pela pertença ao Candomblé e ao Catolicismo,
marcas fulcrais que a tornam única. Ademais, cria um espaço
para a atuação política.
Nesta perspectiva, o presente artigo objetiva discutir o sentido
dos rituais mortuários brasileiros a partir das concepções
de vida e de morte das integrantes da Boa Morte, a sua relação
com o medo da morte e, por fim, busca compreender de que forma o
trânsito religioso contribuiu para que o grupo mantivesse
os traços identitários mais relevantes.
Joanice Santos Conceição
Pós-Doutoranda na UFPB (CAPES-PNPD).
Doutora e Mestre pelo Programa de Estudos Pósgraduados em
Ciências Sociais/Antropologia da PUC-SP
Este artigo é uma adaptação
de algumas ideias abordadas na minha tese de doutorado, defendida
no Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais/Antropologia da PUC-SP, em 2011, sob a orientação
da antropóloga Profa. Dra. Teresinha Bernardo, com o auxílio
da bolsa concedida pelo CNPQ. É dedicado à memória
de Estelita de Souza Santana, Juíza Perpétua da Irmandade
da Boa Morte, falecida em 5 de agosto de 2012.
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