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Antonio Cesar Perri de Carvalho

>     O filme Kardec e seus desafios

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Antonio Cesar Perri de Carvalho
>    O filme Kardec e seus desafios

 

 

O filme “Kardec” desde meados de maio (de 2019) tem sido exibido em cinemas do país.

Trata-se de película produzida por Eliana Soárez, dirigida por Wagner de Assis, que também atuou como um dos roteiristas, e se fundamenta no livro Kardec, de autoria de Marcel Souto Maior (Editora Record, 1ª edição em 2013)(1). Em páginas preliminares, o autor já dedicava a obra: “A Canuto Abreu, pioneiro na pesquisa e na divulgação da obra de Kardec no Brasil; a Wagner de Assis, aliado fundamental neste projeto, que enfrenta o desafio de transformar esta história em filme...”

Wagner de Assis enfrentou o desafio e seis anos após o lançamento do livro de Souto Maior, disponibiliza um filme considerado pela crítica em geral como tecnicamente muito bem elaborado. É a oportunidade de se levar ao público em geral as informações sobre Kardec e suas lutas nos momentos iniciais de seu trabalho como Codificador. Tivemos muitos contatos com Wagner em momentos da filmagem do lançamento de “Nosso Lar”; depois em encontros no movimento espírita e assinatura do contrato para a filmagem de “Os Mensageiros”, quando estávamos na presidência da FEB.

O enredo do filme não atinge todo o conteúdo do livro de Souto Maior e isso nem seria possível. Avança-se até o lançamento de O livro dos médiuns e o Auto de Fé de Barcelona. Aliás, o livro de Souto Maior, num estilo jornalístico, focaliza toda a trajetória do Codificador e comenta detalhes interessantes sobre traições ao Codificador e algumas deturpações doutrinárias que ele comenta em Revista Espírita.

Para espíritas atentos, surgem algumas dúvidas sobre até que ponto foram “licenças poéticas”, ou melhor, “dramáticas” ou “cinematográficas”, algumas cenas que não condizem com o texto do livro de Souto Maior, e que não são conhecidas, como: alguns contatos de Kardec com prelados católicos; a prisão, como foi encenada; as manifestações defronte à casa da família Baudin; uma impactante cena de suicídio, e, as cenas dos “perseguidores” acompanhando Kardec. A questão de conceito de Espiritismo como filosofia ou religião, tratada no livro, e focalizada no filme, talvez merecesse uma análise na linha do tempo das obras do Codificador, até as reflexões contidas na Revista Espírita, do mês de dezembro de 1868.

Na atualidade, muitas das tradicionais biografias de Kardec, ficam na faixa de superficiais ou muito focalizadas em determinados aspectos. Com a disponibilização de documentos e obras digitalizadas nas Bibliotecas e órgãos públicos franceses têm surgido muitas informações e registros significativos dos tempos de ação do Codificador e dos momentos seguintes à sua desencarnação.

Assim, face a eventuais dúvidas que o filme possa gerar, nada melhor do que se aprofundar em pesquisas sobre a vida e obra de Allan Kardec, a começar pelo exame das edições da Revista Espírita do período em que foi dirigida pelo Codificador. Muita atenção em torno dos documentos que agora estão vindo à tona e, sem dúvida, com o arsenal de manuscritos e cartas que estavam em poder da família de Canuto Abreu. Estes recentemente foram passados para a Fundação Espírita André Luiz, de São Paulo, que já desenvolve o Projeto “Cartas de Kardec” e deverá divulgar muitos fatos documentais sobre a vida e obra do Codificador.

Durante a exibição do filme foi lançado o livro Kardec. A história por trás do filme (2), onde Wagner de Assis e Marcel Souto Maior fazem significativos depoimentos sobre o projeto e a execução do filme e apresentam suas visões sobre o Codificador. Wagner relata vários momentos da filmagem, mas não comenta as cenas que anotamos acima e que geram algumas dúvidas no meio espírita.

O filme “Kardec” deve provocar nos espíritas o desafio de se estudar mais o Codificador!



Referências:

1) Souto Maior, Marcel. Kardec. 1.ed. Rio de Janeiro: Record. 2013. 363p.

2) Assis, Wagner; Souto Maior, Marcel. Kardec. A história por trás do filme. 1.ed. Rio de Janeiro: Record. 2019. 138p.

 

(*) – Antonio Cesar Perri de Carvalho - Ex presidente da FEB e da USE-SP; membro da Comissão Executiva do CEI.

Fonte: http://www.noticiasespiritas.com.br/2019/JULHO/03-07-2019.htm
- Publicado originalmente na Revista Eletrônica O Consolador

 

 

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