Com um ensaio sobre a obra psicográfica
de Chico Xavier, os pesquisadores Alexandre Caroli Rocha,
Marina Weiler e Raphael Fernandes Casseb foram premiados
no concurso promovido por Robert Bigelow, magnata norte-americano,
sobre as melhores evidências que comprovariam a existência
da vida após a morte. (Nos últimos 30 anos, o empresário
tem investido em pesquisas sobre fenômenos paranormais, buscas
por vida extraterrestre e em projetos espaciais).
Os três brasileiros apresentaram
um ensaio sobre a psicografia de Chico Xavier, intitulado A mediunidade
como a melhor evidência para a vida após a morte: Francisco
Cândido Xavier, um corvo branco, que foi premiado no segundo
grupo. Foi o único a centrar seus argumentos na análise
de psicografias.
“Dividimos os livros do Chico Xavier em três
grupos: primeiro, aqueles que ele atribuiu a autores como Emmanuel
e André Luiz, nomes que não nos remetem a pessoas
conhecidas; segundo, os atribuídos a escritores bem identificados,
com obra publicada em vida, como Humberto de Campos, Olavo Bilac
e dezenas de outros; terceiro, os das cartas familiares, atribuídas
a pessoas bem identificadas, mas sem obra publicada em vida. Esses
três grupos têm diferentes estratégias para justificar
suas alegadas autorias. Levamos em conta os registros biográficos
do médium e a maneira como ele produzia os textos”,
explica Alexandre Caroli, doutor em teoria e história literária,
que desenvolveu na Unicamp trabalhos sobre livros do médium
mineiro (O caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade
e A poesia transcendente de Parnaso de além-túmulo).
Para a neurocientista Marina Weiler,
que reside atualmente nos Estados Unidos, “a obra psicográfica
de Chico Xavier apresenta informações muito detalhadas
e específicas dos autores aos quais as obras são atribuídas,
muitas vezes de conhecimento apenas do falecido autor. No nosso
ensaio, tentamos mostrar exemplos dessas informações
inacessíveis a Chico Xavier para fortalecer a hipótese
de uma existência de vida após a morte”.
Segundo Raphael Casseb, também neurocientista,
“o concurso permitiu chamar a atenção para um
tema que é normalmente ignorado na grande maioria dos centros
de pesquisa. Ao promover o concurso, o empresário americano
ligou os holofotes sobre um tema controverso para a ciência,
mas de um interesse imensurável para a sociedade, que é
a continuidade (ou não) de alguma forma da personalidade
humana”.
Os autores acrescentam que a obra
de Chico Xavier “fornece fenômenos tão intrigantes
que muitos cientistas preferem ignorar, porque lhes causam desconforto.
Entretanto, com esse ensaio, não pretendemos achar provas
definitivas de vida após a morte, tampouco achamos que estamos
lidando com uma verdade inquestionável. Nosso objetivo foi
convidar os leitores, principalmente os cientistas, a estudarem
o tema de mente aberta, uma vez que esses fenômenos desafiam
as visões tradicionais do meio acadêmico”.
Os prêmios serão entregues
em cerimônia em Las Vegas, em 4 de dezembro, e os 29 ensaios
serão reunidos em série especial de livros, que serão
doados internacionalmente para universidades e hospitais, para que
o tema seja divulgado de forma mais ampla.
* Corvo Branco é uma expressão
da filosofia contra o indutivismo, que obtém conclusões
gerais a partir de premissas individuais. Ou seja, basta um corvo
branco para falsificar a afirmação de que todos os
corvos são negros.
![](../../NOT/Img_Nots/img_2021/Alexandre_Caroli_premiacao.jpg)
Alexandre Caroli
![](../../NOT/Img_Nots/img_2021/Marina_Weiler.jpg)
Marina Weiler
![](../../NOT/Img_Nots/img_2021/Raphael_Casseb.jpg)
Raphael Casseb
- texto
disponível em pdf - clique aqui para acesssar
-