Espiritualidade e Sociedade



José Reis Chaves

>      Satanás e diabos não são bem espíritos, e os demônios somos todos nós

Artigos, teses e publicações

José Reis Chaves
>   Satanás e diabos não são bem espíritos, e os demônios somos todos nós



Um dos mais graves problemas do cristianismo é a confusão que os teólogos primitivos fizeram com os espíritos, anjos, diabos, demônios, satã, satanás, Espírito Santo, lúcifer etc., cuja existência nós não negamos, mas apenas discordamos das interpretações erradas que lhes foram atribuídas, pois os teólogos fizeram uma confusão dos diabos com eles, misturando-os com questões mitológicas, das quais, inclusive, os autores sagrados receberam influência, colocando-as na própria Bíblia. Veja-se, por exemplo, o capítulo 12 do Apocalipse.

Essa salada teológica enfraquece a crença nas verdades cristãs, e é um prato cheio para os materialistas fazerem suas chacotas contra o espiritualismo, com o objetivo de desacreditá-lo e reforçar suas ideias ateias. Por isso, a exemplo da doutrina espírita, os demais seguidores do Mestre dos mestres deveriam estudar e esclarecer esses assuntos em defesa do cristianismo. Os padres e pastores formados em curso superior de teologia e Bíblia sabem o significado verdadeiro dos termos que estamos abordando, mas agem como se nada soubessem sobre essas questões!

Lúcifer (eosforo em grego) passou para o latim como o substantivo "luce" (luz) e o verbo "ferre" (transportar), que, literalmente, significam porta-luz, aurora, estrela da manhã. Não se trata bem de um espírito, mas de uma metáfora da inteligência. Também Paris é chamada de Cidade Luz, ou seja, cidade da inteligência, da cultura. Lúcifer é símbolo da inteligência de anjos (espíritos), a qual comandou a rebelião deles contra Deus. Lúcifer simboliza também a nossa inteligência voltada para o mal, contra o amor, contra Deus, isto é, a favor do chamado pecado. Mas disso podemos concluir que no céu nem tudo é um mar de rosas, nem tudo é paz, o que reforça a idéia atual entre os teólogos de que o céu não é um lugar geográfico como se pensava antigamente. E, na verdade, essa palavra céu na Bíblia é no plural: céus, que quer dizer Universo, cosmos. E Jesus disse que o reino dos céus está dentro de nós mesmos, isto é, onde estiver o espírito, encarnado ou desencarnado e em qualquer parte do Universo, daí céus. Assim é que o Pai Nosso em latim da Vulgata Latina (primeira tradução da Bíblia para o latim, por são jerônimo, lá pelo ano de 400) diz "Pater noster qui es in coelis" (céus).

E diabo (opositor) e satã ou satanás (adversário), na prática, substituíram a palavra lúcifer. São opositores ou adversários de Deus, do bem, do Eu Superior (espírito) que nós somos, opositor e adversário que são o nosso ego ou eu menor, corporal, que se opõe ao espírito.

Indevidamente, diabo e satanás passaram a significar também espíritos maus.

Assim também aconteceu com a palavra demônio ("daimon" em grego, plural "dimones"), que, originariamente, na Bíblia e outras obras gregas antigas, significa alma ou espírito humano desencarnado e não necessariamente um espírito mau. De fato, se demônio é alma, há almas boas também e até santas. Por que Jesus só tirava demônios maus das pessoas, pois, demônios bons não atormentam ninguém, então as pessoas passaram a entender que todo demônio é mau.

Esse erro é um dos mais graves do cristianismo, pois devemos entender as palavras bíblicas de acordo com o significado delas na época em que os textos bíblicos foram escritos!

 


Jesus curando o endemoniado de Gerasa em uma ilustração medieval.
Fonte: http://it.wikipedia.org/wiki/Legione_(demone)#mediaviewer/File:Healing_of_the_demon-possessed.jpg

 

Fonte: https://www.otempo.com.br/opiniao/jose-reis-chaves/os-diabos-nao-sao-bem-espiritos-e-os-demonios-somos-todos-nos-1.919719

Publicado em 22 de setembro de 2014 | 03h00 - Atualizado em 22 de setembro de 2014

 

José Reis Chaves é teósofo e biblista

 

 



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