Eu... Quem sou eu? Sou o que penso, o que aprendo, o que sinto. Sou
a consciência ininterrupta da individualidade que cada um tem.
Eu existo, vivo, vivencio toda realidade concreta. Tenho potencial
de conhecimento latente, não utilizado no presente; tenho também
o potencial de conhecimento do que está sendo construído,
alcançado. Tenho, portanto, um conjunto de conhecimentos que
devem ser levados em conta para superar os problemas do cotidiano.
E o que eu penso de Deus? Sei que Deus é imutável, pois
que as leis do universo têm estabilidade; é imaterial,
sua natureza difere de tudo que chamamos matéria; é
único, se houvesse vários deuses não haveria
unidade de poder no ordenamento do universo; é onipotente,
porque sendo único tem somente ele o soberano poder; é
soberanamente bom e justo, porque a sabedoria das leis divinas se
revela nas pequenas e nas grandes coisas e, essa sabedoria não
nos permite duvidar nem de sua justiça, nem de sua bondade
e também é infinito em todas as suas perfeições.
Assim me ensinaram a ver Deus. Mas eu queria descobrir Deus por mim
mesma...
Um dia, quando buscava a prova da existência de Deus, lembrei-me
que toda causa gera efeitos e que não há efeitos sem
causa. Procurei saber a causa primeira de todas as coisas, do que
existia na natureza, da minha própria existência. Procurei
saber quem seria a inteligência suprema que foi capaz de criar
coisas tão perfeitas como o mecanismo, a engrenagem, do ser
humano; como o desabrochar de uma rosa; como o nascer do sol e a existência
de todas as estrelas no firmamento. Aí encontrei Deus.
Mas continuei minha busca e mais uma vez a razão me mostrou
que tudo o que não era obra do homem, era obra de Deus. Assim
vejo em cada obra da criação, em cada ser da natureza,
uma prova da existência de Deus, sua natureza infinita.
Segui meu caminho de interrogações. Ainda não
estava convencida, embora já tivesse chegado a ponto de ver
nitidamente a grandeza da criação.
Verifiquei que Deus é o princípio inteligente que rege
a matéria, o ser humano, o pensamento, a razão... Ele
não está limitado à humanidade, ao planeta Terra
ou mesmo à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas,
todos os seres vivos, inteligentes ou não.
Encontrei em Deus a verdadeira expressão de amor e caridade.
Na criação encontrei, além do amor e da caridade,
o objetivo final de todo ser que nada mais é senão a
perfeição, que tem como resultado o gozo da felicidade
suprema.
Passei a ver que Deus é a própria expressão da
vida, é a dinâmica da vida que se revela todos os dias
em nós mesmos. É nossa capacidade de amar e de fazer
coisas boas.
A visão histórica mostra que Deus está ligado
aos mais variados conceitos, conforme a capacidade de compreensão
dos povos, conforme o período em que viviam, e estes conceitos
foram variando, mudando, na medida em que iam escapando às
expectativas das pessoas, dos grupos sociais.
Aos poucos, Deus foi deixando de ser Deus entre outros deuses; Deus
de um só povo, o que comandava os exércitos e esmagava
seus inimigos. Deixou de ser o Deus que castiga, que provoca medo
e controla a vida das pessoas.
Comecei, então, a perceber que Deus não se relaciona
com o mágico ou o místico. Vi que se Ele não
era matéria, nem tinha forma definida e tampouco estava restrito
a uma pessoa, e também não se confunde com coisas ou
pessoas, mas é a essência de todos, percebi que Deus
é amor e perdão.
Assim compreendi, finalmente, que Deus não aceita ser comprado
por promessas vãs, que não aceita oferendas ou sacrifícios.
Não concede favores ou protege alguém em especial. Deus
abrange todas as coisas e pessoas, sem punir, sem castigar ou mesmo
executar sentenças.
A compreensão que o ser vai tendo de Deus é construída
gradativamente, e assim passamos a ter a perfeita relação
do eu com a idéia que fazemos de Deus que, na visão
simples, pode-se perceber que Deus é essencialmente vida, amor,
paz e compreensão; é inteligência, justiça,
caridade suprema, onipotência, onipresença, onisciência,
verdade universal. É, portanto, a unidade que se revela todos
os dias quando procuramos o mais profundo de nós mesmos, nossos
melhores sentimentos, nossas alegrias e manifestações
de amor.