Desde que
a internet passou a integrar o cotidiano, o acesso à informação
e ao conhecimento tornou-se muito mais dinâmico. Com os recursos
digitais utilizados de maneira intensa, a comunicação
ficou mais rápida, democrática e, ao mesmo instante,
complexa. Isso porque, após granjearem espaço no lar,
as ferramentas on-line trouxeram consigo inúmeros benefícios,
mas também desafios que precisam ser vencidos. Dentre estes
o excesso de uso, a distração exagerada e a expansão
do ambiente de trabalho para casa (sobretudo com a pandemia), que
interferem significativamente no convívio doméstico.
O que nos leva a questionar: que cuidados devemos ter em relação
aos filhos nestes novos tempos?
A preocupação é natural e saudável.
Benedita Fernandes, sob a psicografia de Divaldo Franco no livro
SOS Família, nos anos 1990, já indicava a tecnologia
entre as alienações que atuam como fatores de desagregação
infanto-juvenil – deixando claro que a ela se somam outros
elementos, mais antigos e característicos de uma coletividade
imperfeita, tais quais a criminalidade, a violência, a falta
de ética e os exemplos perniciosos, assim como a indiferença
e os desequilíbrios emocionais dos pais e responsáveis.
Se, por um lado, a conclusão denota que não
é o instrumento tecnológico (por si só neutro)
o causador do mal, e sim seu emprego sob reflexo dos nossos próprios
vícios, por outro, há que se considerar que, sendo
mais fácil hoje o contato com conteúdos nocivos, o
zelo deve sim, ser redobrado.
A infância e, principalmente a juventude,
períodos marcados por incerteza e instabilidade, carecem
de total atenção. É normal que os menores,
pela pouca experiência, tenham propensão a vivenciar
os sentimentos de modo mais abundante, potencializando a dor e o
sofrimento, que encontram eco na atmosfera virtual onde jazem perigos
como o ódio e o cyberbulliyng.
Como solução, a autora espiritual
conclama-nos a resolver o problema pelo método mais eficaz:
a educação. Emmanuel, por sua vez, respondendo à
questão 110 de O Consolador, revela que a melhor escola de
preparação para o desenvolvimento moral dos espíritos,
forjando caracteres e encorajando hábitos que se refletem
na formação social, é a família.
Por isso, levando em conta o conselho de Chico Xavier,
"não deixemos o diálogo amigo tão somente
para os dias de aflição". Façamos uso
dele diariamente, "de forma preventiva e curadora, e perceberemos
o quanto conseguimos realizar verdadeiros prodígios de tranquilidade
em favor da paz".
Cuidar da educação moral daqueles
colocados sob nossa tutela, conversar, impor limites, exemplificar
no dia-a-dia, falar com franqueza, para que os filhos compreendam
que existem frustrações, este é o nosso papel.
Moldar o vaso vivo, traçando-lhe noções de
justiça e fraternidade, oferecendo segurança e amor,
é o melhor remédio em qualquer época, contribuindo
para uma sociedade regenerada e feliz – seja qual for o obstáculo.
Por fim, não caiamos na armadilha de
demonizar a rede. Busquemos, ao contrário, nos valer dela
em seu aspecto positivo: conexão, encurtamento de distâncias,
sensação de pertencimento e acolhimento através
de grupos de apoio, e divulgação de mensagens otimistas
e ações de esclarecimento, inclusive sobre a doutrina
espírita.
Priscila Couto - bióloga
Daniele Barizon – jornalista
Trabalhadoras e expositoras espíritas
Membros do Centro Espírita Caridade e
União – Três Rios - RJ