Obs: acerca das comunicações em outras línguas,
sobretudo.
Por muito tempo, dúvidas haviam
da realidade das comunicações espirituais. Compreende-se,
perfeitamente, que os investigadores pouco lastreados, em suas próprias
mensurações, colhessem resultados pouco animadores para
não dizermos duvidosos.
As comunicações mediúnicas realizam-se
em faixas subjetivas, deixando o nosso terreno intelectivo analítico,
de bases objetivas, como sem possibilidades de avaliações.
Partindo dessa premissa, as análises das comunicações
só poderão ser feitas por indivíduos que possuam
vivências no campo psicológico e, principalmente, nos denominados
parapsicológicos.
É preciso registrar que as comunicações mediúnicas,
de toda natureza, inclusive as realizadas com médiuns exercitados,
bem traduzem o conteúdo das mensagens, porém, sempre carregando
as "tinturas" do médium ou aparelho receptor. Isto
quer dizer que o Espírito comunicante, ao "refletir-se"
no médium, utiliza o que o mesmo possui: se é um médium
de arcabouço psicológico evoluído encontrará
boas condições para exteriorizar seu pensamento; se o
médium apresenta, pelo seu dia-a-dia, pouca evolução,
traduzida em reduzidas condições psicológicas,
é claro que o comunicante não encontrará elementos
específicos a fim de expressar a desejada mensagem.
Tudo isso é bem claro como regra geral, porquanto, em casos especiais,
a lógica nos faz pensar que a influência espiritual será
de tal ordem, a ponto de suplantar muitas deficiências no médium
que não possua certas condições. Os requisitos
evolutivos dos médiuns não podem ser analisados e avaliados
diante do seu atual arcabouço psicológico, porquanto,
muitos deles se encontram em singelas reencarnações intelectuais,
embora, possuindo um rico e experiente pretérito. Na recíproca
dessas propostas poderemos ter outros tantos ângulos de avaliações.
Assim, não será fácil aos avaliadores pouco afeitos
a essas pesquisas, compreenderem muitos dos fatos como das inusitadas
angulações da mecânica mediúnica.
Através de mais de três décadas de observações
pelos campos da mediunidade, acolitado por informações
espirituais de variados matizes, concluímos que o Espírito
comunicante, nas denominadas incorporações mediúnicas,
emite a mensagem com valores de seu pensamento, incluindo o idioma que
melhor manipula. Toda essa carga psicológica será
como que incrustada, após a aceitação pelo médium,
nas malhas vibratórias da zona perispiritual do receptor. Por
este modo, haveria um encontro de vibrações entre a vontade-apelo
do Espírito e a vontade-resposta do médium, devido a sua
vontade-aceitação.
O perispírito do médium, inundado pelas emissões
do perispírito da Entidade comunicante, absorve essas correntes
superiores de pensamento ( comunicações harmônicas
) com toda a carga que se acham investidas. Desse modo, o perispírito
do receptor enriquece-se do referido material e passa a manter a corrente,
que sempre existe nos indivíduos, em direção às
células físicas. Nestes casos específicos, o perispírito
traz, além do que é realmente do espírito do médium,
os elementos enxertados pelo perispírito da Entidade comunicante,
transferindo toda essa carga para a zona física. O médium
adestrado na vivência mediúnica, acaba compreendendo o
que é seu e o que é do Espírito comunicante, nos
casos da chamada mediunidade consciente. No caso da mediunidade
semiconsciente ou inconsciente a distinção torna-se mais
difícil.
Realmente, será na zona de transição entre o perispírito
e a matéria que esses delicados mecanismos espirituais se expressam.
As correntes perispirituais, à medida que se aproximam da zona
física, vão modificando o teor de suas energias especificas,
possibilitando, nestas transformações, os adequados símbolos
que as células nervosas ou neurônios tenham condições
de entender e expressar os pensamentos captados. Nesta transmutação,
a tela neuronial traduzirá, de acordo com as condições,
a carga que o perispírito, já enriquecido pela mensagem,
carrega.
Anote-se, como de importância, que a zona perispiritual
do médium será a região que manipulará o
pensamento do comunicante. Se a comunicação é
fornecida por um Espírito que utilizou idioma desconhecido pelo
médium, nesta região dar-se-ia a transmutação
de linguagem, que será tanto mais ajustada e especifica se o
médium possuir experiências pregressas naquele idioma,
mesmo desconhecendo no momento presente a língua em pauta.
Tudo isso quer dizer que o delicado mecanismo mediúnico será
realizado de modo a que a zona consciente do médium não
intervenha; isto é, seria um processo apropriado e manipulado
pelos campos internos do psiquismo ( zona espiritual ou inconsciente),
onde a zona consciente não possui interferência direta.
Pela natural e acertada vontade de realização do fenômeno
pelo médium, haveria aberturas e facilidades de passagem da carga
mensageira pelos campos terminais do psiquismo, onde as expressões
conscientes se mostram na estrutura intelectual.
André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, a
respeito da linguagem dos desencarnados, nos fornece os seguintes dados:
"Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima
de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.
"Isso ocorre mesmo no plano físico, em que alguém,
sabendo refletir-se, necessitará de poucas palavras para definir
a largueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à síntese
que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.
"Espíritos desencarnados, em muitos casos, quando controlam
as personalidades mediúnicas que lhes oferecem sintonia, operam
sobre elas a base das imagens positivas com que as envolvem no transe,
compelindo-as a lhes expressar os conceitos.
"Nessas circunstâncias, expressa-se a mensagem pelo sistema
de reflexão, em que o médium, embora guardando o córtex
encefálico anestesiado por ação magnética
do comunicante, lhe recebe os ideogramas e os transmite com as palavras
que lhe são próprias."
Até o momento ainda desconhecemos os detalhes desta complexa
estruturação que é o fenômeno mediúnico.
A fim de compreendermos como o processo se deve dar, é que fizemos
a descrição acima, em síntese, como hipótese
de entendimento. Este mecanismo estará amparado não só
em observações e convivência do fenômeno,
como também, pelas informações espirituais criteriosas,
apesar de quase sempre reduzidas, coisa de fácil compreensão.
Consideremos, também, como de valor, na avaliação
da fenomenologia em pauta, as pesquisas realizadas com as regressões
de memória.
O nosso trabalho sobre regressão de memória, auxiliado
pela hipnose, forneceu bom material para ilações neste
campo. Anotamos que alguns daqueles que participam das regressões
de memória, em recordando determinada etapa reencarnatória
pretérita, falava a língua da época; em raros casos
registramos algum arrastado sotaque, devendo-se, esta condição,
a atual tela consciente, onde os dados pretéritos tinham dificuldades
de se mostrarem integrais em sua origem.Joeirand-se estes pequenos e
reduzidos fatores, as forças internas do regredido, isto é,
seu bloco energético anímico, mostrava grande parte do
passado pelas aberturas que a hipnose determinou na zona consciente.
Trazendo esses fatores para o setor mediúnico, onde, como vimos,
existem manipulações das zonas perispirituais em ação
- emissor e receptor, Espírito comunicante e médium -
vê-se quanto o aparelho receptor elabora elementos para bem traduzir
o que o emissor ( Espírito) deseja.
As coisas passam a mostrar maior complexidade, quando o pensamento do
comunicante se faz em idioma diferente daquele que o médium está
manipulando no seu dia-a-dia de encarnado.
Haverá, assim, nos arcanos do Espírito, zonas e campos
onde o pensamento é um só e, à medida que esse
bloco de energias vai ganhando a periferia do psiquismo ou zona consciente,
vai existindo a necessidade da palavra e organização de
frases para a expressão do pensamento. Quanto mais para o psiquismo
de profundidade ou zona espiritual o pensamento será como que
purificado e representando um único matiz; isto é, o bloco
de energias se faz presente e, vibratoriamente, elabora a percepção
sem a necessidade da palavra. Quanto mais perto do psiquismo de superfície
ou zona material ( zona consciente), mais haverá necessidade
das expressões perceptivas de um idioma.
Todas as frases de uma determinada língua possuem a carga de
sua própria emoção, na dependência de quem
está fazendo a emissão. É como se as palavras tivessem
um sustentáculo energético do pensamento elaborado. Assim,
as palavras seriam símbolos elaborados, entre a zona espiritual
e perispiritual, com finalidade de utilização pela zona
consciente, onde se refletem e se mostram. À medida que o ser
vai evoluindo, todos esses símbolos, estribados nos variados
idiomas e arrecadados nas diversas etapas reencarnatórias, se
vão como que ajustando e buscando pontos comuns até se
refletirem num idioma universal.
Revista "Presença Espírita".
topo
Leiam outros de textos de Jorge Ândrea dos Santos
->
Bases espíritas na Psicologia
->
Inteligência e mediunidade
-> Nuanças Mediúnicas
->
Expansões do Princípio Inteligente
->
Mediunidade e a Evolução do Psiquismo
topo