
NANCY PUHLMANN DI GIROLAMO. ACERVO PARTICULAR
É PRECISO VIVER
Nancy Puhlmann Di Girolamo nasceu em 21 de março de 1924,
em São Paulo, filha de Oscar Puhlmann, de origem alemã,
luterana, e de Maria Augusta Ferreira Puhlmann, brasileira, católica.
Foi casada com Roberto Di Girolamo, nascido em Milão, na
Itália, com quem teve três filhos. Enfermeira com
especialização em Enfermagem Neuropediátrica,
socióloga com mestrado em Antropologia Cultural e jornalista
formada pela Escola de Jornalismo Cásper Líbero,
é ainda conselheira de Reabilitação, especialista
em Estimulação Precoce, tendo desenvolvido o Método
DIPCE – Desenvolvimento Integral das Potencialidades da
Criança Excepcional, aplicado na associação
espírita filantrópica Instituição
Beneficente Nosso Lar, da qual é membro do conselho orientador,
além de dirigir equipes interdisciplinares no tratamento
biopsicosocioespiritual de bebês, crianças e jovens
com deficiência.
À Folha Espírita ela conta um pouco do seu trabalho,
que motivou seu novo lançamento: É Preciso
Viver.
Folha Espírita – O que a levou ao Movimento
Espírita?
Nancy Puhlmann – Um fenômeno de
efeitos físicos ocorrido em casa levou a família
a procurar explicação através do Espiritismo.
Meu pai passou a frequentar as reuniões de Metapsíquica
realizadas na Federação Espírita de São
Paulo, dirigidas pelo professor Carlos Schalders; minha mãe
envolveu-se nas ações sociais da mesma federação;
e eu, então com nove anos, os acompanhei nos estudos da
Doutrina Espírita, participando de grupos de evangelização
para crianças. Na adolescência, participei da formação
do Grêmio da Juventude Espírita Lameira de Andrade,
criado por Ernani Policeno, juntamente com Ary Lex, Homero Pinto
Vallada e Eurípides de Castro. Nesse tempo fomos inúmeras
vezes visitar Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo
e depois em Uberaba. Eu escrevia versos e textos expandindo o
entusiasmo que o Espiritismo me causava, começando a ser
convidada para palestras em centros espíritas de vários
bairros e cidades. Em 8 de agosto de 1946, minha mãe e
Nair Ambra Ferreira fundaram a Instituição Beneficente
Nosso Lar, iniciando o pavilhão destinado à assistência
e educação de crianças órfãs
e abandonadas. Eu as acompanhei. Em 1966 foi colocado na porta
da instituição um bebê recém-nascido,
portador de grave lesão cerebral, rejeitado pela família.
Havia um cartão dizendo: “Mãe desesperada
conta com vocês”. O menino viveu dois meses antes
de desencarnar. Nosso Lar sentiu-se convidado a iniciar
um trabalho a favor de crianças com paralisias cerebrais
e, ao mesmo tempo, iniciar estudos e projetos para evitar rejeições,
utilizando as teses espíritas sobre a importância
das reencarnações difíceis na Terra, como
processos evolutivos. Como enfermeira especializada em Enfermagem
Neuropediátrica, busquei conhecimentos sobre lesões
cerebrais, vindo a realizar cursos sobre o então ousadíssimo
título de Reorganização Neurológica,
na cidade de Filadélfia, Estado da Pensilvânia (EUA),
que me forneceu bases para criar o Método DIPCE, adaptado
para a realidade brasileira.
FE – A que se destinou o método?
Nancy – DIPCE, em princípio, destinou-se
a uma assistência terapêutica, oferecida gratuitamente
a crianças portadoras de lesões cerebrais. Aconteceu
que, em 1967, tive minha segunda filha, nascida com Síndrome
de Down. Então acrescentamos os Downs nesse programa. E,
anos depois, aos 17 anos, meu filho mais velho ficou tetraplégico
após acidente esportivo, motivando a inclusão de
deficiências motoras dentro de uma ampliação
do Método DIPCE. Tanto Florence como Fabiano, meus filhos
com deficiência, estão plenamente reabilitados e
incluídos na vida social, estando ambos envolvidos nos
programas de defesa dos direitos, profissionalizados e social
e moralmente ajustados e felizes.
FE – Quais livros escreveu?
Nancy – De minha autoria O Castelo
das Aves Feridas, As Aves Feridas na Terra Voam
(ambos com 10 edições esgotadas e 50 mil livros
vendidos) e Theóphilos, o Menino e o Presidente
(terceira edição). Sou co-autora nos livros Olhai
as Aves do Céu, A Mulher na Dimensão Espírita,
Entre Dois Mundos e Visão Espírita
para o Terceiro Milênio.
FE – Do que trata É Preciso Viver,
seu último lançamento?
Nancy – Evidentemente, o título
contém uma afirmativa, um imperativo. Saber viver, é
preciso, lembrando Fernando Pessoa. Também, evidentemente,
cantamos junto com Roberto Carlos que a vida requer sabedoria
para ser vivida. Mas não sou eu quem nesse livro está
afirmando. São as Aves Feridas, os bebês, crianças
e adultos que nasceram ou se tornaram, no caminho da vida, pessoas
portadoras de limitações na plenitude expansional,
comum ao ser humano. Sob esse título estão contidos
textos dos livros O Castelo das Aves Feridas e As
Aves Feridas na Terra Voam, revisados e atualizados, sob
a justificativa de que ainda persistem marginalizações,
estigmas e preconceitos ligados aos espíritos que escolheram
ou aceitaram reencarnar em situações atípicas
por causas variáveis, desde resgates penosos até
missões em nome do amor. Nesse livro são as Aves
Feridas que falam. Não é livro psicografado, pois
nós apenas transcrevemos o que nos pareceu termos visto
e ouvido, assumindo os riscos de eventuais erros ou felizes acertos
que ele possa conter. Os direitos autorais foram cedidos à
Editora Mundo Maior.


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