Focalizando o Trabalhador Espírita
- Ivan Rene Franzolim

Ivan Rene Franzolim
Ivan pode nos fazer sua apresentação
pessoal?
Ismael, sou de 1952, natural da cidade de São Paulo, filho
caçula de Mário Franzolim e Reny. Casei em 1977
com Ângela e tivemos dois filhos, Marco e Alexandre. Sou
espírita pelo lado racional desde a pré-adolescência.
Gostei logo de início das primeiras explicações
que ouvi da minha mãe e continuo até hoje a apreciar
muito a filosofia espírita. Palestrante, articulista, escritor
e pesquisador espírita. Sou vegetariano há 35 anos
para manter a coerência com minhas crenças e apaziguar
meus sentimentos. Profissionalmente trabalhei na área de
sistemas e de marketing no segmento financeiro. Depois da aposentadoria
fiquei sócio de uma corretora de seguros. Sou formado em
Administração de Empresas com especialização
em Marketing de Serviços pela Fundação Getúlio
Vargas e pós-graduado em Comunicação Social
pela Cásper Líbero.
Como como você conheceu o Espiritismo
e desde quando é espírita?
O espiritismo foi influência da minha mãe que conheceu
o espiritismo antes de eu nascer. A primeira vez que minha mãe
explicou alguns conceitos espíritas foi quando eu tinha
10 a 12 anos, aceitei com muita naturalidade. Li muito sobre espiritismo,
espiritualismo, budismo, teosofia, rosacruz, astronomia, psicologia,
hipnose e recebia em casa as monografias da rosacruz e a revista
do Círculo Esotérico do Pensamento. Aos 14 anos
fui internado no colégio católico Liceu Nossa Senhora
Auxiliadora, em Campinas. Lembro de ter citado ideais espíritas
e de ser chamado algumas vezes pelo padre conselheiro para discutir
o espiritismo. Fiz o caminho inverso, primeiro estudei Ramatis
e Chico Xavier, depois Kardec e posteriormente León Denis,
Gabriel Delanne, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano entre outros.
Comecei a trabalhar em Centro na década de 1980 e no final
dela já participava ativamente do movimento espírita.
Poderia nos fazer uma retrospectiva das
atividades que você desenvolveu e desenvolve no movimento
espírita?
Sempre gostei de estudar e pesquisar, mas fazia isso sozinho.
Em um centro que trabalhei como esclarecedor, eu perguntava muito
e o presidente não respondia as minhas inúmeras
perguntas, se limitava a pedir que continuasse os estudos para
criar uma base que permitiria uma compreensão melhor. Foi
o que fiz até fazer as escolas do professor Rino Curti
e acabar virando instrutor. Trabalhei como esclarecedor em reuniões
de desobsessão e depois descobri que um grupo de jornalistas
espíritas se reunia no Instituto de Laborterapia. Fui até
lá e me integrei no grupo que contava com presenças
como de Altamirando Carneiro, Júlia Nezu, Jorge Rizzini
e Wilson Garcia. Depois, escrevi muitos artigos, alguns livros,
fiz muitas palestras, cursos e seminários.
Dentre elas quais a que você mais
destacaria?
Colaborador e Assessor da USE – União das Sociedades
Espíritas do Estado de São Paulo em várias
gestões.
Diretor fundador da ADE-SP Associação dos Divulgadores
do Espiritismo de São Paulo (1989) e presidente em várias
gestões.
Fundador em 1997 do Programa Ação 2000 - A Visão
da Notícia na Rádio Boa Nova, que analisa as notícias
e seu relacionamento com a Doutrina Espírita, ativo até
hoje.
Fui consultor para a implantação do processo de
planejamento estratégico na USE, Aliança Espírita
Evangélica e Núcleo Espírita Segue a Jesus.
Fui coaching de um programa estratégico da FEEES –
Federação Espírita do Estado do Espírito
Santo.
Autor da Pesquisa Nacional para Espíritas, realizada anualmente
desde 2015 com o objetivo de conhecer o modo de pensar, de se
comportar dos espíritas e sua relação com
as instituições.
Como aconteceu seu interesse em escrever?
Desde que fui destacado nas redações do ginásio
e nos concursos de poesias da rádio Cacique de Santos.
Acreditei que tinha alguma habilidade. No movimento espírita
eu me aproximei de jornalistas e escritores. Depois recebi uma
indicação do Chico Xavier, pelo seu irmão
André Luiz, me incentivando a escrever. Desde então
escrevo artigos e publiquei os seguintes livros:
Como Escrever para a Imprensa Espírita. Edições
USE. 1992.
Como Melhorar sua Comunicação. EME Editora. 1994.
Como Administrar Melhor o Centro Espírita. Edições
USE. 1996.
Como Escrever Melhor e Obter Bons Resultados. Madras. 2004.
Análise do Mercado Editorial Espírita. Mythos
Books. 2008
Organização de Eventos para o Terceiro Setor.
Mythos Books. 2008
Comunicação e Discernimento. EME Editora. 2012
Poderia nos detalhar mais amiúde
a motivação para as pesquisas que você tem
produzido acerca do nosso Movimento?
A partir da minha experiência com planejamento estratégico
tive oportunidade de aplicar pesquisas em várias instituições,
sempre com muito êxito e revelando aspectos desconhecidos
e outros não quantificados.
Quais as que já foram colocadas
à disposição dos espíritas, dos dirigentes
e do público em geral?
Em 2014 tive a ideia de pesquisar como pensam e se comportam
os espíritas. Lancei em 2015, pelas redes sociais, a primeira
edição da Pesquisa para Espíritas. Anualmente
refaço a pesquisa com novas questões e público
os resultados em meu blog para acesso de todos. Pesquiso também
sobre a mediunidade de efeitos físicos no Brasil e já
tenho catalogado 135 médiuns que utilizam ou utilizaram
o ectoplasma para os fenômenos que produzem.
Como você avalia os resultados conhecidos?
Os resultados da Pesquisa para Espíritas permitem uma
visão mais clara da realidade do movimento espírita.
Eles constituem indicadores para a gestão das casas espíritas
e das ações de comunicação do movimento.
Deveriam ser estudados em cada casa espírita para identificar
oportunidades de melhoria.
E os próximos passos nesse trabalho?
Continuar com essa pesquisa nos próximos anos e criar
uma outra com a finalidade de estudar as crenças espiritualistas
dos brasileiros com e sem religião, buscando elementos
para compreender melhor as crenças dos espíritas.
Este ano estou tentando atualizar o trabalho sobre os livros espíritas,
mas tenho encontrado muita resistência de editoras e distribuidoras
de fornecerem dados, como acontece com os principais segmentos
do mercado.
Pessoalmente como enxerga o nosso movimento
espírita da atualidade?
Os dirigentes espíritas possuem elevada escolaridade e
ótimo potencial para desenvolverem excelente gestão
de suas casas. Alguns estão fazendo, mas creio que a maioria
esbarra em crenças e hábitos culturais espíritas
que limitam essa ação. Ainda estamos formando espíritas
para serem deslumbrados com a espiritualidade, a aceitarem tudo
e não desenvolverem raciocínio crítico. Ainda
buscamos líderes para nos liderarem em vez de cada um fazer
a sua parte. Poucos espíritas demonstram perceber o potencial
das ideias espíritas para transformar o mundo para melhor.
A época dos grandes líderes já passou e nós
nos acostumamos a deixar parte da nossa responsabilidade com eles.
Apontaria alguns pontos que precisam
ser melhorados?
Precisamos rever todos os nossos serviços, formas de atendimento,
cursos, gestão e, principalmente da comunicação.
Buscar soluções atuais e criativas que encantem
as pessoas, sem se afastar da necessária fidelidade ao
conhecimento espírita.
Como tem visto a utilização
dos meios de comunicação na divulgação
da Doutrina Espírita?
A internet facilita muito comunicar mensagens espíritas.
Isso é muito bom desde que bem utilizado. Veja, por exemplo
boa parte dos grupos espíritas nas redes sociais. As pessoas,
agora com acesso à comunicação publicam coisas
que mais parecem católicas, do que espíritas, tanto
no texto como nas imagens. Quando se colocam temas mais complexos
ou que necessitam de maior profundidade na abordagem, as pessoas
se desinteressam. Por outro lado, as postagens mais emocionais
e religiosas são aquelas que mais curtidas e comentários
recebem, pois não pedem para pensar.
Acha que os espíritas
estão aproveitando bem as diversas mídias no trabalho
de divulgação do Espiritismo?
Não! Utilizamos muito pouco os recursos oferecidos pelas
redes sociais, principalmente de modo planejado, organizado com
objetivos e metas a serem perseguidos. Temos poucos sites e portais
bem estruturados e com bons serviços. Ainda engatinhamos
no desenvolvimento de aplicativos espíritas com boas funcionalidades.
Ainda persistimos manter uma linguagem, imagens, designs e diagramações
não atuais e pouco atraentes para os jovens, justamente
o público que temos maior necessidade.
Quais as perspectivas futuras nesse processo
de divulgação? Você tem percepção
desse futuro em termos de novas tecnologias?
O futuro da tecnologia mostra a tendência de autosserviços
com PLICAÇÕES deMachine Learning (campo da inteligência
artificial), mas ainda temos de usar bem o que já está
disponível, como as possibilidades de criação
de portais potentes na internet, da computação em
nuvem, bancos de dados interligados. Produção de
conteúdos bem estruturados e fundamentados, com novos enfoques
e originalidade. Interações com grupos de estudos,
cursos à distância, incentivo à pesquisa,
desenvolvimento de teses, críticas construtivas de livros
e artigos de opinião.
Acredita que essa evolução
tecnológica poderia levar os adeptos e simpatizantes a
permanecerem em casa renunciando à presença física
na Casa Espírita?
O público é heterogêneo, tem necessidades
diferentes e passam por momentos distintos. Ter a possibilidade
de relacionamento virtual pode ajudar a conseguirem um contato
presencial mais à frente. Não é o ideal,
mas é uma alternativa que pode aproximar muitas pessoas
ao espiritismo.
Algo mais que queira acrescentar?
Quero deixar a mensagem que o espírita deve sempre procurar
oportunidade para aprofundar o conhecimento da doutrina, sempre
reler as obras básicas, analisar as afirmações
de outras obras espíritas, comparar com a codificação
e ler sobre tudo. Mais ainda, sempre procurar ser útil
ao movimento espírita, compreender que tem o seu papel
a desempenhar. Compartilhar suas ideias com pessoas mais próximas,
no sentido de melhorá-las. Aceitar críticas e fazer
reparos. Depois buscar sua realização na instituição
que participa, sempre levando em conta o benefício de todos
os envolvidos.
Suas despedidas aos nossos leitores.
Essas entrevistas são muito relevantes para conhecermos
tanta gente esforçada que procura fazer um bom trabalho.
Isso gera um impulso motivacional que contagia positivamente.
Fiquei muito lisonjeado por poder compartilhar minhas informações
e pensamentos.
Ivan Rene Franzolim. Estúdio da Rádio
Boa Nova
Programa Ação 2000. Ivan Rene
Franzolim no alto à esquerda.