26/06/2008
Livros espíritas atendem aos deficientes
visuais
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.28.htm
Em 1953 nasceu a Sociedade Pró-Livro Espírita
em Braile fundada pelo general Mário Travassos, Luiz Millecco
e Marcos Vinícius Telles.
Tivemos a honra de ser “médium de transporte” tanto
do Marcos Vinícius (num encontro espírita próximo
a Angra dos Reis) quanto de Luiz Millecco. Deste guardo vídeos
de palestras que fez no Núcleo Espírita, na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (NEU-Fundão).
Outro Louis é Braile. Nasceu no dia 4 de janeiro na França
para iluminar os destinos das pessoas cegas. Braile talvez nem imaginasse
que um dia aquela hanseniana cega, após perder o tato nas pontas
do dedo, pudesse continuar a ler utilizando a ponta da língua.
O admirável Louis Braile tem reconhecimento mundial.
Mario Travassos, Luiz Millecco e Marcos Vinícius também
marcariam o destino das pessoas cegas desejosas de estudar a Doutrina
dos Espíritos.
Marcos ainda está entre nós e sei que posso ferir sua
humildade dizendo que os três também são admiráveis.
Para suavizar seu desconforto vamos lembrar com André Luiz que:
“admiráveis são todos os espíritos nobres
e retos que militam com grandeza na causa do bem. Entretanto, não
menos admiráveis são todos aqueles que se reconhecem frágeis
e imperfeitos, caindo e erguendo-se, muitas vezes, nas trilhas da existência,
sob críticas e censuras, mas sempre resistindo à tentação
do desânimo, sem desistirem de trabalhar.” (1)
Em “Borboletas na Janela” (2) lembramos que o professor
Marcos Vinicius cegou aos 23 anos de idade. Antes da cegueira, viajou
para muitos países por conta da função que exercia
na Marinha Mercante desde os 18 anos. Ele aprendeu Braille (no Instituto
Benjamin Constant - IBC) em um mês, constituiu família
e trabalhava como vendedor autônomo até que, com a chegada
de seu primeiro filho, decidiu retornar aos estudos. Na Faculdade (Cândido
Mendes no Rio de Janeiro), ingressou no curso de História, fez
o seu Mestrado, numa área que lhe despertava grande interesse,
desde a época em que era da Marinha.
Quem vier ao Rio de Janeiro e não for conhecer o professor Telles
vai se lamentar depois. Teremos ótima oportunidade no dia 29
de junho de 2008, quando a SPLEB estará comemorando 55 anos de
amor à causa dos cegos. Teremos várias atrações
como o Grupo Vocal da SPLEB Ladário Teixeira, Luiz Cláudio
Millecco e seus amigos, pescaria, comidas típicas, brincadeiras.
Será na Casa de Jacira. Rua Aguiar, 72. Tijuca, das 15 às
19 horas. Grupo Vocal Ladário é homenagem ao brasileiro,
saxofonista cego que nasceu em Uberlândia. O saxofone estava quase
obsoleto com o aparecimento do jazz, pois não possuía
as notas necessárias para execução de certas partituras.
Ladário pesquisou e desenvolveu um instrumento com 15 notas a
mais, capaz de tocar músicas clássicas, de Bach até
Beethoven. Sua patente foi registrada “Modéle Ladário
Teixeira”, em Paris (3).
Luiz Millecco também era ligado à Arte. Com a monografia
intitulada “Músico-Verbal, Iso e Auto-Conhecimento”,
graduou-se em Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de
Música, no Rio de Janeiro, em 1975. O livro, “È
Preciso Cantar”, adotado por estudiosos de toda a América-Latina
o tem como um dos autores.
Nasceu cego, no Rio de Janeiro, no dia 30 de junho de 1932. Atraído
pela música desde menino tocava “de ouvido” vários
instrumentos. Em 1952 conheceu o General Mário Travassos e Marcus
Vinícius Teles, também aluno do Instituto Benjamin Constant.
Aí nasceu em 30 de junho de 1953, a Sociedade Pró-Livro-Espírita
em Braille – SPLEB, propiciando aos cegos, dentro e fora do país,
o estudo pessoal da Doutrina Espírita em suas próprias
fontes. Deixou como herança para o filho Luiz Cláudio,
hoje músico, a música e a Doutrina Espírita.
Millecco desencarnou em 5 de fevereiro de 2005, deixando-nos mais de
duzentas músicas. Gravou o CD “Canção de
Deus”, junto com o livro “Música e Espiritismo”.
Publicou treze livros, dentre eles: “Ecos de São Bartolomeu”,
em 1998; “Embainha a Tua Espada”, em 1999; “Doze Passos
Rumo a Paz Interior”, em 2000; “Olhos de Ver – O Desafio
da Cegueira”, em 2004. Foi membro do conselho deliberativo da
Fundação Cristã Espírita Paulo de Tarso
e presidiu o 1° Congresso Internacional de Cegos Espíritas
em 2003.
Neste final de texto, muitos vão perceber a minha angústia
e como eu frustrados com a pobreza da informação. Mas
como escrever sobre pessoas tão importantes num espaço
tão pequeno?
Tive sorte, Millecco deixou a SPLEB, livros e Cds para o movimento espírita.
Um bom exemplo é Canção de Deus, Música
& Espiritismo, das publicações Lachâtre, com
prefácio de Quarteto em Cy.
O “médium de transporte” ainda pode ver a platéia
admirada ouvindo sua voz interpretando uma de suas belas melodias: “Ele
veio, Pão da vida, luz do mundo, Tinha o olhar quente e profundo
E solene tinha a voz. Ele veio, Mãos vazias desarmadas, Nem escudos,
nem espadas, Só o amor por todos nós. Toda noite sem estrelas
Ele ilumina E as nuvens mais escuras Ele desfaz. Ele veio E agitou a
nossa alma, E tirou a nossa calma, Mas nos trouxe a sua paz”.
(1) Livro de Respostas. Francisco Cândido Xavier
& Emmanuel
(2) http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=5356
(3) Kardebraile, XLVIII (129): 10, 2008
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