14/05/2008
Assimina Vlahou
De Roma, para a BBC Brasil
BBC BRASIL
http://noticias.uol.com.br/bbc/2008/05/13/ult5022u840.jhtm
O diretor do observatório astronômico do
Vaticano, padre José Gabriel Funes, afirmou que Deus pode ter
criado seres inteligentes em outros planetas do mesmo jeito como criou
o universo e os homens.
"Como existem diversas criaturas na Terra, poderiam
existir também outros seres inteligentes, criados por Deus",
disse o diretor do observatório conhecido como Specola Vaticana.
"Isso não contradiz nossa fé porque
não podemos colocar limites à liberdade criadora de
Deus", acrescentou Funes, em entrevista ao jornal L'Osservatore
Romano, órgão oficial de imprensa da Santa Sé.
Na entrevista ao jornal do papa, o padre Funes, jesuíta
argentino de 45 anos de idade, cita São Francisco ao dizer que
possíveis habitantes de outros planetas devem ser considerados
como nossos irmãos.
"Para citar São Francisco, se consideramos
as criaturas terrestres como 'irmão' e 'irmã', por que
não poderemos falar tambem de um 'irmão extraterrestre'?",
pergunta o padre. "Ele tambem faria parte da criação."
Perspectiva
Na opinião do astrônomo do Vaticano, pode haver seres semelhantes
a nós ou até mais evoluídos em outros planetas,
ainda que não haja provas da existência deles.
"É possível que existam. O universo
é formado por 100 bilhões de galáxias, cada uma
composta de 100 bilhões de estrelas, muitas delas ou quase
todas poderiam ter planetas", afirmou Funes.
"Como podemos excluir que a vida tenha se desenvolvido
também em outro lugar?", acrescentou. "Há
um ramo da astronomia, a astrobiologia, que estuda justamente este
aspecto e fez muitos progressos nos últimos anos."
Segundo o cientista, estudar o universo não afasta,
mas aproxima de Deus porque abre o coração e a mente e
ajuda a colocar a vida das pessoas na "perspectiva certa".
Padre Funes diz ainda que teorias como a do Big Bang
e a do evolucionismo de Darwin, que explicam o nascimento do universo
e da vida na Terra sem fazer relação com a existência
de Deus, não se chocam com a visão da Igreja.
"Como astrônomo, eu continuo a acreditar
que Deus seja o criador do universo e que nós não somos
o produto do acaso, mas filhos de um pai bom", afirma.
"Observando as estrelas, emerge claramente um
processo evolutivo, e este é um dado cientifico, mas não
vejo nisso uma contradição com a fé em Deus."
Ateísmo
Na visão do religioso, estudar astronomia não leva necessariamente
ao ateísmo.
"É uma lenda achar que a astronomia favoreça
uma visão atéia do mundo", disse o padre.
"Nosso trabalho demonstra que é possível
fazer ciência seriamente e acreditar em Deus. A Igreja deixou
sua marca na história da astronomia."
Diretor da Specola Vaticana desde 2006, padre Funes
lembrou na entrevista que astrônomos do Vaticano fizeram importantes
descobertas como o "raio verde", o rebaixamento de Plutão
e trabalhos em parceria com a Nasa, por meio do centro astronômico
do Vaticano em Tucson, nos Estados Unidos.
A sede do observatório do Vaticano se localiza
em Castelgandolfo, cidade próxima de Roma, onde fica situado
o palácio de verão do papa, desde 1935.
O interesse dos pontífices pela astronomia surgiu
com o papa Gregório 13, que promoveu a reforma do calendário
em 1582, dividindo o ano em 365 dias e 12 meses e introduzindo os anos
bissextos.
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