Paulo
da Silva Neto Sobrinho
> Evocar os espíritos: Moisés ou Kardec?
“À tarde, levaram
a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio.
Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos...”
(Mt 8, 16).
Introdução
Por várias vezes já nos deparamos com companheiros
do Movimento Espírita sugerindo que não devemos evocar
os espíritos nas reuniões mediúnicas de orientação
e ajuda espiritual. Em que pese à capacidade e o conhecimento
de alguns desses companheiros, se nos permitem, não concordamos
com essa posição, tendo em vista que ela é
contrária ao que Kardec norteia nas obras da Codificação.
Em relação a elas, cada dia mais ficamos na certeza
de que, apesar de muitos afirmarem seguir fielmente a Kardec, não
o fazem por uma questão muito simples: não conhecem
todo o pensamento do codificador, muitas vezes ficam apegados a
um livro ou outro, mas sem que tivessem a oportunidade de estudá-los
na íntegra, se restringiram a alguns deles. Por outro lado,
percebemos que apenas querem trazer para o nosso meio aquilo que
os detratores usam para nos combater, qual seja a proibição
de Moisés em evocar os mortos. Senão vejamos.
Kardec e a proibição
mosaica
Em O Céu e o Inferno (cap. XI, pp. 155-165) Kardec
diz respeito da proibição de evocar os mortos:
(...)
“A proibição de Moisés era assaz justa,
porque a evocação dos mortos não se originava
nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade
para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações,
tal como nos augúrios e presságios explorados pelo
charlatanismo e pela superstição. Essas práticas,
ao que parece, também eram objeto de negócio, e
Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las
dos costumes populares”.
(...)
“Quando a evocação é feita com recolhimento
e religiosamente; quando os Espíritos são chamados,
não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição
e simpatia, com desejo sincero de instrução e progresso,
não vemos nada de irreverente em apelar-se para as pessoas
mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, uma outra
resposta peremptória a essa objeção, e é
que os Espíritos se apresentam espontaneamente, sem constrangimento,
muitas vezes mesmo sem que sejam chamados. Eles também
dão testemunho da satisfação que experimentam
por comunicar-se com os homens, e queixam-se às vezes do
esquecimento em que os deixam. Se os Espíritos se perturbassem
ou se agastassem com os nossos chamados, certo o diriam e não
retornariam; porém, nessas evocações, livres
como são, se se manifestam, é porque lhes convém”.
Ora, isso deixa bem claro que não
devemos trazer para a Doutrina Espíritas, coisas que não
têm nada a ver com as nossas práticas.
Pode-se evocar?
Vejamos o que diz o codificador:
“Os Espíritos se
manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
“Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram
homens obscuros, como os “das personagens mais ilustres,
seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos
“parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações
escritas ou verbais, “conselhos, informações
sobre a situação em que se encontram no Além,
sobre o que “pensam a nosso respeito, assim como as revelações
que lhes sejam permitidas fazer-nos. (KARDEC, A. O
Livro dos Espíritos, p. 26)
935. Que se deve pensar da opinião dos que consideram
profanação as comunicações com o além-túmulo?
“Não pode haver nisso profanação, quando
haja recolhimento e quando a evocação seja praticada
respeitosa e convenientemente. A prova de que assim é tendes
no fato de que os Espíritos que vos consagram afeição
acodem com prazer ao vosso chamado. Sentem-se felizes por vos
lembrardes deles e por se comunicarem convosco. Haveria profanação,
se isso fosse feito levianamente.”
A possibilidade
de nos pormos em comunicação com os Espíritos
é uma dulcíssima consolação, pois
que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes
e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação,
aproximamo-los de nós, eles vêm colocar-se ao nosso
lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda
separação entre eles e nós. Auxiliam-nos
com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam
e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para
nós, grande satisfação é sabê-los
ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores
da nova existência a que passaram e adquirir a certeza
de que um dia nos iremos a eles juntar. (KARDEC,
A. O Livro dos Espíritos, pp
433-434)
Kardec e suas recomendações
Em O Livro dos Médiuns, encontramos diversas recomendações,
dignas de quem levava a sério essa questão.
203. O desejo natural de todo
aspirante a médium é o de poder confabular com os
Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém,
moderar a sua impaciência, porquanto a comunicação
com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades
materiais que a tornam impossível ao principiante. Para
que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que
haja entre ele e o médium relações fluídicas,
que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à
medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium
adquire pouco a pouco a aptidão necessária para
pôr-se em comunicação com o Espírito
que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium
deseje comunicar-se, não esteja em condições
propícias a fazê-lo, embora se ache presente,
como também pode acontecer que não tenha possibilidade,
nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido.
Convém, por isso, que no começo ninguém se
obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão
de qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com
esse que as relações fluídicas se estabelecem
mais facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o
encarnado. Antes, pois, de pensar em obter comunicações
de tal ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a
efeito o desenvolvimento da sua faculdade, para o que deve fazer
um apelo geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo guardião.
Não há, para esse fim, nenhuma fórmula sacramental.
Quem quer que pretenda indicar alguma pode ser tachado, sem receio,
de impostor, visto que para os Espíritos a forma nada vale.
Contudo, a evocação deve sempre ser feita em nome
de Deus. Poder-se-á fazê-la nos termos seguintes,
ou outros equivalentes: Rogo a Deus Todo-Poderoso que permita
venha um bom Espírito comunicar-se comigo e fazer-me escrever;
peço também ao meu anjo de guarda se digne de me
assistir e de afastar os maus Espíritos. Formulada
a súplica, é esperar que um Espírito se manifeste,
fazendo escrever alguma coisa. Pode acontecer venha aquele que
o impetrante deseja, como pode ocorrer também venha um
Espírito desconhecido ou o anjo de guarda. Qualquer que
ele seja, em todo caso, dar-se-á conhecer, escrevendo o
seu nome. Mas, então apresenta-se a questão da identidade,
uma das que mais experiência requerem, por isso que poucos
principiantes haverá que não estejam expostos a
ser enganados. Dela trataremos adiante, em capítulo especial.
Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial
que o médium comece por se dirigir somente aos que ele
sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivo para
acudir ao apelo, como parentes, ou amigos.
Neste caso, a evocação pode ser formulada assim:
Em nome de Deus Todo-Poderoso peço que tal Espírito
se comunique comigo, ou então: Peço a Deus Todo-Poderoso
permita que tal Espírito se comunique comigo; ou qualquer
outra fórmula que corresponda ao mesmo pensamento. Não
é menos necessário que as primeiras perguntas sejam
concebidas de tal sorte que as respostas possam ser dadas por
um sim ou um não, como por exemplo: Estas aí? Queres
responder-me? Podes fazer-me escrever? etc. Mais tarde essa precaução
se torna inútil. No princípio, trata-se de estabelecer
assim uma relação. O essencial é que a pergunta
não seja fútil, não diga respeito a coisas
de interesse particular e, sobretudo, seja a expressão
de um sentimento de benevolência e simpatia para com o Espírito
a quem é dirigida. (Veja-se adiante o capítulo especial
sobre as Evocações.) (KARDEC, A. O
Livro dos Médiuns, pp. 247-249)
269. Os Espíritos podem
comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto
é, vir por evocação. Pensam algumas pessoas
que todos devem abster-se de evocar tal ou tal Espírito
e ser preferível que se espere aquele que queira comunicar-se.
Fundam-se em que, chamando determinado Espírito, não
podemos ter a certeza de ser ele quem se apresente, ao passo que
aquele que vem espontaneamente, de seu moto próprio, melhor
prova a sua identidade, pois que manifesta assim o desejo que
tem de se entreter conosco. Em nossa opinião, isso é
um erro: primeiramente, porque há sempre em tomo de nós
Espíritos, as mais das vezes de condição
inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se;
em segundo lugar e mesmo por esta última razão,
não chamar a nenhum em particular é abrir a porta
a todos os que queiram entrar. Numa assembléia, não
dar a palavra a ninguém é deixá-la livre
a toda a gente e sabe-se o que daí resulta. A chamada direta
de determinado Espírito constitui um laço entre
ele e nós; chamamo-lo pelo nosso desejo e opomos assim
uma espécie de barreira aos intrusos. Sem uma chamada direta,
um Espírito nenhum motivo terá muitas vezes para
vir confabular conosco, a menos que seja o nosso Espírito
familiar.
Cada uma destas duas maneiras de operar tem suas vantagens e nenhuma
desvantagem haveria, senão na exclusão absoluta
de uma delas. As comunicações espontâneas
inconveniente nenhum apresentam, quando se está senhor
dos Espíritos e certo de não deixar que os maus
tomem a dianteira. Então, é quase sempre bom aguardar
a boa-vontade dos que se disponham a comunicar-se, porque nenhum
constrangimento sofre o pensamento deles e dessa maneira se podem
obter coisas admiráveis; entretanto, pode suceder que o
Espírito por quem se chama não esteja disposto a
falar, ou não seja capaz de fazê-lo no sentido desejado.
O exame escrupuloso, que temos aconselhado, é, aliás,
uma garantia contra as comunicações más.
Nas reuniões regulares, naquelas, sobretudo, em que se
faz um trabalho continuado, há sempre Espíritos
habituais que a elas comparecem, sem que sejam chamados, por estarem
prevenidos, em virtude mesmo da regularidade das sessões.
Tomam, então, freqüentemente a palavra, de modo espontâneo,
para tratar de um assunto qualquer, desenvolver uma proposição
ou prescrever o que se deva fazer, caso em que são facilmente
reconhecíveis, quer pela forma da linguagem, que é
sempre idêntica, quer pela escrita, quer por certos hábitos
que lhes são peculiares.
270. Quando se deseja comunicar com determinado Espírito,
é de toda necessidade evocá-lo. (N. 203.) Se ele
pode vir, a resposta é geralmente: Sim, ou Estou
aqui, ou, ainda: Que quereis de mim? Às vezes,
entra diretamente em matéria, respondendo de antemão
às perguntas que se lhe queria dirigir.
Quando um Espírito é evocado pela primeira vez,
convém designá-lo com alguma precisão. Nas
perguntas que se lhe façam, devem evitar-se as fórmulas
secas e imperativas, que constituiriam para ele um motivo de afastamento.
As fórmulas devem ser afetuosas, ou respeitosas, conforme
o Espírito, e, em todos os casos, cumpre que o evocador
lhe dê prova da sua benevolência.
271. Surpreende, não raro, a prontidão com que um
Espírito evocado se apresenta, mesmo da primeira vez. Dir-se-ia
que estava prevenido. E, com efeito, o que se dá, quando
com a sua evocação se preocupa de antemão
aquele que o evoca. Essa preocupação é uma
espécie de evocação antecipada e, como temos
sempre conosco os nossos Espíritos familiares, que se identificam
com o nosso pensamento, eles preparam o caminho de tal sorte que,
se nenhum obstáculo surge, o Espírito que desejamos
chamar já se acha presente ao ser evocado. Quando assim
não acontece, é o Espírito familiar do médium,
ou o do interrogante, ou ainda um dos que costumam freqüentar
as reuniões que o vai buscar, para o que não precisa
de muito tempo. Se o Espírito evocado não pode vir
de pronto, o mensageiro (os Pagãos diriam Mercúrio)
marca um prazo, às vezes de cinco minutos, um quarto de
hora e até muitos dias. Logo que ele chega, diz: Aqui estou.
Podem então começar a ser feitas as perguntas que
se lhe quer dirigir.
O mensageiro nem sempre é um intermediário indispensável,
porquanto o Espírito pode ouvir diretamente o chamado do
evocador, conforme ficou dito em o n. 282, pergunta 5, sobre o
modo de transmissão do pensamento.
Quando dizemos que se faça a evocação em
nome de Deus, queremos que a nossa recomendação
seja tomada a sério e não levianamente. Os que nisso
vejam o emprego de uma fórmula sem conseqüências
farão melhor abstendo-se.
272. Freqüentemente, as evocações oferecem
mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos,
sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões
circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns
especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos
e já em o n. 193 vimos que estes últimos são
bastante raros, por isso que, conforme dissemos, as relações
fluídicas nem sempre se estabelecem instantaneamente com
o primeiro Espírito que se apresente. Daí convir
que os médiuns não se entreguem às evocações
pormenorizadas, senão depois de estarem certos do desenvolvimento
de suas faculdades e da natureza dos Espíritos que os assistem,
visto que com os mal assistidos as evocações nenhum
caráter podem ter de autenticidade. (KARDEC, A. O
Livro dos Médiuns, pp. 347-350)
O que Kardec não recomenda?
Ainda em O Livro dos Médiuns,
encontramos:
273. Os médiuns são
geralmente muito mais procurados para as evocações
de interesse particular, do que para comunicações
de interesse geral; isto se explica pelo desejo muito natural
que todos têm de confabular com os entes que lhes são
caros. Julgamos dever fazer a este propósito algumas
recomendações importantes aos médiuns.
Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão
com muita reserva, se se trata de pessoas de cuja sinceridade
não estejam completamente seguros e que se acautelem
das armadilhas que lhes possam preparar pessoas malfazejas.
Em segundo lugar, que a tais evocações não
se prestem, sob fundamento algum, se perceberem um fim de simples
curiosidade, ou de interesse, e não uma intenção
séria da parte do evocador; que se recusem a fazer qualquer
pergunta ociosa, ou que sai do âmbito das que racionalmente
se podem dirigir aos espíritos. As perguntas devem ser
formuladas com clareza, precisão e sem idéia preconcebida,
em se querendo respostas categóricas. Cumpre, pois, se
repilam todas as que tenham caráter insidioso, porquanto
é sabido que os Espíritos não gostam das
que têm por objetivo pô-los à prova. Insistir
em questões desta natureza é querer ser enganado.
O evocador deve ferir franca e abertamente o ponto visado, sem
subterfúgios e sem circunlóquios. Se receia explicar-se,
melhor será que se abstenha.
Convém igualmente que só com muita prudência
se façam evocações, na ausência das
pessoas que as pediram, sendo mesmo preferível que não
sejam feitas nessas condições, visto que somente
aquelas pessoas se acham aptas a analisar as respostas, a julgar
da identidade, a provocar esclarecimentos, se for oportuno,
e a formular questões incidentes, que as circunstâncias
indiquem. Além disso, a presença delas é
um laço que atrai o Espírito, quase sempre pouco
disposto a se comunicar com estranhos, que lhes não inspiram
nenhuma simpatia. O médium, em suma, deve evitar tudo
o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que,
aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor
da "buena-dicha". (KARDEC, A. O Livro
dos Médiuns, p. 350-351).
Quais
Espíritos podem ser evocados?
Diz-nos o codificador:
274. Todos os Espíritos,
qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual,
podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que
deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas
mais remotas, os que foram homens ilustres, como os mais obscuros,
os nossos parentes e amigos, como os que nos são indiferentes.
Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram
ou possam responder ao nosso chamado. Independente da própria
vontade, ou da permissão, que lhes pode ser recusada
por uma potência superior, é possível se
achem impedidos de o fazer, por motivos que nem sempre nos é
dado conhecer. Queremos dizer que não há impedimento
absoluto que se oponha às comunicações,
salvo o que dentro em pouco diremos. Os obstáculos capazes
de impedir que um Espírito se manifeste são quase
sempre individuais e derivam das circunstâncias.
275. Entre as causas que podem impedir a manifestação
de um Espírito, umas lhe são pessoais e outras,
estranhas. Entre as primeiras, devem colocar-se as ocupações
ou as missões que esteja desempenhando e das quais não
pode afastar-se, para ceder aos nossos desejos. Neste caso,
sua visita apenas fica adiada.
Há também a sua própria situação.
Se bem que o estado de encarnação não constitua
obstáculo absoluto, pode representar um impedimento,
em certas ocasiões, sobretudo quando aquela se dá
nos mundos inferiores e quando o próprio Espírito
está pouco desmaterializado. Nos mundos superiores, naqueles
em que os laços entre o Espírito e a matéria
são muito fracos, a manifestação é
quase tão fácil quanto no estado errante, mais
fácil, em todo caso, do que nos mundos onde a matéria
corpórea é mais compacta.
As causas estranhas residem principalmente na natureza do médium,
na da pessoa que evoca, no meio em que se faz a evocação,
enfim, no objetivo que se tem em vista. Alguns médiuns
recebem mais particularmente comunicações de seus
Espíritos familiares, que podem ser mais ou menos elevados;
outros se mostram aptos a servir de intermediários a
todos os Espíritos, dependendo isto da simpatia ou da
antipatia, da atração ou da repulsão que
o Espírito pessoal do médium exerce sobre o Espírito
chamado, o qual pode tomá-lo por intérprete, com
prazer, ou com repugnância. Isto também depende,
abstração feita das qualidades íntimas
do médium, do desenvolvimento da faculdade mediúnica.
Os Espíritos vêm de melhor vontade e, sobretudo,
são mais explícitos com um médium que lhes
não oferece nenhum obstáculo material. Aliás,
em igualdade de condições morais, quanto mais
facilidade tenha o médium para escrever ou para se exprimir,
tanto mais se generalizam suas relações com o
mundo espírita.
276. Cumpre ainda levar em conta a facilidade que deve resultar
do hábito da comunicação com tal ou qual
Espírito. Com o tempo, o Espírito estranho se
identifica com o do médium e também com aquele
que o chama. Posta de parte a questão da simpatia, entre
eles se estabelecem relações fluídicas
que tornam mais prontas as comunicações. Por isso
é que uma primeira confabulação nem sempre
é tão satisfatória quanto fora de desejar
e que os próprios Espíritos pedem freqüentemente
que os chamem de novo. O Espírito que vem habitualmente
está como em sua casa: fica familiarizado com seus ouvintes
e intérpretes, fala e age livremente.
277. Em resumo, do que acabamos de dizer resulta: que a faculdade
de evocar todo e qualquer Espírito não implica
para este a obrigação de estar à nossa
disposição; que ele pode vir em certa ocasião
e não vir noutra, com um médium, ou um evocador
que lhe agrade e não com outro; dizer o que quer, sem
poder ser constrangido a dizer o que não queira; ir-se
quando lhe aprouver; enfim, que por causas dependentes ou não
da sua vontade, depois de se haver mostrado assíduo durante
algum tempo, pode de repente deixar de vir.
Por todos estes motivos é que, quando se deseja chamar
um Espírito que ainda não se apresentou, é
necessário perguntar ao seu guia protetor se a evocação
é possível; caso não o seja, ele geralmente
dá as razões e então é inútil
insistir.
278. Uma questão importante se apresenta aqui, a de saber
se há ou não inconveniente em evocar maus Espíritos.
Isto depende do fim que se tenha em vista e do ascendente que
se possa exercer sobre eles. O inconveniente e nulo, quando
são chamados com um fim sério, qual o de os instruir
e melhorar; é, ao contrário, muito grande, quando
chamados por mera curiosidade ou por divertimento, ou, ainda.
Quando quem os chama se põe na dependência deles,
pedindo-lhes um serviço qualquer.
Os bons Espíritos, neste caso, podem muito bem dar-lhes
o poder de fazerem o que se lhes pede, o que não exclui
seja severamente punido mais tarde o temerário que ousou
solicitar-lhe o auxilio e supô-los mais poderosos do que
Deus. Será em vão que prometa a si mesmo, quem
assim proceda, fazer dali em diante bom uso do auxílio
pedido e despedir o servidor, uma vez prestado o serviço.
Esse mesmo serviço que se solicitou, por mínimo
que seja, constitui um verdadeiro pacto firmado com o mau Espírito
e este não larga facilmente a sua presa. (Veja-se o n.
212.)
279. Ninguém exerce ascendentes sobre os Espíritos
inferiores, senão pela superioridade moral. Os Espíritos
perversos sentem que os homens de bem os dominam. Contra quem
só lhes oponha a energia da vontade, espécie de
força bruta, eles lutam e muitas vezes são os
mais fortes. A alguém que procurava domar um Espírito
rebelde, unicamente pela ação da sua vontade,
respondeu àquele: Deixa-me em paz, com teus ares de mata-mouros,
que não vales mais do que eu; dir-se-ia um ladrão
a pregar moral a outro ladrão.
Há quem se espante de que o nome de Deus, invocado contra
eles, nenhum efeito produza. A razão desse fato deu-no-la
São Luís, na resposta seguinte:
"O nome de Deus só tem influência sobre os
Espíritos imperfeitos, quando proferido por quem possa,
pelas suas virtudes, servir-se dele com autoridade. Pronunciado
por quem nenhuma superioridade moral tenha, com relação
ao Espírito, é uma palavra como qualquer outra.
O mesmo se dá com as coisas santas com que se procure
dominá-los. A mais terrível das armas se torna
inofensiva em mãos inábeis a se servirem dela,
ou incapazes de manejá-la." (KARDEC, A. O
Livro dos Médiuns, pp. 351-354)
Outras
importantíssimas orientações de Kardec
Ainda, em O Livro dos Médiuns:
282. Questões sobre as
evocações
1ª Pode alguém, sem ser médium, evocar os
Espíritos?
"Toda gente pode evocar os Espíritos e, se aqueles
que evocares não puderem manifestar-se materialmente,
nem por isso deixarão de estar junto de ti e de te escutar."
(...)
11ª Haverá inconveniente em se evocarem Espíritos
inferiores e será de temer que, chamando-os, o evocador
lhes fique sob o domínio?
"Eles não dominam senão os que se deixam
dominar. Aquele que é assistido por bons Espíritos
nada tem que temer. Impõe-se aos Espíritos inferiores
e não estes a ele. Isolados, os médiuns, sobretudo
os que começam, devem abster-se de tais evocações.
(N. 278.)
12ª Serão necessárias algumas disposições
especiais para as evocações?
"A mais essencial de todas as disposições
é o recolhimento, quando se deseja entrar em comunicação
com Espíritos sérios. Com fé e com o desejo
do bem, tem-se mais força para evocar os Espíritos
superiores. Elevando sua alma, por alguns instantes de recolhimento,
quando da evocação, o evocador se identifica com
os bons Espíritos e os dispõe a virem."
13ª Para as evocações, é preciso fé?
"A fé em Deus, sim; para o mais, a fé virá,
se desejardes o bem e tiverdes o propósito de instruir-vos."
14ª Reunidos em comunhão de pensamentos e de intenções,
dispõem os homens de mais poder para evocar os Espíritos?
"Quando todos estão reunidos pela caridade e para
o bem, grandes coisas alcançam. Nada mais prejudicial
ao resultado das evocações do que a divergência
de idéias."
15ª Será conveniente a precaução de
se formar cadeia, dando-se todos as mãos, alguns minutos
antes de começar a reunião?
"A cadeia é um meio material, que não estabelece
entre vós a união, se esta não existe nos
pensamentos; mais conveniente do que isso é unirem-se
todos por um pensamento comum, chamando cada um, de seu lado,
os bons Espíritos. Não imaginais o que se pode
obter numa reunião séria, de onde se haja banido
todo sentimento de orgulho e de personalismo e onde reine perfeito
o de mútua cordialidade."
16ª São preferíveis as e vocações
em dias e horas determinados?
"Sim e, se for possível, no mesmo lugar: os Espíritos
ai acorrem com mais satisfação. O desejo constante
que tendes é que auxilia os Espíritos a se porem
em comunicação convosco. Eles têm ocupações,
que não podem deixar de improviso, para satisfação
vossa pessoal. Digo no mesmo lugar, mas não julgueis
que isso deva constituir uma obrigação absoluta,
porquanto os Espíritos vão a toda parte. Quero
dizer que um lugar consagrado às reuniões é
preferível, porque o recolhimento se faz mais perfeito."
17ª Certos objetos, como medalhas e talismãs, têm
a propriedade de atrair ou repelir os Espíritos conforme
pretendem alguns?
"Esta pergunta era escusada, porquanto bem sabes que a
matéria nenhuma ação exerce sobre os Espíritos.
Fica bem certo de que nunca um bom Espírito aconselhará
semelhantes absurdidades. A virtude dos talismãs, de
qualquer natureza que sejam, jamais existiu, senão, na
imaginação das pessoas crédulas."
18ª Que se deve pensar dos Espíritos que marcam
encontros em lugares lúgubres e a horas indevidas?
"Esses Espíritos se divertem à custa dos
que lhes dão ouvidos. E sempre inútil e não
raro perigoso ceder a tais sugestões: inútil,
porque nada absolutamente se ganha em ser mistificado; perigoso,
não pelo mal que possam fazer os Espíritos, mas
pela influência que isso pode ter sobre cérebros
fracos."
19ª Haverá dias e horas mais propícias para
as evocações?
"Para os Espíritos, isso é completamente
indiferente, como tudo o que é material, e fora superstição
acreditar-se na influência dos dias e das horas. Os momentos
mais propícios são aqueles em que o evocador possa
estar menos distraído pelas suas ocupações
habituais, em que se ache mais calmo de corpo e de espírito."
20ª Para os Espíritos, a evocação
é coisa agradável ou penosa? Eles vêm de
boa-vontade, quando chamados?
"Isso depende do caráter deles e do motivo com que
são chamados. Quando é louvável o objetivo
e quando o meio lhes é simpático, a evocação
constitui para eles coisa agradável e mesmo atraente;
os Espíritos se sentem sempre ditosos com a afeição
que se lhes demonstre. Alguns há para os quais representa
grande felicidade se comunicarem com os homens e que sofrem
com o abandono em que são deixados. Mas, como já
disse, isto igualmente depende dos caracteres deles. Entre os
Espíritos, também há misantropos, que não
gostam de ser incomodados e cujas respostas se ressentem do
mau humor em que vivem, sobretudo quando chamados por pessoas
que lhes são indiferentes, pelas quais não se
interessam. Um Espírito nenhum motivo tem, muitas vezes,
para atender ao chamado de um desconhecido, que lhe é
indiferente e que quase sempre tem a inspirá-lo a curiosidade.
Se vem, suas aparições, em geral, são curtas,
a menos que a evocação vise a um fim sério
e instrutivo."
NOTA. Há
pessoas que só evocam seus parentes para lhes perguntar
as coisas mais vulgares da vida material, por exemplo: um,
para saber se alugará ou venderá sua casa; outro,
para saber que lucro tirará da sua mercadoria, o lugar
em que há dinheiro escondido, se tal negócio
será ou não vantajoso. Nossos parentes de além-túmulo
por nós só se interessam em virtude da afeição
que lhes consagremos. Se os nossos pensamentos, com relação
a eles, se limitam a supô-los feiticeiros, se neles
só pensamos para lhes pedir informações,
é claro que não nos podem ter grande simpatia
e ninguém deve surpreender-se com a pouca benevolência
que lhes demonstrem.
21ª Alguma diferença
há entre os bons e os maus Espíritos, pelo que
toca à solicitude com que atendam ao nosso chamado?
"Uma bem grande há: os maus Espíritos não
vêm de boa-vontade, senão quando contam dominar
e enganar; experimentam viva contrariedade, quando forçados
a vir, para confessarem suas faltas, e outra coisa não
procuram senão ir-se embora, como um colegial a quem
se chama para repreendê-lo. Podem a isso ser constrangidos
por Espíritos superiores, como castigo e para instrução
dos encamados. A evocação é penosa para
os bons Espíritos, quando são chamados inutilmente,
para futilidades. Então, ou não vêm, ou
se retiram logo.
"Podeis dizer que, em princípio, os Espíritos,
quaisquer que eles sejam, não gostam, exatamente como
vós, de servir de distração a curiosos,
Freqüentemente, outro fim não tendes, evocando um
Espírito, senão ver o que ele vos dirá
ou interrogá-lo sobre particularidades de sua vida, que
ele não deseja dar-vos a conhecer, porque nenhum motivo
tem para vos fazer confidências. Julgais que ele se vá
colocar na berlinda, somente para vos dar prazer? Desenganai-vos;
o que ele não faria em vida não fará tampouco
como Espírito."
NOTA. A
experiência, com efeito, prova que a evocação
é sempre agradável aos Espíritos, quando
feita com fim sério e útil. Os bons vêm
prazerosamente instruir-nos; os que sofrem encontram alivio
na simpatia que se lhes demonstra; os que conhecemos ficam
satisfeitos com o se saberem lembrados, os levianos gostam
de ser evocados pelas pessoas frívolas, porque isso
lhes proporciona ensejo de se divertirem à custa delas;
sentem-se pouco à vontade com pessoas graves.
22ª Para se manifestarem,
têm sempre os Espíritos necessidade de ser evocados?
"Não; muito freqüentemente, eles se apresentam
sem serem chamados, o que prova que vêm de boa-vontade."
23ª Quando um Espírito se apresenta por si mesmo,
pode-se estar certo da sua identidade?
"De maneira alguma, porquanto os Espíritos enganadores
empregam amiúde esse meio, para melhor mistificarem."
24ª Quando se evoca pelo pensamento o Espírito de
uma pessoa, esse Espírito vem, ainda mesmo que não
haja manifestação pela escrita, ou de outro modo?
"A escrita é um meio material, para o Espírito,
de atestar a sua presença, mas o pensamento é
que o atrai e não o fato da escrita."
25ª Quando se manifeste um Espírito inferior, poder-se-á
obrigá-lo a retirar-se?
"Sim, não se lhe dando atenção. Mas,
como quereis que se retire, quando vos divertis com as torpezas?
Os Espíritos inferiores se ligam aos que os escutam com
complacência, como os tolos entre vós."
26ª A evocação feita em nome de Deus é
uma garantia contra a imiscuência dos maus Espíritos?
"O nome de Deus não constitui freio para todos os
Espíritos, mas contém muitos deles; por esse meio,
sempre afastareis alguns e muitos mais afastareis, se ela for
feita do fundo do coração e não como fórmula
banal."
27ª Poder-se-á evocar nominativamente muitos Espíritos
ao mesmo tempo?
‘"Não há nisso dificuldade alguma e,
se tivésseis três ou quatro mãos para escrever,
três ou quatro Espíritos vos responderam ao mesmo
tempo; é o que ocorre se se dispõe de muitos médiuns."
28ª Quando muitos Espíritos são evocados
simultaneamente, não havendo mais de um médium,
qual o que responde?
"Um deles responde por todos e exprime o pensamento coletivo."
29ª Poderia o mesmo Espírito comunicar-se, simultaneamente,
durante uma sessão, por dois médiuns diferentes?
"Tão facilmente quanto, entre vós, os que
ditam várias cartas ao mesmo tempo."
NOTA. Vimos
um Espírito responder, servindo-se de dois médiuns
ao mesmo tempo, às perguntas que lhe eram dirigidas,
por um em francês, por outro em inglês, sendo
idênticas as respostas quanto ao sentido; algumas até
eram a tradução literal de outras.
Dois Espíritos, evocados
simultaneamente por dois médiuns, podem travar entre
si uma conversação. Sem que este modo de comunicação
lhes seja necessário, pois que reciprocamente um lê
os pensamentos do outro, eles se prestam a isso, algumas vezes,
para nossa instrução. Se são Espíritos
inferiores, como ainda estão imbuídos das paixões
terrenas e das idéias corpóreas, pode acontecer
que disputem e se apostrofem com palavras pesadas, que se reprochem
mutuamente os erros e até que atirem os lápis,
as cestas, as pranchetas, etc., um contra o outro.
30ª Pode o Espírito, simultaneamente evocado em
muitos pontos, responder ao mesmo tempo às perguntas
que lhe são dirigidas?
"Pode, se for um Espírito elevado."
a) Nesse caso, o Espírito se divide ou tem o dom da ubiqüidade?
"O Sol é um só e, no entanto, irradia ao
seu derredor, levando longe seu raio, sem se dividir. Do mesmo
modo, os Espíritos. O pensamento do Espírito é
como uma centelha que projeta longe a sua claridade e pode ser
vista de todos os pontos do horizonte. Quanto mais puro é
o Espírito tanto mais o seu pensamento se irradia e se
estende, como a luz. Os Espíritos inferiores são
muito materiais; não podem responder senão a uma
única pessoa de cada vez, nem vir a um lugar, se são
chamados em outro.
"Um Espírito superior, chamado ao mesmo tempo em
pontos diferentes, responderá a ambas as evocações,
se forem ambas sérias e fervorosas. No caso contrário,
dá preferência à mais séria."
NOTA. É
o que sucede com um homem que, sem mudar de lugar, pode transmitir
seu pensamento por meio de sinais perceptíveis de diferentes
lados. Numa sessão da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, em a qual fora discutida a questão
da ubiqüidade, um Espírito ditou espontaneamente
a comunicação seguinte:
"Inquiríeis esta noite qual a hierarquia dos Espíritos,
no tocante à ubiqüidade. Comparai-vos a um aeróstato
que se eleva pouco a pouco nos ares. Enquanto ele rasteja
na terra, só os que estão dentro de um pequeno
círculo o podem perceber; à medida que se eleva,
o círculo se lhe alarga e, em chegando a certa altura,
se torna visível a uma infinidade de pessoas. É
o que se dá conosco; um mau Espírito, que ainda
se acha preso à Terra, permanece num círculo
restrito, entre as pessoas que o vêem. Suba ele na graça,
melhore-se e poderá conversar com muitas pessoas. Quando
se haja tornado Espírito superior, pode irradiar como
a luz do Sol, mostrar-se a muitas pessoas e em muitos lugares
ao mesmo tempo." - CHANNING.
31ª Podem ser evocados
os puros Espíritos, os que hão terminado a série
de suas encarnações?
"Podem, mas muito raramente atenderão. Eles só
se comunicam com os de coração puro e sincero
e não com os orgulhosos e egoístas. Por
isso mesmo, é preciso desconfiar dos Espíritos
inferiores que alardeiam essa qualidade, para se darem importância
aos vossos olhos."
32ª Como é que os Espíritos dos homens mais
ilustres acodem tão facilmente e tão familiarmente
ao chamado dos homens mais obscuros?
"Os homens julgam por si os Espíritos, o que é
um erro. Após a morte do corpo, as categorias terrenas
deixam de existir. Só a bondade estabelece distinção
entre eles e os que são bons vão a toda parte
onde haja um bem a fazer-se."
33ª Quanto tempo deve decorrer, depois da morte, para que
se possa evocar um Espírito?
"Podeis fazê-lo no instante mesmo da morte; mas,
como nesse momento o Espírito ainda está em perturbação,
só muito imperfeitamente responde,"
NOTA. Sendo
variável o tempo que dura a perturbação,
não pode haver prazo fixo para fazer-se a evocação.
Entretanto, é raro que, ao cabo de oito dias, o Espírito
já não tenha conhecimento do seu estado, para
poder responder. Algumas vezes, isso lhe é possível
dois ou três dias depois da morte, em todos os casos
se pode experimentar com prudência.
34ª A evocação,
no momento da morte, é mais penosa para o Espírito
do que algum tempo depois?
"Algumas vezes. É como se vos arrancassem ao sono,
antes que estivésseis completamente acordados. Alguns
há, todavia, que de nenhum modo se contrariam com isso
e aos quais a evocação ato ajuda a sair da perturbação."
35ª Como pode o Espírito de uma criança,
que morreu em tenra idade, responder com conhecimento de causa,
se, quando viva, ainda não tinha consciência de
si mesma?
"A alma da criança é um Espírito ainda
envolto nas faixas da matéria; porém, desprendido
desta, goza de suas faculdades de Espírito, porquanto
os Espíritos não têm idade, o que prova
que o da criança já viveu. Entretanto, até
que se ache completamente desligado da matéria, pode
conservar, na linguagem, traços do caráter da
criança."
NOTA. A
influência corpórea, que se faz sentir, por mais
ou menos tempo, sobre o Espírito da criança,
igualmente é notada, às vezes, no Espírito
dos que morreram em estado de loucura. O Espírito,
em si mesmo, não é louco; sabe-se, porém,
que certos Espíritos julgam, durante algum tempo, que
ainda pertencem a este mundo. Não é, pois, de
admirar que, no louco, o Espírito ainda se ressinta
dos entraves que, durante a vida, se opunham à livre
manifestação de seus pensamentos, até
que se encontre completamente desprendido da matéria,
Este efeito varia, conforme as causas da loucura, porquanto
há loucos que, logo depois da morte, recobram toda
a sua lucidez. (KARDEC, A. O Livro dos Médiuns,
p. 358-368)
Um bom objetivo para a evocação:
Assuntos de estudo
Nesse importante manual, para todos os médiuns,
Kardec ainda coloca:
343. Os que evocam seus parentes
e amigos, ou certas personagens célebres, para lhes comparar
as opiniões de além-túmulo com as que sustentavam
quando vivos, ficam, não raro, embaraçados para
manter com eles a conversação, sem caírem
nas banalidades e futilidades. Pensam muitas pessoas, ao demais,
que O Livro dos Espíritos esgotou a série
das questões de moral e de filosofia. É um erro.
Por isso julgamos útil indicar a fonte donde se pode
tirar assuntos de estudo, por assim dizer inesgotáveis.
344. Se a evocação dos homens ilustres, dos Espíritos
superiores, é eminentemente proveitosa, pelos ensinamentos
que eles nos dão, a dos Espíritos vulgares não
o é menos, embora esses Espíritos sejam incapazes
de resolver as questões de grande alcance. Eles próprios
revelam a sua inferioridade e, quanto menor é a distância
que os separa de nós, mais os reconhecemos em situação
análoga à nossa, sem levar em conta que freqüentemente
nos manifestam traços característicos do mais
alto interesse, conforme explicamos acima, no número
281, falando da utilidade das evocações particulares.
Essa e, pois, uma mina inexaurível de observações,
mesmo quando o experimentador se limite a evocar aqueles cuja
vida humana apresente alguma particularidade, com relação
ao gênero de morte que teve, à idade, às
boas e más qualidades, à posição
feliz ou desgraçada que lhes coube na Terra, aos hábitos,
ao estado mental, etc.
Com os Espíritos elevados, amplia-se o quadro dos estudos.
Além das questões psicológicas, que têm
um limite, pode propor-se-lhes uma imensidade de problemas morais,
que se estendem ao infinito, sobre todas as posições
da vida, sobre a melhor conduta a ser observada em tal ou qual
circunstância, sobre os nossos deveres recíprocos,
etc. O valor da instrução que se receba, acerca
de um assunto qualquer, moral, histórico, filosófico,
ou científico, depende inteiramente do estado do Espírito
que se interroga. Cabe-nos a nós julgar.
345. Além das evocações propriamente ditas,
as comunicações espontâneas proporcionam
uma infinidade de assuntos para estudo. No caso de tais comunicações,
tudo se cifra em aguardar o assunto de que praza ao Espírito
tratar. Nessa circunstância, muitos médiuns podem
trabalhar simultaneamente. Algumas vezes, poder-se-á
chamar determinado Espírito. De ordinário, porém,
espera-se aquele que queira apresentar-se, o qual, amiúde,
vem da maneira mais imprevista. Esses ditados servem, depois,
para um sem-número de questões, cujos temas se
acham assim preparados de antemão. Devem ser comentados
cuidadosamente, para apreciação de todas as idéias
que encerrem, julgando-se se eles têm o cunho da verdade.
Feito com severidade, esse exame, já o dissemos, constitui
a melhor garantia contra a intromissão dos Espíritos
mistificadores. Por este motivo, tanto quanto para instrução
de todos, bom será dar conhecimento das comunicações
obtidas fora das sessões. Como se vê, uma fonte
aí há inestancável de elementos sobremaneira
sérios e instrutivos.
346. Os trabalhos de cada sessão podem regular-se conforme
se segue:
1ª Leitura das
comunicações espíritas recebidas
na sessão anterior, depois de passadas a limpo.
2ª Relatórios diversos. - Correspondência.
- Leitura das comunicações obtidas fora das
sessões. - Narrativa de fatos que interessem ao Espiritismo.
3ª Matéria de estudo. - Ditados
espontâneos. - Questões diversas e problemas
morais propostos aos Espíritos. - Evocações.
4ª Conferência. - Exame crítico
e analítico das diversas comunicações.
- Discussão sobre diferentes pontos da ciência
espírita.
347. Os grupos recém-criados
se vêem, às vezes, tolhidos em seus trabalhos pela
falta de médiuns. Estes, não há negar,
são um dos elementos essenciais às reuniões
espíritas, mas não constituem elemento indispensável
e fora erro acreditar-se que sem eles nada se pode fazer. Sem
dúvida, os que se reúnem apenas com o fim de realizar
experimentações não podem, sem médiuns,
fazer mais do que façam músicos, num concerto,
sem instrumentos. Porém, os que objetivam o estudo sério,
a esses se deparam mil assuntos com que se ocupem, tão
úteis e proveitosos, quanto se pudessem operar por si
mesmos. Acresce que os grupos possuidores de médiuns
estão sujeitos, de um momento para outro, a ficar sem
eles e seria de lamentar que julgassem só lhes caber,
nesse caso, dissolverem-se. Os próprios Espíritos
costumam, de tempos a tempos, levá-los a essa situação,
a fim de lhes ensinarem a prescindir dos médiuns. Diremos
mais: é necessário, para aproveitamento dos ensinos
recebidos, que consagrem algum tempo a meditá-los.
As sociedades científicas nem sempre têm ao seu
dispor os instrumentos próprios para as observações
e, no entanto, não deixam de encontrar assuntos de discussão.
À falta de poetas e de oradores, as sociedades literárias
lêem e comentam as obras dos autores antigos e modernos.
As sociedades religiosas meditam as Escrituras.
As sociedades espíritas devem fazer o mesmo e grande
proveito tirarão daí para seu progresso, instituindo
conferências em que seja lido e comentado tudo o que diga
respeito ao Espiritismo, pró ou contra. Dessa discussão,
a que cada um dará o tributo de suas reflexões,
saem raios de luz que passam despercebidos numa leitura individual.
A par das obras especiais, os jornais formigam de fatos, de
narrativas, de acontecimentos, de rasgos de virtudes ou de vícios,
que levantam graves problemas morais, cuja solução
só o Espiritismo pode apresentar, constituindo isso ainda
um meio de se provar que ele se prende a todos os ramos da ordem
social.
Garantimos que a uma sociedade espírita, cujos trabalhos
se mostrassem organizados nesse sentido, munida ela dos materiais
necessários a executá-los, não sobraria
tempo bastante para consagrar às comunicações
diretas dos Espíritos. Daí o chamarmos para esse
ponto a atenção dos grupos realmente sérios,
dos que mais cuidam de instruir-se, do que de achar um passatempo.
(Veja-se o n. 207, no capítulo Da formação
dos médiuns.) (KARDEC, A. O Livro dos Médiuns,
pp. 437-440)
Um caso específico onde é
mesmo necessária a evocação
Essa questão volta agora em definitivo no livro A
Gênese, no capítulo XIV, Os Fluidos,
quando, tratando das obsessões, Kardec diz:
46 - Assim como as enfermidades
resultam das imperfeições físicas que tornam
o corpo acessível às perniciosas influências
exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição
moral, que dá ascendência a um Espírito
mau, A uma causa física, opõe-se uma força
física; a uma causa moral preciso é se contraponha
uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades,
fortificasse o corpo; para garanti-la contra a obsessão,
tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade
de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais
das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro
de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando
a obsessão degenera em subjugação e em
possessão, porque nesse caso o paciente não raro
perde a vontade e o livre-arbítrio.
Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada
por um Espírito e cuja origem freqüentemente se
encontra nas relações que o obsidiado manteve
com o obsessor, em precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que
envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza
a ação dos fluidos salutares e os repele. É
daquele fluido que importa desembaraçá-lo, Ora,
um fluído mau não pode ser eliminado por outro
igualmente mau. Por meio de ação idêntica
à do médium curador, nos casos de enfermidade,
preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de
um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica;
cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao
qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade,
que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade
moral, Quanto maior esta for, tanto maior também será
aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação
da vítima, indispensável se torna que
o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus
maus desígnios; que se faça que o arrependimento
desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções
habilmente ministradas, em evocações particularmente
feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral.
Pode-se então ter a grata satisfação de
libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
(KARDEC, A. A Gênese, pp. 305-306)
Kardec
comprova a prática da evocação
Encontramos várias comunicações recebidas
por evocação, tanto na Revista Espírita
quanto em O Céu e o Inferno.
Aqui citaremos algumas delas desse último livro (pp. 175-425.),
ressaltando que, em certos casos, pensou-se antes em evocar um
determinado Espírito, mas a maioria deles se apresentou
espontaneamente.
Espíritos Felizes
- SANSON - antigo membro
da Sociedade Espírita de Paris faleceu a 21 de abril
de 1862, evocado em 23 de abril de 1862, na câmara mortuária
e em 25. abril de 1862, na Sociedade Espírita de Paris.
- JOBARD - diretor do Museu
da Indústria de Bruxelas, nascido em Baissey (Alto
Mame) e falecido em Bruxelas, de apoplexia fulminante, a 27
de outubro de 1861, com sessenta e nove anos de idade, evocado
na sessão da Sociedade Espírita de Paris em
08 de novembro.
- SAMUEL FILIPE - faleceu
em dezembro de 1862, na idade de 50 anos, de moléstia
atroz, sendo o seu passamento muito sensível à
família e aos amigos, foi evocado alguns meses depois
do trespasse.
- VAN DURST – morto
em Anvers, em 1863, com a idade de oitenta anos, pouco depois
de sua morte, perguntando se já poderia ser evocado,
o guia espiritual do médium disse que ele estava ainda
perturbado, mas quatro dias depois ele se manifesta.
- SIXDENIERS – morto
em acidente, era médium. Manifestou-se em 11.02.1861.
- DOUTOR DEMEURE –
morto em Albi (Tarn), em 25.01.1865, no dia 30, quando se
pensava em evocá-lo, ele se comunica. Nos dias 01 e
02 de fevereiro ele novamente se manifesta passando recomendações
a Kardec a respeito de sua saúde.
- VIÚVA FOULON, NASCIDA WOLLIS - falecida
em Antibes a 3 de fevereiro de 1865, evocada em Paris, 6 de
fevereiro de 1865, três dias após o decesso e
novamente em 08 e 09 do mesmo mês.
- UM MÉDICO RUSSO – não
há informação da data de sua morte e
nem do dia que foi evocado.
- BERNADIN – manifesta
em abril de 1862, dizendo ter vivido de 1400 a 1460.
- CONDESSA PAULA –
morreu em 1861, evocada doze anos depois de sua morte.
- JEAN REYNAUD – manifestou-se
espontaneamente na Sociedade Espírita de Paris e em
uma reunião familiar, a outra comunicação
citada foi por evocação.
- ANTOINE COSTEAU –
foi membro da Sociedade Espírita de Paris, sepultado
em 12.09.1863, no cemitério de Montmartre, fato extraordinário
é que se manifestou espontaneamente naquele local,
junto à sua sepultura ainda não fechada.
- SRTA EMMA – morta
por um acidente causado pelo fogo, espontaneamente, se manifesta
em 30.07.1863, num centro em Havre e em 31.07.1863, na Sociedade
Espírita de Paris.
- DOUTOR VIGNAL – foi
membro da Sociedade Espírita de Paris, morto em 27.03.1865,
evocado na sede da sociedade a 31.03.1865.
- VICTOR LEBUFLE –
morto com a idade de vinte anos, pouco depois de sua morte
manifestou-se espontaneamente.
- SRA ANAIS GOURDON –
falecida em 11.1860, manifestou-se por evocação.
- MAURICE GONTRAN
– falecido aos dezoito anos, se manifesta alguns meses
depois de sua morte.
Espíritos em condições
medianas
18. JOSEPH BRÉ –
falecido em 1840, evocado em Bordeaux em 1862 por sua neta.
19. SRA. HÉLÈN MICHEL –
jovem de vinte e cinco anos, morta subitamente em sua casa,
evocada três dias depois de sua morte.
20. MARQUÊS DE SANT-PAUL – falecido
em 1860, evocado a pedido de sua irmã, membro da Sociedade
de Paris, em 16.05.1861.
21. SR. CARDON, MÉDICO – manifestou-se
por evocação.
22. ERIC STANISLAS – comunicação
espontânea, na Sociedade de Paris, em agosto 1863.
23. SRA. ANNA BELLEVILLE – morreu aos
trinta e cinco anos de idade, evocada no dia seguinte à
sua morte e novamente um mês depois do trespasse.
Espíritos sofredores
24. NOVEL – o
Espírito se dirige ao médium, que o conhecera
quando vivo.
25. AUGUSTE MICHEL – jovem que morreu,
em março de 1863, em virtude de desastre automobilístico,
evocado, alguns dias depois de sua morte, comunica-se em 08.03,
18.03, 06.04, 11.05 e 08.06.
26. EXPROBAÇÕES DE UM BOÊMIO
– manifesta-se espontaneamente em 30.07.1862.
27. LISBETH - manifesta-se espontaneamente
em 13.01.1862, diz ter vivido há cento e cinqüenta
anos, na Prússia.
28. PRÍNCIPE DE OURAN - manifesta-se
espontaneamente em 1862.
29. PASCAL LAVIC - manifesta-se espontaneamente
em 09.08.1863 e no dia seguinte, diz ter morrido no mar. Um
jornal do dia 11.08, dá notícia de um resto de
cadáver encontrado, no dia 06, encalhado entre Bléiville
e La Hève.
30. FERDINAND BERTIN – manifesta-se espontaneamente
no dia 08.12.1862, dando a entender que morreu afogado no mar.
Fato depois confirmado, pela notícia de um desastre marítimo
no dia 02.12.1863, pois o seu nome entre a lista de vítimas.
Em 02.02.1864, novamente se comunica também espontaneamente.
31. FRANÇOIS RIQUIER – morto em
1857, manifesta-se espontaneamente em 1862.
32. CLAIRE – evocada se manifesta em
1861, por sete vezes, demonstrando um progresso sensível.
Suicidas
33. O SUICIDA DA SAMARITANA
– cortou sua garganta a navalha em 07.04.1858, evocado
seis dias depois de sua morte na Sociedade de Paris.
34. O PAI E O CONSCRITO – Em 1859, para
evitar que seu filho fosse a guerra, um pai se suicida, pois
aí ficaria isento por ser filho único de viúva.
Foi evocado um ano depois,na Sociedade de Paria, a pedido de
uma pessoa que o conhecera e queria saber de suas condições
no mundo dos Espíritos.
35. FRANÇOIS-SIMON LOUVERT – lançou-se
da torre de François I, em 22.07.1857, tendo se comunicado
em 12.02.1863.
36. MÃE E FILHO – em 03.1865,
uma mãe se enforca por não suportar a morte de
seu filho, ambos foram evocados, vários dias depois da
triste ocorrência.
37. DUPLO SUICÍDIO, POR AMOR E POR DEVER
– em 13.06.1862 um jornal noticia o suicídio de
um casal, pouco tempo depois se manifestaram, por evocação,
na Sociedade de Paris.
38. LUÍS E A PESPONTADEIRA DE BOTINAS
– em princípios de 1853, um jovem se suicida por
não conseguir se reconciliar com sua noiva depois de
uma desavença, cerca de oito meses do fato é evocado
na Sociedade de Paris.
39. UM ATEU – evocado dois anos depois
de sua morte, na Sociedade de Paris, a pedido de um parente.
40. SR. FÉLICIEN – suicidou-se
em 12.1864, enforcando-se em seu quarto, quatro meses depois
foi evocado.
41. ANTONIE BELL – em 28.02.1865, suicidou-se,
evocado em Paris, em 17.04.1865, a pedido de seu amigo.
Criminosos arrependidos
42. VERGER – No dia
03.01.1857, Mons. Sibour, arcebispo de Paris, saindo da Igreja
de Saint-Étienne du Mont, foi ferido mortalmente por
um jovem padre de nome Verger. O culpado foi condenado à
morte e executado em 30.01. Foi evocado no mesmo dia de sua
execução e novamente três dias mais tarde.
43. LEMAIRE – condenado à pena
de morte, pelo Supremo Tribunal de Justiça (Criminal)
de Aisne, e executado em 31.12.1857, evocado em 19.01.1858.
44. BENOIST – manifestou-se espontaneamente
em março de 1862, dizendo ter morrido em 1704.
45. O ESPÍRITO DE CASTELNAUDARY –
esse espírito assombrava uma pequena casa perto de Castelnaudary,
tendo sido evocado na Sociedade de Paris, em 1859. Evocado de
novo mais tarde, disse que em 1608 matou o seu irmão
e que morreu em 1608.
46. JACQUES LATOUR – assassino, condenado
pelo tribunal de justiça de Foix, executado em setembro
de 1864, apresentou-se espontaneamente em 13.09.1865, em Bruxelas.
Foi, tempos depois, evocado na Sociedade Espírita de
Paris, onde se manifestou por diversas vezes.
Espíritos endurecidos
47. LAPOMMENARY – manifestou-se
espontaneamente na Sociedade de Paris.
48. ANGÈLE, NULIDADE SOBRE A TERRA –
apresenta-se espontaneamente em 1862, em Bordeaux.
49. UM ESPÍRITO ABORRECIDO - apresenta-se
espontaneamente em 1862, em Bordeaux.
50. A RAINHA DE OUDE – morta na França
em 1858.
51. XUMÈNE – manifestação
espontânea, em Bordeaux, em 1862.
Expiações terrestres
52. MARCEL, O MENINO DE Nº 4
– criança de 8 a 10 anos que fora internada num
hospício, foi evocado na Sociedade de Paris, em 1863.
53. SZYMEL SLIZGOL – mendigo que morreu
em 05.1865, evocado em 15.06.1865, na Sociedade de Paris.
54. JULIENNE-MARIE, A MENDIGA – evocada
na Sociedade Espírita de Paris, em 10.06.1864.
55. MAX, O MENDIGO – evocado.
56. HISTÓRIA DE UM CRIADO – evocado.
57. ANTÕNIO B. – cai em 1850,
em conseqüência de um ataque de apoplexia, num estado
de morte aparente, quinze dias depois de sepultado a família
pediu para exumação do corpo, quando abriram a
sepultura estava em outra posição, evocado na
Sociedade de Paris, em 08.1861, a pedido de um dos seus parentes.
58. LETIL – morreu em 04.1864, evocado
na Sociedade de Paris, em 29.04.1864, poucos dias depois de
sua morte.
59. UM SÁBRIO AMBICIOSO – comunicou-se
na Sociedade Espirita de Paris e também à filha.
60. CHARLES DE SANT-G..., IDIOTA – criança
evocada na Sociedade de Paris, em 1860.
61. ADÉLAIDE-MARGUERITE GOSSE –
evocada na Sociedade de Paris, em 27.12.1861.
62. CLARA RIVIER – morreu em 09.1862,
evocada.
63. FRANÇOISE VERNHES – cega de
nascença, morta em 1855, evocada em Paris, em 05.1865.
64. ANNA BITTER – evocada.
65. JOSEPH MAÎTRE, O CEGO – morreu
em 1845, evocado em Paris, 1863, por um amigo que o conhecera.
Conclusão
De tudo quanto vimos sobre o assunto, a nossa
conclusão pessoal é que não faz sentido algum
em proibir, restringir ou evitar a evocação dos Espíritos.
Pelos casos que apresentamos fica claro que isso era fato corriqueiro
na Sociedade Espírita de Paris, portanto, sob os olhos de
Kardec. Mas evidentemente, alguém poderá objetar que
Kardec evocava para aprender, aí podemos contra-argumentar
e nós também a justificamos para esse objetivo e encontramos
mais um que, reputamos de importância, são os casos
em que parentes e amigos querem saber notícias de seus entes
queridos que já vivem na dimensão espiritual. Não
seria essa uma missão consoladora do Espiritismo?
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Mar/2005.
Referências
Bibliográficas
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, Brasília:
FEB, 1995.
_________. O Livro dos Médiuns, Brasília: FEB, 1996.
_________. O Céu e o Inferno, Brasília: FEB, 1995.
_________. A Gênese, Brasília: FEB, 1995.
Fonte: http://aeradoespirito..sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/ARTIGOS/ArtigosGRs3/EVOCAR_OS_ESP_MOI_KAR_PN.html
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