
O lamentável incêndio
que destruiu as instalações do Museu Nacional, na
Quinta da Boa Vista - cidade do Rio de Janeiro, colocou na pauta
da imprensa a questão da desvalorização e da
falta de valor da cultura no Brasil. Todos estamos reflexivos quando
pensamos o quanto gastamos com um campeonato mundial de futebol
e o quão pouco direcionamos para um Museu reconhecido internacionalmente,
sob os cuidados da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Há pouco me dei conta como
o meio espírita se preocupa pouco com a cultura e a memória.
Tenho acompanhado os esforços
dos diretores e trabalhadores do Centro de Cultura, Documentação
e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE-ECM).
Acompanhei também, há mais de uma década, a
construção e entrega do Museu Espírita de São
Paulo, no bairro da Lapa - SP, para a Federação Espírita
Brasileira. Tenho visto também iniciativas menores, como
a Casa de Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, que funciona como casa
espírita e faz a guarda de objetos pessoais, livros e documentos
de Chico Xavier.
Há uma coisa comum entre
essas três iniciativas: a primeira vem de Eduardo Carvalho
Monteiro, a segunda de Paulo Toledo Machado e a terceira de Geraldo
Lemos Neto. São entusiastas da cultura espírita que
conseguiram congregar pessoas ao seu redor visando a promover instituições
diferentes das tradicionais sociedades espíritas.
Com recursos bem mais modestos que
nosso incendiado museu, elas vão se mantendo apesar da pouca
atenção que lhe dão os milhões de espíritas
e simpatizantes no Brasil. Que será pior, o incêndio
ou a indiferença?
Ainda há pouco comentei a
boa, mas equivocada intenção, de uma espírita
que deseja transformar a livraria dos Leymarie em lugar de memória.
Em que pese a desinformação da companheira, surge
uma nova questão: o Museu Espírita de São Paulo
estava há um ano fechado à visitação
em função das reformas, que estão fazendo aniversário.
O CCDPE-ECM é mantido com um quadro de sócios, doações
e eventos promovidos por seus mantenedores e não sei dizer
ao certo as fontes da Casa de Chico Xavier, talvez mantida por quadro
de sócios e pela editora Vinha de Luz, que vem tentando preservar
a memória de Chico Xavier, publicando documentos e textos
inéditos.
Peço desculpas a outras instituições
claramente voltadas para a cultura espírita, que não
citei aqui. Peço aos leitores que as indiquem, colocando
nome, endereço, cidade e finalidade na sessão de leitores
do Espiritismo Comentado.
A questão que direciona o
texto é: enquanto choramos pela perda do Museu Nacional,
que ações fazemos com nossos pequenos museus espíritas?
Visitamos? Doamos? Desenvolvemos projetos para captação
de recursos e realização de pesquisas? Fomentamos
parcerias? Promovemos eventos voltados ao conhecimento do trabalho
nos museus? Escrevemos livros? Publicamos revistas especializadas?
Deixo ao leitor minhas inquietações.