O autor é Membro da Federação
Espírita Paraibana e do Núcleo Espírita Eurípedes
Barsanulfo
Fenômenos ditos "sobrenaturais", "paranormais"
ou "espirituais" têm sido objeto de estudo
de diversos segmentos como a Parapsicologia, a Psicobiofísica
e o Espiritismo. Alguns destes segmentos têm utilizado até
mesmo instrumentos eletrônicos e recursos estatísticos
para realizar suas análises e satisfazer requisitos básicos
das ciências clássicas como a reprodutibilidade, a objetividade
e a mensurabilidade. Aqui discuto as razões que levam os pesquisadores
a tentarem atingir estes requisitos básicos das ciências
clássicas e porque é tão difícil atingir
estes mesmos requisitos.
1. O Território
da Cientificidade
No estudo dos fenômenos espirituais
nos deparamos com certas limitações no que se refere à
experimentação científica. Esta classe de fenômenos
é ainda muito pouco estudada quando comparada com outros objetos
de estudo das ciências clássicas.
A filosofia da ciência reflete sobre o significado da ciência,
sobre o quê é ou não é ciência (1,
2). Sem entrar neste campo de discussão, pode-se afirmar
que é mais correto usar a expressão "ciências"
ao invés de "ciência" como um único objeto
homogêneo e unificado. Mesmo entre as ciências ditas "clássicas",
existe uma diversidade tão grande de objetos de estudo, métodos
e técnicas, que algumas são completamente estranhas umas
as outras.
Porém, de maneira geral, uma ciência atinge maior status
tanto quanto consegue apresentar bem sucedidamente certas características
como: reprodutibilidade, controle de seus experimentos, redutibilidade
das leis fundamentais que regem o fenômeno, previsibilidade, mensurabilidade,
imparcialidade e refutabilidade (o que não pode ser refutado,
como a fé, não pode ser científico). Estas características,
que não são todas, permitem um melhor conhecimento do
objeto de estudo e uma melhor aplicação da técnica
ou tecnologia que pretende manipular o objeto, daí o maior sucesso
das ciências exatas que atingem um controle meticuloso, satisfazendo
as necessidades práticas e produtivas com grande eficiência.
Quando a ciência estuda objetos e fenômenos menos controláveis
e redutíveis, ela passa a ter um controle menos preciso. É
o caso das ciências humanas que já possuem muitos campos
reconhecidos e outros que lutam pelo direito de afirmarem-se "científicos",
como é o caso da Psicanálise e doutrinas econômicas
como o Marxismo que ainda não são aceitas por alguns mais
ortodoxos como ciência. Algo semelhante ocorre com outros campos
da ciência que estudam fenômenos complexos e sistêmicos
como as ciências ambientais, que têm mais dificuldades na
previsibilidade dos fenômenos estudados.
Por isso, as empresas e órgãos de fomento à pesquisa
destinam maiores partes de seus investimentos às ciências
exatas e de aplicação tecnológica rentável.
O aspirante a pesquisador que está mais preocupado com seu sucesso
e reconhecimento do que com sua vocação específica,
também não costuma se arriscar pelos terrenos incertos
das ciências não exatas e tecnológicas. É
mais seguro andar por um terreno sólido do que pelo campo movediço
das ciências que estudam fenômenos menos controláveis
e redutíveis, além disso, ele terá maiores chances
de financiamento se ficar com a primeira opção.
Pioneirismo é para uns poucos que são capazes de arriscar
seu nome e sua reputação, isso quando possuem um nome
para serem ouvidos, caso contrário, são ignorados. Mesmo
quando se inova dentro das ciências clássicas, este é
um ato de coragem diante da hostilidade da dita "comunidade científica".
A história conta os casos dos pioneiros que deram certo, que
conseguiram calar seus opositores e se tornaram grandes cientistas,
mas nunca conta sobre os que foram sepultados por terem a herética
postura de ousar um pouco mais. Podemos observar que a prática
da ciência não é pura e está também
sob a influência de outros interesses alheios ao desenvolvimento
da própria ciência. Encontramos nestes arraiais, desde
a briga de egos inflados até o confronto de interesses políticos
e econômicos.
2. Fenômenos Espirituais e Investigação
Científica
De toda classe
de fenômenos, os ditos fenômenos espirituais são
os menos redutíveis e controláveis e, por isso, mais distantes
de atingir aqueles famigerados requisitos que dão o status
de ciência ou "mais ciência que as outras".
Muitos fenômenos desta natureza foram registrados com maior ou
menor sucesso, sem que se concluísse de maneira satisfatória
a causa dos mesmos, ou seja, o fato de registrarmos com sucesso a ocorrência
de um fenômeno "paranormal" não significa que
detectamos suas causas. A parapsicologia afirma que a psi é a
causa dos fenômenos observados, pode-se afirmar também
que tais fenômenos são provocados por um agente espiritual,
porém é difícil isolar as causas a fim de que elas
possam ser contestadas experimentalmente, ou seja, como contestar algo
que não é registrável ou experimentável?
Então, muitas das ciências espiritualistas podem ser consideradas
científicas por usarem métodos e técnicas das ciências
clássicas, mas, ao mesmo tempo, não podem ser consideradas
científicas quando se remetem a causas não experimentáveis
pelo próprio método científico.
As "ciências espiritualistas" estão comumente
associadas às ciências humanas como a filosofia e a psicologia.
Para o horror de alguns cientistas das ciências humanas, que aspiram
para suas escolas o cargo de "mais ciência que as outras"
(ou pelo menos "ciência como as outras") tais escolas
científicas são confundidas, invadidas ou acusadas de
misticismo. Nada pior para quem quer progredir como ciência do
que ser associado a crendices ou ser invadido por um rebanho de espiritualistas
que vêm comprometer sua cientificidade.
A parapsicologia surgiu também em meio a essa quase neurose de
adequar-se àquelas características das ciências
clássicas a fim de obter maior respeitabilidade no meio científico
e maior eficiência e controle dos fenômenos estudados. Segundo
Andrade (3)
esta escola sucedeu-se à antiga metapsíquica de Charles
Richet diferindo-se desta última principalmente pelo aspecto
quantitativo-estatístico, mas, assim como na metapsíquica,
a possibilidade de provocar e reproduzir tais fenômenos é
limitada: Sua repetibilidade é praticamente inexistente e
faz lembrar os fenômenos astronômicos. Alguns críticos
têm usado este fato como argumento contrário ao valor científico
destas escolas. Exércitos interessaram-se pelos estudos e observações
da parapsicologia (4),
a antiga União Soviética e os Estados Unidos são
os melhores exemplos, e não passa pela cabeça de ninguém
as "boas intenções" que eles tinham ao tentarem
manipular tais fenômenos. Apesar dos inúmeros relatos mais
ou menos confiáveis de experiências bem sucedidas na época
da guerra fria, o fato é que esta parceria não permaneceu,
pois o controle, precisão, reprodutibilidade e determinação
das leis fundamentais que regiam os fenômenos não fora
precisados satisfatoriamente aos interesses militares, infelizmente
para a parapsicologia e felizmente para a humanidade, uma vez que os
exércitos não conseguiram manipular os fenômenos
psíquicos em prol de seus interesses.
A parapsicologia, principalmente no auge da guerra fria, teve no poderio
militar um aliado perfeito. Eles precisavam de financiamento para seus
experimentos e não convinha serem questionados profundamente
sobre suas técnicas e métodos. O exército dispunha
do financiamento necessário e não tinha que prestar contas
de como era aplicado e, além disso, não tinham competência
para questionar os pesquisadores parapsicólogos quanto aos seus
procedimentos e técnicas. Mas, como o exército queria
produção de resultados, o casamento feliz não durou
para sempre. A fim de atingir resultados, a parapsicologia, que já
surgiu nos meios acadêmicos tradicionais mais marcadamente na
Universidade de Duke a partir de 1927 com o Dr. William McDougall
(5)), dispunha de um arsenal de métodos e técnicas
das ciências exatas e tradicionais tais como: análises
estatísticas, experimentos delineados conforme as ciências
clássicas, aparelhos eletrônicos (6),
mas não conseguiu atingir o status de ciência
na concepção mais clássica do termo.
3. O Desejo pela Cientificidade
Parece mesmo que o desejo oculto de
todo pesquisador do mundo espiritual é encontrar a chave que
permita atender plenamente a todos os requisitos das ciências
clássicas, obterem o reconhecimento da comunidade científica
e deixarem de ser parias da ciência para poder calar a boca dos
que desdenham ou silenciam com sua indiferença excludente. Mas
não sei bem se este sonho platônico é saudável
e se ele mais contribui do que atrapalha o desenvolvimento do conhecimento
da espiritualidade.
Por outro lado, o fato de não se conseguir precisão e
controle tão apurados como nas ciências exatas, não
significa que os métodos e técnicas das ciências
que investigam a espiritualidade (quando estes métodos são
realmente das ciências espiritualistas) sejam menos eficazes ou
mais limitados, até porque, esta "eficácia"
é apenas um valor pelo qual optamos e que se refere aos nossos
planos de exploração e controle da natureza e aquisição
de benefícios financeiros.
Se nos referenciarmos em outros valores, poderemos também questionar
a eficiência das ciências clássicas no que se refere
à criação de uma sociedade mais justa, feliz e
eqüitativa. Observemos que o fato de atribuirmos "eficiência"
a alguma coisa, deixa implícita a idéia de que esta eficiência
se dá em relação à aquisição
de algo a revelia de outras coisas consideradas menos importantes.
Na atualidade já emerge uma nova compreensão da natureza
que nos aclara o porquê de alguns fenômenos serem menos
controláveis e reprodutíveis. Até mesmo a física,
clássica das ciências clássicas, tem se deparado
com uma ordem de fenômenos de natureza imprevisível que
não segue um padrão determinista. Estamos falando dos
fenômenos quânticos, mas outros tantos campos como a teoria
do caos revelam de maneira mais profunda que quase nada é perfeitamente
preciso e controlável. Outrora, antes da emergência destes
novos paradigmas, tentava-se adequar a todo custo técnicas e
métodos das ciências clássicas ao estudo de objetos
menos precisos como o comportamento humano. Foi mais ou menos o que
fez a parapsicologia ao usar seu arsenal estatístico quantitativo
na pesquisa de fenômenos psíquicos ou espirituais. Não
significa que esta tentativa não tenha seus méritos e
sucessos, ela foi muito útil e chegou a produzir resultados no
mínimo intrigantes, mas muitos dos resultados obtidos por Rhine
na Universidade de Duke não foram repetidos com êxito por
outros pesquisadores, como dissemos, estes fenômenos não
são tão controláveis e aí estava berta a
fresta para que os mais céticos e opositores refutassem o valor
científico de tais descobertas (7).
O que defendo neste artigo não é uma cisão entre
ciência e espiritualidade, mas que os pesquisadores da espiritualidade
não se atrelem a uma necessidade esquizofrênica de adequação
ao paradigma clássico das ciências tradicionais. Esta postura
provoca certas deformações, pois o fenômeno estudado
exige uma abordagem única e apropriada à sua natureza.
Em alguns casos, nem se consegue fazer tais deformações
tamanha é a disparidade entre o objeto estudado e o modelo usado
para analisá-lo. Por exemplo: quando os físicos se depararam
com os fenômenos quânticos, tentaram por anos, e sem sucesso,
explica-los através do modelo tradicional da física. Foi
preciso criar um novo modelo, completamente distinto, a fim de estudar
esta nova ordem de fenômenos, assim, a física quântica
resistiu às possíveis deformações que resultariam
em tentar explicá-la pela física clássica.
Acontece que os pesquisadores do mundo espiritual são quase sempre
oriundos das ciências clássicas e academias científicas
onde predomina o paradigma reducionista, mecanicista e materialista.
Estão por isso, mesmo sem se darem conta, impregnados pelos preconceitos
e conceitos destas ciências, sempre repetindo os procedimentos
criados sob este paradigma. A física quântica demonstra
o porquê de certos fenômenos serem menos controláveis
e esta concepção nos permite formular novos sistemas de
conhecimentos plenamente válidos, que porém são
mais adequados ao estudo de objetos de natureza não material.
4. Nova Ciência de Estudo da Espiritualidade
Foi bem isso o que fez Allan Kardec.
Assim como a física avançou criando um novo modelo para
estudar os fenômenos quânticos, há mais de 100 anos
atrás, Kardec deu um passo adiante criando um válido modelo
para estudar o mundo espiritual. Ele não caiu na psicose de adequação
ao paradigma materialista, positivista e reducionista das ciências
de sua época, mas preservou características fundamentais
a fim de dar um caráter de cientificidade ao Espiritismo. Kardec
ressaltava constantemente o caráter particular dos fenômenos
espirituais e da natureza distinta entre matéria e espírito
ou "elemento espiritual" (8);
sendo assim, ele criou um sistema próprio e único que
permitiu ao Espiritismo acumular conhecimentos sobre os fenômenos
espirituais de maneira que ainda hoje ele permanece bem a frente de
nossa época.
Na cosmologia espírita existem dois elementos gerais no universo:
Espírito e Matéria. Ambos são bem distintos e possuem
naturezas e propriedades bem diversas:
"Terá
o princípio espiritual sua fonte de origem no elemento cósmico
universal? Será ele apenas uma transformação,
um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade,
o calor, etc.? – Se fosse assim, o princípio espiritual
sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação,
como o princípio vital; momentânea seria, como a do corpo,
a existência do ser inteligente que, então, ao morrer,
volveria ao nada, ou, o que daria na mesma, ao todo universal. Seria,
numa palavra, a sanção das doutrinas materialista"
(9).
Esta afirmação seria suficiente
para separar definitivamente os assuntos científicos dos religiosos
de maneira que as coisas espirituais teriam sua base no elemento espiritual
e a ciência se ocuparia em estudar os fenômenos de ordem
material. Seria mais ou menos a separação dualista feita
por René Descartes (10) e assim,
ciência e religião não se misturariam.
Essa postura podia ser conveniente na época do renascentismo
quando era problemática a relação entre ciência
e as autoridades religiosas constituídas, mas esta visão
não é tão adequada atualmente e nem corresponde
a visão da Doutrina Espírita.
Apesar de serem elementos distintos, espírito e matéria
não se relacionam apenas através da glândula pineal
conforme supôs Descartes. Estes dois princípios fazem parte
da natureza de maneira que "espírito" não se
trata de um elemento sobrenatural e por fazer parte da natureza, é
também objeto de estudo da ciência. Estes dois elementos
interagem constantemente na natureza de maneira dialética, mas
o elemento espiritual tem ascendência sobre a matéria.
5. Por que é tão difícil
controlar e verificar fenômenos espirituais?
Quando falo de estudo científico
de questões espirituais, consideremos que é uma postura
científica a formulação de hipóteses e por
isso não é uma aberração científica,
mesmo do ponto de vista das ciências mais ortodoxa, formular uma
hipótese que admita que a causa de um fenômeno é
de origem espiritual. O problema é que o "espiritual"
na concepção comum é também sobrenatural,
então, não pode ser testado, não podendo ser testado
e verificado, não pode ser científico. Por isso, para
que exista uma "ciência espiritual" é preciso
que este elemento não seja sobrenatural a fim de que possa ser
observado e testado. Porém, o fato de ser natural, não
significa que seja material e nem tão pouco que esteja sujeito
aos mesmos meios de verificação da matéria.
Então a primeira dificuldade em pesquisar o sobrenatural é
que nossos meios de verificação estão moldados
para o estudo da matéria como o único elemento da natureza,
quando na verdade, o elemento espiritual possui propriedades bem diferentes.
Assim, sempre que o espírito age sobre a matéria, o padrão
desta intervenção não é lido pelos sistemas
vigentes.
Em que se difere espírito de matéria? A propriedade do
espírito mais comum para nós outros é o pensamento
e embora a neurobiologia afirme que o pensamento é produto das
atividades neuroquímicas do cérebro, acredito que o pensamento
é causa e não efeito. Há, de fato, uma interação
recíproca entre mente e cérebro de maneira que muitas
intervenções químicas e estímulos localizados
no cérebro podem alterar o comportamento, mas as propriedades
da matéria possuem padrões bem definidos de comportamento,
bem distintos do padrão de funcionamento da mente. Mesmo que
se mapeie as funções cerebrais, nunca se localizou um
pensamento mas apenas as respostas que ele promove no cérebro.
Pode-se dizer que não é uma afirmação científica
dizer que o pensamento é a causa da atividade cerebral, mas tão
pouco é uma afirmação científica dizer que
o pensamento é produto do cérebro, pois, se ninguém
nunca isolou ou detectou um pensamento, como estabelecer uma ordem de
causa e efeito entre dois objetos quando um é desconhecido? O
fato de o pensamento ocorrer ao mesmo tempo em que certas áreas
do cérebro são ativadas, não demonstra quem é
causa ou efeito. Já existem muitas evidências que demonstram
que o pensamento pode se externar ao cérebro, mesmo quando esse
está debilitado, ou quando o indivíduo está inconsciente
como nos casos de EQM (11) (Experiências
de Quase Morte), os que tentam explicar estas experiências com
argumentos neuroquímicos, na verdade desconhecem a natureza das
mesmas, pois facilmente verificariam que, em muitos dos casos de EQM
as informações dadas pelos que passaram por tal experiência
podem ser confirmadas; é o caso, por exemplo, de alguém
em coma que toma conhecimento de um fato que ocorre em outra cidade
sendo o mesmo comprovado posteriormente.
O fato é que o pensamento não possui um padrão
mecânico e determinista de funcionamento como a matéria
e se considerarmos que o pensamento é propriedade do elemento
espiritual, é fácil concluir que a espontaneidade e alinearidade
são características inerentes ao princípio espiritual.
Podemos prever como duas substâncias reagem em determinadas condições
físicas, podemos calcular como um objeto dilatará sob
determinada temperatura, mas como prever o que alguém vai pensar?
E se o pensamento é conseqüência da matéria,
porque ele não é também previsível e determinista?
Alguns dizem que teoria do caos explica este fato e que a teoria das
estruturas dissipativas de Ilya Prigogine define como a alinearidade
e espontaneidade são características também da
matéria. De fato! A matéria apresenta processos espontâneos,
mas a alineridade e espontaneidade da matéria é bem diferente
do comportamento humano.
Na matéria em meio ao caos surgem também processos organizados.
Entendemos que o princípio espiritual atua sobre a matéria
ordenando-a e permitindo processos crescentes de organização
e especialização chegando ao seu ápice no comportamento
humano. Se não fosse assim, a vida não seria possível
e o espírito não poderia atuar sobre a matéria.
Se a matéria não possuísse propriedades capazes
de lhe tornar susceptível à ação do elemento
espiritual, ela estaria em eterno estado de divisão com o mesmo
e nós não estaríamos aqui para contar estória.
Assim, quando tratamos de fenômenos que envolvem o elemento psi,
sempre haverá inconstância, alienaridade, espontaneidade
e imprevisibilidade porque estas são características fundamentais
da psi que é produto do elemento espiritual. Não podemos
esperar que na observação dos ditos fenômenos espirituais
os mesmos se comportem da mesma maneira que o elemento material.
A mente tem influencia sobre a matéria apenas na relação
do cérebro com o próprio corpo? Surpreendentemente não!
Não se trata apenas de medicina psicossomática, de verificar
que a prece pode promover a cura ou que medicamentos placebos curam
porque os pacientes acreditam que são verdadeiros, ou mesmo de
relacionar certas enfermidades com alguns estados emocionais. A mente
vai muito além disso. Ela influi sobre qualquer tipo de matéria,
orgânica ou não, independentemente da distancia que o "pensante"
esteja do objeto de seu pensamento. Para referenciar esta informação,
podemos citar alguns experimentos.
O Dr. Massaru Emoto (12) tem registrado
como o pensamento interfere na forma de cristais de gelo. O experimento
consiste em submeter a água a ação do pensamento
positivo ou negativo de um ou mais observadores para depois congela-la
rapidamente e em seguida observar a forma dos cristais de gelo no microscópio.
A conclusão do experimento é surpreendente. Quando submetida
a pensamentos negativos a água parece formar cristais disformes,
mas quando submetida a pensamentos positivos, a água forma cristais
com surpreendentes formas simétricas e belas. (*)
No livro A Vida Secreta das Plantas
(13) existem diversos relatos sobre a sensibilidade
das plantas e como elas são afetadas pelo pensamento dos pesquisadores.
Muitos são capazes de promover o crescimento de um grupo destacado
de plantas apenas mentalizando-as a distância, diariamente enviando
pensamentos positivos para que elas cresçam. Em condições
controladas e com uso de testemunhas duplamente cegas os pesquisadores
eram capazes de demonstrar como a mente humana era capaz de ativar o
crescimento vegetal.
Alguns fenômenos quânticos possuem a característica
de serem imprevisíveis e determinados por causas não materiais,
além disso, tem-se comprovado a participação da
consciência do observador como elemento determinante no desenrolar
de fenômenos físicos. Ou seja, a consciência do observador
interfere diretamente sobre estes fenômenos, e se admitirmos que
a consciência é uma propriedade do espírito individualizado,
estaremos admitindo a intervenção direta do elemento espiritual
sobre a matéria no estado mais elementar conhecido pela ciência
que é o das partículas subatômicas.
Essa interferência foi demonstrada desde 1977 quando Henry Stapp
fez observações surpreendentes refazendo o experimento
da dupla fenda (14) feito inicialmente
pelo físico inglês Thomas Young em 1801 que realizou este
experimento concluindo que a luz era um fluido. Mas a teoria da relatividade
veio afirmar posteriormente que a luz é composta de partículas
(fótons), foi então que Stapp concluiu que a luz se comporta
como onda ou partícula conforme a maneira que é observada.
Para a teoria quântica a matéria nem possui uma existência
física real, mas uma probabilidade à existência.
O que faz a matéria emergir de um padrão de probabilidade
para surgir como onda ou partícula é a consciência
do observador, por isso, observador e coisa observada formam um único
e mesmo sistema. A consciência, mais do que interferir sobre a
matéria, é o elemento que torna possível a própria
existência da mesma e como ela não pode ser causa e efeito
ao mesmo tempo é necessário admitir que consciência
e matéria possuem naturezas distintas.
Amit Goswami (15) relata diversos experimentos
feitos a partir das colaborações de Henry Stapp onde a
consciência causa o colapso de funções quânticas
em eventos reais, são experimentos extremamente bem delineados
e controlados e que até agora não foram contestados de
maneira que possam ser postos em dúvida seus resultados.
Se a mente tem influencia sobre a matéria, isso pode comprometer
muitos dos experimentos científicos que podem sofrer influência
da mente de seus observadores sobretudo aqueles que envolvam mais diretamente
o elemento espiritual. Desta maneira, se a consciência intervém
mesmo sobre fenômenos físicos como o comportamento de uma
partícula subatômica, como estabelecer um controle absoluto?
Como evitar que o observador não interfira sobre o fenômeno
observado? Como reproduzir este fenômeno se não se tem
controle sobre a consciência que observa o fenômeno ou sobre
a consciência observada? Estas questões nos parecem relevantes
para o estudo dos fenômenos espirituais ou ditos paranormais.
Esses elementos podem ter sido determinantes para que a parapsicologia
não calasse aos mais céticos e não se tornasse
uma ciência reconhecida como anseia, talvez porque além
de tentar submeter o elemento psi às metodologias clássicas
de estudo da matéria, fosse apropriado criar uma metodologia
adequada à natureza do objeto estudado. Neste sentido o Espiritismo
adiantou-se, pois desde o princípio reconheceu que a crença
e o estado de espírito do observador têm influência
direta sobre estes fenômenos e ao invés de ignorar esse
fato, considera-o como elemento fundamental para o sucesso na observação
de fenômenos mediúnicos. Mesmo sem tratar da inércia
em que o movimento espírita se encontra no sentido de produzir
conhecimento desta natureza, as bases para uma "ciência do
espírito" foram muito bem fundamentadas por Allan Kardec
e estão disponíveis a todos os que queiram dedicar-se
a este fascinante território aberto aos exploradores e buscadores
da verdade e do conhecimento.
Referências
1 CHALMERS, Alan. O Que é Ciência Afinal?
São Paulo: Brasiliense, 1993
2 CHIBENI, S. S. O Que é Ciência? Departamento
de Filosofia – Unicamp http://www.unicamp.br/~chibeni
3 ANDRADE, Hernani G. Parapsicologia Experimental.
Pensamento. São Paulo – SP, 1966.
4 SCHULZ, Ubiratan. Guerra Fria Parapsicológica.
Disponível em: http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3710
consulta realizada em 25 de novembro de 2007.
5 CAVENDISH, Richard. Org. Enciclopédia do Sobrenatural:
magia, ocultismo, esoterismo, parapsicologia. Porto Alegre: L&PM,
1993.
6 BRAGA, Newton C. Eletrônica Paranormal: projetos
para outra dimensão. Saber. São Paulo SP. 2006.
7 THOMAS, John A. Disponível em: http://www.ceticismoaberto.com/paranormal/esp.htm
consulta realizada em 25 de novembro de 2007.
8 KADEC, Allan. O Livros dos Espíritos. Questões
26 e 27. 76ª Ed. FEB. Trad. Guillon Ribeiro. 1944.
9 KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIV. 36ª
Ed. FEB. Trad. Gullon Ribeiro. 1944.
10 DESCARTES, René. Discurso Sobre o Método.
São Paulo: Hemus Editora Limitada, 1995.
11 MOODY JR. Raymond. Vida Despues de la Vida. Madrid.
Ed. Edaf. 1975.
12 Miraculous Messages from Water. Disponível
em: http://www.lifeenthusiast. com/twilight/research_emoto.htm Consulta
realizada em 27 de novembro de 2007.
13 TOMPKINS, P. & BIRD, C. A Vida Secreta das Plantas.
3ª Ed. Expressão e Cultura.
14 GUITTON, Jean. et al. Deus e a Ciência. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
15 A Ponte Entre Ciência e a Religião.
Disponível em: http://www.saindodamatrix.com.br/ Consulta realizada
em 27 de novembro de 2007.
(*) Sugerimos também a leitura deste artigo
(Acione o "Link"
abaixo indicado) sobre os Cristais de Água:
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/ARTIGOS/ArtigosGRs/MENS_DOS_CRIST_AGUA_CIENT.html
Fonte:
http://www.carlosparchen.net/breno161207.html
topo
Leiam de Breno Henrique de Sousa:
->
Ciência do Espírito: o problema da reprodutibilidade e
controle dos fenômenos espirituais
->
Espiritismo e Liberdade de Consciência
->
A Teoria do Caos e Espiritismo
->
Teoria do caos e Espiritismo