"Controle" é
um termo que designa uma entidade espiritual que funciona, "do
outro lado", com um médium e que se encarrega dos procedimentos
da sessão enquanto o médium está em transe. Tal
operador pode ser chamado também de "guia".
Geralmente o termo implica uma assistência persistente de uma
personalidade distinta e contínua que usa o corpo do médium
enquanto em transe.
Alguns controles, como "Fletcher" de Arthur Ford,
ficaram quase tão famosos quanto ao médium. Em algumas
passagens, o controle se assemelha às entidades regulares que
falam através de canais e dão um conjunto de ensinamentos.
De fato, controles freqüentemente passam uma breve mensagem no
início das sessões, mas sua função primária
é dirigir o contato ordenado de várias entidades espirituais
com as pessoas presentes. O motivo aparente de controles é fazer
bem, para ser útil, e trabalhar sua salvação.
Espiritualistas, que visualizam o médium como uma ponte para
um mundo repleto de entidades espirituais, acreditam que o controle
apresenta uma variedade de funções durante a sessão:
fornecendo diretamente mensagens ou repassando-as aos assistentes, mantendo
a ordem entre aqueles que se apressaram para a "luz" (emanada
do "outro lado"), mantendo afastados espíritos pouco
desenvolvidos ou perversos, e saindo ocasionalmente do caminho para
permitir uma entidade comunicar-se diretamente com os outros.
Espiritualistas alegam que o corpo do médium é um instrumento
que exige considerável prática para manejo eficiente.
O controle é um perito em comunicação que vigia
a fluência dos procedimentos e freqüentemente intromete-se
para explicar ou repetir expressões ininteligíveis. O
aspecto dialogável das sessões é largamente devido
à presença do controle.
A natureza da entidade controle e a maneira pela qual os controles funcionam
permanecem obscuras. Existe, é claro, uma variedade de opiniões
sobre exatamente o que um controle é. Hoje, muitos não-espiritualistas,
especialmente cientistas psicológicos, consideram o controle
uma parte da personalidade do médium. Outros — até
mais céticos, levam em conta a quantidade significativa de fraudes
encontradas entre médiuns no início do século XX
— tendem a considerar os controles como criações
mundanas dos médiuns. Os espiritualistas sugerem que a assistência
a longo prazo dos controles de médiuns seja considerada, no outro
lado, como uma espécie de trabalho missionário, ou como
uma oportunidade ocasional para pesquisa experimental.
Algumas das partes mais críticas da evidência a ser considerada
na avaliação da natureza dos controles espirituais sugerem
que algumas entidades nas sessões podem ser personalidades artificiais
criadas a partir das atitudes e dos pensamentos inconscientes dos assistentes.
Em setembro de 1972, um grupo de experimentadores na Toronto
Society for Psychical Research no Canadá
criou uma entidade artificial chamada "Philip", meditando
numa história para ela, em suas características e aparência,
previamente escolhidas pelo grupo. Depois de resultados negativos por
quase um ano, o grupo adotou o método da sessão Espiritualista
convencional e logo recebeu mensagens de Philip através de raps
na mesa. Alguns guias espirituais e controles obviamente são
sintéticos e ilusórios, como na criação
deliberada de Philip; Porém, pode ser que a aceitação
momentânea deles como personalidades reais possa influenciar favoravelmente
os fenômenos paranormais.
As qualidades humanas dos Controles
Existe um elemento humano no processo
de estabelecimento dos controles. Entre as entidades espirituais, pode
haver uma luta para o cargo, e um controle estabelecido pode ser substituído
por outro, como testemunhado no caso de Leonora Piper. A luta pelo controle
é freqüentemente levada ao médium por comunicações
quebradas e movimentos espasmódicos da mão ou do viajante
na tábua ouija.
O caráter e a limitação dos controles também
suportam a condição humana. Eles podem ter uma grande
experiência na vida no além, e ainda, em resposta a questões,
eles freqüentemente confessam a ignorância e respondem que
irão indagar de um outro que possa saber. Eles tendem a serem
pacientes, e durante os tempos de fenômenos físicos estavam
dispostos a produzi-los para a satisfação dos assistentes.
Mas eles parecem avessos a ordens dadas; eles esperam um tratamento
cortês, apreciam o que eles fazem e têm seus próprios
caprichos. Freqüentemente eles trazem uma atmosfera religiosa,
mas poucos deles parecem dispostos à santidade. "Walter,"
o controle de Mina Crandon (Margery) praguejava livremente se algo lhe
descontentasse e mandava opositores irritantes ao inferno. Em sua íntegra
indignação contra Houdini, ele o acusou de trapaça,
jurou-o terrivelmente, conjurou severamente maldições
para ele e usou o linguajar mais terrível.
"Eyen," o controle egípcio da Sra. Travers Smith (Hester
Dowden), que alegava ter sido um sacerdote de Ísis no reinado
de Ramses II, também amaldiçoou e jurou versos contra
um membro do círculo que o expulsava através de sugestão
hipnótica dada ao médium. "Peter", outro controle
de Smith, era semelhante a "Walter," e se vinculava ao círculo
para satisfazer a sua própria curiosidade e conduzir experiência
psíquicas do outro lado. Ele era excelente em inventar testes,
mas seu caráter deixava a desejar.
O poder dos controles constantes é normalmente maior que o dos
comunicadores incidentais, e freqüentemente parece ser específico.
"Eu
tenho somente poderes para vozes," disse Cristo
d'Angelo, quando foi solicitado a ser o controle nas sessões
de Rossi. Existe um curioso paralelo com as semelhantes limitações
dos médiuns, sustentando a teoria que o controle, em relação
a outros espíritos, é igual a um psíquico, assim
como o médium está em relação aos assistentes.
Por exemplo, no caso Cristo d'Angelo, alguns espíritos, quando
eram muito fracos para alcançar o assistente em suas próprias
vibrações de voz, vinham através do controle, e
resultava numa mistura de inflexão e predomínio ocasional
do timbre do controle.
Durante o período que médiuns estavam sob extenso exame,
os controles tornavam-se centrais para os efeitos físicos (um
entendimento que deve ser integrado à crença de que a
maioria dos médiuns físicos foi descoberta em alguma forma
de fraude). Conseqüentemente, os controles com freqüência
tinham ajudantes (alguns os chamariam de "confederados");
outro espírito preparava fenômenos físicos difíceis
enquanto uma mensagem estava sendo entregue. Estes ajudantes às
vezes auxiliavam também o controle, aumentando a coerência
das mensagens.
Muitos exemplos de erros crassos cometidos por controles foram registrados
nos escritos de Stainton Moses. Uma vez, pesados volumes de fumaça
fosforescente foram produzidas, assustando o médium à
medida que ele estava envolto no fogo. Foi posteriormente explicado
que um acidente aconteceu durante a produção das luzes
psíquicas. Outra vez, uma experiência de produção
de perfume falhou e o assistente foi retirado do aposento em razão
de um fedor insuportável.
Às vezes a ocorrência de um dano ao médium era reportada
devido à negligência ou a descuidada carência de
poder dos controles. Ocasionalmente controles falhavam em suas capacidades
como porteiros, e elementos indesejáveis, malignos invadiam a
sala de sessão. Em tais casos, eles imediatamente ordenavam o
fim da sessão. Quando o médium acordava do transe, o controle
desaparecia. O controle não podia se comunicar mais, mas poderia
estar alerta e desejoso a enviar uma mensagem. Sra. Piper ocasionalmente
recebia tais mensagens por suas próprias filhas em transe.
A presença do controle era percebida por vários meios.
A voz em fala direta, a disposição da caligrafia ou a
sensação experimentada na escrita automática, o
estilo peculiar de batidas ou o balançar da mesa, ou os maneirismos
reveladores da identidade do controle. Observações fisiológicas
podem ser também exibidas. Sir Arthur Conan Doyle descobriu que
a pulsação média de John Tichnor batia a 100 quando
controlado por "Coronel Lee", 118 quando sob o controle de
"Black Hawk", e 82 quando normal.
Um caso curioso de dois controles conversando audivelmente, cada um
usando seu próprio médium, foi testemunhado nas sessões
de Mina Crandon, quando a outra médium, Srta. Scott, também
caiu em transe. O controle, "Walter," que estava encarregado
da sessão do outro lado, instruiu ao espírito de Sra.
Scott, mãe da médium, como proceder, quando começar
e quando parar de falar.
O elemento pitoresco
As alegações dos controles de terem existido anteriormente
como humanos encarnados apresentam outro problema em suas avaliações.
A maior parte dos controles alega uma vida distante e discreta que afronta
qualquer verificação. O controle de D. D. Home sempre
falava no plural e nunca dava seu nome. Stainton Moses era ocupado por
uma liga organizada de controles que incluíam personagens bíblicos,
filósofos, sábios e personalidades históricas.
Os personagens bíblicos chamavam-se "Imperator" (Malaquias),
"Preceptor" (Elias), "O Profeta" (Haggai), "Vates"
(Daniel), "Ezequiel", "Theophilus" (São João
Batista), "Theosophus" (São João, o Apóstolo),
e "Theologus" (São João, o Divino).
Os filósofos e sábios incluíam uma seleção
prestigiosa entre famosos e poucos desconhecidos: Solon, Platão,
Aristóteles, Sêneca, Athenodorus (Doctor), Hippolytus (Rector),
Plotino (Prudens), Alexander Achillini (Philosophus), Algazzali ou Ghazali
(Mentor), Kabbila, Chom, Said, Roophal e Magus. Moses esteve atravessado
de dúvidas por muito tempo sobre a identidade deles e finalmente
concluiu que, "julgando
como eu gostaria de ser julgado, eles são o que pretendem ser".
Imperator era um dos controles espirituais mais antigos, mas ele foi
precedido por quase mil anos pela "Senhora Nona" (a guia de
"Rosemary"), que alegava ter vivido no Egito no tempo dos
faraós. "Black Hawk", o controle de Evan Powell, insistia
que um livro tinha sido publicado a respeito dele na América.
Em 1932 o livro foi encontrado; foi impresso em 1834 em Boston.
Existem vários exemplos em que o mesmo controle se manifestou
por diferentes médiuns. Eles prestavam favores particulares a
um médium de cada vez, porém, na morte do médium
o poder é passado para um outro. "John King", que também
alegava ter sido Sir Henry Owen Morgan, um rei pirata, primeiro apareceu
nas sessões de Davenport e manifestou-se nas sessões de
outros médiuns por muito tempo, enquanto "Katie King",
filha dele, parecia ter passado para uma esfera mais elevada depois
de se despedir de Florence Cook. Katie, porém, fez um retorno
inesperado ao círculo do Dr. Glen Hamilton em 1932. Roy Stemman
reportou que Katie King materializou-se em Roma, em julho de 1974, com
o médium Fulvio Rendhell.
Controles nativo-americanos
Nativo-americanos atingiram um status
especial dentro dos círculos Espiritualistas, assim habitualmente
eles atuavam como controles. O Espiritualismo, de fato, apresenta uma
das tentativas mais antigas em construir uma imagem positiva dos nativo-americanos
entre o público europeu-americano
(europeus ou descendentes de europeus que residem nos EUA). Estes controles
usam nomes românticos ou simplesmente indianos; por exemplo, "North
Star" (Gladys Osborne Leonard), "Red Cloud" (Estelle
Roberts), "White Feather" (John Sloan), "Greyfeather"
(J. B. Johnson), "Grey Wolf" (Hazel Ridley), "Bright
Eyes" (May Pepper), "Red Crow" (F. F. Craddock), "Black
Hawk" (Evan Powell), "Black Foot" (John Myers), "Red
Jacket" (Dr. C. T. Buffum) e Emily French, "Old John"
e "Big Bear" (Dr. Charles B. Kenney), "Hawk Chief"
e "Kokum" (George Valiantine), "Moonstone" (Alfred
Vout Peters), "Tecumseh" (W. H. Powell), e "Segaske"
(T. d 'Aute Hopper). Poucos dos guias nativo-americanos ultrapassaram
a fama de "White Eagle" e "Silver Birch", controles
de dois médiuns britânicos famosos, Grace Cooke e Maurice
Barbanell, respectivamente.
Em outras nacionalidades, principalmente naquelas identificadas com
culturas que ensinam a sabedoria antiga, freqüentemente também
acontecia, como "Tien-Sen-Tie" (o guia chinês de J.
J. Morse), "Eyen" (um guia egípcio de Hester Dowden),
e "Feda" (o guia indígena asiático de Gladys
Leonard). Além de Hooper ser freqüentado por um faquir,
Annie Brittain por uma criança Senegalesa e Eileen Garrett por
um controle árabe. Não obstante, os controles nativos
americanos eram a maioria.
Nas fotografias de espíritos, os controles nativo-americanos
apareciam em imagens populares, com longos tufos de cabelo no topo da
cabeça raspada e mantos tribais. O primeiro organizador deles
pareceu ter sido John King, salvo, antes do aparecimento deste romântico
pirata, os primeiros controles indígenas manifestados nas comunidades
Shakers na América. Eles vinham coletivamente, como uma tribo.
Um golpe era ouvido na porta e, quando o espírito era convidado,
eles possuíam a todos. Gritos indígenas ecoavam na casa;
os obsidiados falavam línguas nativas entre si e dançavam
danças nativo-americanas.
Os espíritos nativo-americanos não ensinavam qualquer
coisa. Pelo contrário, os Shakers chegaram à conclusão
que eles tinha que ensinar e converter os espíritos. O trabalho
dos Shakers era o início do que mais tarde se tornou conhecido
nos grupos Espiritualistas como um círculo de salvação.
As visitas aconteceram entre 1837 a 1844. Quando os espíritos
partiram, eles informaram a seus instrutores (aos Shakers) que retornariam
logo e invadiriam o mundo, entrando em palácios e cabanas. Mas
geralmente os controles nativo-americanos restringiam suas atividades
a manifestações físicas.
E. W. Wallis, co-autor com M. H. Wallis de Guide to Mediumship, escreve:
"muitos espíritos
indígenas tornam-se amigos verdadeiros e fiéis. Eles
agem como 'porteiros' protetores, por assim dizer — para com
seus médiuns. Eles fazem o trabalho duro de desenvolvimento
no círculo e previnem a intrusão de espíritos
indesejáveis. Às vezes eles são tempestuosos
e exuberantes em suas operações e manifestações
e, enquanto nós não compartilhamos dos pré-julgamentos
que são expressos contra eles, nós pensamos ser sábio
exercitar a influência contida nas demonstrações
deles. Eles geralmente possuem forte poder de cura e freqüentemente
põem seus médiuns num curso de exercícios calistênicos
— que, embora benéficos à saúde do médium
e, na presença de alguns amigos, podem passar sem comentários
adversos, provavelmente seriam criticado se apresentados a uma assembléia
pública".
Aparte dos nativo-americanos, e na luz
da discussão contemporânea da criança como um elemento
no "eu" subconsciente do indivíduo, crianças
forneceram o grupo mais interessante de controles. Entre os mais conhecidos
estão "Feda" (Gladys Osborne Leonard), "Nelly"
(Rosina Thompson), "Dewdrop" (Bessie Williams), "Sunshine"
(Anne Meurig Morris), "Little Stasia" (Stanislawa Tomczyk),
"Nina" e "Yolanda" (Elizabeth d'Esperance), "Belle"
(Annie Brittain), "Bell" (Florence Perriman), "Harmony"
(Sussannah Harris), "Snow Drop" (Maud Lord Drake), e "Pocka"
(Srta. C. E. Wood).
Aparte dos nativo-americanos, e na luz da discussão contemporânea
da criança como um elemento no "eu" subconsciente do
indivíduo, crianças forneceram o grupo mais interessante
de controles. Entre os mais conhecidos estão "Feda"
(Gladys Osborne Leonard), "Nelly" (Rosina Thompson), "Dewdrop"
(Bessie Williams), "Sunshine" (Anne Meurig Morris), "Little
Stasia" (Stanislawa Tomczyk), "Nina" e "Yolanda"
(Elizabeth d'Esperance), "Belle" (Annie Brittain), "Bell"
(Florence Perriman), "Harmony" (Sussannah Harris), "Snow
Drop" (Maud Lord Drake), e "Pocka" (Srta. C. E. Wood).
Controle de um vivo
Em vários casos registrados, as mensagens fornecidas pelo médium
foram provadas terem sido emanadas de indivíduos vivos. Isso
introduz a importante questão se o vivo pode atuar como controle.
Descobriu-se que as mensagens dos vivos freqüentemente viam sem
o conhecimento deles, na maioria dos casos, quando eles estavam adormecidos.
Isto sugeriria que ocasionalmente a entidade espiritual comunicante
poderia também estar inconsciente do que faz — poderia
estar sonhando através do médium. As repetidas declarações
dos controles da Sra. Piper de que eles têm que entrar num estado
de sonho para se comunicar dá uma curiosa direção
a esta idéia.
O francês Allan Kardec e o americano John Edmonds foram os primeiros
a declarar que as comunicações espirituais podem emanar
dos vivos. Em seu Spiritual Tracts (24 de outubro de 1857), Edmonds
escreve:
"Num dia, quando estava em
West Roxbury, chegou-me por Laura [a filha dele], uma médium,
o espírito de alguém com quem eu fui bastante familiarizado,
mas de quem eu estava separado faz uns quinze anos. Ele tinha um caráter
muito peculiar — alguém diferente de qualquer outro homem
que eu já conheci, e então fortemente assinalei que
era difícil me enganar sobre a identidade dele. Eu não
o via há vários anos; ele não estava de nenhuma
maneira na minha mente no momento, e ele era desconhecido da médium.
Ainda assim ele identificou-se de modo inequívoco, não
apenas por suas características peculiares, mas referindo-se
a assuntos conhecidos apenas por ele e por mim. Com isto considerei
que ele estava morto, e fiquei surpreso depois de saber que ele não
estava. Ele ainda estava vivo... e desde então tenho conhecimento
de muitas manifestações semelhantes, de forma que eu
não posso mais duvidar do fato que às vezes nossas comunicações
vêm tanto dos espíritos dos vivo como também dos
mortos".
Outros casos interessantes podem ser
encontrados em Seen and Unseen (1907) de E. K. Bate, The Fringe of Immortality
(1920), de M. Monteith, Animismus und Spiritismus (1890) de A. N. Aksakov
e There Is No Death (1892) de Florence Marryat.
Num exemplo o espírito de Florence Marryat foi evocado quando
ela estava dormindo. Na experiência da autora, os espíritos
dos vivos invariavelmente pedem para voltar ou serem permitidos a ir,
como se eles estivessem acorrentados à vontade do médium.
Entres seus dons mediúnicos, Marryat alegava o poder de evocar
os espíritos dos vivos.
Alguns dos primeiros clarividentes sugeriam que a única diferença
perceptível entre os espíritos de vivos daqueles dos mortos
era que uma delicada linha de luz aparecia no processo daqueles, aparentemente
unindo-os ao corpo físico distante. Alguns clarividentes modernos
reivindicavam ter descoberto outra distinção. O espírito
encarnado parece inanimado, morto, como uma estátua, enquanto
que o desencarnado é intensamente vivo.
Catherine Berry escreve em Experiences in Spiritualism (1876):
"a mesa no mesmo instante
começou a girar de uma extraordinária maneira, de forma
que nós dificilmente podíamos segurá-la. Nós
perguntamos qual era o assunto, e foi soletrado 'Nós estamos
navegando e contornando o cabo e devermos estar em casa em três
dias'. Nós não sabíamos o que isto queria dizer.
Alguém sugeriu que nós devíamos perguntar o nome
a quem isso se referia. Um cavalheiro presente então, de uma
vez, disse 'é você, Alfred?' Resposta: 'Sim.' 'Então
você está a bordo do Great Eastern?' 'Sim.' Vocês
estão bem?' 'Sim.' Neste momento, eu devia dizer, não
se escutava sobre o navio por dez dias ou duas semanas; e exatamente
no fim dos três dias o navio chegou. Este espírito "Alfred"
estava encarnado no momento e também agora; e embora ele tenha
sido questionado, ele nada sabia das circunstâncias ou de ter
desejado enviar-nos tal comunicação".
A história de uma comunicação por batidas de um
homem vivo é informada na Revista Espírita, em janeiro
de 1911 por uma Sra. Bardelia. Esta médium reportou a ocorrência
sob a observação de Gustave Le Bon. Aconteceu em 1908
em St. Petersburg. O gerente do hotel onde o médium estava pediu
a gentileza de uma sessão. Ele estava ávido para conseguir
uma mensagem de seu pai, que morrera recentemente. O gerente ficou insatisfeito
quando, com a ajuda do alfabeto, as primeiras batidas disseram um nome
bastante diferente do que ele esperava. O sobrenome brevemente seguiu-se,
e ele exclamou, "por que, este é
o nome de meu melhor amigo; mas ele certamente não está
morto, eu recentemente ouvi sobre ele num hotel em Moscou, onde ele
está empregado." Tanto o gerente quanto a médium
ficaram surpresos, e Bardelia buscou informações adicionais.
O espírito contou: "eu não estou morto, mas num
estado de coma; eu devo morrer hoje à noite"
O gerente perguntou, "você está em seu hotel?"
"Não, no hospital," foi a resposta. As batidas
cessaram.
O gerente, ainda cético, disse que imediatamente telefonaria
para Moscou a fim de verificar a mensagem. Algumas horas mais tarde
ele retornou, muito pálido e excitado. Um porta-voz do hotel
disse que, delirando e morrendo, seu amigo tinha sido removido ao hospital
de manhã e não se esperava que vivesse à noite.
Sra. J. H. Conant, uma médium americana, podia manifestar-se
a outros médiuns enquanto seu corpo estava em transe e sob o
controle de um espírito.
Wsevolod Solowiof, um conhecido escritor russo, e automatista que normalmente
produzia escritos exemplares, numa ocasião escreveu o nome "Vera".
Numa investigação foi obtido que um parente dele estava
se comunicando. "Sim; eu durmo, mas eu estou aqui, e eu vim
para lhe dizer que nós devemos nos encontrar nos jardins de verão".
Isto aconteceu. Além disso, a jovem menina contou a sua família
que sonhara visitar seu primo e de ter dito a ele sobre o encontro.
Hereward Carrington, em seu prefácio para The Projection
of the Astral Body (1929) de Sylvan J. Muldoon, narra sua tentativa
pessoal numa projeção para aparecer a uma determinada
jovem senhora, uma perfeita pianista, com uma memória musical
fenomenal:
"um dia, eu perguntei a ela,
se já ouvira falar de uma velha canção, 'Sparrows
Build', famosa há anos atrás, de Jenny Lind, e uma das
favoritas de minha infância. Ela declarou não conhecer.
Eu disse que, se conseguisse a cação, enviaria alguma
hora uma cópia, pois pensei que ela gostaria disto. E no momento
nada mais foi dito a respeito e nenhuma importância em particular
esteve ligada a isto. Algumas noites mais tarde eu tentei aparecer
a ela, e como sempre, eu despertava de manhã sem saber se minha
experiência teve 'sucesso' ou não. Um pouco mais tarde
eu recebi uma chamada telefônica e a jovem senhora em questão
informava-me que eu apareci a ela à noite anterior —
bem mais vivamente que o habitual — e que por causa disso ela
teve um impulso a escrever automaticamente — o resultado sendo
um verso de poesia. Naquela tarde, eu a visitei, fui informado da
experiência, foi-me mostrada a poesia e confessei que fiquei
momentaneamente bastante estimulado. A poesia consistia nas linhas
iniciais da canção 'When Sparrows Build', absolutamente
precisa, com exceção de uma palavra".
O caso Gordon Davis registrado por S. G. Soal nas Atas da Society
for Psychical Research (vol. 35) é um dos casos mais famosos
em toda a pesquisa psíquica. Numa série de sessões
com Blanche Cooper em 1922, uma voz bem sucedida emergiu, a qual Soal
reconheceu como a de Gordon Davis, um conhecido que aquele acreditava
ter morrido na guerra. Detalhes sobre a casa e a família foram
fornecidos de uma maneira muito convincente. Três anos mais tarde,
Soal encontrou Davis, ainda bem vivo. Ele nada sabia das comunicações
que pareciam ter vindo dele. Vários casos semelhantes são
registrados por W. Leslie Curnow num artigo de 1927 na Psychic
Science.
Shamar, o controle hindu de Hester Dowden, era especializado em trazer
comunicadores vivos. Num exemplo, o nome de um amigo íntimo (de
Hester Dowden) foi bem sucedido:
"ele (o amigo) declarou não
estar dormindo completamente e assim a mensagem entraria aos poucos,
o que sucedeu. Ele disse que estava sentado diante da lareira em sua
sala de visitas; ninguém mais estava no aposento. Eu pedi a
ele para entregar a minha irmã uma mensagem minha; ele disse,
'Desculpe, eu não consigo; eu esquecerei de tudo isso quando
despertar'. Ele então disse adeus e que ele não poderia
falar mais quanto mais acordado estivesse ficando".
Sir Lawrence J. Jones, em seu discurso presidencial a Society for Psychical
Research em 1928, estendeu-se sobre a mediunidade de Kate Wingfield,
dizendo, "em quatro ocasiões diferentes minha menina
mais jovem, de nove anos, professou, durante seu sono, controlá-la,
falando com grande animação e muito caracteristicamente.
Em primeiro lugar, ela (a menina) estava em Ripley, umas quinze milhas
de Wimbledon, onde K. Wingfield estava. Mais tarde em Valescure ela
estava dormindo ou na mesma casa ou numa vila vizinha. Na primeira ocasião,
foi perguntado a criança, depois de algum diálogo, "que
tal a roupa do marinheiro?" A resposta veio: "nós fomos
a uma loja. mamãe acabou de dizer, 'Você joga aquelas coisas
fora. Isto é da altura dela.' E eles pegaram-nas; nada mais há
para ser feito, nada mudou — eles acabaram de mandá-las
para casa. É disso que eu gosto".
Essa foi uma versão correta do que aconteceu naquela tarde. A
criança tinha sido levada por sua mãe a Londres, mas nenhum
de nós foi a Wimbledon neste dia, então K. e os outros
membros do círculo apenas sabiam que havia um plano para comprar
uma roupa de marinheiro. Aqui o guia de Herbert comentou, "em
muitos casos um espírito em nosso lado é bastante incapaz
de dizer se uma pessoa está morta, ou inconsciente, ou apenas
dormindo, se o espírito está do lado de fora; por algum
tempo depois da morte o cordão suspende-se livremente antes de
ser absorvido no corpo espiritual e, freqüentemente, ao dormir,
o relaxamento do cordão apresenta a mesma aparência".
Este exemplo pode ser comparado com o caso "Beard", no Journal
of the Society for Psychical Research (vol. 23), onde o Sr. Beard
foi descrito como tendo falecido muito recentemente numa sessão
realizada cerca de oito horas antes de seu falecimento real.
Mercy Phillimore (no Light, 9 de maio de 1931) contou de sua experiência
em 1917, numa sessão com Naomi Bacon, quando um homem foi descrito
e a quem ela reconheceu como um amigo vivo:
"no momento minha mente percebeu
a presença dele e uma certa tranqüilidade parecia invadir
a sessão e ele tomava o controle direto da médium. O
controle durou de cinco a dez minutos, mas antes de finalizar, o comunicador
solicitou-me nunca se referir à experiência a ele (ao
amigo) em seu estado normal. Os fatos comunicados estavam corretos.
Em outra sessão, um ano mais tarde, o amigo vivo novamente
professou estar presente. Suas comunicações foram evidenciais".
Numa sessão de voz direta dada por William Cartheuser a American
Society for Psychical Research em 26 de outubro de 1926, Sra. X,
uma conhecida dama de Malcolm Bird, recebeu o que ela considerou uma
comunicação de seu ex-sogro. Ele disse ter morrido de
um problema no pulmão e que tentava a muito custo impressionar
a Sra. X noites atrás. Ele deu uma descrição correta
do que ela estava fazendo naquela época em particular. Depois
da sessão, Sra. X descobriu que o comunicador estava vivo e em
grande angústia mental na data da sessão (Psychic Research,
1927).
Alfred Vout Peters, o famoso clarividente londrino, teve várias
experiências semelhantes. Em quatro ocasiões distintas,
Laura Finch ("Phygia") controlou Peters enquanto ela, encarnada,
estava em Paris e ele em Londres. Ela prometeu fazer o que pudesse.
"Todos que a conhecem são unânimes em declarar
que era a própria personalidade de Phygia falando; seu maneirismo
estava ali; coisas eram ditas e as quais apenas ela tinha ciência,
e quando testes eram antecipadamente combinados na forma de certas frases
a serem articuladas, elas invariavelmente eram usadas" (Light,
2 de setembro de 1899). Em outra ocasião, foi descoberto que
um controle que se manifestava através de Peters estava vivo
na África.
Almirante J. G. Armstrong relatou (Light,
25 de abril de 1931) que em uma ocasião enquanto ele estava em
Londres, sua mãe, que vivia em Devonshire, falou com ele por
um médium. Ela estava adormecida no momento e teve a impressão,
ao despertar, de ter feito uma longa jornada. Durante uma conferência
naval em Londres, um oficial da marinha a quem ele conhecia há
muitos anos, semelhantemente estava vivo, e foi bem sucedido, e aconselhou-lhe
a protestar contra os cortes na marinha. O oficial forneceu fatos sobre
seu recente serviço. Em investigação, Armstrong
descobriu que o homem estava vivo e servia no oriente. Considerando
a diferença de tempo, era provável que ele estivesse dormindo
na hora da comunicação.
Existem alguns casos registrados em que uma aparição materializada
era descoberta ser de um vivo. Alfred Vout Peters viu, numa sessão
com Cecil Husk, o fantasma de um amigo que deveria estar em casa dormindo
no momento. Outros tiveram experiências semelhantes com a mesma
médium. Stanley de Brath viu, em quatro ocasiões, o rosto
materializado de uma senhora (então na Índia) de quem
ele havia perdido a trilha. Posteriormente ele recebeu uma carta dela.
Um clérigo da Igreja Anglicana viu o rosto materializado de seu
irmão que estava morando na África do Sul (Light,
1903).
Na controvérsia que se sucedeu, um correspondente escreveu ao
Light sobre a materialização
do General Sherman nos Estados Unidos, que não só anunciava
sua identidade, mas também declarava que acabara de morrer. O
General, porém, que estava na época em seu leito de morte,
não morreu até um ou dois dias mais tarde.
Alegam que alguns médiuns têm materializado fantasmas de
animais. De uma perspectiva Espiritualista, a pergunta que poderia surgir
é, não seria possível espíritos de animais
controlarem homens em transe? A confissão de Charles Albert Beare,
auto-intitulado o falso médium de Peckham, Londres no Daily Express
(18 de setembro de 1931), contém esta curiosa passagem: "numa
noite em Bermondsey… eu vi uma mulher professando ser controlada
por um macaco. Ela saltou em cadeiras, na mesa e lançou-se por
toda parte do quarto exatamente como um macaco — de fato, ela
tinha todo o maneirismo e as características do macaco. Foi uma
apresentação horripilante, e quando o controle terminou
sobre a mulher, ela teve que ser reanimada com água e pelas pessoas
batendo em suas mãos".
Referências
Berger, Arthur S., and Joyce Berger. The Encyclopedia
of Parapsychology and Psychical Research. New York: Paragon House, 1991.
Curnow, W. Leslie. "Spirits in the Flesh."
Psychic Science (January 1927).
Marryat, Florence. There Is No
Death. New York: John Lovell, 1891. Reprint, New York: Causeway
Books, 1973.
Moore, J. D. "A Medium Appearing in a Materialized
Form." Facts 6 (March 1887).
Owen, Iris M., and Margaret Sparrow. Conjuring Up Philip.
New York: Harper & Row, 1976.
Stemmen, Roy. Spirits and Spirit Worlds. Garden City,
N.Y.: Doubleday, 1975.
Fontes:
http://parapsi.blogspot.com.br/2008/06/as-personalidades-controles-ou-guias.html
fonte citada na fonte acima: Occultism & Parapsychology Encyclopedia
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