1889; fazia apenas 20 anos que Allan Kardec
desencarnara e um Congresso Socialista reunido na mesma Paris
que abrigara a obra do codificador, decidira convocar anualmente
uma manifestação com o objetivo de lutar por conquistas
trabalhistas. A data escolhida fora o 1º de maio em homenagem
às lutas sindicais de Chicago, nos Estados Unidos, iniciadas
no mesmo dia, em 1886.
Era uma época de retrocesso social, com práticas
trabalhistas que faziam lembrar os tempos da barbárie e
que já deveriam ter sido abolidas da sociedade humana de
então. O modelo de produção apresentava salários
baixos e comprometimento da saúde física e mental
dos trabalhadores provocadas por excesso de jornada e condições
inadequadas. Em 1919 como decorrência desses movimentos,
o senado francês ratifica o dia de 08 horas e proclama o
dia 1º de maio desse ano como feriado nacional. Muitos países
seguiram o exemplo.
Aquela fora também uma época de conquistas e transformações.
O Espiritismo viera afrontar o materialismo mostrando o sentido
da vida, enquanto os ideais da revolução francesa:
Liberdade, Igualdade, Fraternidade sopravam em todas as direções,
atingindo assim a organização do trabalho. Grandes
vultos surgiram no movimento trabalhista. Mártires; quiçá
missionários, pois graças a eles muitas conquistas
se fizeram em favor dos trabalhadores.
O trabalho é fonte perene de realizações
e Kardec enfatizou a questão do trabalho e sua relação
com o progresso humano e do espírito.
Pergunta Kardec aos Espíritos:
674 - A NECESSIDADE DO TRABALHO É LEI DA NATUREZA?
R.: "O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo
que constitui uma necessidade, e a civilização obriga
o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e
os gozos."
Embora trazido há 151 anos, esse ensino está
mais atualizado ainda na civilização moderna. À
medida que a tecnologia se desenvolve, o homem aumenta suas necessidades
para acompanhar o progresso e usufruir seus benefícios.
Assim é que, por exemplo, com o surgimento do computador,
logo sua aplicação, inicialmente restrita aos círculos
militares, universitários e governamentais, ganhou as empresas
e, num passo seguinte, os lares, as escolas e todos os lugares
e continua a se expandir rapidamente. Isso leva as pessoas a mudarem
seus hábitos e sua cultura; abandonam costumes antigos
e se aprimoram para acompanhar as novas tecnologias. Tudo isso
demanda estudos e pesquisas. Faculdades surgem focadas na tecnologia
da informação e outras tecnologias.
Professores são formados; o mercado busca profissionais
com cursos específicos nas novas áreas; o cidadão
comum assimila o uso dos novos equipamentos.
Fronteiras são derrubadas e a comunicação
passa a ser instantânea entre todas as partes do mundo.
Modernos equipamentos surgem na área médica, nas
telecomunicações, no uso industrial, nas pesquisas
científicas, forçando novas mudanças e facilitando
e estimulando o desenvolvimento.
Afora isso, o homem moderno vive em uma sociedade consumista,
ainda muito sintonizada aos anseios materiais, o que lhe aumenta
as necessidades e os gozos. Tudo isso gera trabalho!
E Kardec prossegue:
675- POR TRABALHO SÓ SE DEVEM ENTENDER AS OCUPAÇÕES
MATERIAIS?
R. Não. O Espírito trabalha, assim como o corpo.
Toda ocupação útil é trabalho.
Quando os espíritos respondem que o Espírito
trabalha, assim como o corpo, evidentemente estão colocando
dessa forma, para que fique bem caracterizada a distinção
entre trabalho material e espiritual.
Nessa pergunta, nós começamos a desvincular o trabalho
do emprego, e a compreender o sentido maior do trabalho espiritual:
ser útil, com as conseqüências que daí
advirão positivamente.
Tomemos como exemplo uma dona de casa tradicional.
Trabalha muito materialmente, embora não tenha um emprego.
Trabalha mais ainda, espiritualmente, na medida em que é
o ponto de conciliação entre os diversos membros
da família. Trabalha na educação moral dos
filhos e por isso está trabalhando para o seu próprio
desenvolvimento individual, no cumprimento de sua elevada missão
de mãe e esposa.
Aliás, os espíritos quando respondem à Kardec,
na sua obra de codificação da Doutrina, estão
também trabalhando, assim como Kardec. São os trabalhadores
do Senhor!
Diante dessas considerações, perguntamos:
PODE ALGUÉM, MATERIALMENTE FALANDO, VIVER SEM TRABALHAR?
Até pode (679), pois quem não precisa trabalhar
para seu sustento material, já tem os recursos necessários
às suas necessidades. Porém, precisa se aprimorar
e desenvolver sua inteligência para poder acompanhar o progresso
geral, e aí estará trabalhando para o seu adiantamento
intelectual. É preciso mais ainda: é necessário
ser útil, fazendo com que o meio em que vive progrida
com seus recursos bem empregados
Praticando o bem com o adiantamento que lhe foi dado, estará
trabalhando para o seu progresso moral, na aquisição
de virtudes pelo amor ao próximo. Amor traduzido pela disposição
em vê-los progredir, deixando de ficar apenas acumulando
riquezas.
Essa questão dos que não têm necessidade do
trabalho para o sustento material, nos leva à parábola
dos talentos, que trata do emprego das riquezas, ou seja, do progresso
material e espiritual que promovemos com os recursos que dispomos.
Vamos tirar dessa parábola a lição de que
o que nos é dado, por adiantamento, pela Providência,
não é para a satisfação de nosso orgulho
e de nossa ambição desmedida. Tão pouco deve
ficar inútil pelo desinteresse ou pela ociosidade. Só
o esforço do trabalho pode garantir o emprego seguro das
riquezas de forma a promover o bem geral pela multiplicação.
Nessa idéia sobre a sua finalidade, o trabalho é
um meio valioso de serviço aos desprovidos do sustento.
Para isso precisamos viabilizar o trabalho maior em nós:
o amar o próximo como a si mesmo.
Talento era uma moeda da época e aqui simboliza não
uma moeda, mas as riquezas de que dispomos, não necessariamente
materiais.
Se não temos os talentos da riqueza material, poderemos
promover o bem em nossa volta com outros talentos, principalmente
os talentos espirituais, ou seja, as riquezas do coração
e do saber.
Não há ninguém que não tenha nenhum
talento!
Se temos o talento do tempo, não devemos enterrá-lo
nas futilidades da vida. Podemos empregá-lo no nosso desenvolvimento
intelectual e moral, haurindo novos conhecimentos e espalhando
seus benefícios em favor do próximo. Há muitos
carentes de uma companhia amiga. Há o que carece de uma
palavra edificante a lhe indicar um horizonte de esperanças
em meio ao charco da indignidade humana. Há o que mendiga
o trato de suas angústias no conforto de uma presença
amiga ou que necessita ser ouvido e consolado em seu desabafo
de desventuras e dores. No entanto, o homem moderno não
encontra tempo para seu próprio tempo (sua missão),
e, muitas vezes, o necessitado nem precisa ser buscado na fria
realidade do mundo; habita o seu próprio teto, na figura
de um ente querido. Bem-aventurado aquele que vai mais além
e se eleva sobre o seu próprio tempo, para o trabalho edificante
no amor ao próximo, dentro ou fora de sua parentela, junto
aos desvalidos de tudo.
Se temos o talento do conhecimento, seja intelectual ou espiritual,
podemos transformá-lo em fontes de claridade em favor dos
ainda aprisionados nas teias da ignorância. Basta não
passarmos ao largo das diversas oportunidades que a Providência
nos oferece nesse sentido em nosso cotidiano. Basta termos um
pouco de olhos de ver e coração de sentir e não
nos esquecermos de ser úteis.
Se temos o talento da paciência, podemos colocá-lo,
em forma de compreensão e apoio, em favor do necessitado
difícil que convive conosco, no lar, no trabalho, nos estudos,
na vizinhança, nas atividades religiosas, na comunidade.
Na realidade, temos muitos talentos e, para multiplicá-los,
precisamos crescer em virtudes, transformando-os em tesouros do
coração a enriquecer o meio em que vivemos com a
moeda do amor e do saber.
No plano da vida eterna, o trabalho espiritual transcende o trabalho
material, porquanto este, embora importante para o suprimento
de nossas necessidades, é passageiro e perece. Não
devemos, pois, dedicar maior importância às coisas
materiais. Não nos tornarmos escravos da insensatez na
busca dos gozos terrenos.
"Não vos canseis pelo ouro", disse Jesus.
Há que se ter uma noção do que é justo
para nossas necessidades materiais. O crescimento espiritual nos
possibilita uma idéia do necessário e do supérfluo;
do útil e do prejudicial. Devemos, portanto, priorizar
o crescimento espiritual, até para nos desvencilharmos
de fardos desnecessários em nossa caminhada para Deus.
E é a Jesus que recorremos para falar da necessidade de
trabalharmos para nossa evolução espiritual:
Temos, no evangelho de Lucas, a passagem de Jesus em Bethânia,
quando Maria, enlevada, ouvia a Jesus, enquanto que Marta, sua
irmã, lidava com os afazeres da casa, buscando ofertar
uma hospedagem grandiosa a Jesus. Marta foi reclamar a Jesus que
Maria a havia deixado só com o trabalho, e Jesus lhe disse:
"Marta, estais muito ansiosa e te ocupas com muitas coisas
(as pessoas que vão e vem em busca frenética pelas
coisas do mundo), entretanto poucas são necessárias,
ou antes, uma só; porque Maria escolheu a boa parte que
não lhe será tirada" (Lucas X, 40-42).
A boa parte são as aquisições espirituais
do espírito.
São méritos dele e com ele permanecerão,
somando-se a elas novas aquisições à medida
que ele trabalha nesse sentido, e assim sucessivamente, rumo à
perfeição.
Já a outra parte, o cuidar excessivamente das coisas materiais,
vai mantendo o espírito nos planos mais baixos da evolução
espiritual, agrilhoando-o aos compromissos que assumiu com o mundo.
Movido pelos excessos e pelas paixões; sem liberdade, portanto,
para gravitar para o seu destino de felicidade, não consegue
se libertar da cadeia de reparação do passado, contraindo
novos débitos que o manterão ainda preso, sem pode
encetar vôos mais altos.
É necessário enxergar uma maior amplitude da finalidade
da vida como encarnado. Jesus veio anunciar aos homens que a verdadeira
vida não está na Terra, mas no reino dos céus.
Por isso, importava ouvi-lo para o aprendizado do caminho que
leva os homens à vida eterna. Com suas preocupações,
Marta simboliza o homem moderno que não tem tempo para
cuidar das coisas espirituais. Não está sabendo
escolher a boa parte.
Na parábola dos talentos, o talento mal empregado, simbolizando
a riqueza material, foi tirado.
Aqui Jesus ensina que a boa parte, as riquezas espirituais, as
aquisições do espírito, não nos será
tirada. Jesus em Bethânia nos fala da verdadeira vida e
depois conclama a entrar pela porta estreita, se quisermos enveredar
pelo caminho que leva à vida eterna; se quisermos obter
nossa carta de alforria.
"Porfiai por entrar pela porta estreita, pois larga é
a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição
e muitos são os que entram por ela; e estreita é
a porta e apertado o caminho que leva para a vida, e poucos são
os que acertam com ela". (Mateus, VII: 13-14).
Aqui Jesus nos apresenta a dualidade que temos que nos defrontar
nas nossas encarnações: O Homem Novo, profundamente
tocado por santas inspirações, querendo impregnar-se
de virtudes que lhes são possibilitadas de adquirir nas
práticas laboriosas de sua missão na Terra: ou o
Homem Velho, que não deve desprezar os seus valores já
adquiridos mas trabalhar para melhorá-los, ainda apegado
aos apelos do mundo, sem forças para resistir aos chamamentos
mais inferiores de seu próprio passado, a testar-lhe a
melhoria nesse ou naquele campo do desenvolvimento moral. Essa
troca gradativa; a educação do espírito
é a maior luta com que o homem se defronta na Terra: vencer
a si mesmo. O Espírito tem a orientação
e a exemplificação em Jesus: "Eu venci
este mundo", disse Jesus.
O Espírito encarnado tem de sua parte o árduo trabalho
de vencer o mundo; o seu mundo interior perante o mundo, trabalhando
por entrar pela porta estreita para um bom aproveitamento de sua
encarnação. A porta da renúncia às
tendências inferiores que ainda traz consigo; da renúncia
aos chamamentos que acabam por sobrepujar os anseios espirituais
mais nobres. A porta que convida a substituir o orgulho pela humildade
para poder passá-la; a deixar de fora o egoísmo
e vestir a roupagem da caridade e do amor ao próximo. Só
assim, puro de coração, é que, bem-aventurado,
pode então o espírito conhecer a luz do caminho
que leva à Vida.
Colocará então, o seu tesouro onde a traça
nem a ferrugem o devoram, pois são tesouros do amor.
E JESUS EXEMPLIFICA E ORIENTA NESSE TRABALHO DE EDIFICAÇÃO
ESPIRITUAL:
JESUS EXEMPLIFICA: O trabalho de caridade não pode esperar:
Jesus havia curado um paralítico em Jerusalém, num
tanque chamado Betesda. Esse homem aguardava há 38 anos
uma oportunidade de cura. Assim, porque Jesus fazia essas coisas
no sábado, os judeus o perseguiam.
Jesus lhes disse: "Meu pai trabalha até hoje e
eu também trabalho" (João V, 17).
Jesus com isso, mostra que o progresso não
cessa, pois nem Deus deixa de trabalhar. Mostra ainda que o bem
e o trabalho de edificação espiritual não
tem hora para ser feito, independente das convenções
humanas.
Quantos de nós tencionamos fazer o bem, além do
cotidiano. Enfim, ser útil. Porém, tencionam fazer
isso... Um dia! Fica aquele sentimento de... Fazer algo: adotar
uma criança, por exemplo; trabalhar como voluntário,
se conciliar com um antigo desafeto, amparar um estropiado, etc.
Muitos fazem, outros ficam na intenção. Seu tempo
passa e acaba. Aí, "será choro e ranger
de dentes", pois o espírito terá que esperar
uma nova oportunidade para poder continuar lutando para concretizar
o seu ideal de trabalhar para ser útil; fazer algo mais
do que garantir sua sobrevivência e a dos seus familiares,
deixando de acumular recursos somente para esse fim, e trabalhando
também em favor de algo maior, seja através de recursos
materiais ou não.
E JESUS ORIENTA:
Após a multiplicação dos pães e dos
peixes, Jesus se retira sozinho para o monte, pois a multidão
viria arrebatá-lo para o fazerem rei (João VI, 15).
No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do
mar percebeu que ali havia um único barco e que Jesus não
embarcara nele com os discípulos, mas que estes haviam
partido só. (João VI, 22).
Então outros barcos chegaram de Tiberíades, perto
do lugar em que comeram o pão. Percebendo a multidão
que Jesus não estava ali, nem seus
discípulos, tomaram os barcos e foram para Cafarnaum, à
procura de Jesus.
Encontrando-o no outro lado
do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo
que me buscais não pelos sinais miraculosos que vistes,
mas porque comestes do pão e vos fartastes".
"Trabalhai, não pela comida
que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna,
a qual o filho do homem lhes dará, porque Deus, o Pai,
o marcou com seu selo".
Nesta passagem os discípulos, na verdade,
buscavam o alimento fácil, o pão material que não
precisa ser trabalhado para ser obtido. Jesus era para eles um
tesouro material e eles queriam viver às expensas desse
tesouro. Não buscavam a Jesus pelos tesouros espirituais
de seus ensinamentos, e sim pelos prodígios que ele fazia,
mas especialmente a fartura de alimentos. Buscavam o menor esforço;
colher sem plantar; comer sem trabalhar.
Em contrapartida, o apóstolo Paulo dizia que não
queria ser peso para ninguém e preferiu trabalhar enquanto
cumpria a sua missão: "Se alguém não
quiser trabalhar, não coma também" (2ª
Ts 3:10). O apóstolo se referia aos que não querem
trabalhar.
Colher sem plantar. Quantos ainda fazem isso!
O Espírito só colhe o que planta no plano do desenvolvimento
espiritual estipulado pelas leis imutáveis. E Jesus conclama
o espírito ao trabalho do aprimoramento espiritual: "Trabalhai,
não pela comida que perece".
É evidente que ele não conclamava a multidão
a deixar de trabalhar pelo pão material, o que seria um
contra-senso, pois o trabalho é uma das leis divinas e
Deus dá aos homens a oportunidade do trabalho exatamente
para fazê-lo crescer em espírito ao passo que lhe
possibilita a sustentação material, pois o trabalho
desenvolve a inteligência e a necessidade de intercâmbio
entre os homens, possibilitando a fraternidade.
Jesus enaltecia o trabalho do desenvolvimento espiritual sobre
o trabalho material, pois o primeiro é para a eternidade,
ao passo que as necessidades materiais cessam com o fim da encarnação.
No trabalho material há um limite que é exatamente
ter o necessário para viver, no livre-arbítrio de
cada um, e o homem responderá pelos excessos.
No trabalho espiritual não há limites.
Não se pode dizer, por exemplo: "Já sou
bom demais; por isso, vou deixar de fazer o bem". Quanto
mais o homem se aprimora espiritualmente, mais percebe a necessidade
de crescimento espiritual, pois sabe que é esse o caminho
que conduz à vida eterna.
O desenvolvimento das virtudes no homem de bem, pela atitude construtiva
que adota nas práticas do dia a dia junto aos seus semelhantes,
é o alimento que não perece. O homem precisa cultivar
essas virtudes para sublimar o amor. "Amai-vos",
disse Jesus. "O amor é o alimento do espírito
e a doutrina de Jesus é o pão da vida".
O PÃO DA VIDA:
Então perguntaram eles a Jesus: Que faremos para executar
as obras de Deus?
Respondeu Jesus: "A obra de Deus é essa: crede
naquele que ele enviou"
Então lhe disseram: "que sinal fazes para que
vejamos e creiamos?"
Não bastou então a multidão ter se saciado
na multiplicação dos pães e dos peixes. Queriam
mais sinais de que Jesus era o enviado de Deus, ou antes: queriam
mais pães materiais, a exemplo do homem que quanto mais
tem, mais quer. Não estavam interessados nos ensinamentos
de Jesus, ou não o compreendiam.
Jesus então, lhes disse: "O verdadeiro pão
do céu é meu pai quem vos dá" "Senhor,
dá-nos desse pão", disseram-lhe.
Respondeu-lhes Jesus: "Eu sou o pão da vida e
o que vem a mim jamais terá fome"; e o que
crê em mim, jamais terá sede".
E aqui nos lembramos das bem-aventuranças, onde Jesus nos
diz: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça porque serão fartos".
A fartura virá pelo cumprimento da Lei de Justiça,
de Amor e Caridade entre os homens.
E JESUS FALOU-LHES MAIS:
Falou de sua carne e de seu sangue, e eles disseram:
"Duro é este discurso, quem os pode ouvir?"
E muitos deles se afastaram e então perguntou Jesus aos
doze que ficaram: "Não quereis vós também
vos retirar?". (João 6; 67)
Respondeu-lhe Simão Pedro: "Senhor, para quem
iremos nós?"; "Tu tens palavras de vida eterna".
Os doze haviam compreendido que os ensinamentos de Jesus era o
que importava, pois, postos em prática, levavam à
Vida. Não estavam interessados nos sinais miraculosos,
mas na palavra de vida eterna que permanece para sempre.
E NÓS OS ENCARNADOS? PARA QUEM HAVEREMOS DE IR?
Para o mundo, clamando pelo homem ainda inferiorizado e arrastando
multidões para as clausuras que impedem sua libertação
para o seu destino glorioso, desperdiçando a encarnação;
ou para a edificação interior do homem renovado?
Para o trabalho pelas coisas de Deus, ou para os interesses materiais?
"Nem só de pão vive o homem",
disse Jesus.
No trabalho da terra as forças se esvaecem; o alimento
perece.
No trabalho do céu a alma se engrandece; o homem se eleva,
o alimento permanece... Para a vida eterna.
Construamos o trabalho espiritual em nós. Temos todas as
ferramentas que Deus colocou em nossas vidas para a boa semeadura.
Temos o evangelho como roteiro seguro, em busca do caminho que
leva à Vida e a exemplificação deixada pelos
grandes vultos da humanidade.
Temos a doutrina espírita a retirar o véu colocado
pelos homens que o encobria e dificultava o seu entendimento.
Temos a bem-aventurança da encarnação a nos
oferecer as oportunidades de trabalho para nossa redenção
espiritual.
Temos o apoio dos espíritos amigos, a nos encorajar e inspirar
na prática das boas obras.
Que a obra seja feita no grande laboratório das realizações
humanas. O arado está pronto e Deus aguarda. Trabalhemos
na imensa seara de nosso mundo interior, onde colheremos a cento,
a sessenta, a trinta por um, conforme a capacidade de produção
de cada um, os frutos das boas sementes que houvermos semeado!