O homem, para transformar-se, necessariamente passará
antes pelo estágio do autoconhecimento, estabelecendo
para isso, como ponto de partida, um programa tríplice, para
que Brilhe a sua Luz, mediante a Meditação, o Estudo e
o Trabalho (1).
A Meditação, o Estudo e o Trabalho levarão
o homem a conhecer a si próprio – ou ao autoconhecimento
– elevando-se, desta forma, ao primeiro degrau no sentido da sua
transformação. Ao procurar conhecer-se, estará
pondo em prática o que foi preconizado por Sócrates no
Século V a.C. quando disse, fundamentado no princípio
da estrutura moral da sua filosofia: o homem, antes de mais nada, precisa
Conhecer a si mesmo (gnothi seauton). Isto é, o homem para transformar-se
necessita, primeiramente, de conhecer a si próprio, para, só
então, alçar o vôo no seu derredor.(2)
E como fará o homem para conhecer a si próprio
e assim galgar o primeiro degrau da transformação?
A resposta veio de outro sábio do passado, Agostinho
(LE 919): “Quando estive na Terra,
no fim de cada dia, interrogava minha consciência, passava em
revista o que havia feito e me perguntava se não havia faltado
ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria motivo para se
queixar de mim; se fiz aos outros o que gostaria que fizessem a mim.
E assim ia separando o joio do trigo, na minha colheita moral diária
(Mt.13:30). Foi com este procedimento que
cheguei a me conhecer e ver aquilo que em mim necessitava de reforma”.
Agostinho meditou, estudou e trabalhou, conhecendo, primeiro, a si próprio
e, depois, transformou-se, isto é, Brilhou a sua Luz, subindo
ao primeiro degrau da Grande Escalada, isto porque:
Por meio da Meditação, o homem volve-se
para dentro de si próprio, onde encontra a Deus, no esplendor
de sua Glória, na plenitude do seu Poder, na ilimitada expansão
do seu Amor: “O reino de Deus está dentro de vós”
(Lc.17:20-21) (3),
pois toda alma, no campo da Meditação, transforma-se num
canteiro de possibilidades infinitas à semeadura espiritual (4).
Isto ocorre porque é a Meditação o santuário
invisível para o abrigo do Espírito em dificuldade (5)
e a convite de Deus, pela inspiração angélica,
interfone para conversações sem palavras (6).
Pelo Estudo sério e continuado (LE/Princípios
da Doutrina Espírita – Introdução) o homem
bebe da fonte da libertação das preocupações
vulgares e esquece as tribulações da vida (7);
pois é o Estudo – seara do aprendizado – semelhante
à plantação em que a leira devolve as sementes
multiplicadas centenas de vezes.(8)
Por meio do Trabalho, se retém o mistério
divino da iluminação íntima,
(9) que funciona como o instrutor do aperfeiçoamento,
(10) e guia-nos na descoberta de nossas
possibilidades divinas, no processo evolutivo do aperfeiçoamento
do homem (11). Afinal, “Buscai e
achareis, ou Ajuda-te e o céu te ajudará é o princípio
da Lei do Trabalho e, por conseguinte, da Lei do Progresso, porque o
progresso é filho do Trabalho e o Trabalho coloca em ação
as forças da inteligência”, (12)
do autoconhecimento e da transformação do homem. Paulo,
em Carta aos Romanos (Rm.12-2), orientava
seus discípulos dizendo “transformai-vos pela renovação
de sua mente, para que proveis qual é a boa, agradável
e perfeita vontade de Deus”. Isto é, pelo autoconhecimento
transformai-vos, renovai-vos, conhecendo, porém, primeiramente,
a si próprios.
Conta-nos uma história que este princípio
não foi assimilado por um infeliz homem que, amargurado por não
encontrar a felicidade, saiu mundo afora, à procura deste estado
íntimo do Espírito. Fechou a pobre casa e partiu com disposição
de percorrer todos os caminhos, todas as nações, todos
os povos, sem descansar, até encontrar o lugar de ser feliz.
Onde chegasse, reunia ele um pequeno grupo ao qual explicava os planos
que tinha para ser feliz. Afirmava que seus seguidores seriam felizes
na posse de regiões gigantescas, onde haveria montes de ouro...
Mas o povo lamentava e ninguém o seguia... No dia seguinte recomeçava
a caminhada. Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país
em país, anos a fio. Um dia percebeu que estava ficando velho,
sem ter encontrado a terra da Felicidade. Seus cabelos tingiam-se de
branco, suas mãos estavam enrijecidas, roupas esfarrapadas, calçados
aos pedaços; além disso estava cansado de procurar a Felicidade,
tão inutilmente. Então, parou frente a uma casa antiga,
janelas de vidros já quebrados, o mato cobrindo o canteiro do
jardim, poeira invadindo sala e quartos. Dentro, os pardais haviam construído
seus ninhos. Desde logo pensou que naquela casa desprezada e sem dono,
ele edificaria a sua Felicidade: arrumaria o telhado, colocaria novas
janelas e vidros novos, cuidaria do jardim, pintaria as paredes, as
portas... e cantaria a Canção da Felicidade. Tomou uma
decisão: vou tratar de ser Feliz aqui. E o homem, cansado de
tantos caminhos foi andando até chegar ao portão do jardim.
Atravessou-o, empurrou a porta de entrada da casa e entrou. Mas, de
repente, parou e ficou imóvel, qual estátua de pedra:
aquela casa era a própria residência que ele abandonara
há tantos anos, à procura da Felicidade.
A verdade é que na maioria das vezes procuramos
por Deus onde sabemos que não poderemos encontrá-lo, porém,
se O procurássemos dentro de nós mesmos, no segredo do
nosso coração, no critério de nossa razão,
já O teríamos encontrado! Porque Deus está em toda
parte onde a Sua grandeza puder se manifestar e jamais nos prejuízos
que inventamos para infelicitar a nós próprios e ao nosso
próximo. Suas Leis são claras e simples. Cumpre, no entanto,
que saibamos procurar com atenção e respeito, a fim de
podermos encontrá-Lo! Tal aquisição: a convicção
e o respeito pela idéia de Deus será obra de nosso próprio
esforço. É favor que não receberemos de outrem;
quando muito alguém poderá apontar-nos o caminho a seguir
para encontrá-Lo nos acontecimentos de nossa própria vida
e assim nos esclarecermos na Sua Luz. Esta nova situação
indicará que ultrapassamos o estágio do autoconhecimento
e adentramos no primeiro degrau da final transformação.
Bibliografia
1. - Peralva, M., Estudando o Evangelho, RJ, FEB, 90;
2. - Franco, D., Párias em Redenção, RJ, FEB, 1991;
3. - Peralva,M., Estudando o Evangelho, RJ, EB,1990;
4. - Xavier, F.C., Lázaro Redivivo, RJ, FEB, 1990;
5. - Xavier, F.C., O Espírito da Verdade, RJ, FEB, 92;
6.- Franco, D., Sublime Expiação, RJ, FEB, 1992;
7. - Denis, Leon, Depois da Morte, RJ, FEB, 1994;
8. - Vieira, Waldo, Seareiros de Volta, RJ, FEB, 1993;
9. - Xavier, F.C., Dicionário da Alma, RJ, FEB, 1990;
10. - Xavier, F.C., Fonte Viva, RJ, FEB, 1994;
11. - Xavier, F.C. Reportagem Além Túmulo, RJ, FEB87;
12. - Gentile, Salvador, ESE, Inst. Dif. Espírita Araras, 96
topo
Leiam de Elio Mollo
Allan
Kardec
Amor
e caridade - É bom saber quem é quem
Arrependimento
(O)
Avalie
a si mesmo
Da
lei de destruição
Distinção
entre o Bem e o Mal
Dos
Médiuns
Fé,
Sim; Credulidade, Não
José
Herculano Pires - pequena biografia
Histórico
de O Livro dos Espíritos
Homem
e o desenvolvimento individual e coletivo através dos tempos (O)
Idiotismo
e loucura
Inconvenientes
e perigos da mediunidade
Léon
Denis, o sucessor de Kardec
Necessidade
da vida social (A)l
Parábola
do Grão de mostarda
Parábola
dos Talentos e a Lei do Progresso (A)
Percepções,
sensações e sofrimentos dos espíritos
Perda
e Suspensão da Mediunidade
Perfeição
Moral
O
Perispírito
Pneumatografia
e Pneumatofonia
Quadro
sinótico da nomenclatura espírita
Retorno
da Vida Corpórea à Vida Espiritual
Separação
da alma e do corpo
Sociedade
Parisiense de Estudos Espírita
Surgimento
da Doutrina Espírita
Em co-autoria:
Elio Mollo; Antonio Sérgio C. Picollo
O
Espiritismo exige responsabilidade
Elio Mollo; Ismael Lopes Rodrigues
O
autoconhecimento