Todos nós sabemos da necessidade do sono para o refazimento
do nosso organismo físico. No entanto, é preciso que
se atente para o fato, de que nem sempre nos é adequado fazer
uso dessa bênção para nos restabelecer o equilíbrio,
havendo mesmo ocasiões em que ele pode até se tornar
fatal para nossas vidas.
Há momentos em que não se pode admitir que alguém
possa estar dormindo como, por exemplo, na hora do trabalho remunerado,
que pode lhe custar até mesmo a demissão por justa causa;
ou quando estiver com a responsabilidade de cuidar de uma criança;
ou ainda no trânsito ao volante de um veículo nas rodovias
brasileiras, imagine um médico dormindo ou mesmo cochilando,
durante uma cirurgia delicada, etc. etc. Assim, podemos afirmar que,
“o sono exercido à hora em que se solicita a vigília,
pode tornar-se inimigo cruel e implacável”.
Alan Kardec nos esclarece a respeito da utilidade do sono conforme
segue:
À hora de dormir
“O sono tem por fim dar repouso
ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de
repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos,
a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo
das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para
reparação das forças orgânicas e também
para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos
que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito
vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que
vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, idéias
que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição.
É a volta temporária do exilado à sua verdadeira
pátria. É o prisioneiro restituído por momentos
à liberdade.
Mas, como se dá com o presidiário perverso, acontece
que nem sempre o Espírito aproveita dessa hora de liberdade
para seu adiantamento. Se conserva instintos maus, em vez de procurar
a companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai
visitar os lugares onde possa dar livre curso aos seus pendores.
Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu
pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça
o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória
lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes
de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á
mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade.”
¹
Nas reuniões espíritas, sejam nas palestras, nos grupos
de estudos, nas reuniões mediúnicas, ou outra qualquer,
não se pode admitir que o trabalhador espírita dê
menos importância aos labores da Seara do Mestre de Nazaré,
que nos afazeres normais do seu dia a dia, visto que, em sendo ele
admitido para essas tarefas na seara da mediunidade, acredita-se que
esteja consciente de sua responsabilidade nas referidas atividades
da casa espírita que freqüenta.
Temos visto muitos companheiros, alistados nas tarefas das cassas
espíritas, que são protagonistas de situações
realmente desagradáveis, por se entregarem ao sono nas reuniões
doutrinárias, que normalmente já chegam atrasados com
a intenção única de dar passes no final das palestras,
para que sejam observados por todos como tarefeiros passistas de suas
instituições. Quando se vêem chamados a dar algumas
explicações sobre o sono que lhes dominam, saem com
as maiores e mais absurdas desculpas tais como:
1- Estou sendo utilizado pelos espíritos
para ceder fluidos para ajuda ao orador;
2- Estou trabalhando em parcial desdobramento;
3- Alguns chegam a afirmar, que aprendem muito mais desdobrados
que em vigília, etc.
Claro que esse desculpismo infundado e sem lógica doutrinária
é natural naqueles que se julgam mais sabidos que os outros,
mas, que na verdade em nada condiz com alguém que conhece os
preceitos de uma doutrina clara e lógica como a nossa. Sabemos,
que o cansaço físico de um dia atribulado no trabalho
profissional, aliado à falta de motivação e a
monotonia de determinados oradores, muito pode contribuir para a sonolência
de quem já tem o mau hábito de dormir nas atividades
espirituais da casa espírita.
Mas, esses fatores predisponentes aqui citados, não representam
a verdadeira causa do adormecimento nesse tipo de reunião,
que na sua grande maioria se processa pela interferência de
mentes viciosas do mundo espiritual inferior, que operam magneticamente
à distância, com a finalidade de não permitirem
que o indivíduo adormecido se beneficie do tema edificante
da palestra.
Sobre o assunto, vejamos o que diz o assistente “Aulus”
para André Luiz:
“(...) Os expositores da boa
palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, desligando
«tomadas mentais», através dos princípios
libertadores que distribuem na esfera do pensamento.
Sorriu bem-humorado e prosseguiu:
— Em razão disso, as entidades vampirizantes operam
contra eles, muitas vezes envolvendo-lhes os ouvintes em fluidos
entorpecentes, conduzindo esses últimos ao sono provocado,
para que se lhes adie a renovação”.2
Irmã Zélia, também confirma a ação
perniciosa dos desencarnados infelizes que se aproveitam da invigilância
de certos tarefeiros, que imprevidentes e despreparados para os misteres
da mediunidade se deixam envolver por essas influências negativas
conforme narra a Otila Gonçalves:
“Alguns – prosseguiu –
penalizada –, embora libertados momentaneamente das expressões
obsidentes, penetram o recinto, com desrespeito e indiferença,
entregando-se, durante o trabalho, ao sono reprochável, resultante
da intoxicação mental de que são portadores,
ou se deixam conduzir pelos pensamentos habituais, refazendo as
ligações mentais e ameaçando o serviço
venerando, pela possibilidade de invasão intempestiva dos
seus algozes revoltados, constrangidos, na retaguarda, e que, destarte,
encontram brechas no conjunto que deve ser protegido e defendido
por todos.” 3
Dessa forma, é de suma importância que nos preparemos
adequadamente, para exercer as atividades no labor mediúnico,
em nossas casas espíritas, observando alguns ensinos ministrados
pelos amigos espirituais dentre os quais destacamos:
a- Quando possível, fazer um
pequeno relaxamento físico e mental, antes de se dirigir
ao trabalho espiritual da casa espírita;
b- Evitar alimentação exagerada e de difícil
digestão;
c- Dedicar-se com alegria e empenho às atividades espirituais,
por saber que estamos representando Jesus ante o necessitado que
o busca;
d- Evitar conversas negativas, como críticas, comentários
sobre doenças, queixas, etc., portando-se de forma mais digna
exigida para um trabalhador da Seara do Mestre de Nazaré;
e- Manter-se em sintonia elevada, orando e vibrando positivamente,
contribuindo para o êxito do trabalho.
Precisamos atentar para o fato de que, somos os únicos responsáveis
pelas escolhas que fazemos e não podemos ficar acusando este
ou aquele indivíduo, ou este ou aquele motivo para nos desculpar
dos nossos insucessos perante as tarefas de cunho espiritual a nós
confiadas pela Espiritualidade Maior.
Sobre esse assunto, ouçamos o que nos diz André Luiz:
“Não acuse os Espíritos
desencarnados sofredores, pelos seus fracassos na luta. Repare o
ritmo da própria vida, examine a receita e a despesa, suas
ações e reações, seus modos e atitudes,
seus compromissos e determinações, e reconhecerá
que você tem a situação que procura e colhe
exatamente o que semeia”. 4
Que Jesus nos guarde em sua paz, e que não sejamos nós
os responsáveis pelo fracasso das atividades de intercâmbio
nas tarefas a que nos candidatamos por livre e espontânea vontade.