O Ser humano movimenta-se, indeciso
e amedrontado, entre as solicitações de duas potências
que o rodeiam. De um lado, as religiões, com seu manancial
de erros e superstições, com sua secular tendência
de dominação e intolerância, onde se acredita
encontrar lenitivo para acalentar as esperanças de grande
número de criaturas, que procuram nelas as consolações,
de que se intitulam portadoras de possuírem as verdades transmitidas
pelo próprio do Criador.
Do outro, a Ciência, extremamente materialista
em seus princípios, meios e fins, com louvável e reconhecido
trabalho em descobertas fantásticas para o progresso da humanidade
dos dias da atualidade, mas, mantendo suas frias e inaceitáveis
negações sobre as coisas do espírito, mantendo
infelizmente exagerada inclinação para o individualismo,
e para as riquezas enganosas e fugidias da matéria, como
por exemplo, o poder e o prestígio.
Entre os argumentos de cada uma dessas solicitações,
encontra-se o ser humano que indeciso ante aos apelos de uma e de
outra, não sabe se segue os convites da Religião sem
provas, ou da Ciência sem ideal, pois, elas vivem em constante
combate, sem jamais conseguirem a vitória final, visto que
tanto a ciência como a religião representam uma necessidade
imperiosa do homem, pois, uma trata das necessidades do
homem no mundo material, e a outra dirige-se às necessidades
do espírito imortal e da razão em plano maior, e,
o equilíbrio do homem depende justamente do somatório
das duas.
A ciência procura dar mais qualidade de vida
ao ser humano, em termos de crescimento e progresso gerados pelas
descobertas científicas que se multiplicam dia a dia, e a
religião, se propõe como finalidade principal, dar
esperança de que é possível se conquistar uma
vida de felicidade após as experiências vivenciadas
na vida material, que segue a pleno vapor após a morte do
corpo físico.
Nesse particular, nenhuma outra filosofia religiosa
tem os argumentos mais sólidos e lógicos dos que encontramos
na doutrina espírita, que nos dá certeza absoluta
da finalidade divina do Ser imortal que somos,
além da vida física, fazendo-nos entender que sendo
Deus pai misericordioso e bom, não nos criaria senão
para a felicidade e pureza espiritual, onde dependendo do esforço
de cada indivíduo, é possível desfrutarmos
das maravilhas proporcionadas pela verdadeira felicidade.
Quando não temos essas informações
esclarecedoras e consoladores, muito bem definidos em nosso mundo
íntimo, nossos sentimentos generosos de fraternidade se enfraquecem,
deixando surgir como conseqüência a divisão, que
fomenta o ódio, e a separação, desaparecendo
por essa razão os sentimentos nobres de benevolência
e indulgência para com o outro, alastrando dessa forma a discórdia,
o caos, e a desgraça.
O resultado desse choque de déias, é
comprovado por todas as nações do nosso planeta, a
começar na própria família, e que se multiplica
por toda a sociedade, onde os valores éticos e morais andam
em desuso ou até mesmo desaparecendo das atitudes do homem.
Isso porque, tanto a Ciência como a Religião não
mais sabem fortalecer as almas com as beneces das virtudes, nem
prepará-las para os combates naturais da vida de um ser humano
num mundo de provas e expiações como o nosso.
Precisamos urgentemente encontrar uma saída
para o caos já instalado em nosso planeta, e, não
existe melhor solução para a crise que uma sincera
reflexão do homem para conciliar essas duas forças
“inimigas”, o Sentimento e a Razão,
representando as duas asas que precisamos desenvolver de forma equilibrada,
para que assim possamos alçar vôos mais altos e seguros.
O Espiritismo como Consolador Prometido por Jesus,
muito pode colaborar nessa procura do equilíbrio entre a
ciência e a religião, pois, nos aclara para a importância
de ambas na vida do homem, fazendo-nos entender que não existe
uma mais importante que a outra na vida do indivíduo, pois,
ambas fazem parte das Leis, Sábias Justas e imutáveis
com que Deus mantêm a harmonia do universo infinito.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
encontramos as instruções que abaixo transcrevemos
sobre o assunto.
Aliança da Ciência e da Religião
“8. A Ciência e a Religião são
as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis
do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto,
essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não
podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra,
uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, porquanto
Deus não pode pretender a destruição de sua
própria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre
essas duas ordens de idéias provém apenas de uma observação
defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro.
Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à
intolerância.
São chegados os tempos em que os ensinamentos
do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente
lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado;
em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista,
tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião,
deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da
matéria, como duas forças que são, apoiando-se
uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo
concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência,
a Religião adquirirá inabalável poder, porque
estará de acordo com a razão, já se lhe não
podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.
A Ciência e a Religião não puderam,
até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas
do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava
com que encher o vazio que as separava, um traço de união
que as aproximasse. Esse traço de união está
no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas
relações com o mundo corpóreo, leis tão
imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a
existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência
essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se
à razão; esta nada encontrou de ilógico na
fé: vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo,
há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas
pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em
vez de o acompanharem. E toda uma revolução que neste
momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma
elaboração que durou mais de dezoito séculos,
chega ela à sua plena realização e vai marcar
uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de
prever as conseqüências: acarretará para as relações
sociais inevitáveis modificações, às
quais ninguém terá força para se opor, porque
elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei
do progresso, que é lei de Deus.” ¹
Necessário se faz, que entendamos o quanto
antes o valor da ciência e da religião na vida de todos
nós seres humanos em evolução no presente momento
de nossas vidas, e procuremos tirar de ambas os melhores ensinamentos
para que melhor nos utilizemos dos benefícios proporcionados
por ambas, no trabalho de implantação do amor nos
corações de todos nós irmãos em humanidade,
desenvolvendo os nobres valores das virtudes que
dormitam em nosso mundo íntimo à espera de nossa disposição
em desenvolvê-las, para encurtar o longo e espinhoso caminho
que nos levará ao encontro da pureza e da felicidade que
nos aguarda num porvir ainda distante do nosso momento atual, mas
que tanto almejamos alcançar.