A humanidade movimenta-se bastante aturdida na Terra, planeta de
provas e expiações, por causa do seu atual estágio
evolutivo, onde seus habitantes ainda bem longe estão da
pureza e da perfeição a que está destinada;
residindo momentaneamente neste abençoado planeta que nos
abriga e concede oportunidades para nos redimirmos diante das perfeitas
Leis Naturais, que regem com justiça os destinos dos seus
habitantes, capacitando-lhes a seguir para moradas bem mais interessantes.
Na maioria das vezes, ficamos perplexos diante do que constatamos
no dia a dia de nossas vidas, por que nos falta ainda a devida compreensão
desses mecanismos automáticos que nos surpreendem em cada
ação que perpetramos, dando-nos o justo salário
pela obra executada, concedendo na medida certa o doce sabor da
paz interior pelas boas obras realizadas ou o sabor amargo pelas
menos felizes que empreendemos diante do próximo ou da vida.
Assim sendo, como desde os distanciados séculos
de nossa criação, nos dedicamos em maior parte nas
más construções, estamos em maioria esmagadora
diante das aflições pelas quais passamos na atual
existência e que muitas das vezes não encontramos motivos
que justifiquem tais situações afligentes, que nos
sucedem no presente, e que nos deixam desesperados e revoltados
a blasfemar contra o Criador, que parece não está
se importando com nossos sofrimentos tão “injustos”.
No entanto, não são os sofrimentos
atuais somente o resultado das nossas obras infrutíferas
de ontem, mas, para muitos de nós, são provas que
buscamos realizar com sucesso para galgarmos subir alguns degraus
na escala evolutiva do Espírito Imortal, conforme podemos
constatar pelos ensinos dos Espíritos Superiores na matéria
que segue.
“9. Não há crer, no entanto,
que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência
de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas
buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração
e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve
sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais
de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não
precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado
a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso
de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar,
pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso,
quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente,
essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de
nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido
de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação
toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que
as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar
como expiações as aflições que provocam
queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.
Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes
pode ser uma expiação; mas, é indício
de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui
prova de forte resolução, o que é sinal de
progresso.
10. Os Espíritos não podem aspirar
à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado
puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos
ditosos. São como os passageiros de um navio onde há
pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem,
até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências
corpóreas é que os Espíritos se vão
expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As
provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem
suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas
e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura
o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais
enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito
sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se
à idéia da sua próxima cura. Dele depende,
pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento
e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências,
visto que, do contrário, terá de recomeçar.”
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Resta-nos encarar com decisão as nossas atuais
dificuldades, pois, não estaremos em uma situação
qualquer sem nada termos contribuído para tal, e estejamos
absolutamente certos de que teremos quantas oportunidades nos forem
necessárias, para alcançar o fim a que todos estamos
destinados pela Soberana Inteligência Universal, que é
a pureza espiritual e a perfeição relativa, e não
nos cabe fiscalizar as ações do nosso próximo,
pois, segundo nos afirmou o Mestre de Nazaré, a cada um será
dado segundo suas próprias obras.
Foi Jesus quem nos propôs que não julgássemos
os nossos semelhantes, pois, se assim procedermos, poderemos estar
cometendo enorme injustiça para com muitos dos irmãos
em sofrimento na Terra, que em verdade não estão em
processo expiatório, como poderíamos achar, mas sim,
em prova com finalidades nobres de crescimento e evolução
moral espiritual.