Filhos, responsabilidade nossa!
Uma
das grandes responsabilidades que o ser humano recebe quando ainda
no plano espiritual se prepara para mais uma etapa reencarnatória,
está justamente a de aceitar a oportunidade de receber quando aqui
estiver reencarnado, espíritos desequilibrados e carentes na qualidade
de filhos, justamente para as necessárias orientações e os devidos
carinhos de que se fizerem carentes, ajudando-os para o reajuste espiritual,
pois, geralmente são espíritos com grandes necessidades e enormes
dificuldades evolutivas.
A
doutrina espírita nos oferece os ensinos ministrados pelos Espíritos
Superiores que nos trouxeram os necessários esclarecimentos sobre
o assunto, mostrando-nos a responsabilidade de todo aquele que recebe
de Deus, a sublime tarefa da Paternidade e da Maternidade, e os benefícios
ou malefícios de uma boa ou má criação desses seres entregues à nossa
responsabilidade de pais.
"(...)
Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei
que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço
para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso
amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada
e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos
cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento
e o seu bem estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e
a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa
guarda? Se por culpa Vossa ele se conservou atrasado,
tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando
de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados
de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta;
solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis
de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos
retribuirá com o seu amor.
Não escorraceis, pois, a criancinha que repele
sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que
a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela,
do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito
ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães!
abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de
nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus
conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão
na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre
vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos
de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios,
por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso
coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós,
já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer.
Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante
como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer
a causa das imperfeições da alma humana.
Desde pequenina, a criança manifesta os instintos
bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem
os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho.
Espreitem, pois, os pais os menores indícios
reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem
esperar que lancem raízes profundas.
Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos
à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o
egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com
a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento
moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar
a si mesmos e podem conservar tranqüila a consciência. A amargura
muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços,
Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata
apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra
existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará
com seu amor. (Cap. XIII, nº 19.)
Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite
as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade:
falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem
aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o
pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto,
a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem
um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal
abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe
lança aos pés.
As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre
indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito,
quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no
qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser
perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes,
agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim
de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do
mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos
Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da
refrega". ¹
Cabe-nos, portanto, seguir as sábias orientações
dos mensageiros celestes, e nos empenhar na nobre tarefa de encaminhar
os nossos filhos para o crescimento e desenvolvimento das virtudes
de que são portadores, enfrentando a tarefa da paternidade e da maternidade
com responsabilidade, carinho e amor, certos de que Deus nos dará
o justo salário ao final da obra que realizarmos sob suas bênçãos
e a colaboração dos Espíritos Superiores.
1) E.S.E.- Cap.XIV,
item 9.
2) Grifos nossos.