Sabemos que a casa Espírita é um hospital de Almas e,
por isso mesmo, precisa estar preparada para prestar os “primeiros
socorros” aos que a buscarem, na procura de alívio para
suas necessidades, sejam quais sejam. Inicialmente, devemos colocar
em ação todos os recursos disponíveis, na instituição,
para amenizar a dor física, ou seja, a sua carência material,
se esse for o caso, pois ninguém que procure uma casa espírita
em busca de ajuda para sua necessidade, estando com fome, frio ou
com fortes dores que o estejam atormentando etc. estará devidamente
equilibrado para ouvir pregações religiosas ou mesmo
ouvir falar de Jesus, dos Bons Espíritos etc.
Sendo o espiritismo o “Consolador” prometido por Jesus,
sua primeira função é justamente consolar, isto
é, fornecer o que lhe for favorável ao atendimento de
sua urgente carência. Posteriormente, estando o indivíduo
em melhor situação em relação ao instante
de sua chegada, procurar transmitir-lhe as adequadas orientações
para seu caso, pois, para que alguém absorva os esclarecimentos
necessários ao seu aprendizado, é preciso esteja em
sua normalidade física, isto é, que esteja saudável,
equilibrado, em condições de ouvir e entender o que
lhe está sendo transmitido.
Efetuado o atendimento de “emergência”, faz-se imprescindível
que o tarefeiro espírita esteja devidamente preparado para
saber encaminhar o irmão, agora já em melhores condições,
para as outras atividades da casa, onde melhor lhe possam ser oferecidos
consolo e esclarecimento, quer seja encaminhando-o ao atendimento
fraterno ou às reuniões doutrinárias e, se já
for o caso, aos grupos de estudo da casa, que deve ser o objetivo
primordial de qualquer atendimento, nas casas espíritas, para
que ele se equipe de informações pertinentes ao seu
estado de Ser imortal, criado para a felicidade e para a perfeição
e que só dele depende alcançar esse objetivo de todo
discípulo de Jesus e, particularmente, de todos os seguidores
da Doutrina Espírita.
Dessa forma, faz-se urgente que as instituições espíritas
dediquem-se à formação e preparação
de grupos de tarefeiros, destinados a esse mister, evitando, assim,
que a prática da “caridade” seja simplesmente voltada
aos sofrimentos físicos, o que pode transformá-lo em
eterno carente, incapaz de aproveitar as oportunidades que a vida
lhe concede e procurar alertá-lo para a responsabilidade de
progredir e se aperfeiçoar, pois a verdadeira caridade tem
como meta prioritária o Espírito, fadado à felicidade
e à perfeição.
Precisamos observar que a caridade precisa ser exercida com sabedoria
e com amor, em perfeito equilíbrio, pois, efetuada sem o concurso
do amor, é como marco no deserto escaldante que aponta o caminho
de saída ao viajante exausto, mas não lhe retira a sede
do momento, ao passo que, efetuada sem a presença da sabedoria,
poderia se transformar em água cristalina, em lugar escuro,
que retira a sede do viajante, mas não lhe dá o caminho
de saída.
Sobre o assunto, o benfeitor Emmanuel nos esclarece: “Procuremos
alicerçar a fé na bondade, para que nossa fé
não se converta em fanatismo, mas isso não basta. É
forçoso coroar a fé e a bondade com a luz do conhecimento.
Todos necessitamos esperar no Infinito Amor, todavia, será
justo aprender “como”; todos devemos ser bons, contudo,
é indispensável saber “para quê”.
Eis a razão pela qual se nos impõe o estudo em todos
os lances da vida, porquanto, confiar realizando o melhor e auxiliar
na extensão do eterno bem, realmente demanda discernir”.¹
Que o Mestre de Nazaré nos inspire em nossas ações
em prol do bem e da paz, hoje e sempre.