Em função do aglomerado de seitas pentecostais que
crescem sobretudo nos grandes centros urbanos e de sobremaneira
entre a população de baixa renda, pouco acostumada
às reflexões e desejos de liberdade intelectiva, muitos
simpatizantes e estudiosos do Espiritismo, perguntam-se se estes
“nichos” carenciais, atrelados muitas vezes a figuras
pseudo messiânicas não deveriam ser ocupados por uma
doutrina reveladora que “salva” pelo esclarecimento
e pela caridade que deve reger nossos atos.
Meus caros, respeitáveis são esses pensamentos, apesar
de alguns deles guardarem na intimidade certa presunção
... Por que acreditar que se dizer espírita, ou “espírita
de carteirinha” salva alguém, será o Espiritismo
a única solução? Por que entender que aqueles
que abraçam ideais diferentes dos nossos são “alminhas”
atrasadas?
Equívocos, pois jamais foi esse o pensamento deixado por
Rivail (Allan Kardec). Ademais não convivemos com a belíssima
e grandiosa irmã Gonxha Bojaxhiu, nossa Madre Teresa de Calcutá?
O Espiritismo como sabemos, ou deveríamos saber, não
será a religião geral ou a religião do mundo,
mas será “crença geral“. Ou seja, tal
como Kardec nos alerta em uma das Revistas Espíritas, poderá
a pessoa ser de qualquer religião, ou mesmo não possuí-la,
mas os princípios básicos do Espiritismo Cristão,
que é de trabalho, solidariedade, tolerância e até
a própria reencarnação, poderão fazer
parte do sentimento de muitos homens e mulheres deste futuro que
já se aproxima, pois a “nova geração”
ou “geração nova” teve seu salto na França
e vem se aprimorando a cada dia.
Ontem, alguns de nós, evoluídos ou não, servimos
aos preceitos da igreja de Roma, outros revelaram-se apaixonados
por Lutero, Wesley e seus pósteres, outros ainda identificaram-se
com as benditas suratas maometanas, as sutras do venerável
buda, os cânticos épicos do africanismo, etc, então,
porque a preocupação em quantidade e não em
qualidade, se da roda de sansarah ninguém escapa e tudo é
aprendizado para o espírito imortal?
Ademais, os espíritos verdadeiramente superiores, além
de seus princípios racionais, respeitosos e simples em seus
pareceres, são ecumênicos em seus sentimentos mais
profundos, pois entendem que toda manifestação de
religiosidade é busca divina em concordância com a
noção e ânsia humana em um certo momento.
Ser de uma religião dogmática ou até mesmo
hermética ou politeísta, não necessariamente
faz alguém mais ou menos evoluído, ou será
que não conhecemos pessoas que estão há décadas
à frente de coordenações, tarefas ou assembléias
espíritas e que demonstram pouquíssima ilustração
moral ou intelectual?
Quanto bem tem nos trazido a presença de nosso amigo Suamy,
Suamy Saibaba, ou o monge budista Rimponchê e tantos outros
avataras do amor universal?
Trabalhemos, estudemos e principalmente não nos esqueçamos
que Jesus não edificou religião, nem se preocupou
se os neófitos eram de castas judaicas ou gentios. O mestre
sentou-se com Homens da Panfilia, escravos da Numidia, sacerdotes
de Tebas, essênios e saduceus e como raboni, trouxe a todos
a noção cabalística do IMANIFESTO=DEUS=EHIEH=
o “eu sou”, o Deus que palidamente pode ser sentido
na elevação do estado de consciência cósmica,
Thiphareth, esfera superior. E infelizmente, apesar dos esforços
do cristo (redentor), nós ainda O limitamos a crendices e
exclusivismos, disputando a primazia de sua doutrina psicofilosófica
superior.
E para finalizar, relembremos Kardec, avaliando a qualidade e a
quantidade, afirmando que melhor seria vinte grupamentos de vinte
pessoas do que um de quatrocentas, ou seja preocupe-mo-nos com a
qualidade das manifestações, da ambiência, da
mensagem levada aos variados corações, e menos com
a quantidade na ânsia de demonstrarmos poderio e influências
pautadas sob a égide de mamon.