Ação social é sem dúvida o melhor instrumento
para a terapêutica espírita, possibilitando a vivência
prática de nossas conquistas e a transmissão do conhecimento
adquirido aos nossos irmãos necessitados
O tema mais constante hoje, em todas
as conversas, é a violência física, moral e intelectual
que invade nossos lares, transforma nossos hábitos e modifica
nossas vidas.
Buscando refletir sobre o tema encontrei,
nas palavras de Joanna de Angelis, um caminho para reflexão:
“A volúpia pela velocidade,
em ânsia indomada de desfrutar-se mais prazer, ganhando-se o tempo,
que se converte em verdadeiro algoz dos sentimentos e das aspirações,
vem transformando o ser humano em robô, que perdeu o sentido existencial
e vive em função das buscas, cujas metas nunca são
conseguidas, face à mudança que se opera no significado
de cada uma”.
Sem dúvida nos robotizamos atrás
de um “PRAZER” efêmero e sem rumo e que nos joga em
um emaranhado de conflitos e frustrações.
“A superpopulação
das cidades, desumanizando-as, descaracteriza o indivíduo, que
passa a viver exclusivamente em função do poder que pode
oferecer comodidade e gozo, considerando as demais pessoas como descartáveis,
pelo receio que mantém de ser utilizado e esquecido, em mecanismo
inconsciente sobre o comportamento que conserva em relação
aos outros”.
O PODER, como meta e objetivo, vivemos
de perto esse processo, quando nos envolvemos nos meandros da corrupção,
ativa ou passiva, e nos permitimos levar pela ganância, pelo orgulho
e pelo egocentrismo exarcebado.
“O Egoísmo passa a governar
a conduta humana, e todos se engalfinham em intérmina luta de
conquistar o melhor e maior quinhão, mesmo que isso resulte em
prejuízo calculado para aqueles que partilham do seu grupo social”.
“Nesse campo, eivado dos espinhos
da insensibilidade pela dor do próximo, pelo abandono das multidões
esfaimadas e enfermas, pelo desconforto moral que se espraia, os valores
éticos, por sua vez, passam também a ser contestados pelos
que se consideram privilegiados, atribuindo-se o direito de qualquer
conduta que o dinheiro escamoteia e a sociedade aceita”.
Não é exatamente a realidade
que vivemos, no momento político em que estamos mergulhados,
nas relações sociais e profissionais que vivenciamos,
e muitas vezes no seio de nossas próprias famílias?
A inversão de conteúdos
psicológicos individuais e coletivos demonstra a imaturidade
moral e espiritual de indivíduos e grupos sociais, cujos objetivos
existenciais vinculados durante a formação da personalidade,
no utilitarismo, na conquista do poder para usufruir, na construção
do ego que se insensibiliza, a fim de fugir à responsabilidade
dos deveres da solidariedade e da participação.
A falência dos valores é
inegável, tornando-se inadiável uma mudança filosófica
e de conduta psicológica humana.
A Meta da Casa Espírita é
a Edificação dos Valores, através do estudo continuado
e do exemplo na conduta pró-ativa de seus membros.
A Assistência Fraterna deve se
desenvolver dentro de uma proposta Informativa e Formativa, possibilitando
a diminuição das carências do momento, ao mesmo
tempo que orienta e possibilita condições para que próximas
crises possam ser de menor intensidade e que os companheiros tenham
maior estrutura para enfrentá-las.
O desenvolvimento das atividades deve
estar essencialmente focado no trabalho de educação preventiva
e profilática, possibilitando a criação de importantes
fontes de disseminação do bem.
Sobre esses conceitos, nos diz Joanna
de Angelis:
“Aprendamos lidar com o desequilíbrio
social e sua decorrência, drogas, alcoolismo, violência,
sexolatria, desagregação da família etc, e possibilitarmos
aos nossos irmãos o apoio necessário, nos exige uma profunda
reflexão pessoal e institucional, que propicie a validação
dos valores que abraçamos e a avaliação de nossa
conduta, enquanto indivíduos, enquanto membros de uma comunidade
e principalmente enquanto participantes de um movimento espiritual/assistencial”.
Enfrentar os nossos medos, dúvidas
e ansiedades, avaliar a nossa conduta pessoal, familiar, profissional
e social, aprendermos trabalhar em equipe e solidariamente, encararmos
nossa vaidade, orgulho, ambição, preconceitos, comodismo,
orgulho. Sermos coerentes com a filosofia doutrinária que abraçamos.
São os primeiros passos para enfrentar o desequilíbrio
social e começarmos a criação de uma sociedade
mais justa e mais humana.
A Casa Espírita, em sua missão,
nos propicia um dos mais sérios e importantes processos terapêuticos,
em que somos acompanhados por terapeutas fraternos e pacientes sempre
prontos a nos auxiliar e com uma enorme paciência em nos ouvir
e nos estimular a melhora, sem nos impor comportamentos, mas nos convidando
sempre à reflexão.
A ação social é
sem dúvida o melhor instrumento para essa terapêutica,
possibilitando a vivência prática de nossas conquistas
e a transmissão do conhecimento adquirido aos nossos irmãos
necessitados.
Mas frente à enorme demanda da
sociedade, necessitamos integrarmo-nos aos companheiros de movimento
de forma ativa e objetiva, para que possamos atender à mesma,
e principalmente sermos ativos junto à comunidade em que estamos
inseridos, participando dos seus movimentos e apoiando os serviços
que ela oferece no sentido da promoção social.
Não podemos e nem devemos estar
isolados de todo o movimento social que tenha como proposta uma sociedade
mais justa e que lute pela erradicação da ignorância,
pelo atendimento à saúde, pela requalificação
profissional, pelo exercício honesto e construtivo da cidadania.
Unamo-nos nesse esforço pela
Fraternidade e pela Esperança e tornemo-nos trabalhadores da
Caridade, gerando a profilaxia do mal e construindo a ideologia do AMOR.
Luiz Fernando de A. Penteado
Psicólogo – Diretor do D.A.S. da USE Regional-SP
Transcrito do Dirigente Espírita, n.º 89, julho/agosto 2005
– www.use-sp.com.br
:: C O N S C I Ê N C I A E S P Í R I T A 2 0 0 5 ::
Cent. Est. Esp. Paulo Apóstolo de Mirassol - SP - Brasil
topo