Silvio sempre foi um rapaz tímido e com dificuldades em expressar
seus sentimentos. De poucos amigos e não afeito a badalações.
Sempre foi de pouca conversa e, embora tenha boa bagagem intelectual,
dificilmente a demonstra.quando fala, apresenta limitações
propositais em seu vocabulário.
Desde o inicio da adolescência percebeu que se
sentia atraído por pessoas do mesmo sexo. A princípio
negou seu desejo, buscando contato com moças de sua idade. Chegou
a ter algumas experiências amorosas com o sexo oposto, as quais
não lhe foram negativas. No último contato resolveu que
não se imporia algo que não lhe trouxesse felicidade.
No íntimo sentia que era uma pessoa diferente das outras. Sua
questão não era meramente sexual ou física, mas
emocional e psicológica. Não conseguia dividir com ninguém
suas preocupações internas. Sentia-se um peixe fora dágua.
Em função disto, cada vez mais foi se retraindo e sem
coragem de viver uma experiência de relação com
alguém do mesmo sexo. Acreditava que sua mãe, tampouco
seu pai, aceitaria e que sua irmã lhe criticaria eternamente.
Seus pais nunca souberam de suas preocupações.
Comportava-se normalmente perante eles e não apresentava nenhum
estereótipo afetado. Jamais teria coragem de tratar de assunto
tão delicado de sua vida. Achava que eles não entenderiam
e o condenariam.
Isolado em si mesmo, não lhe restou alternativa, por imaturidade
psicológica, senão buscar alguma fuga para o seu tormento
íntimo. Apegou-se à fé. Porém, sua fé
era imatura e lhe acrescentava elementos geradores de culpa quanto a
sua questão sexual. Via-se condenado ao fogo eterno caso não
sublimasse sua libido. Sentia-se prisioneiro, pois caso realizasse seu
desejo, seu Deus o condenaria eternamente. Resolvendo sublimar, sentir-se-ia
infeliz também pelo resto da vida.Vivia esse dilema constantemente.
Um dia, influenciado por uma amiga que também
tinha preferências homo-eróticas, resolveu, aos 23 anos,
ter sua primeira experiência desse tipo. Não se sentiu
bem, mas acreditou que seu destino seria aquele. Teve outras experiências
semelhantes. Algumas boas, outras ruins.
Hoje, aos 38 anos, ainda se sente infeliz. É médico veterinário,
não tem parceiro fixo, mora só e ainda carrega suas insatisfações
psicológicas. Ele mesmo diz, às vezes, que sua vida não
tem saída.
Embora tenha tido poucas experiências amorosas
em função da sua timidez, descobriu que seu problema maior,
além da dificuldade em estabelecer relações afetivas,é
a falta de um sentido superior para a própria vida.
Cada vez mais compreende que seu isolamento é consequência
de sua culpa em se sentir diferente.
Seus pais, embora desconfiassem, jamais souberam de seus anseios íntimos.
Porquanto ele vive sua vida sem conseguir ser ele mesmo, independente
de sua opção sexual. Ele acredita que foi importante ter
vivido ambas as experiências sexuais, pois lhe permitiram perceber
que o fato gerador de sua angústia está na alma sedenta
do encontro consigo mesmo.
Sua dimensão sexual ainda é para ele algo
não resolvido e nela ele sabe que existe algum fator que lhe
traz culpa. Não sabe como resolver sua vida e acredita que Deus
o compreende e o ajudará em seu destino.
Do ponto de vista psicológico que adotamos, a
“psiquê” humana não é, em sua essência,
masculina ou feminina. Ela é um órgão funcional
a serviço do Espírito. Este, por sua vez, também
não é masculino ou feminino. As experiências reencarnatórias
e os repetidos contatos com ambos os sexos proporcionaram ao espírito
as habilidades masculinas e femininas.
Ele reencarna com ambas as polaridades e se submete,
nem sempre a seu gosto, às contingências da anatomia genital
e da educação sexual que receba em seu meio cultural.
De acordo com aquelas experiências tenderá para qualquer
das duas opções e o fará nem sempre de acordo com
seu desejo íntimo, que poderá ser oposto ao que imponha
o meio cultural.
Por outro lado, mesmo que desempenhe papéis de
acordo com a sua anatomia genital e que sua “psiquê”
se constitua de acordo com sua opção sexual, poderá
ocorrer que se descubra desejoso de ter experiências com pessoas
do mesmo sexo. Tal ocorrência lhe atormentará a consciência
caracterizando, por aquele motivo, um transtorno psíquico.
A convivência do espírito com o sexo oposto
ao que adotou em cada encarnação, bem como aquelas na
qual exerceu sua opção sexual, irão plasmar em
seu psiquismo as tendências típicas de cada polaridade.
Sua opção de exercício da dimensão
sexual deverá lhe trazer felicidade e harmonia. Quando ocorre
o contrário, certamente há uma inadequação
psíquica que merece atenção.
A psicologia da vida pede sempre que o amor esteja na
base das relações humanas, as quais devem visar a felicidade
daqueles que convivem. Quando as relações sexuais não
visam a permuta de sentimentos entre pessoas, tendem a afastá-las.
Sexo pelo sexo é o mesmo que realizar qualquer ato mecânico.
O amor deve atingir a consciência para que as
polaridades deixem de ser determinantes na vida das pessoas.
A questão do homossexualismo transcende à
mera relação sexual. Em geral, pais e educadores se limitam
às preocupações da opção sexual em
si. Nem sempre percebem que aquela opção decorre de muitos
fatores motivadores.
Sem ser uma doença, o homossexualismo é
um estado psíquico que reflete a busca do ser pelo si mesmo.
O espírito, que já viveu várias experiências
ora num ora noutro corpo, conhece as duas realidades e sabe que sua
questão não está na prática sexual que adota,
mas, principalmente, em sua dificuldade em identificar-se com uma natureza
específica.
Com a liberação sexual e a ascensão
do feminino na sociedade do SéculoXX, a tolerância ao homossexualismo
aumentou permitindo que uma grande quantidade de pessoas que viviam
no anonimato se expressasse naturalmente.
É evidente que ao lado daqueles que se envolvem
emocionalmente com pessoas do mesmo sexo, existem os que possuem as
mais variadas inadequações sexuais classificadas como
perversões dos diversos tipos. Existem os doentes da alma que
manifestam os sintomas típicos pelas práticas sexuais
que adotam. Entre eles situam-se os portadores de: ninfomania, satiríase,
fetichismo, pedofilia e sado-masoquismo, bem como outros classificados
no ítem F65 do CID-10.
Quando os problemas relacionados à sexualidade
se dão na infância, a questão se torna mais séria
em face da imaturidade da criança em viver seus desejos sexuais
de forma equilibrada. Na impossibilidade dos pais de resolver e entender
a questão, esta deve ser levada a profissionais em face da delicadeza
do problema.
Na adolescência, período que se caracteriza
por uma afirmação da própria identidade e da inserção
num grupo social, o homossexualismo pode ser reativo e,quando o for,
os pais devem buscar o diálogo maduro. Embora os pais contribuam
para a escolha sexual dos filhos, não são eles que determinam,
em seus psiquismos, a polarização que adotam.. Influenciam,mas
não determinam o desejo deles.
Em geral os pais se sentem culpados quando os filhos demonstram preferências
homo-eróticas em face da auto-exigência heterossexual.
Devem os pais entender que seus filhos são espíritos e
trazem em seu mundo inconsciente suas experiências em todos os
campos da vida. São eles portadores de desejos, muitos inconfessos,
os quais merecem educação devida. Compete aos pais dar-lhes
amor e valores nobres para que sejam felizes em suas escolhas.
É comum os pais se preocuparem com a preferência
sexual de seus filhos com o intuito de fazerem sua parte no encaminhamento
adequado da questão. Preocupam-se com possíveis tendências
e com as amizades na adolescência.
Nem sempre é fácil distinguir quando um
jovem tem tendências homo-eróticas em face das camuflagens
naturais que os filhos se utilizam para evitar sanções
de seus pais.
Às vezes, pode-se notar logo na puberdade, pelas preferências,
trejeitos, brincadeiras típicas e pelos hábitos adotados.
Porém, não há uma regra padronizada, visto que
a escolha ou tendência homossexual pode ocorrer em qualquer idade.
Embora o assunto normalmente seja um tabu em família,
deve ser tratado em particular pelos pais com seus filhos. Deve-se colocar
a questão do livre arbítrio para se escolher de que forma
deve o indivíduo exercer sua função sexual. Estabelecer
que o mais importante naquela escolha deve ser a felicidade e não
apenas o prazer.
Quando os pais não souberem conduzir esse assunto,
principalmente quando notarem algum tipo de tendência num filho,
devem buscar ajuda especializada. Nunca um filho ou filha deve ser discriminado
pelos pais por causa de sua preferência sexual. Qualquer crítica
pode significar uma reação contrária e prejudicial
à aceitação da pessoa consigo mesma. Quando a recriminação
é feita, pode-se pôr em risco todo o passado de carinho
e amor que se teve ao filho, pois ele tenderá a focar-se na sua
opção sexual, à qual nunca foi devidamente considerada
pelos pais.
É cada vez menor a idade em que o espírito, na encarnação,
inicia-se em práticas sexuais com um parceiro. A precocidade
recebe grande contribuição dos veículos de comunicação
e propaganda que estimulam os jogos sexuais. É possível
encontrar crianças recém saídas da primeira infância
com gestos e atitudes típicas dos adultos quando estão
na prática sexual.
A gravidez na adolescência tem crescido muito
e, consequentemente, o aborto provocado.Quando a adolescente grávida
opta por ter seu filho é comum o pai deste ausentar-se de sua
responsabilidade por imaturidade. Além disso,por terem engravidado
precocemente,a falta de vivenciar a própria adolescência
pode promover danos irreversíveis às jovens mães.
Muitos pais de adolescentes têm optado por influenciar
ou obrigar os filhos ao aborto sob pretexto de perderem a juventude
por causa de uma criança, a qual não têm maturidade
nem condições financeiras para educar. Argumentam também
que,quando a filha é mulher, o pai da criança não
vai poder arcar emocional e financeiramente com a educação
dos filhos. Quando assim agem cometem o equívoco de desvalorizar
a vida e de contribuir para a dependência psicológica de
seus filhos. Deveriam auxiliá-los a assumir a responsabilidade
pelo ato que praticaram. Embora não deva ser estimulada, ao contrário,
educada a evitar, não é nenhum crime uma adolescente engravidar.
Ainda se ouvem lamentavelmente histórias de pais
que expulsam filhas de casa por estarem grávidas. Esperavam que
elas lhes respeitassem o teto. Esquecem ou ignoram que seus filhos são
espíritos e seus desejos continuam latentes. Devem aprender a
educar sexualmente seus filhos, ensinando-lhes a importância do
respeito ao corpo e ao prazer.
É importante que os pais, ao perceberem seus
filhos adentrarem a puberdade, a menina em especial, logo antes da menarca,
falem sobre reprodução humana e sobre os meios de se evitar
uma gravidez não desejada.
Na fase em que os filhos buscam naturalmente outra pessoa para namorar,
os pais devem acompanhá-los nas escolhas e auxiliá-los
a se relacionarem afetivamente. As proibições não
devem ser a tônica da educação. O namoro na adolescência
é salutar ao jovem, pois permite que ele se reconheça
como capaz de conviver com outra pessoa. É um ensaio para a vida
a dois.
“Pois, que aproveitará o homem se ganhar
o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca
da sua alma?”
O Cristo chama a atenção de seus discípulos
sobre o significado de segui-lo. Haverá de alguma maneira a necessidade
de que façam sacrifícios e renúncias para se considerarem
seus discípulos.
Assim se dá conosco em relação
ao que desejamos para a Vida. Ela nos pedirá sacrifícios
e renúncias.
Costumamos nascer e viver de tal forma alienados a um
processo de crescimento espiritual sério, que nos perdemos diante
das contigências externas e dos padrões reencarnatórios
que costumamos repetir.
Assim é com a sexualidade, cujo comportamento
diante da intensidade de sua energia não é diferente a
cada encarnação, a não ser que busquemos educação
necessária diante de sua força.
A energia sexual pede equilíbrio no uso e não
abuso ou repressão. Educar os jovens ao uso responsável
da sexualidade requer consciência de si próprio e respeito
ao outro. Educar sem tabus ou preconceitos, falando ao outro sobre a
importância de se fazer escolhas visando a felicidade e não
apenas o prazer instantâneo.
Fonte: Site do Centro Espírita Caminhos de Luz
em 05/10/2005 - www.caminhosluz.com.br
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