Itamar Noronha
> A ética como imprescindível ao futuro da
humanidade
A Humanidade vem na atualidade, enfrentando inúmeras catástrofes
por todos conhecidas através dos meios de comunicação.
Em primeiro lugar, os grandes terremotos, ciclones e inundações
com alto índice de destruição de vidas e patrimônios,
seguindo-se doenças e prejuízos de milhões de dólares,
segundo estimativas apresentadas por órgãos oficiais dos
países atingidos.
Além disso, ocorrem desastres ecológicos de diversos outros
tipos, tais como: o desaparecimento de muitas espécies de vida
animal e vegetal causadores de desequilíbrios os quais repercutem
diretamente em incalculável número de pessoas em quase
todo o mundo, influenciando de forma negativa na economia que gera desemprego,
enfermidades antes inexistentes nos centros urbanos (pela migração,
em alguns casos, de insetos antes restritos às florestas devastadas,
ou à diminuição dos predadores respectivos).
A poluição, ademais, do ar por agentes químicos
que decorrem da emissão provocadas por indústrias e pelas
grandes queimadas de florestas contribuem para o degelo das calotas
polares com aumento do nível dos mares, o que aumenta os problemas
nas mudanças ocorridas por força de ciclones e outros
eventos similares. Acrescente-se o fato do aumento da temperatura em
variadas partes da Terra causando danos às lavouras, provocando
maior evaporação dos rios e com reflexos na saúde
das pessoas.
Aliás, este último problema tem diminuído a camada
de ozônio que expõem os seres humanos, em especial, aos
efeitos de raios solares causadores de câncer de pele. Outro tipo
de catástrofe comum atualmente no mundo é o crescente
número de viciados em drogas (tanto no chamado primeiro mundo,
como no terceiro).
Há, ainda, uma corrução na maioria do setor público
e, em menor escala, porém elevada, no privado, daí decorrendo
maleficios sociais de grande monta, pois isso diminui a renda dos Governos
para satisfazer as necessidades primordiais da população.
Como conseqüência, vemos o desemprego em índices insuportáveis,
em grande parte dos países, aumento da criminalidade, proliferação
de doenças, menor oferta de educação etc.
Tudo isso tem como causa a crise moral da espécie humana que,
sem dúvida, embora sempre tenha existido, está, hoje,
pela sua dimensão considerada por estudiosos, o grande mal do
fim do Século XX e começo do XXI.
Sem dúvida, a busca pelo poder político e econômico,
a qualquer custo, mesmo sendo algo que, no meu entendimento, não
seja a prática da maioria das pessoas, contudo, pela facilidade
de manipulação dos meios da tecnologia em estágio
avançado como se encontra (ex. a informática), tem resultados
devastadores sobre milhões de seres humanos.
Felizmente, apesar das aparências, nota-se que nem tudo está
perdido, porquanto encontramos políticos e empresários
honestos comprometidos com o bem comum, ao lado de uma maior conscientização
do povo sobre estes desmandos e por reação pacífica
de setores organizados da sociedade civil, de grupos mesmo sem organização
jurídica, e que pressionam os Poderes Públicos e setores
privados a voltar atrás em projetos danosos principalmente, aos
mais carentes.
Neste contexto, ressalte-se a atuação, a nível
de órgãos estatais, do Ministério Público
dos Tribunais de Contas, de Defensorias Públicas e Judiciário
que está cada vez mais, tomando consciência da relevante
função que exerce e do compromisso que deve ter com a
sociedade em geral.
Há, em ritmo ainda um pouco lento, mas constante, a reação
do povo e de instituições, como já dissemos, contra
a falta de moralidade pública contra as investidas destruidoras
do meio ambiente e da conscientização de que a espécie
humana tem em seu íntimo valores positivos inatos a serem preservados
para propiciar, assim, convivência numa escala que transcende
a simples satisfação de natureza material baseada na solidariedade.
Sem isso, a espécie humana cairá na desagregação
e na sua extinção e disso, estou certo, muitos homens
e mulheres em todas as partes da Terra, têm consciência.
Daí, a esperança na mudança deste quadro de falta
de moralidade que devemos alimentar sempre e lutar incessantemente,
com outras pessoas de boa vontade, para reestruturarmos as relações
sociais retirando, pouco a pouco, as mazelas ora existentes para alcançarmos
um dia um mundo onde a grande maioria cultive os valores morais.
* * *
De todas as imperfeições
humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo,
porque se liga à influência da matéria, da qual
o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode
libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas
leis, sua organização social, sua educação.
O egoísmo se enfraquecerá com a predominância
da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão
que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real
e não desfigurado pelas ficções alegóricas.
O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os
costumes e as crenças, transformará os hábitos,
as usanças e as relações sociais. O egoísmo
se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo
bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que
o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a
imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer
ver a personalidade naquilo que de fato ela é, ele combate
necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros
que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade
de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos
e não nele, é levado a ocupar-se de si mesmo mais que
dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja
a base das instituições sociais, das relações
legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará
menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá,
assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em
face do atual desdobramento do egoísmo é necessária
uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade
em proveito dos outros, que em geral não o reconhecem. É
a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto
o reino dos céus; a eles sobretudo está reservada a
felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo
quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será
posto de lado e sofrerá no abandono.
FÉNELON in resposta a questão 917
do "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", obra codificada por Allan
Kardec
Set/2006
http://www.ipepe.com.br/etica.htm
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