Fernando
A. Moreira
> Aborto - Crime e Conseqüências
"O maior destruidor da paz
no Mundo hoje, é o aborto"
"Ninguém tem o direito de tirar a vida; nem a mãe,
nem o pai, nem a conferência, ou o Governo."
Madre Tereza de Calcutá
(Mensagem à Conferência na ONU ). (1)
O termo aborto que, cientificamente
indica o produto do abortamento, foi popularmente usado como sinônimo
deste, confundindo-se assim, a ação com o resultado
dela, o ato de abortar com seu cadáver, o aborto. Apesar
da ressalva, usaremos indistintamente neste trabalho, dado a consagração
do termo, uma ou outra denominação com a mesma finalidade.
Assim, aborto ou abortamento seria a expulsão do concepto,
antes da sua viabilidade, esteja ele representado pelo ovo, pelo
embrião ou pelo feto; a expulsão do feto viável,
antes de alcançado o termo, denomina-se parto prematuro.
É pois, a interrupção da gravidez antes da
prematuridade _ abortamento; durante _ parto prematuro; completada
_ parto a termo; ultrapassada _ parto serotino. (2)
Pode ser o aborto, sob o ponto de vista médico, espontâneo
ou provocado, e a diferença está na intenção,
pois que este último é devido a interferência
intencional da gestante, do médico ou de qualquer outra
pessoa, visando o extermínio do concepto. Neste trabalho,
por motivos óbvios, só nos referiremos ao aborto
provocado.
Incidência
Segundo dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS), feitos por estimativa e antes de
serem publicados, já foram divulgados pela Rede Nacional
Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos ("Dossiê
Aborto Inseguro"), através do jornal "O
Globo", é na América do Sul onde
ocorre o maior número de abortos clandestinos no mundo,
vindo em segundo, a América Central e em terceiro, a África.
O Brasil é o campeão mundial, pois aqui são
consumados 1,4 milhão de abortos clandestinos por ano,
mais do que todos os outros países da América do
Sul reunidos. Meninas e jovens de até 19 anos fazem 48%
das interrupções legais da gravidez, segundo a nossa
rede pública. Dados do Fundo das Nações Unidas
para a População (FUNUAP), mostram que em conseqüência
de complicações deles, morrem por ano nos países
da América Latina (inclusive no Brasil), seis mil mulheres,
consistindo na terceira causa de morte materna, depois das hemorragias
e da hipertensão. Relatório do Instituto Alan Gutmacher
(Folha de S. Paulo: 14/03/99), mostra
que a maior incidência por percentagem de abortos (36%),
acontece nos países desenvolvidos, graças a permissão
da lei, sendo deles também a maior taxa de gravidez não
planejada (49 %), mas englobam apenas 28 milhões de mulheres
grávidas por ano. Os países subdesenvolvidos apresentam
planejamento melhor (36% dos nascimentos não são
previstos) e menos abortos (20%), entretanto representam 182 milhões
de grávidas. No Brasil, segundo o mesmo instituto, a cada
1.000 adolescentes grávidas, 32 recorrem ao aborto. Somente
a República Dominicana (onde também é proibido)
e EUA (onde é legalizado), têm taxas maiores: 36.
Conclui ainda o relatório que nos EUA, onde 23 de cada
100 mil mulheres já praticaram o aborto, existe uma preocupação
do Congresso, que prevê crescimento populacional negativo
na próxima década, falta de mão-de-obra e
colapso de sistema previdenciário em vinte anos. Outro
dado importante é que 63% das mulheres norte-americanas
chegam aos 18 anos já tendo praticado sexo. Só na
Dinamarca (72%) e na Islândia (71%) o percentual é
maior. O próprio instituto reconhece que parte das mulheres
só fazem sexo por saberem que não terão filhos
(seja porque usam métodos contraceptivos, seja pela prática
do aborto). Equivale dizer, que naqueles países onde o
aborto foi legalizado, ganhando o nome, dado por eles, de "aborto
seguro", o número de abortamentos vem aumentando assustadoramente
e não menos assustador foi a diminuição do
número de gravidezes programadas, denotando ambos, o aumento
da "irresponsa-bilidade segura".
As Conseqüências
O aborto é um crime hediondo
que produz uma série de conseqüências espirituais,
periespirituais, físicas, psicológicas e legais.
a) Conseqüências espirituais e perispirituais: estão
relacionadas ao crime, com repercussões para o criminoso
e a vítima.
Para o criminoso.
Em trabalho publicado na Revista Internacional de
Espiritismo (Mar. 2000), referimo-nos a programação
genética reencarnatória, (3 à 9 e 18) já
que "não existindo o acaso, tudo na reencarnação,
acontece sob a égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta
programada, os Espíritos Superiores atuariam como construtores
ou geneticistas, no fluxo da vida (ver no gráfico da Fig.
1, em azul), selecionando o óvulo e o espermatozóide
que originarão o ovo; sempre que possível participa
nesta seleção genética o Espírito
reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores,
inversamente proporcional ao estágio evolutivo do Espírito.

Estabelecem-se, outrossim, fortíssimos compromissos, entre
os pais e o Espírito reencarnante e vice-versa. Colaboram
os Espíritos simpáticos e tentam interferir negativamente
os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades
das sintonias."
O produto deste magnífico trabalho de corporificação
da espiritualidade é o ovo, que originará os 70
trilhões de células do corpo físico, indo
servir de roupagem ao Espírito reencarnante, como veículo
possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes,
colocadas a seu serviço para executar sua proposta reencarnatória
e conduzi-lo à evolução espiritual.
O aborto não é uma solução, é
um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e
no mal, e um rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito,
ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última
análise consigo mesmo.
Quem quer que venha a praticar ou colaborar com esse delito, predispõe-se
a alterações significativas do centro genésico,
em seu perispírito, com conseqüências atuais
e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos
sexuais e também, por vezes, dos centros de força
(chacras) coronário, cardíaco e esplênico
com todas as repercussões pertinentes. Nos estamos preparando
hoje a reencarnação de amanhã; um aborto
provocado agora se refletirá no chacra genésico,
e será mais além o aborto espontâneo, pois
a paternidade e a maternidade não valorizadas hoje, o serão
com certeza amanhã, noutra encarnação, mas
agora por um processo educativo, que passa pela dor e pelo sofrimento
redentor. Em igual patamar, como conseqüência, estão
a prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento
prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre
outras causas que atingem a esfera do aparelho reprodutor masculino
e feminino.
Para a vítima
O único caso em que é aceito
o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe
risco insuplantável para a vida da mãe. (13).
Em todos os demais casos considera-se ser este compromisso inquebrantável,
sob o ponto de vista moral e portanto consciencial espiritual,
quer na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos
e anencéfalos, ou qualquer argumento, como o direito de
escolha da mulher e sua plasticidade, falta de recursos financeiros,
etc. A luta entre o "devo mas não posso e o posso
mas não devo", nada mais é do que "todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm"
(1ª Epístola de S. Paulo Apóstolo aos Coríntios,
cap. VI, vercículo 12)
A reação da vítima, o Espírito reencarnante,
varia de acordo com seu grau evolutivo, da decepção,
quando aproveita a reencarnação malograda para sua
purificação, à obsessão, e dadas as
circunstâncias, é mais provável que reajam
da segunda forma, sintonizando-se às vezes com verdadeiras
falanges de Espíritos obsessores:
"(...) ódio aos que se recusaram
em recebê-los no novo berço, e quando não
lhes infernizam a existência terrena, em longos processos
obsessivos, aguardam sequiosos de vingança, que façam
o transpasse, para então tirarem a forra, castigando-os
sem dó nem piedade." (14)
Conseqüências
físicas
Conseqüências físicas
imediatas: consideraremos aqui as de ocorrência médica,
que acontecem nessa encarnação.
Estima-se que a morte da gestante ocorra em 20% dos casos de
abortamento provocado na clandestinidade e além disso
descrevem-se; perfurações do útero com
cureta, sondas, velas, etc.; anemia aguda, decorrente de hemorragias
provocadas por estas últimas, por abortamento incompleto
(restos ovulares) e demais traumatismos da vagina, do útero
e das trompas; infeções inclusive tétano,
abcessos, septicemias, gangrenas gasosas; esterilidade secundária;
lesões intestinais; complicações hepáticas
e renais pelo uso de substâncias tóxicas.(2)
Assim, o aborto quando não determina a morte, pode imprimir
marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos,
também no corpo perispiritual.
Conseqüências
psicológicas
Não se pode fugir da nossa consciência,
nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão
ai impressas (9),
e quando se pratica este tipo de crime, desperta-se o sentimento
de culpa, o arrependimento e às vezes o remorso, a nos
perseguir por toda vida física e extra-física. O
arrependimento é a ante-sala da reabilitação,
e quando dinâmico, canalizado para ações construtivas,
pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador,
e não raro espelhado na adoção, a minimização
de nossas faltas. O remorso é a lamentação
interior inoperante, completamente estático, que como um
ácido corroe o recipiente onde é guardado, provocando
a viciação mental, a mente em desarmonia, que é
porta aberta aos processos obsessivos. (5)
Conseqüências
legais
Não nos estenderemos sobre o tema,
lembrando que "nem tudo que é legal é moral
e nem tudo que é moral é legalizado." (16)
O aborto é um crime, e se não é admissível
que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é
que se assassinem covardemente os mais jovens ainda e mais indefesos,
praticando- o. O assunto é tratado nos artigos 124 à
128 do Código Penal determinando penas que vão de
1 à 10 anos.
Conclusão
"O primeiro dos direitos naturais
do homem é o direito de viver. O primeiro dever é
defender e proteger o seu primeiro direito: a vida." (17)
O aborto é um crime nefando, porque praticado contra
um inocente indefeso; o produto da concepção está
vivo, e tem o direito DIVINO de continuar vivendo e de nascer.
Transgride-se assim o Vº Mandamento, "Não Matarás".
Errar é humano; assumir o erro, é divino.
O Espiritismo não aceita, nem pactua com a legalização
do aborto, porque legaliza-lo é legalizar o crime e a
irresponsabilidade . O "aborto seguro" com que acenam,
se dizendo defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira,
não passa de uma proposta para o crime, em que saem em
desvantagem as vítimas, os inocentes e indefesos conceptos
e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuando-se
desta os ca-sos de estupro, no qual também não
justificamos o delito, pois mesmo aí existe um compromisso
cármico a ser cumprido.
"Lembrai-vos que a cada pai e a cada mãe, perguntará
Deus: (15)
- Que fizeste do filho confiado à vossa guarda ?".
E quem praticou o aborto responderá:
"- Eu matei meu próprio filho..."
Quem assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em
que incorreu, não deve cultuar o remorso ou consumir-se
no sentimento corroente da culpa, que levariam a estagnação,
mas dinamizar-se e orientar sua energia no trabalho regenerador,
agora sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicando-se
ao próximo e servindo com amor, que alcançariam
sua plenitude na dádiva espelhada da adoção,
na certeza de que com esses procedimentos, encontrará
a justiça indulgente e a misericórdia do Criador.
"Não é na culpa corrosiva nem no remorso
paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos
remete à ação e ao amor, afastando-nos
do vale da dor e do sofrimento, que encontraremos o caminho
da libertação." (7)
Bibliografia
(1) FURLAN, Laércio. Respeito
ao embrião e ao feto_ Diga não ao Aborto.
"Mundo Espírita". Jan. 98, pg 2
(2) REZENDE, Jorge. Ed. Guanabara-Koogan, 1963, pg 667.
(3) XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André
Luiz. Missionários da Luz. FEB 28ª
edição; pg 187 `a 189 e 208.
(4) KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo,
FEB 1 ª edição, 1996; pg 40.
(5) MIRANDA, Hermínio P. Nossos filhos são
Espíritos, Publ. Lachâtre, 1995. pg. 47.
(6) SOARES, José Luis. Biologia.
Ed. Scipione, 1997. Pg 195.
(7) GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior,
Revista Internacional do Espiritismo, Jan. 1999, pg 219.
(8) DENIS, Léon, O Problema do Ser, do Destino
e da Dor, Ed. FEB, 1936, 4ª ed., pg 193.
(9) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,
ed. FEB, 1987: perg.199, 344 358 e 359.
(10) ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria
densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, pg. 153. Reencarnação
em foco. Casa Ed. "O Clarim", 1991, pg.104.
(11) LIMA, Inaldo Lacerda de. Reformador,
jun. 1987, pg. 169.
(12) SANTA MARIA, José Serpa. Palavras de viver.
Reformador, Jun 1992, pg.168.
(13) CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais.
Ed. FEB, 1991, pg. 77.
(14) MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do
Espiritismo. Casa Ed. "O Clarim", 1995, pg.
121.
(15) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Ed. FEB, 1987, 6ª ed., pg 240.
(16) CARVALHO, Alamar Regis. O Aborto e suas conseqüências,
SEDA-Salvador, Bahía: 31/07/99)
(17) KARDEC Allan, Revista Espírita. Aborto; direito
ou crime?; extraído do site http;//www.cvdee.org.br.,
em 24/11/99.
(18) MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação
e Genética, Revista Internacional de Espiritismo,
março 2000, pg. 56.
Fonte: Artigo originalmente
publicado pela Casa Editora O Clarim na edição de março
de 2000 da Revista Internacional de Espiritismo
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