Bernardino
da Silva Moreira
> Origem e natureza do Perispírito
Não é na matéria que iremos encontrar a origem
do perispírito, pois, “ao elemento material é
necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de
intermediário entre o espírito e a matéria propriamente
dita, demasiado grosseira para que o Espírito possa exercer
alguma ação sobre ela.”(1)
Sendo o perispírito “o laço que une a alma ao
corpo, princípio intermediário entre a matéria
e o Espírito”, (2)
podemos concluir sem sombra de dúvida, que é no fluido
universal, que temos a sua origem.
Isto não quer dizer que todos os perispíritos são
iguais, pois é “do meio ambiente”, que o Espírito
tira o fluido universal, por isso “esse invólucro varia
de acordo com a natureza dos mundos.” (3)
É por isso que “o perispírito em certos mundos
mais adiantados que a Terra é menos compacto, menos pesado,
menos grosseiro, e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes.”
(4) A cada
degrau que o Espírito sobe na escada da evolução,
seu perispírito “vai desmaterializando-se”, até
que se “acaba por se confundir com o Espírito.”
(5)
Na questão 186 de “O Livro dos Espíritos”,
Allan Kardec, pergunta:
“Haverá mundos onde os Espíritos,
deixando de revestir corpos materiais, só tenham por envoltório
o perispírito?
- Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo
que para vós é como se não existisse. Esse
o estado dos Espíritos puros.” (6)
Sabemos também que o perispírito é “semi-material:
quer dizer, um meio termo entre a natureza do Espírito e
o corpo”. (7) Quanto
à natureza íntima podemos dizer que “contém
ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético, e até
um certo ponto, a própria matéria inerte.”(8)
Qual a forma do perispírito?
Gabriel Delanne no livro “A Evolução Anímica”,
afirmou que o perispírito, “tem forma determinada e é
indestrutível, podemos conceber-lhe modificações
sucessivas de movimento atômico, correspondendo a modificações
e complicações cada vez maiores, no seu modus operandi.
Por outras palavras, vale dizer que começando por organizar
formas rudimentaríssimas, pode, após uma longa evolução
de milhões de anos e de inumeráveis reencarnações,
dirigir organismos mais e mais delicados e aperfeiçoados, até
chegar aos humanos.” (9)
Quase cem anos passados após esta conclusão de Delanne,
temos nas pesquisas atuais com a bio-energia, uma confirmação
do que disse o sábio francês.
Também devemos levar em consideração
o princípio vital, pois é ele, “o princípio
da vida material e orgânica” (10)
porém é necessário discernir a causa e o efeito,
para que não haja confusões na interpretação
dos fatos, pois, “o princípio vital, sozinho, não
é a vida. Para haver vida é necessário sua união
com a matéria.”(11)
Segundo Léon Denis “o perispírito comunica-se
com a alma através de correntes magnéticas e, com o
corpo, por meio de fluido vital e do sistema nervoso, que lhe serve,
de certa forma, de transmissor.” (Synthèse Spiritualiste
Doctrinale et Pratique)(12)
Da relação do fluido vital com o sistema nervoso, surge
como resultado a força vital, mas se formos por este caminho
seremos atropelados pelas palavras que se multiplicam assustadoramente
com o passar do tempo, tanto é, que a força vital foi
“denominada: força nêurica, por Barthez; força
psíquica, por William Crookes; força ódica, por
Reichembach; fluido magnético, por defensores do magnetismo;
e influxo nervoso, pela medicina clássica.” (13)
Se o Espírito não pode entrar em contato direto com
o corpo, também “o perispírito etéreo como
é, sem o fluido vital, não poderia atuar sobre o corpo
físico. Com o princípio vital a matéria torna-se
animalizada, isto é, viva.”
(14)
Sendo o sistema nervoso as vias de circulação do fluido
vital, sua quantidade “varia segundo as espécies de seres
vivos e varia também individualmente. Há indivíduos
saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas
suficiente. Daí, para os primeiros, vida mais ativa, superabundante.”(15)
A renovação do fluido vital é
efetuada “pela absorção e assimilação
das substâncias que o contêm ou nele se transformam.”
(16) Exemplo:
a alimentação, o ar, a energia solar.
Sendo o perispírito também constituído de memória,
sua descoberta pela ciência, deve-se à mudança
de conceitos adquiridos, através das pesquisas contemporâneas,
tanto no campo da Física, como da Parapsicologia. A Física
que pode ser considerada a mãe das ciências; que durante
séculos combateu aqueles que acreditavam na transcendência
da matéria, hoje mudou com o aperfeiçoamento da tecnologia,
a começar pela “descoberta da estrutura do átomo,
a teoria da relatividade de Einstein e o princípio da incerteza
de Heisemberg” que “puseram por terra as definições
tradicionais de matéria, do espaço e de tempo. Como
se descobriu, os átomos sólidos na verdade eram constituídos
de várias partículas, com espaços relativamente
grandes entre elas.” (17)
Daí que, “um número crescente de cientistas está
reconsiderando esses fenômenos paranormais a partir de uma perspectiva
menos preconceituosa.”(18)
A dra. Gertrude Schmeidler, prof. de Psicologia da Universidade da
Cidade de Nova York, que também é uma proeminente pesquisadora
do paranormal diz que “gradualmente, mesmo com relutância,
a comunidade científica parece estar aceitando o fato de que
há provas da existência da P.E.S(Percepção
Extra Sensorial).”(19)
O dr. Brian Josephson, laureado com um prêmio Nobel em Física,
diz que está “99 por cento convencido” da realidade
do fenômeno PES, e reconhece “que há muitas pessoas
que se recusam a aceitar essas evidências. Mas também
é claro que jamais se pode satisfazer um cético, a menos
que o envolvamos diretamente num experimento – e, obviamente,
não podemos fazer isso com todos os céticos do mundo.”(20)
O dr. John Hasted, da Universidade de Londres, admite para a explicação
do fenômeno paranormal, a existência de universos múltiplos.
(21)
O físico David Bohm, da Universidade de
Londres, “sugeriu que todas as substâncias – desta
página às galáxias – são ilusórias,
emergindo de uma ordem mais primária do Universo” (22)
Só faltou ao dr. David Bohm, dizer que toda realidade Universal,
tem como origem a Inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas, isto é: Deus.
O dr. Karl Pribam, neuropsicólogo da Universidade de Stanford,
chegou a seguinte conclusão: “Me ocorre como uma forte
possibilidade que o nosso cérebro constrói matematicamente
a realidade interpretando freqüências vindas de uma dimensão
que transcende o tempo e o espaço.”(23)
A conclusão semelhante chegou o dr. J.B. Rhine, nas pesquisas
que fez no laboratório de parapsicologia da Universidade de
Duke (USA), quando disse que a mente não é física.
Mais adiante adverte o dr. Pribam: “É claro que eu não
estou querendo dizer que o mundo das aparências esteja errado.
Ao atravessar-mos uma rua, é melhor que prestemos atenção
aos carros. Mas há razões para que pensemos que existe
uma outra realidade, onde o tempo e o espaço não existem.
Para mim, isso sugere que algumas das experiências místicas
que as pessoas vêm relatando há milênios começam
a fazer sentido do ponto de vista científico.”
(24)
Podemos dizer que “o físico moderno, este grande “místico”
da ciência, vem oferecendo maior soma de válidas equações
ao panorama da pesquisa espírita.” (25)
Encerraremos com as palavras de Gabriel Delanne:
“O perispírito não
é concepção filosófica imaginada para
dar conta dos fatos, é um órgão indispensável
à vida física, RECONHECÍVEL PELA EXPERIMENTAÇÃO.”(26)
Bibliografia:
1) O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec, Tradução de José Herculano Pires,
2ª edição, pág. 61, Q.27
2) Idem, pág. 25
3) Idem, pág. 143, Q. 257, item 7
4) O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, tradução
Guillon Ribeiro, 30ª edição, FEB, cap. 4, pág.
24
5) Idem
6) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Trad. J. Herculano Pires,
2ª edição, FEESP, pág. 114, Q. 186
7) Idem, pág. 97, Q. 135
8) Idem, pág. 141, Q. 257, 2º item
9) A Evolução Anímica, Gabriel Delanne, FEB, 4ª
edição, 1976, cap. I, pág. 55
10) Perispírito e Princípio Vital, Helena M. Craveiro
Carvalho, LAKE, 1ª edição, pág. 6, Q. 28
11) Idem, Q. 29
12) Antologia do Perispírito, José Jorge, Instituto Maria,
1ª edição, pág.151
13) Evolução Anímica, Gabriel Delanne, FEB, 4ª
edição, pag. 159
14) Perispírito e Princípio Vital, Helena M. Craveiro
Carvalho, LAKE, 1ª edição, pág. 6, Q.33
15) Idem, pág. 7, Q. 43
16) Idem, pág. 7, Q. 44
17) Revista Ciência Ilustrada, A Parapsicologia à Luz da
Física, Laurence Cherry, Editora Abril, nº 4, novembro/dezembro/82,
pág. 99
18) Idem, pág. 98
19) Idem, pág. 99
20) Idem, pág. 100
21) Idem
22) Idem, pág. 101
23) Idem
24) Idem
25) Correlações Espírito-Matéria, Jorge
Andréa, Editora Samos, 1ª edição, 1984, pág.
11
26) A Evolução Anímica, Gabriel Delanne. FEB, 4ª
edição, 1976, pág. 46
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