Este trabalho objetiva mostrar
o percurso histórico do discurso espírita sobre saúde
e suas práticas decorrentes, considerando a noção
de a priori histórico e arquivo em Foucault. Parte
da análise da literatura básica de Allan Kardec, cujas
ideias se articulavam com o magnetismo em voga no século
19, passando pelas receitas homeopáticas, cirurgias espirituais,
tratamentos menos intervencionistas e, atualmente, a autocura, com
orientações em livros de autoajuda. Em cada uma dessas
épocas, o Espiritismo se conformou à cultura terapêutica
em que seus atores sociais estavam inseridos na Europa e no Brasil,
sendo eles afetados, principalmente, pela busca de legitimidade
de uma doutrina incipiente. Mas apesar das diferentes práticas
de cura, permanece o pressuposto fundamental de que há uma
estreita ligação ente o corpo material e o corpo espiritual,
e que a doença é fruto do desequilíbrio mental,
da obsessão, ou se instala a partir das consequências
cármicas, advindas de outras vidas.